8 de dezembro
TEXTO ÁUREO
“Não
admitirás falso rumor e não porás a tua mão com o ímpio, para seres testemunha
falsa” Êxodo 23.1
VERDADE APLICADA
Por
sermos discípulos de Cristo, somos chamados e capacitados para andar, amar,
falar e viver na verdade.
OBJETIVOS DA LIÇÃO
•
Citar o prejuízo de falar da vida das pessoas.
•
Expor a verdade como maior requisito da vida cristã.
•
Mostrar a relevância do nono mandamento.
TEXTOS DE REFERÊNCIA
DEUTERONÔMIO 19
16.
Quando se levantar testemunha falsa contra alguém, para testificar contra ele
acerca de transgressão,
17.
Então aqueles dois homens, que tiverem a demanda, se apresentarão perante o
Senhor, diante dos sacerdotes e dos juízes que houver naqueles dias.
18.
E os juízes bem inquirirão; e eis que, sendo a testemunha falsa testemunha, que
testificou falsidade contra seu irmão,
19.
Far-lhe-eis como cuidou fazer a seu irmão; e, assim, tirarás o mal do meio de
ti,
20.
Para que os que ficarem o ouçam, e temam, e nunca mais tornem a fazer tal mal
no meio de ti.
INTRODUÇÃO
O
nono mandamento se estende além de falsos testemunhos acerca de alguém. Ele
ressalta o cuidado que devemos ter com o que ouvimos e, também, com o que
iremos dizer.
Comentário Adicional:
O
nono mandamento nos instrui sobre a importância da verdade: “Não dirás falso
testemunho contra o teu próximo” (Êx 20.16). O julgamento legal forma o pano de
fundo desse mandamento, no qual um falso testemunho pode levar a uma punição
severa para o próximo. As testemunhas eram muito importantes no mundo antigo.
Deuteronômio 17.6 declara: “Por depoimento de duas ou três testemunhas, será
morto o que houver de morrer; por depoimento de uma só testemunha, não
morrerá”. Uma falsa testemunha, portanto, tinha o potencial de causar grande
injustiça a uma parte inocente. Mas o nono mandamento transmite muito mais do
que esta aplicação específica.
O
Catecismo Maior de Westminster dedica três perguntas ao nono mandamento
(143–145), fornecendo o conteúdo do mandamento, bem como os “deveres exigidos”
(o positivo) e “pecados proibidos” (o negativo) por ele.
Positivamente,
os teólogos de Westminster ensinaram que devemos preservar e promover a verdade
entre os homens, e o bom nome de nosso próximo, bem como o nosso. Devemos
aparecer e defender a verdade, falar a verdade e estudar e praticar tudo o que
é verdadeiro, honesto, amável e de boa fama (Fp 4.8). Negativamente, os
teólogos de Westminster ensinaram que não devemos ceder a prejudicar a verdade
ou o bom nome do nosso próximo ou o nosso próprio. Não devemos dar provas
falsas, proferir sentenças injustas, ocultar a verdade, permanecer em silêncio
quando a verdade deve ser falada, ou falar a verdade fora da hora,
maliciosamente ou de uma forma que a perverta para um significado errado. Além
disso, não devemos ceder à mentira, difamação, calúnia, escárnio, injúria,
levantar falsos rumores e outros pecados de falsidade. Assim, devemos ter uma
estima caridosa por nossos vizinhos, pensando o melhor sobre eles, a menos que
haja evidência clara em contrário, não dando atenção a fofocas.
Embora
o texto do nono mandamento diga especificamente apenas que não devemos dar
falso testemunho, ele transmite a importância geral que Deus dá à verdade,
conforme visto na sua aplicação pela Assembleia de Westminster. O argumento é
único do maior para o menor: se é proibido dar falso testemunho contra o nosso
próximo – o que poderia levar à sua morte (o maior) – então certamente todas as
outras formas de falsidade são igualmente proibidas (o menor).
Em
seu comentário sobre o Catecismo Maior, Johannes Vos explica: “O escopo geral
do nono mandamento é a santidade da verdade e da honestidade na sociedade
humana, e o dever de manter o nosso próprio bom nome e o de nosso próximo”.
Porque a verdade é um atributo de Deus e porque fomos criados à sua imagem,
devemos apoiar, defender e sustentar a verdade em nossa vida, nosso lar, nossa
igreja e nossa sociedade.
1 - A PROTEÇÃO DA HONRA
Assim
como Deus é a verdade, Ele também deseja que sejamos verdadeiros. Precisamos
ter cuidado com tudo aquilo que a nossa boca profere, porque Deus está atento,
também, com aquilo que sai de nossa boca.
1.1. O sistema de justiça do mundo antigo.
Na
Antiguidade, havia pouca proteção às pessoas acusadas de um crime. Até que se
provasse o contrário, elas eram consideradas culpadas. Como havia poucas normas
para a apresentação de provas, os acusados não tinham sequer chance de montar
uma defesa. Geralmente, os tribunais antigos condenavam pela força de uma única
testemunha. Nesse caso, a vida de um réu sempre corria risco, visto que as
palavras de um falso testemunho poderiam ser fatais. Como esse sistema legal
era sujeito a abusos, Deus estabeleceu o nono mandamento para proteger a vida
humana [Nm 35.30; Dt 19.15-20}. Ficou estabelecido também que o acusador
deveria atirar a primeira pedra [Dt 17.7] e caso fosse comprovado que a
alegação fosse falsa, o acusador deveria ser punido [Dt 19.18-I9].
Comentário Adicional:
“Justiça”
é uma das ideias centrais de toda a Bíblia hebraica, onde abundam paralelos,
especificações e contextos matizados. Exprime-se através de vocabulário
diversificado, sem correspondência adequada e unívoca nas nossas línguas
ocidentais: tem vários matizes, como o que chamaríamos justiça distributiva,
retributiva, vindicativa, justiça social, direitos humanos. Em alguns contextos
não se distingue muito da misericórdia e do amor: é um aspecto de ambos. Mais
do que a frequência com que sai a palavra – só a raiz şdq (como verbo,
adjectivo e substantivo) aparece 523 vezes –, importa a vontade de justiça que
se faz sentir em toda a revelação bíblica.
Na
Bíblia hebraica o conceito de justiça dizia-se essencialmente com os
substantivos mišpāţ, şedeq [צֶדֶק] e şedāqāh [צְדָקָהָ]. Mišpāţ significa
“juízo”, “sentença judicial”, “lei” enquanto “direito” objectivo, “veredicto”,
“decreto”, “ordem”. Os substantivos şedeq e şedāqāh têm a mesma raiz. Parecendo
sinónimos, poderiam considerar-se distintos entre si: şedeq refere-se à “justiça”
enquanto ordem criada, num todo bem integrado e harmonioso nas suas várias
componentes, ordenador das justas relações entre os homens; şedāqāh diz
“justiça, rectidão” enquanto comportamento justo e recto conforme a essa ordem,
enquanto “acção salvadora”. Autores recentes pensam que şedeq e şedāqāh têm
substancialmente o mesmo sentido: tanto um como o outro poderiam significar
“ordem, rectidão, justiça, comportamento justo, acção salvadora”. 1 “Direito”
(mišpat) é a ordem de direitos e de exigências que pertence a uma determinada
relação e também a acção para manter a pessoa nesses direitos mediante decisões
legais justas. 2 Şedeq e şedāqāh, coordenados em par com mišpāţ, formam uma
hendíadis, designando a ordem estabelecida por Deus na comunidade de Israel e
que as pessoas deveriam seguir para se comportarem correctamente. Impressiona o
número de vezes em que duas destas três palavras surgem em binómio, sugerindo
que cada uma delas complementa a outra. 3 Os atentados contra a justiça são
entendidos como ocasionando uma perturbação na ordem cósmica, que só poderia
ser restaurada pelo perdão de Deus, não enquanto credor severo que põe em ordem
dívidas, mas enquanto criador que repõe o ser humano na sua condição de ser
amado por Ele e que repara os danos causados ao cosmo.
As
três palavras mišpāţ, şedeq e şedāqāh aparecem frequentemente em contexto de
justiça salvadora, que inclui uma acção de amor gratuito e de misericórdia
benfeitora. É importante notar que as três palavras aparecem frequentemente em
paralelo com conceitos associados à aliança de Deus com Israel, como hesed
(“bondade, misericórdia, amor”) e ’emet (“verdade, fidelidade”). 9 Estas
ligações fazem sobressair em mišpāţ, şedeq e şedāqāh o sentido de uma atitude
de bondade social activa, sempre disposta a atender à necessidade do outro e a
promover o seu bem: apontam para uma bondade generosa, fiável e fiel. Portanto,
o seu significado vai para além da justiça estrita; é uma justiça libertadora;
refere-se ao melhoramento das condições do necessitado na sociedade,
melhoramento que, no plano do governo, se manifesta por medidas legais,
adequadas ao fim em vista.
A
noção de justiça tem tido sempre uma função importante na história da
humanidade e particularmente na Antiguidade. Nas civilizações pré-clássicas, a
justiça é sinónimo de ordem e depende da vontade e da legitimidade que é
conferida pelos deuses. No mundo clássico, na Odisseia, Homero alude à justiça,
embora o poeta que na época arcaica mais se ocupa deste valor tenha sido
Hesíodo. Autores posteriores, como Platão, Aristóteles, Epicuro ou Cícero,
entre outros, abordam esta questão, ainda que nem sempre da mesma maneira.
Homens
e cidadãos, os Gregos orgulhavam-se da sua liberdade que, em parte, se
reflectia no facto de apenas obedecerem a uma lei, igual para todos.
Distinguiam, contudo, entre dois tipos de lei – a divina, não-escrita, conjunto
de valores universais, comuns a todos, e a humana, escrita, específica para
cada cidade, mas que deveria obedecer à divina. Por outro lado, o Direito
Romano foi, ao longo dos séculos e até muito recentemente, a base do Direito
europeu e ocidental. No entanto, a civilização europeia possui, além do legado
clássico, uma matriz judaico-cristã, o que justifica que a abordagem do tema
seja feita em civilizações aparentemente tão díspares e distantes como o
Egipto, a Mesopotâmia, Grécia e Roma. Convidaram-se investigadores e
especialistas com o fim de se proceder a um diálogo amplo e rico, cujo
resultado se apresenta neste volume.
1.2. O cuidado com as palavras.
O
princípio subjacente desse mandamento é a proibição de todas as formas de
falsidade [Os 4.1-2]. O nono mandamento diz respeito não somente ao falso
testemunho, mas também às mentiras e fofocas que vivemos no dia a dia. Sendo a
mais flagrante, aquela que prejudica diretamente outra pessoa. Quando a Bíblia
condena a fofoca, ela está falando muito mais do que falar casualmente da vida
de alguém. Está falando de prejudicar a reputação de algumas pessoas através de
comentários que não nos dizem respeito. Para Deus, a boa reputação tem um valor
incalculável [Pv 22.1]. Dizem que a mentira é como um balde de penas atiradas
de uma montanha. Ela fica pairando no ar e jamais se recolhe o que se espalhou.
Comentário Adicional:
O
nono mandamento exige que preservemos e promovamos a verdade entre os homens
(Zacarias 8.16), assim como cuidar da boa reputação de nosso próximo (3 João
12), bem como a nossa própria, desencorajar difamadores, fofoqueiros e
aduladores (Salmo 101.5) e cumprir as promessas lícitas (Provérbios 15.4).
O
alcance geral desta ordenança é a santidade da verdade e da honestidade na
sociedade humana. A verdade deve ser considerada sagrada porque é um dos
atributos de Deus, ou seja, um aspecto de Seu caráter (João 14.6). O Senhor não
pode mentir (Tito 1.2) e Ele é imutável também quanto à verdade (Salmo 31.5).
A
mentira entrou na raça humana quando Eva deu ouvidos a Satanás e acreditou
nele, ao invés de crer na verdade de Deus (João 8.44). Os crentes em Cristo que
usam da inverdade estão manuseando as armas do reino do Maligno. A aversão à doutrina e a desvalorização das
verdades bíblicas comuns na igreja de hoje são resultado em boa parte dessa
influência mundana.
Os
pecados proibidos no nono mandamento são todos aqueles que ferem a reputação
alheia como a nossa própria (1 Samuel 17.28), testemunhar falsamente
(Provérbios 6.16), subornar testemunhas, chamar o mau de bom e o bom de
mau (Jeremias 9.3-5 e Isaías 5.20-23), falsificações (Jó 13.4), ocultação da
verdade (Levítico 5.1), falar a verdade em momento impróprio ou maliciosamente
com objetivo perverso (Provérbios 29.11 e Salmo 52.1-5), caluniar (Isaías
59.13), escarnecer (Gálatas 4.29), injuriar (Tiago 4.11), adular (Salmo
12.2-3), negar os dons e as graças de Deus (Jó 4.6), esconder ou minimizar
pecados (Provérbios 28.23), expor desnecessariamente as faltas dos outros
(Gênesis 9.22), levantar falsos rumores (Êxodo 23.1), sentir inveja pelo
crédito merecido de outrem (Números 11.29), tentar prejudicar a reputação dos
outros (Ezequiel 4.12-13), e quebrar promessas lícitas (Romanos 1.31).
Tudo
que destrói a distinção entre certo e errado é uma negação prática do caráter
justo de Deus. Jamais devemos nos esquecer que o Senhor é absolutamente bom e
detesta o mal.
1.3. O cuidado com o que se ouve.
Um
sábio escreveu certa vez: “Eu nunca ouvi o testemunho de um ex-fofoqueiro”. Às
vezes não temos a dimensão de como o pecado da fofoca é algo tão comum entre as
pessoas. O outro lado da questão é que tão errado quanto dizer algo acerca de
alguém é prestar-se ao serviço de ouvir. Um antigo ditado rabínico diz que a
calúnia mata três: aquele que fala; aquele que ouve e aquele sobre quem está se
falando. O puritano Thomas Watson disse certa vez: “Aquele que gera uma calúnia
carrega o diabo na língua, e aquele que a recebe carrega o diabo no ouvido” (Pv
11.13; 13.3). É muito comum ao ouvirmos algo acerca de alguém fazermos
determinados julgamentos porque ficamos envolvidos nesse pecado. A fofoca
atrai, ela é doce para muitas pessoas [Pv 18.8]. Cuidemos de nossos ouvidos!
Comentário Adicional:
Os
discípulos de Cristo devem revestir-se do “homem novo”, criado na justiça e na
santidade verdadeira. Por isso, precisam libertar-se da mentira e rejeitar
qualquer malícia, falsidade, hipocrisia, inveja e maledicência.
Falso
testemunho e perjúrio, por exemplo, são ofensas graves à verdade. Fornecer
informações falsas publicamente ou sob juramento compromete seriamente a
justiça e a equidade, podendo resultar na condenação de um inocente, na
absolvição de um culpado ou no aumento da pena de um acusado. Essas ações
prejudicam o exercício da justiça e a confiança na imparcialidade dos
tribunais.
A
Igreja também enfatiza o respeito pela reputação das pessoas, proibindo
qualquer ação ou palavra que possa causar dano injusto a alguém. Isso inclui
evitar o juízo temerário, que envolve aceitar como verdadeira uma falha moral
do próximo sem prova suficiente, bem como evitar a maledicência e a calúnia,
que consistem em revelar defeitos e faltas de outrem sem motivo válido. Além
disso, a Igreja também destaca a importância de interpretar as palavras e ações
do próximo de forma favorável sempre que possível. Os cristãos devem estar
dispostos a dar o benefício da dúvida e corrigir com benevolência aqueles que
parecem estar equivocados, em vez de condená-los precipitadamente.
Por
fim, a Igreja ensina que qualquer falta cometida contra a justiça e a verdade
requer reparação. Isso inclui as faltas cometidas contra a reputação de alguém.
Mesmo que o autor tenha sido perdoado, o dever de reparação permanece.
2 - AMANDO A VERDADE
Vivemos
um tempo em que o certo está errado e o errado para muitas pessoas é realmente
o que é certo. Para nós, cristãos, a verdade é uma questão de caráter e deve
sempre fazer parte de nosso agir e falar.
2.1. O diabo é mentiroso e pai da mentira.
Assim
como a verdade vem de Deus, a mentira vem do diabo. Jesus aponta o diabo como o
pai da mentira, diz que ele nunca se firmou na verdade e que, quando profere
mentira, ele fala daquilo que lhe é próprio, ou seja, essa é sua essência [Jo
8.44]. Por trás de toda mentira está o diabo orquestrando a vida daqueles a
quem de alguma maneira se sujeitaram ao seu habilidoso engano. João nos diz que
ele é a fonte de todo engano e pecado, e todo aquele que peca pertence a ele
[1Jo 3.8]. Paulo afirma que a mentira é um traço autêntico do velho homem e que
esse novo homem que está em Cristo não deve mentir, pois já se despiu dessa
velha natureza [Cl 3.9].
Comentário Adicional:
Falando
a um grupo de judeus, Jesus disse: “Vós sois do diabo, que é vosso pai, e
quereis satisfazer-lhe os desejos. Ele foi homicida desde o princípio e jamais
se firmou na verdade, porque nele não há verdade. Quando ele profere mentira,
fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira” (João 8:44).
Satanás
é o “pai da mentira” no sentido de que ele é o mentiroso original. Ele é o
“pai” da mentira da mesma forma que Martinho Lutero é o “pai” da Reforma e
Robert Goddard é o “pai” dos foguetes modernos. Satanás contou a Eva, no Jardim
do Éden, a primeira mentira registrada da história. Depois de plantar sementes
de dúvida na mente de Eva com uma pergunta (Gênesis 3:1), ele contradiz
diretamente a Palavra de Deus dizendo a ela: "É certo que não
morrereis" (Gênesis 3:4). Com essa mentira, Satanás conduziu Eva à morte;
Adão seguiu, e todos nós também.
Mentir
é a principal arma de Satanás contra os filhos de Deus. Ele usa a tática do
engano para separar as pessoas de seu Pai celestial. Algumas de suas mentiras
mais comuns são "não há Deus", "Deus não Se importa com
você", "não se pode confiar na Bíblia" e "suas boas obras o
levarão para o céu". O apóstolo Paulo nos diz que Satanás “se transforma
em anjo de luz” (2 Coríntios 11:14), de modo que o que ele diz e faz parece bom
e razoável. Mas isso é nada mais do que uma falsa aparência.
Muitas
das mentiras de Satanás tendem a se perpetuar. Foi o que aconteceu quando Eva
convenceu Adão a também acreditar na mentira do diabo. Hoje, Satanás ainda usa
pessoas para espalhar suas mentiras no seu lugar. Frequentemente, ele usa
pessoas carismáticas, mas tolas, para promover suas falsidades, como no caso de
religiões e seitas falsas.
A
Bíblia tem muitos nomes para Satanás a fim de descrever sua verdadeira
natureza, incluindo “o príncipe do mundo” (João 12:31), “o deus deste século”
(2 Coríntios 4:4), “o tentador” (1 Tessalonicenses 3:5), "o sedutor de
todo o mundo" (Apocalipse 12:9), "Belzebu" (literalmente,
"senhor das moscas", o governante dos demônios, em Mateus 10:25) e
"Belial", que significa "o maligno" (2 Coríntios 6:15).
Satanás
tem dito mais mentiras para mais pessoas do que qualquer outro ser já criado.
Seu sucesso depende das pessoas acreditarem em suas mentiras. Ele tem usado de
tudo, desde “pequenas mentiras inocentes” a inverdades gigantescas e gritantes
para enganar as pessoas. Adolph Hitler, um homem que aprendeu a mentir com
eficácia, disse certa vez: “Se você contar uma mentira grande o suficiente e
contá-la com bastante frequência, acreditarão nela”.
Se
uma mentira é pequena ou grande, não é realmente o problema. As mentiras são do
diabo. Se você mentiu pelo menos uma vez, então, a menos que se arrependa, você
não entrará no céu. A Bíblia ensina que todos os mentirosos “a parte que lhes
cabe será no lago que arde com fogo e enxofre, a saber, a segunda morte”
(Apocalipse 21:8). Provérbios 19:9 também ensina que quem mente será punido.
Obedeça
a Marcos 1:15 para evitar esse destino: “arrependei-vos e crede no evangelho.”
Jesus é a verdade (João 14:6), e Ele nunca irá enganá-lo. Aqueles que vêm a
Jesus com fé descobrirão que “e conhecereis a verdade, e a verdade vos
libertará” (João 8:32).
2.2. A verdade vem de Deus.
A
Bíblia coloca a verdade entre os valores humanos mais elevados. A verdade é
parte integrante do caráter de Deus e de Sua Palavra [Sl 146.6; Is 65.16; Jr
10.10]. Se estamos em Deus, a verdade também será parte integrante de nossas
vidas. Não podemos estar em Deus e viver associados com a mentira e o engano. A
razão pela qual somos chamados a viver em verdade é porque servimos ao Deus da
verdade. Se Deus é verdadeiro conosco, temos que viver em verdade diante dEle
e, também, com o nosso próximo [Lv 19.11-12]. Quando a nossa vida está
intrinsecamente ligada ao caráter de Deus, a honestidade, o amor e tudo o que é
correto flui naturalmente em nossos relacionamentos com as pessoas.
Comentário Adicional:
Vivemos
num momento em que a verdade não é confiável. Não são somente tempos de verdade
fluída, mas também da pós-verdade. Governantes decidem que a melhor postura é
esconder a verdade, outros distorcem ela e apresentam a versão que mais lhes
agrada. O Ministério da Saúde reduz a transparência dos dados que apresenta em
defesa da verdade. Órgãos da imprensa revisam relatos passados e escolhem quais
fatos incluir e quais deixar de lado. Mas uma versão da verdade ainda é
verdade? Temos visto a verdade domesticada aos interesses mais variados;
verdade abusada, torturada, enganada, hostilizada e revista. Para o mundo em
geral, a verdade hoje é apenas um ideal, uma ilusão, uma fantasia.
No
entanto, essa postura quanto à verdade não é apenas atual. Eu creio que ela é
uma condição da humanidade sem Deus. No evangelho de João, capítulo 18, versos
37 e 38, lemos:
“Então,
você é rei!”, disse Pilatos. Jesus respondeu: “Tu dizes que sou rei. De fato,
por esta razão nasci e para isto vim ao mundo: para testemunhar da verdade.
Todos os que são da verdade me ouvem”. “Que é a verdade?”, perguntou Pilatos.
Ele disse isso e saiu novamente para onde estavam os judeus, e disse: “Não acho
nele motivo algum de acusação”.
Pôncio
Pilatos já lutava com a questão do que é a verdade. Sua declaração não era
propriamente uma pergunta, mas uma afirmação de frustração. Ele fez a pergunta
como quem anuncia: “Eu desisto, este é um debate inútil!”. É curioso como essa
afirmação, apesar de ter quase dois mil anos, é atual. Diante de tantas
informações conflitantes, as pessoas se cansam de tentar obter a verdade e
terminam desistindo. Talvez a verdade não seja possível de ser conhecida,
pensam muitos.
Essa
proposição não só é perigosa como é a essência da obra do Diabo, que é chamado
de “pai da mentira” (João 8.44). Se a verdade não pode ser conhecida, se nunca
podemos ter certeza de coisa alguma, então teremos que aceitar meias verdades,
ou verdades relativas, que são – no fundo – mentiras completas. Contrariando
essa proposta diabólica, Jesus mesmo afirmou, conforme descrito em João 14.6:
“Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai, a não ser por mim”
(ênfase acrescentada). Contudo, alguém ainda poderia argumentar que é
impossível conhecer a Deus, ou ainda que existem várias perspectivas de Jesus,
todas igualmente válidas.
Há
algo de verdadeiro nisso (na questão de que nenhum de nós pode esgotar o
conhecimento de Deus); sendo assim, nossas afirmações são tentativas de
explicar a verdade. Mas também temos a promessa de que seremos guiados a toda a
verdade. Ainda no evangelho de João, Jesus promete que nós seríamos guiados à
verdade: “Mas, quando o Espírito da verdade vier, ele os guiará a toda a
verdade” (16.13).
Não
só o Espírito Santo é dado para que conheçamos toda a verdade, mas também a
Palavra de Deus nos foi dada para que pudéssemos conhecer a verdade. Em sua
oração sacerdotal, Jesus afirma: “Santifica-os na verdade; a tua palavra é a
verdade” (João 17.17). Assim pela instrumentalidade do Espírito Santo podemos
ser guiados a toda a verdade por meio da sua Palavra revelada.
Em
meio a tantas meias verdades, verdades distorcidas, ocultadas, revisadas e
adulteradas, se você é, como eu, um filho de Deus, então podemos ter a certeza
de que a verdade é possível de ser conhecida. Mais do que isso, temos os meios
para conhecer a verdade. Para isso, precisamos cuidar para não comprar o
discurso do mundo, de políticos (sejam de esquerda ou direita); precisamos
cuidar para que compromissos com linhas de pensamento ou com líderes humanos
não nos tornem cegos às mentiras que são inerentes a esses movimentos. O autor
da carta aos Hebreus, no capítulo 12, versos 1 e 2, escreve:
Portanto,
também nós, uma vez que estamos rodeados por tão grande nuvem de testemunhas,
livremo-nos de tudo o que nos atrapalha e do pecado que nos envolve e corramos
com perseverança a corrida que nos é proposta, tendo os olhos fitos em Jesus,
autor e consumador da nossa fé.
Minha
oração por você e por mim é que nosso compromisso, nossa vida em Cristo nos
faça cuidar de outras alianças humanas e mantenhamos nossos olhos fixos em
Jesus, que é a verdade em sua essência!
2.3. Cristo, a verdade que liberta.
Jesus
Cristo é a verdade no sentido mais absoluto. Tudo o que o entendimento humano
anseia por saber, encontra nele a sua resposta. Ele é o Criador de tudo que
existe, portanto, conhece tudo perfeitamente e entende seu propósito e
funcionamento. Mas não apenas isso, Ele mesmo é Deus e pode nos revelar
plenamente tudo o que precisamos saber sobre sua própria natureza e planos.
Cristo é a verdade absoluta que atende a todas as necessidades da mente humana
[Cl 2.3]. É o caminho completo e suficiente para o Pai porque Ele é Sua plena
revelação [Jo 14.7] Jesus Cristo é a verdade. Verdade que liberta e santifica
[Jo 8.32; 17.17]. Busquemos a cada dia crescer no conhecimento de nosso Senhor
e Salvador Jesus Cristo [2Pe 3.18]
Comentário Adicional:
Jesus
veio para trazer liberdade! Em João 8:31-32, Jesus nos mostrou o caminho para a
liberdade, que vem quando conhecemos a verdade: “Jesus dizia, pois, aos judeus
que criam nele: Se vós permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente sereis
meus discípulos; E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.”
Nessa
passagem, Jesus falou de 4 passos na vida cristã: permanecer em sua palavra,
ser seu discípulo, conhecer a verdade e ser liberto. Cada um desses passos leva
ao próximo. A fé em Jesus é o início da caminhada e o fim é a verdadeira
liberdade em Jesus! Vejamos:
Permaneça
firme na palavra de Jesus
O
primeiro passo para a liberdade é a fé em Jesus. Mas não basta apenas crer em
Jesus uma vez, depois continuar sua vida como antigamente. Jesus disse que é
preciso permanecer firme em sua palavra.
Jesus
falou essas palavras a vários judeus que tinham acabado de crer nele. Esse
primeiro passo era muito importante, mas Jesus sabia que nem todos iriam ficar
firmes. A verdadeira mudança acontece quando vivemos nossa fé diariamente.
Permanecer firmes na palavra de Jesus significa aprender o que ele ensinou e
aplicar esses ensinamentos em nossas vidas. Assim, sua palavra entra dentro de
nossos corações e muda nossas vidas. A cada dia reafirmamos nossa fé, ao
escolhermos crer nas palavras de Jesus e colocarmos em prática.
Seja
discípulo de Jesus
Um
discípulo é um seguidor ou aluno, que procura aprender a viver como seu
professor. É fácil ir à igreja e aprender sobre Jesus, mas somente quem fica
firme em sua Palavra se torna um discípulo. A verdadeira fé em Jesus é uma
coisa ativa, que muda nossa forma de viver, porque cria em nós o desejo de ser
mais como Jesus. O discípulo de Jesus ama Jesus e quer obedecê-lo. As palavras
de Jesus influenciam sua forma de ver o mundo e de agir. Através dessas
palavras, o amor de Deus toca seu coração e muda sua atitude em relação ao
pecado. O discípulo vive para Deus, não para o mal.
Conheça
a Verdade
Jesus
é o caminho, a verdade e a vida. Por isso, quanto mais nos aproximamos de
Jesus, mais conhecemos da verdade. O discípulo busca Jesus e encontra a
verdade.Quando permanecemos na palavra de Jesus, aprendendo mais da Bíblia e
colocando seus ensinamentos em prática, passamos a conhecer a verdade. Esse
conhecimento não é apenas intelectual, mas também do coração. A verdade de
Jesus se torna parte de nossa vida e influencia nossas ações e atitudes.
Conhecer
a verdade é ter intimidade com a verdade. Ela se torna o guia da vida do
discípulo de Jesus. Em vez de algo distante e inatingível, em Jesus a verdade
se torna acessível e nos aproxima de Deus! Respondeu Jesus: Eu sou o caminho, a
verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai, a não ser por mim. João 14:6
Ser
liberto pela verdade
A
verdade é poderosa! Ela nos ensina sobre como Jesus liberta da escravidão:
Do
pecado
Do
diabo
Do
medo
Da
insegurança
Das
crenças erradas
Do
desespero
Quando
esse conhecimento toca o coração, há transformação. As mentiras e os enganos
que nos mantinham presos são destruídos e podemos viver em liberdade, pelo
poder de Jesus. Permanecer na verdade de Jesus é o caminho para uma vida
realmente livre e plena! “O ladrão vem apenas para roubar, matar e destruir; eu
vim para que tenham vida e a tenham plenamente.” João 10:10
3 - CONSELHOS PRÁTICOS
O
nono mandamento tem como objetivo principal defender a honra humana. A mentira
e a falsidade aborrecem a Deus e prejudicam o próximo.
3.1. Preservando a boa reputação.
A
proteção da honra é fundamental para a convivência social de qualquer
comunidade ou nação. Nenhum homem deseja que sua reputação ou o bom nome de sua
família sejam atingidos. O bom nome e a boa reputação que uma pessoa constrói
com tanto sacrifício e tempo podem ser destruídos em segundos quando o
mandamento é violado. De acordo com a resposta 77 e 78 do Catecismo de
Westminster, o nono mandamento exige a conservação e promoção da verdade entre
os homens, e a manutenção da nossa boa reputação, e a do nosso próximo,
especialmente quando somos chamados a dar testemunho [Ef 4.25; 1Pe 3.16; At
25.10; 3Jo 12; Pv 14.5, 25; Mt 5.37]. Ele proíbe tudo o que é prejudicial à
verdade, ou injurioso, tanto à nossa reputação quanto à do nosso próximo [Cl
3.9; 8.20-21; Sl 15.3; 12.3].
Comentário Adicional:
I
- Significado original
O
Oitavo Mandamento comumente recebe uma interpretação muito mais abrangente do
que é o seu significado original. No seu lugar vivencial, este mandamento se
refere ao falso testemunho que se pronuncia ou é erguido diante de um tribunal
de justiça público, acusando um infeliz inocente. As consequências a que podem
levar um falso testemunho judicial a Bíblia apresenta no centro de sua
mensagem: a condenação do próprio Filho de Deus (Mc 14.55-65).
A
interpretação original do mandamento poderá nos parecer muito restrita, por
referir-se a casos esporádicos de justiça. No entanto, a ampliação deste
sentido ao convívio humano longe dos tribunais, como o fazem os teólogos
atuais, é perfeitamente justificável, já que a intenção é a de proteger a
pessoa da desgraça da acusação injusta.
II
- O Oitavo Mandamento na convivência humana
O
dia a dia da convivência humana se apresenta como um ininterrupto processo,
cujo conteúdo está determinado por acusações mútuas, julgamentos, justificação
própria, busca pela legalidade das atitudes próprias.
O
Oitavo Mandamento fala a nós como participes nesta situação processual da vida.
Devemos estar conscientes do papel que nos cabe nesta situação, porque o uso da
palavra para a verdade ou para mentira traz em si ou vida ou destruição.
Pelo
nosso falar ou também pelo nosso calar podemos estar destruindo o nosso
próximo. Existem crimes para os quais não se precisa sujar as mãos de sangue
nem se expor; bastam boatos. Estes farão silenciosamente o trabalho. Sabemos
que receptividade tem uma fofoca. Pouco menos mal é o fato de que a fofoca é
dar ouvidos a ela. A repercussão de uma mentira será maior se tiver o cheiro da
verdade. Por outro lado, o calar pode ter o mesmo efeito que a palavra dita,
uma vez que poderá, em silêncio, condenar um acusado.
Também
a própria verdade pode ser usada com a intenção de prejudicar o próximo. Temos
que levar sempre em conta a situação em que se faz uso da verdade, pois, em si,
ela não é algo absoluto, podendo, quando dita de maneira irrefletida, tornar-se
um instrumento prejudicial. O critério para se lidar com a verdade é o amor. No
Novo Testamento a verdade não é mais um princípio filosófico, mas sim, a
encarnação de Jesus Cristo (Jo 1. 14,17).
O
próprio Jesus se entende como a verdade (Jo 14.6). Desse mesmo Jesus, porém, é
dito que veio para que o que era seu e os seus não o receberam (Jo 1.11) e que
o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça (Mt 8.20). Assim, a verdade
sempre foi algo um tanto alheio à convivência humana. Ela é característica de
minorias desprezadas e não ocupa lugar nos grandes meios de comunicação. Esta
repressão da verdade levou Jesus à cruz. Como vitorioso, o ressurreto traz em
seu corpo as marcas da luta pela verdade (Jo 20.27). Qual é o perigo que
representa o uso da verdade? Não é possível lidar com a verdade sem correr
risco? É perfeitamente possível, desde que se faça dela uma verdade geral que
não atinge ninguém, não ajuda nem prejudica.
No
Oitavo Mandamento a verdade tem um endereço especifico e concreto. Isso é
expresso na palavra próximo. Deus, através do Oitavo Mandamento, vai contra as
verdades gerais e eternas. Ele quer que aqui e agora seja dito o que aqui e
agora não pode ficar no silêncio.
O
centro do Oitavo Mandamento não quer só atingir o mentiroso ou o fofoqueiro;
estes já recebem rejeição e julgamento na sociedade. A maior atualidade deste
mandamento está na sua caracterização dos diversos problemas de nossa época, em
que pessoas são difamadas, destruídas e aniquiladas no seu ser:
1)
O uso da verdade pelos meios de comunicação de massa: quando arrasam pessoas,
justificam sistemas econômicos e políticos injustos, criam conflitos entre
indivíduos, classes, instituições, povos e nações.
2)
Nas exigências burocráticas: atestados, pareceres, cartas de apresentação e
recomendação, avaliações, conceitos, que sempre são expedidos por pessoas
influentes no meio social e podem servir de instrumentos ou para promover ou
para difamar pessoas.
Isto
mostra a grande responsabilidade daqueles que são portadores da palavra que dá
testemunho a respeito de pessoas. A pessoa é facilmente atingida neste campo,
porque depende da opinião de outros; não consegue ser seu próprio juiz e não
tem em si a verdade.
Se,
a partir da própria insegurança, a pessoa olha para dentro de sua vida, abre-se
para ela a compreensão profunda da conhecida doutrina da justificação pela fé.
Esta é uma resposta à dependência humana, porque manda procurar aquilo que dá
uma segurança final não no que outros expressam, mas em Jesus, que se tornou a
testemunha na cruz, trazendo a absolvição definitiva. Como absolvido na cruz, o
cristão não se vê livre de tarefas ou compromissos, mas exatamente aí, em vez
de testemunha falsa, se torna testemunha da verdade.
3.2. O perigo da violação do mandamento.
É
muito comum as pessoas mentirem, principalmente quando buscam o próprio
benefício. O problema é que, quando esse limite é ultrapassado, o perigo é
iminente. Já no Novo Testamento e no tempo da graça, que muitos pregam que
Deus sempre usará de bondade, aconteceu algo com um casal que combinou entre si
uma doação para a igreja e, querendo obter prestígio entre os apóstolos, usou
de mentira, omitindo parte do valor [At 5.1-2]. Esse não era um pecado de roubo
ou cobiça, mas de engano. O problema não estava no que fizeram, mas no que
disseram. Pedro aponta a presença de Satanás em suas ações e diz que mentiram
ao Espírito Santo [At 5.3]. O pecado aqui foi diretamente contra Deus [At 5.4].
Ananias e Safira perderam a vida porque mentiram contra Deus.
Comentário Adicional:
O
nono mandamento nos adverte para “não levantar falso testemunho”. Esse
mandamento nos proíbe de praticar a calúnia, que é o ato de prejudicar a
reputação do próximo por meio da disseminação de mentiras.
A
calúnia envolve o pecado contra a verdade (mentira), contra a justiça (ferir o
nome de alguém) e contra a caridade (falhar no amor devido ao próximo). O
pecado de calúnia é mortal, se com ele prejudicamos seriamente a vida e honra
de alguém, mesmo que esse alguém não saiba da calúnia. Podemos também cometer o
pecado de calúnia por pensamento, quando ocorre o juízo temerário. Muitos de
nós cometemos esse pecado e não nos examinamos profundamente para identificar
esse pecado e confessá-lo.
A
maledicência ou difamação também é um pecado grave. Esse pecado consiste em
prejudicar a reputação de uma pessoa contando, sem justo motivo, pecados e
defeitos alheios que são verdades, mas que não deveriam ser revelados a
terceiros. Outro pecado contra o oitavo mandamento é o ato de ouvir calúnias e
difamações, mesmo sem proferir nenhuma palavra.
Causar
intrigas também é um pecado grave contra o oitavo mandamento. Esse pecado é
clássico das pessoas que gostam de fazer fofocas e semeiam a discórdia. A
mentira, quando praticada em matéria grave, também é pecado mortal. Dizer
mentiras que não prejudiquem ninguém, configura-se pecado. Entretanto, Deus
espera que cada um de nós pratique sempre a verdade, independente das
circunstâncias. Por fim, há o pecado de revelar os segredos que nos foram
confiados. Não devemos sair por ai revelando os segredos dos outros. A única
circunstância em que isso é aceitável é no caso de precisar evitar um mal maior
a comunidade, a terceiros ou a própria pessoa.
O
pecado só será perdoado se houver de forma sincera a reparação. Pedir
desculpas, dizer que mentiu ou que caluniou. A humildade de reconhecer as
nossas falhas, sejam grandes ou pequenas, nos fazem crescer interiormente no
amor a Deus e ao próximo.
3.3. A ocupação cristã.
Estamos
vivendo um tempo em que as informações chegam numa velocidade gigantesca. Redes
como Facebook, Instagram, Twitter, e até mesmo o jornalismo de TV, estão
recheadas de falsas informações. É nesse tempo que nós, cristãos, somos
chamados a ser revolucionários nessa sociedade pós-verdade. Os efeitos da falsa
informação trazem muitos malefícios para a sociedade, destroem famílias,
arruínam casamentos, implementam falsas teorias. Nossa ocupação deve ser a
Palavra de Deus. Somente ela pode curar nossa alma pecaminosa, nos capacitar a
viver em amor com nossos semelhantes e impactá-los com nosso testemunho de
salvação [Cl 3.2; Fp 4.8].
Comentário Adicional:
Nosso
mundo em transformação: O envolvimento cristão é necessário?
No
início do século 21, enfrentamos um conjunto desconcertante de desafios que,
cinquenta anos atrás, jamais teríamos imaginado. De um lado, a velocidade das
mudanças tecnológicas confirmou a esperteza da humanidade; de outro, a
persistência da pobreza global permanece um desafio ao nosso senso de justiça.
Somos cada vez mais interdependentes em escala global, e as oportunidades
comerciais abundam, mas com pouco senso de propósito.
As
consequências não intencionais das nossas ações causaram problemas ambientais
que ameaçam seriamente o nosso futuro conjunto. Mesmo que a ameaça de uma
guerra nuclear tenha diminuído, precisamos aprender a lidar com a ascensão do
terrorismo global, com o advento do terrorista suicida e com a ressurgência da
violência inspirada religiosamente.
A
falência da família, principalmente no Ocidente, impôs um fardo pesado a pais e
mães solteiros, ameaçou a coesão da comunidade e, em muitos casos, levou a um
senso de alienação entre os jovens. Estamos confusos sobre a natureza da
identidade humana, e essa confusão se mostra na destruição de vida por meio do
aborto e da eutanásia e na nossa intenção de criar por meio da genética e da
clonagem.
“Estamos
confusos sobre a natureza da identidade humana, e essa confusão se mostra na
destruição de vida por meio do aborto e da eutanásia e na nossa intenção de
criar por meio da genética e da clonagem.”
Por
que se envolver nesse tipo de mundo? É extraordinário que precisemos fazer essa
pergunta e que a controvérsia sobre a relação entre o evangelismo e a
responsabilidade social tenha explodido. Todas essas questões, e muitas outras,
afetam cristãos e pessoas sem fé religiosa. Elas desafiam nosso senso de
identidade e nosso propósito. Elas nos desafiam a aplicar o pensamento cristão
a novas questões que nos sobrevêm num ritmo acelerado. […]
Infelizmente,
alguns ainda acreditam que os cristãos não têm responsabilidade social neste
mundo, mas apenas a comissão de evangelizar aqueles que não ouviram o
evangelho. No entanto, é evidente que, em seu ministério público, Jesus “foi
[…] ensinando […] pregando” (Mateus 4:23; 9:35) e “fazendo o bem e curando”
(Atos 10:38). […]
Nosso
Deus é amoroso e perdoa aqueles que se voltam para ele em arrependimento, mas é
também um Deus que deseja justiça e pede que nós, como seu povo, não só vivamos
de forma justa, mas defendamos a causa dos pobres e impotentes.
Por
que os cristãos deveriam envolver-se? No fim, existem apenas duas posturas que
os cristãos podem adotar em relação ao mundo. Uma é a fuga; a outra, o
envolvimento. (Você poderia dizer que existe uma terceira opção, a acomodação.
Mas isso significa que os cristãos se tornariam indistinguíveis do mundo e que
não seriam mais capazes de desenvolver uma postura distintiva em relação a ele.
Eles se tornariam, simplesmente, parte dele.)
“No
fim, existem apenas duas posturas que os cristãos podem adotar em relação ao
mundo. Uma é a fuga; a outra, o envolvimento.”
“Fuga”
significa voltar nossas costas para o mundo em rejeição, lavar nossas mãos em
inocência (apenas para descobrir com Pôncio Pilatos que a responsabilidade não
sai com a lavagem) e endurecer nosso coração contra os gritos agonizados de
socorro. “Envolvimento”, por sua vez, significa voltar nossos rostos para o
mundo com compaixão, sujar as nossas mãos, desgastadas e rasgadas em seu
serviço, e sentir dentro de nós a comoção do amor de Deus que não pode ser
contido.
Muitos
de nós, evangélicos, fomos, ou talvez ainda sejamos, escapistas irresponsáveis.
Comunhão uns com os outros na igreja é muito mais agradável do que o serviço
num ambiente apático e até mesmo hostil no lado de fora. É claro, lançamos
ataques evangelísticos ocasionais no território inimigo (essa é nossa
especialidade evangélica), mas depois recuamos novamente pelo fosso para o
interior do nosso castelo cristão (a segurança da nossa própria comunhão
evangélica), levantamos a ponte e até fechamos nossos ouvidos aos gritos
daqueles que batem à porta.
Quanto
à atividade social, tendemos a dizer que é, em grande parte, tempo perdido em
vista do retorno iminente do Senhor. Afinal de contas, quando a casa está em
chamas, que sentido faz pendurar cortinas novas e reorganizar os móveis? A
única coisa que importa é resgatar os que estão perecendo.
CONCLUSÃO
Considerando
que o mundo jaz no maligno e, consequentemente, a forte campanha de
desconstrução de tantos valores bíblicos cristãos, é crucial que o discípulo de
Cristo busque e mantenha a mente e o coração cheios da Palavra de Deus e
procure andar em Espírito em todo o tempo, para não ser envolvido e
influenciado pela cultura da mentira, do engano e do esfriamento do amor.
Comentário Adicional:
O
mundo tem exercido uma influência negativa sobre a vida das pessoas que tem
afetado o modo de pensar, falar, sentir, vestir e se relacionar de cada uma
delas. Quando falo de mundo, falo de um sistema imoral e totalmente corrompido
em seus valores. Estamos vivendo dias muito difíceis sobre a face da terra. O
inimigo não quer de maneira alguma perder o domínio sobre as pessoas e tem
feito tudo para manter a mente delas influenciada por ele, utilizando os
métodos mais sutis para dominá-las.
Há
uma grande guerra sendo travada no mundo espiritual e muitas vezes não
percebemos o que está acontecendo. Quais são os métodos mais usados pelo
inimigo nesta guerra? Basta analisar com senso crítico as mensagens que têm
sido insistentemente veiculadas dentro de nossas casas por meio de filmes,
sites, novelas, músicas e tantas outras coisas, que muitas das vezes incitam a
violência, o roubo, a maledicência, o homossexualismo, a prostituição, os
adultérios e as rebeliões. Se cedermos a essas influências, seremos semelhantes
ao mundo e deixaremos de cumprir o propósito para o qual Deus nos chamou. O discípulo
de Cristo que não se deixar influenciar por essas coisas, que deseja viver sob
a perspectiva de Deus, muitas vezes é confrontado nos seus valores, num sentido
pejorativo, ridicularizado e debochado com o fim de diminuí-lo diante das
pessoas e de si mesmo.
O
grande desafio da nossa geração é saber como confrontar o mundo e permanecer
firme. Como viver na contramão dessa realidade imoral e perversa. Como remar
contra essa maré carregada de perversões.
Podemos,
como discípulo de Jesus, mesmo sendo tentados, resistir às influências e aos
ataques do mundo, não permitindo que eles sobrepujem aos valores aprendidos na
Palavra. Para isso devemos tomar posições e ter atitudes corretas em relação ao
mundo, sabendo o que diz a Palavra de Deus.
NOTAS BIBLIOGRÁFICAS
•
REVISTA DE ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL DO PROFESSOR: Adultos. OS DEZ MANDAMENTOS,
Estabelecendo princípios e valores éticos, morais, sociais e espirituais
imutáveis para uma vida abençoada. Rio de Janeiro: Editora Betel – 4º Trimestre
de 2024. Ano 34 n° 133. Lição 10: Não dirás falso testemunho contra o
teu próximo: Falar a verdade é fundamental para a confiança e integridade nas
relações humanas.
COMENTARISTA DA LIÇÃO:
Pr
Éder Santos - ADTAG SEDE
Graduado
em Teologia
Pós-graduado
em Hermenêutica
Mestre
e Doutor em Teologia, com especialização em Interpretação Bíblica e Filosofia
das Religiões
Coordenador
docente do Curso Superior em Teologia na Faculdade ISCON
Contato:
(61) 9 9921-0846 INSTAGRAM: @pr.eder.oficial
Um comentário:
Excelente comentário da lição, as suas palavras em muito nos auxilia no entendimento e aprofundamento do assunto trabalhado. Que Deus continue abençoando a sua vida e ministério!
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