LIÇÃO 03 – NÃO FARÁS PARA TI IMAGEM DE ESCULTURA: A DEVOÇÃO E A REVERÊNCIA AO ÚNICO E VERDADEIRO DEUS
20 de outubro de
2024
TEXTO ÁUREO
“Porque
te não inclinarás diante de outro deus; pois o nome do Senhor é Zeloso; Deus
zeloso é ele.” Êxodo 34:14
VERDADE APLICADA
Idolatria
não é apenas adorar uma imagem, mas representa tudo aquilo que pode ocupar o
lugar de Deus em nossos corações.
OBJETIVOS DA LIÇÃO
· Explicar
o segundo mandamento;
· Expor
os avisos e promessas do segundo mandamento;
· Ressaltar
os cuidados com os ídolos e com a idolatria.
TEXTOS DE REFERÊNCIA
ÊXODO
20
4. Não farás para ti imagem de escultura,
nem alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem embaixo na terra, nem nas
águas debaixo da terra.
5. Não te encurvarás a elas nem as servirás;
porque eu, o Senhor, teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a maldade dos pais
nos filhos até a terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem.
6. E faço misericórdia em milhares aos que
me amam e guardam os meus mandamentos.
COMENTÁRIOS
ADICIONAIS
INTRODUÇÃO
No primeiro mandamento, Deus exige
exclusividade para aqueles que fazem parte de Sua aliança. Agora, no segundo
mandamento, Ele ordena que os ídolos sejam banidos. Ele não divide Sua glória
com ninguém [Is 42.8].
Comentário adicional:
Paz
do Senhor, meus irmãos! Dando continuidade ao estudo do decálogo, agora vamos
estudar o segundo mandamento, que nos proíbe de adorar imagens de escultura.
Entendam
uma coisa: se não amarmos a Deus acima de todas as coisas, inevitavelmente
iremos amar outra coisa no lugar de Deus. Nós fomos criados para adorar. A
pergunta é: o que estamos adorando? Se não for a Deus, qualquer coisa que
estivermos adorando se transformará no nosso ídolo. Algumas pessoas colocam o
dinheiro no lugar de Deus, ou um cônjuge, ou um filho, um automóvel, o seu
emprego, um corpo malhado, e muitas outras coisas. Não importa o que seja, essa
coisa ou pessoa vai destruir o idólatra, pois está colocando toda a sua
confiança e esperança em algo que é mutável, algo que é passageiro, algo que
não é capaz de trazer a paz que somente Deus nos traz. Por isso, Deus nos
ordena a não fazer imagem alguma para adorar, uma vez que somente Ele é capaz
de nos satisfazer completamente, e nada mais neste mundo.
1 – O SEGUNDO MANDAMENTO
O
primeiro mandamento estabelece a adoração somente a Deus e a mais ninguém. Já o
segundo mandamento ordena adorar a Deus diretamente, sem mediação de qualquer objeto.
Nele, Deus dá um basta na idolatria.
Comentário adicional:
Um
ídolo é um substituto de Deus e, portanto, não é um deus, pois há somente um
único e verdadeiro Deus vivo. O pluralismo religioso da atualidade (“você adora
o seu deus e eu adoro o meu, pois nós dois estamos certos”) é, ao mesmo tempo,
antibíblico e absurdo, pois, como é possível haver mais de um deus? Se Deus é
Deus, ele é infinito, eterno e soberano. Ele não pode dividir seu trono com
outro ser também infinito, eterno e soberano.
“Eu
sou o Senhor, este é o meu nome; a minha glória, pois, não a darei a outrem,
nem a minha honra, às imagens de escultura” (Is 42:8). Devemos dar honra,
glória e louvor ao único que é digno de os receber. A adoração a ídolos não é
somente absurda e antibíblica, mas também imoral (havia prostituição cultual);
desumana (sacrifício de crianças); e demoníaca, como vemos em 1Co 10:10-22.
Deus
ordena ao povo, recém-saído do Egito, que jamais pratiquem tal coisa
abominável, que é ter outros deuses, pois Israel será conhecido como o povo do
único e verdadeiro Deus vivo, de sua propriedade exclusiva.
1.1 – Entendendo o segundo mandamento.
A
diferença entre o primeiro e o segundo mandamento é que o primeiro nos fala de
uma adoração ao Deus certo, ele nos chama a adorar o verdadeiro Deus e a
rejeitar o “deus falso”. Já o segundo nos ensina a adorar o Deus certo do modo
certo. Na verdade, o Deus Criador não pode ser comparado com ídolos feitos à
semelhança de homens. Enquanto o primeiro mandamento nos ensina a adorar o Deus
certo, o segundo mandamento nos estimula a rejeitar e nos proíbe de adorar os
falsos deuses ou ao Senhor Deus de maneira falsa. O uso de imagens na prática
litúrgica de adoração tende a estimular ou induzir as várias formas de
politeísmo. Deus nos deu uma maneira certa de adorá-lo. Para Deus importa tanto
a forma de adorar quanto a quem adorar. Não podemos adorá-lo de qualquer forma
[Dt 12.1-4).
Comentário adicional:
Este
mandamento nos comunica a necessidade de adorar somente a Deus, sem intermédio
de imagem ou escultura. Deus está nos advertindo acerca do perigo da idolatria,
tema bastante abrangente tanto no Antigo quanto no Novo Testamento. O apóstolo
João, por exemplo, finaliza sua primeira carta aos cristãos de sua época com a
frase: “filhinhos, guardai-vos dos ídolos” (1Jo 5:21). Se um ídolo é qualquer
coisa que ocupe o lugar de Deus em nossos corações, as palavras do apóstolo
João devem ser levadas em consideração nos dias de hoje, bem como o segundo
mandamento.
Para
que se tenha condições de cumprir este mandamento, Deus nos ensina a maneira
correta de adorá-lo. Não pode ser de qualquer jeito, uma vez que, nas
escrituras, a idolatria equivale à prostituição e ao adultério (Os 1-3 / Jr 2-3
/ Ez 16;23 / Tg 4:4-5). Deus, neste mandamento, deseja (pois merece) o amor
exclusivo de seu povo.
1.2 – A proibição do mandamento.
A
ordenança era simples: Não fazer imagens de escultura [Êx 20.4a]. E o que era
um ídolo? Era uma arte criada com ferramentas, moldada por mãos humanas e
esculpida em madeira, pedra ou metal como sendo a representação de algum ser
divino [Lv 26.1; Is 45.20; Na 1.14]. O segundo mandamento não rejeita a arte de
inventar coisas, rejeita o ato de fazê-las para que sirvam de objeto de
adoração. Quase todos os deuses do Egito eram apresentados em forma de animais.
O deus Anúbis tinha corpo de homem e cabeça de chacal; o deus Seth tinha corpo
de homem com a cabeça de um cão de orelhas alongadas e cauda ereta; o deus
Hórus tinha a cabeça de falcão e assim por diante. O mandamento informa os
tipos de ídolos que Deus proíbe: nada no céu; nada na terra, nada no mar. Logo
em seguida vemos mais proibições (encurvar e servir – v. 5) e o porquê: “ …
porque eu, o Senhor, teu Deus, sou Deus zeloso”.
Comentário adicional:
Este
mandamento consiste basicamente na seguinte proibição: a confecção de
imagens de escultura com o propósito de adoração a essas imagens. Quais
tipos de imagens? O texto responde no versículo 4: “Não faça para você imagem
de escultura, nem semelhança alguma do que há em cima no céu, nem embaixo na
terra, nem nas águas debaixo da terra.” Então devemos ter o cuidado de não
fazer imagens de anjos, de Deus, de Jesus, do Espírito Santo, dos seres
viventes descritos no livro de Apocalipse, nem nada que esteja no céu. Também,
nenhuma imagem de algo que esteja na terra, como animais, homens, mulheres,
árvores, enfim. Por fim, nós não devemos confeccionar imagem alguma de qualquer
coisa que exista nos oceanos, mares ou rios, como peixes, algas marinhas,
qualquer coisa embaixo das águas. Ou seja, não podemos fazer absolutamente
imagem alguma!
Quanto
à adoração, Deus proíbe que seja direcionada a essas imagens: “5 Não adore
essas coisas, nem preste culto a elas, porque eu, o Senhor, seu Deus, sou
Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos filhos até a terceira e
quarta geração daqueles que me odeiam,”. Não podemos, de forma alguma, olhar
para uma foto de Jesus, por exemplo, e adorar a essa foto. Estátuas, anjos,
imagens de seres humanos, qualquer coisa que receba nossa adoração.
Infelizmente,
existem crentes que assistem uma novela da Record, por exemplo, e adoram aquele
ator que representa Jesus na novela. Essas pessoas ligam a imagem do ator a
Jesus mesmo, e quando oram, imaginam o ator sendo Jesus! Isso vale para uma
série muito famosa, chamada “The Chosen” (muito boa, por sinal!). As pessoas
olham para aqueles atores e começam uma idolatria sem perceber. A nossa
adoração deve ser livre de qualquer “intermediário”, deve ser diretamente a
Deus, somente a Ele.
Mas
alguém pode levantar a seguinte questão: “ora, se Jesus é Deus, e Ele se
manifestou em forma humana há 2.000 anos atrás, então certamente podemos fazer
uma figura dele, já que seria exatamente o Jesus encarnado, não um fruto da
nossa imaginação”. O problema é que a Igreja católica sempre fez imagens de
Jesus, e nenhuma dessas imagens se aproxima de um judeu do primeiro século.
Vemos Jesus de olhos azuis, pele mais clara, cabelos sedosos, ou seja, com
traços europeus. Se fosse na china, seria um Jesus Chinês. Se fosse no Brasil,
aí seria um Jesus brasileiro, e assim por diante.
Nos
evangelhos, que narram a vida de Jesus, não vemos nenhuma menção sequer sobre a
aparência física de Jesus. É totalmente impossível saber como Ele era. Deus
poderia ter preservado alguma figura de Jesus, alguma escultura, algo para o
povo se lembrar, mas Deus não preservou. A única vez que vemos uma descrição
física de Jesus é em Apocalipse capítulos 1 e 19, mas é uma linguagem figurada.
Se fôssemos reproduzir a descrição de Jesus ali, ficaria muito estranho um
homem com uma espada saindo da boca, olhos de fogo, pés de bronze, uma tatuagem
na sua coxa direita, e muitas outras características.
Vale
lembrar que a proibição da confecção de imagens, estátuas e demais
artes, é com o objetivo de adoração! Em uma aula das crianças da EBD,
por exemplo, é comum o uso de imagens de Jesus, dos reis de Israel, de Deus,
anjos e demais artes visuais, mas o objetivo é unicamente didático, jamais
nossas Igrejas colocam as crianças para adorar tais imagens.
1.3 – A explicação do mandamento.
Deus
se recusou a ser representado pela imagem de qualquer coisa existente na
criação. Mesmo assim, Ele declara uma razão para tal regra: o amor [Êx 20.5].
Deus proíbe a idolatria porque é um Deus zeloso e ciumento. Quando retratamos o
zelo divino, não o comparamos com um sentimento doentio, invejoso, ou que
deseja obter algo que não lhe pertence. Falamos de um zelo santo, que protege
sua possessão. É como o amor de um marido que ama intensamente sua esposa e não
suportaria vê-la nos braços de outro homem [Êx 34.14). O que Ele tão
zelosamente protege nesse mandamento é a honra de Seu amor. Como Salvador, Ele
tem o direito de exigir como o adoremos. Assim como nos ama, Ele não deseja que
a qualidade de Seu amor por nós seja desprezada [Dt 7.6-8; Ez 16.38-43].
Comentário adicional:
Então porque não podemos fazer imagem alguma com o fim de adorar, mesmo que seja de Deus? Vejo pelo menos três motivos que explicam este mandamento. Em primeiro lugar, é porque, fazendo isso, depreciaremos a Deus. Estaremos reduzindo a grandeza, a majestade, a infinitude Dele a uma mera imagem de escultura. Deus não pode ser explicado por ninguém, da mesma forma não pode ser representado por imagem alguma! Deus é o criador, é infinitamente imenso, por isso é 100% impossível ser representado por qualquer imagem que seja.
Por
fim, o próprio texto diz, no versículo 5, que Ele é Deus zeloso. O zelo é um
atributo de Deus pouco mencionado. Imagino que o motivo seja porque o zelo
frequentemente seja encarado de maneira pejorativa, uma espécie de ciúme
doentio humano. Mas estamos falando de Deus, que não tem comparação com os
sentimentos humanos. A ira de Deus é totalmente santa, seu ciúme pelo povo
também, e seu zelo de igual forma, bem como todo e qualquer atributo de Deus.
Vemos, em 2Co 11:2 o zelo do apóstolo Paulo aos coríntios: “Porque estou zeloso
de vós com zelo de Deus; porque vos tenho preparado para vos apresentar como
uma virgem pura a um marido, a saber, a Cristo.” Deus cuida do seu povo como um
marido cuida de sua noiva, ama sua noiva, dá as providências necessárias para
ela, inclusive entrega sua própria vida por ela. Este é o zelo de nosso Deus
por nós! Em resposta a tão sublime amor, nós obedecemos a este noivo que não
merecemos, de maneira grata e com alegria.
2 – AVISOS E PROMESSAS
É
preciso cuidado na exposição de Êxodo 20.5-6 no que concerne à palavra de Deus
sobre “visito a maldade dos pais nos filhos” e “faço misericórdia” pois há os
que fazem uso destes e outros textos para respaldar e defender a ideia de
“maldição hereditária”, criando confusão, principalmente em pessoas que não
valorizam o estudo contínuo e sistemático da Palavra de Deus.
Comentário adicional:
Entendendo
do que este mandamento se trata, vejamos agora os avisos e promessas. É de suma
importância estudarmos a sério esses versículos 5 e 6, uma vez que causa muitas
dúvidas e alguns irmãos podem interpretar o texto de uma maneira que é
totalmente antibíblica.
2.1 – A iniquidade dos pais nos filhos.
Conforme
o Dicionário Hebraico de Strong, “maldade” em Êxodo 20.5 é uma das principais
expressões no Antigo Testamento para indicar pecado. Esta expressão aponta para
a ideia de desvio ou depravação intencional. Ou seja, o Senhor Deus está
falando sobre aqueles que conhecem a Sua vontade que estava sendo revelada, mas
se recusam a viver de acordo com ela. Tais pessoas serão alcançadas pelo juízo
de Deus. Assim como as próximas gerações, caso compartilhem dos pecados de seus
antepassados. Notar o final do versículo 5; “que me aborrecem”. Portanto, o
texto está enfatizando a durabilidade do juízo divino enquanto permanecer as
práticas abomináveis as transgressões da lei. Evidente que há decisões,
comportamentos e modo de vida dos pais que podem resultar em consequências na
vida dos filhos. Mas não significa que estes filhos estão debaixo de maldição.
Vide Ezequiel 18 – Deus não condena o filho por causa do erro do pai e nem o
pai por causa do filho [Dt 24.16; 2 Rs 14.6].
Comentário adicional:
Deus
leva tão a sério a exclusividade da adoração e o amor dedicados a Ele, que
castiga os que se recusam a lhe obedecer. Deus não castiga os filhos e netos
pelos pecados de alguma outra pessoa (Dt 24:16 / Ez 18:4), mas as tristes
consequências dos pecados dos antepassados podem ser transmitidas de geração em
geração, e crianças inocentes podem sofrer por causa daquilo que seus pais ou
avós fizeram.
“Até
a terceira e quarta geração.” Esta é uma frase tipicamente semita, que indica
continuidade e não deve ser tomada em sentido aritmético. Além disso, a frase
se aplica aos que aborrecem (odeiam) a Deus, que se recusam a viver em
consonância com Sua vontade. Já que este mundo pertence a Deus, e já que
estamos todos envolvidos uns com os outros, qualquer violação da lei de Deus
numa geração fatalmente irá afetar as gerações futuras. Escravidão, exploração,
imperialismo, poluição e imoralidade são todos exemplos deste princípio. O que
chamamos de “resultados naturais” são apenas uma expressão da lei de Deus em
atividade, punindo a desobediência à Sua vontade.
Portanto, meus irmãos, não há possibilidade alguma de este mandamento transmitir a ideia de “maldição hereditária”. Uma vez em Cristo, todos nós somos libertos de toda e qualquer “maldição”. Além disso, o texto diz claramente “daqueles que me aborrecem”, ou seja, toda pessoa que não anda segundo os princípios de Deus será castigada. Claro que a influência dentro de casa é um fator inquestionável, mas não é porque um pai é ladrão que o filho necessariamente será. A escolha é do filho em seguir os passos do seu pai ou não, e aí vem as consequências de sua escolha.
2.2 – A bênção para os que guardam os mandamentos.
Assim
como o juízo divino viria sobre os que se recusam a viver segundo a vontade de
Deus revelada, também o Senhor Deus promete agir com bondade e misericórdia
para com os que O amam e obedecem [Êx 20.6). Estas expressões – amar e obedecer
– nos remetem às palavras que Nosso Senhor Jesus Cristo proferiu pouco antes da
crucificação aos Seus discípulos. Ou seja, aquele que verdadeiramente O ama é o
que aceita ou tem os Seus mandamentos e os guarda (ou obedece) – João 14.21. O
apóstolo João escreveu que “este é o amor: que andemos em obediência aos seus
mandamentos” [2Jo 6). Interessante notarmos a extensão ilimitada do amor de
Deus expressa nos termos “em milhares” (“por milhares de gerações” – NTLH) em
contraste com a durabilidade do juízo expressa no versículo 5: “até à terceira
e quarta geração”.
Comentário adicional:
Ao
mesmo tempo em que temos a consequência de quebrar o mandamento, percebemos que
a piedade dos antepassados pode ajudar a trazer bênçãos para as gerações
subsequentes. A fé de Abraão trouxe bênçãos aos seus descendentes, e o
ministério de Davi ainda continuou sendo proveitoso mesmo tempos depois de ele
haver falecido.
É
verdade que Deus punirá os que não se conformam à Sua vontade, mas o aspecto
negativo é apenas a moldura para o aspecto positivo. Mais uma vez, o teste do
amor é “guardar os meus mandamentos”, demonstrando ainda mais claramente a
Israel que amor/ódio é mais atitude e atividade do que simples emoção. A
palavra “milhares” é usada vagamente, como “miríades” em português, para
indicar a extensão ilimitada da misericórdia demonstrada por Deus.
Há
orações de avôs e pais para que seus descendentes sejam ministros do evangelho
de Cristo, e muitas dessas orações são atendidas!
2.3 – Deus quer ser ouvido, não visto.
Vivemos
um tempo em que as pessoas para serem levadas a acreditar em Deus necessitam de
um veículo de fé. Deus não se revelou no Sinai de maneira visível, mas audível
[Dt 4.15-16]. Estudiosos acreditam que a imagem pode ser uma distração em
termos de adoração e que precisamos ter mais cuidado em ouvirmos mais a
palavra. O ponto central do pensamento pagão era fazer ídolos para poder
controlar os deuses. Esse pensamento não difere muito de nosso tempo, porque a
espiritualidade contemporânea age do mesmo jeito. As pessoas não se comprometem
com Deus e com Sua Palavra. Elas querem uma forma fácil de servir, querem um
“deus”, mais amigável, um deus que pode ser adaptável aos seus propósitos. Um
deus que atende aos pedidos quando é solicitado [Dt 6.5; Mt 22.37].
Comentário adicional:
Deus
não nos deixou imagens para crer, nos deixou palavras. Devemos crer nas coisas
que não vemos, sem essa preocupação de tentar reproduzir Deus em imagens. Os
católicos utilizam de um fato histórico para o uso de imagens em suas
catedrais: o povo da idade média era, na maioria esmagadora, analfabeto, sendo
que eles não tinham a capacidade de ler as escrituras e entender o plano de
salvação. Com isso, a Igreja providenciou imagens para que o povo pudesse ver e
compreender a mensagem que as imagens transmitiam. Deu certo? Em certo ponto,
sim. Contudo, este nunca foi o método que vemos nas escrituras, e por isso, o
resultado foi uma idolatria àquelas imagens. Já que o povo não podia ler, os
líderes deveriam explicar de maneira clara o evangelho, ser testemunhas de
Cristo, como vemos nos evangelhos.
A proibição de fazer imagens também consiste na questão do “ver para crer”. Sempre a humanidade tentou transformar seus ídolos mentais em figuras humanas. Através de figuras, imagens, estátuas, as pessoas sempre tinham a necessidade de ver aquilo em que elas acreditavam. Isso é pecaminoso porque isso é o oposto da fé. Quando queremos ver para crer, igual fez Tomé (João 20:25), estamos indo contra a definição de fé nas escrituras, que é a certeza das coisas que não se veem (Hb 11:1). Também, Jesus disse que bem-aventurados são os que não veem e creem (João 20:29). As pessoas pensam em Deus como um ancião, de cabelos grisalhos. Mas isso, por si só, é criar uma imagem de Deus, e essas pessoas deveriam saber que Deus é Espírito (não tem corpo), tampouco pode sofrer as limitações humanas do envelhecimento, a ponto de ficar com cabelos brancos. Deus quer ser ouvido, não visto! Vamos ensinar os amados irmãos a não ficarem imaginando a aparência de Deus, ou de qualquer pessoa da Trindade. Vamos nos concentrar nas sagradas escrituras, e crer sem a necessidade de ver.
3 – O CUIDADO COM AS IMAGENS
Deus
proibiu imagens de todo o tipo. Isso é uma ordem. Ele não criou esse mandamento
apenas por exclusividade, mas com a finalidade de cuidar daqueles que são Seus.
Comentário adicional:
Esta
condenação de imagens claramente inclui imagens do Deus verdadeiro, pois é bem
certo que algum tipo de imagem estivera em uso entre os ancestrais de Israel
(até mesmo a tradição judaica ortodoxa admite que Tera, pai de Abraão, era um
fabricante de imagens). Os ídolos domésticos (terafim) de Labão poderiam, é
verdade, ter mais valor legal do que significado religioso, mas os que Jacó
escondeu debaixo do carvalho no “santuário” em Siquém eram com toda certeza
objetos religiosos (Gn 35:2-4). Isto aconteceu antes da doação da lei: mesmo
depois disso, imagens não eram algo estranho em Israel (ver Jz 8:27, Gideão; Jz
17:4, Mica; 1Sm 19:13, Davi). Todavia, a existência de imagens mais tarde em
Israel não prova a inexistência de leis contra seu uso.
Dessa
forma, o povo estava habituado com o uso de imagens, principalmente por conta
que estavam em contato direto com o povo egípcio, que eram politeístas e
possuíam diversas imagens e esculturas. Neste contexto, Deus ordena o cuidado
com essas e outras imagens.
3.1 – Fugindo da idolatria.
A
forma primitiva certamente dizia: “Você não fará uma imagem esculpida”. Todos
os povos têm tendência a isso. Mas Deus não pode ser fixado, localizado,
limitado por uma representação. A imagem tem o objetivo de conduzir ao que ela
representa, mas também tem o perigo de substituir a “meta divina” pelo próprio
objeto antes que o encontro com Deus seja alcançado [1Co 10.14, 19 -21]. O ser
humano, rapidamente satisfeito com o que é visível e palpável, corre o risco de
não ir além das aparências, do visível, do físico, do que pode ser verificado
pelos sentidos da visão etc. A imagem tem um poder de captura quase mágico da
pessoa, por isso pode facilmente tornar-se um ídolo, isto é, uma representação
que ocupa o lugar que pertence exclusivamente a Deus, o Senhor da história e da
liberdade [Is 45.15].
Comentário adicional:
Irmãos,
a idolatria é, como mencionado anteriormente, o ato de colocar qualquer coisa
no lugar de Deus. É qualquer coisa à qual dedicamos tempo, fazemos sacrifícios,
amamos de todo o coração, servimos. Os ídolos que atraem o povo de Deus hoje em
dia são o dinheiro, o reconhecimento, o sucesso, os bens materiais (casas,
carros, joias, barcos, etc.) o conhecimento, ou até mesmo outras pessoas.
Há
coisas que são bênção de Deus, inclusive. Por exemplo o casamento, filhos, uma
vida financeira estável. Mas qualquer bênção dessas pode tornar-se uma
verdadeira maldição na vida daqueles que amam essas coisas acima de Deus. Veja
que o problema não é amar essas coisas, mas é amar mais essas coisas que a
Deus. Inclusive, veja o que Jesus diz: “Quem ama o seu pai ou a sua mãe
mais do que a mim não é digno de mim; quem ama o seu filho ou a sua filha mais
do que a mim não é digno de mim;” (Mt 10:37).
Devemos
fazer uma análise diariamente, com equilíbrio e sensatez. Será que estamos
mesmo amando a Deus acima de todas as coisas? Não estamos fabricando ídolos em
nossos corações constantemente? Fujamos da idolatria, e corramos para os braços
do Pai!
3.2 – A idolatria
da mente.
Nem
todas as imagens falsas de Deus estão apenas nos templos; elas também existem
nas mentes e corações de homens incrédulos. Frases como as seguintes são
frequentemente ouvidas: “Gosto de pensar em Deus como ‘o grande arquiteto ou
artista’ ou ‘não penso em Deus como um juiz, mas apenas como um pai amoroso”: É
importante apontar que aqueles que se sentem livres para pensar em Deus como
quiserem também estão quebrando o segundo mandamento. Não temos o direito de
pensar em Deus como quisermos. A triste realidade é que todos aqueles que não
conhecem o verdadeiro Deus fabricam ou inventam um falso Deus em suas mentes. O
mundo está cheio de pessoas que têm ideias falsas sobre Deus, e isso ocorre
porque elas se recusam a acreditar no que Deus tem dito acerca de si mesmo em
Sua Palavra.
Comentário adicional:
Uma
das piores atitudes que um ser humano pode tomar é fazer uma imagem de Deus em
sua mente, criar um deus que ele imagina ser o correto. Muitos irmãos caem
neste erro, pois pensam o seguinte: “Deus jamais faria isso...” ou “Deus
certamente faria aquilo...” ou ainda “eu acho que Deus pensa assim...”.
Claro
que existem coisas reveladas nas escrituras que podemos afirmar essas frases.
Por exemplo, está revelado que Deus não mente. Também está revelado que Deus
certamente cumpre o todas as suas promessas. Mas existem coisas que não são
reveladas, e alguns irmãos ficam imaginando Deus como se fosse seu mordomo.
Como exemplo, podemos citar os irmãos que afirmam que o cristão jamais sofrerá
nesta terra, pois Deus cuida do seu povo. Há também aqueles que afirmam que o
povo de Deus deve ser próspero, pois o dono do ouro e da prata jamais deixaria
um filho seu ganhar um salário-mínimo. Esses irmãos, não mal-intencionados na
maioria das vezes, além de imaginarem um deus totalmente diferente das
escrituras, ainda ensinam outros a seguirem essa imagem criada por eles.
Devemos
nos limitar ao que a palavra de Deus nos revela sobre o ser de Deus, parar de
imaginar Deus de alguma forma, com algum temperamento ou atitude que não tenha
embasamento plausível na bíblia. Se isso acontece no meio cristão, imagine com
os ímpios! Devemos levar o verdadeiro evangelho às pessoas, testemunhando o
único e verdadeiro Deus, sem influência de nossa imaginação.
3.3 – A imagem que Deus aceita.
A mente finita natural não tem como entender ou captar a grandeza das coisas que Deus realiza [1 Co 2.14]. Quando Deus criou todas as coisas, fez homens e mulheres à Sua imagem [Gn 1.26-27]. Aqui está o porquê de Deus rejeitar a imagem. Ele já tem Sua imagem e somos nós. Nós não temos permissão para fazermos imagens que representam a Deus. Afinal o próprio Deus já nos criou à Sua imagem e semelhança. Nossa presença na terra já é um testemunho do poder e da glória do Criador. O pecado prejudica, mas a perfeita obra redentora de Jesus restaura [Rm 8.29; 1Co 15.49].
Comentário adicional:
“Assim
Deus criou o ser humano à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e
mulher os criou.” (Gn 1:27).
A
única imagem que Deus aceita é a que Ele mesmo criou: nós. E ainda assim, não
são todos, pois aqueles que rejeitam o Filho de Deus, é rejeitado por Deus (Jo
3:18). O ser humano, por pior que seja, ainda reflete a imagem do Senhor. Nós
somos espelhos de Deus, quebrados e danificados pelo pecado, mas ainda somos
espelhos.
CONCLUSÃO
Existem
princípios que jamais devem ser esquecidos ou quebrados, eles podem determinar
tanto a bênção quanto a maldição em nossas vidas. Assim é o segundo mandamento.
Comentário adicional:
Ao
longo desta lição, procurei ser o mais claro possível acerca da importância de
não adorarmos a imagem alguma que exista, seja mental ou física.
Que
Deus nos dê graça para entendermos que a idolatria é destrutiva, e que toda a
Igreja do Senhor permaneça fiel, limpa e sem mácula, aguardando ansiosamente o
Noivo, único e exclusivo, verdadeiro e zeloso.
BIBLIOGRAFIA UTILIZADA
•
Bíblia de estudo – Nova Almeida Atualizada, Sociedade bíblica do Brasil, 2017 –
Barueri, São Paulo.
•
Revista Betel Dominical, adultos, 4º Trimestre de 2024, ano 34, nº 133. OS DEZ
MANDAMENTOS – Estabelecendo princípios e valores éticos, morais, sociais e
espirituais imutáveis para uma vida abençoada. Lição 3: Não farás para ti
imagem de escultura: a devoção e a reverência ao Único e Verdadeiro Deus.
•
Wiersbe, Warren W. Comentário bíblico expositivo: Antigo Testamento -
Pentateuco, volume 1 / traduzido por Susana E. Klassen. Santo André – SP,
Editora Geográfica, 2006.
COMENTÁRIO ADICIONAL – Professor Fernando
Júnio
2 comentários:
Muito bom seu comentário professor Fernando, suas palavras em muito nos auxiliou na compreensão do assunto tratado. Que Deus continue abençoando sua vida e ministério!
Parabéns, trabalho excelente!
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