OS DONS DE ELOCUÇÃO
Lição 07 – 13 de Novembro 2022
TEXTO ÁUREO
“Mas o que profetiza fala aos homens para edificação, exortação e consolação”. 1 Co 14.3.
VERDADE
APLICADA
As manifestações do Espírito em profecia, variedade de línguas e interpretação de línguas resultam em edificação, exortação e consolação ao Corpo de Cristo.
OBJETIVOS DA LIÇÃO
► FALAR sobre a confusão acerca dos dons de elocução;
► DESPERTAR no crente o desejo pela busca dos dons;
► MOSTRAR a relevância dos dons para a Igreja.
TEXTOS DE REFERÊNCIA
1 Coríntios 14.
26. Que fareis pois, irmãos? Quando vos ajuntais, cada um de vós tem salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo para edificação.
27. E, se alguém falar em língua desconhecida, faça-se isso por dois, ou quando muito três, e por sua vez, e haja intérprete.
28. Mas, se não houver intérprete, esteja calado na igreja, e fale consigo mesmo, e com Deus.
29. E falem dois ou três profetas, e os outros julguem.
30. Mas, se a outro, que estiver assentado, for revelada alguma coisa, cale-se o primeiro.
31. Porque todos podereis profetizar, uns depois dos outros; para que todos aprendam, e todos sejam consolados.
INTRODUÇÃO
A lição de hoje encerra o rol dos dons provenientes do Espírito Santo (1 Co 12.4-6), e, por isto, conhecidos como dons espirituais (1 Co 12.7-11). A fim de serem mais didáticos estudiosos das Escrituras, bem como nosso comentarista, classificam os dons espirituais (1 Co 12.7-11) em três grupos: Dons de Revelação (palavra da sabedoria, palavra da ciência e discernimento dos espíritos), Dons de Poder (dom da fé, dom de curar e dom de operação de maravilhas), e Dons de Elocução (dom de profecia, dom de variedade línguas e dom de interpretação de línguas).
1. DONS RELACIONADOS À ELOCUÇÃO
O grupo dos dons de elocução, são aqueles dons espirituais que se caracterizam pela expressão vocal, sempre de maneira sobrenatural, como manifestações proféticas, variedades de línguas e interpretação de línguas (1 Co 12.7-11). Os dons do grupo de elocução estão quase sempre presentes nos cultos e são de grande importância para a Igreja, desde que sejam utilizados para a edificação do corpo de Cristo. Visto que esse grupo de dons são fáceis de imitar e que podem ser utilizadas na igreja de forma incorreta, devemos estudar com maior diligência, reverência e temor de Deus, para não sermos enganados pelas falsas manifestações. Embora, quem tem discernimento espiritual e algum conhecimento da Palavra, dificilmente se deixará levar por estes que “encenam” esses dons, mas os que são leigos são facilmente enganados.
1.1. Profecia
O dom de profecia é considerado o maior de todos os dons espirituais de elocução (1 Co 14.1,5), sendo citado pelo menos vinte e duas vezes nos capítulos 11 a 14 de 1ª Coríntios. Muitos confundem o dom de profecia com o ministério de profeta! O dom de profecia é a manifestação momentânea e sobrenatural do Espírito Santo, concedido a qualquer crente (1 Co 12.4,10-11). Podemos ver este dom nas filhas de Filipe (At 21.8-10); já o dom ministerial de profeta é a capacitação que o Senhor Jesus Cristo, coloca à disposição daqueles com chamada especifica, visando o pleno desempenho do ministério (1 Co 12.5; Ef 4.11; 1 Co 12.28). O dom de profecia não é uma previsão do futuro, mas uma mensagem espontânea e sobrenatural vinda de Deus, mediante o Espírito Santo, cuja função precípua é edificar, exortar e consolar (1 Co 14.3); já o ministério profético trata-se de uma capacitação dada por Cristo à liderança, para o aperfeiçoamento dos Santos, desempenho do ministério e edificação do Corpo de Cristo, a partir da revelação de Jesus Cristo, fundamentada nas Escrituras (Ef 4.12-16). Podemos ver este dom sendo operado na vida de Ágabo (At 11.28; 21.10-11), Judas e Silas (At 15.32; 13.1).
1.2. A importância do dom de profecia para a igreja de Cristo
O dom de profecia refere-se a mensagens espontâneas, concedidas pelo Espírito Santo a alguns crentes, em uma língua conhecida para quem fala e também para quem ouve, objetivando edificar, exortar ou consolar a pessoa destinatária da mensagem. Através desse dom espiritual, o Espírito Santo faz-nos saber o que há de vir, não para que tenhamos acesso ao futuro, mas para que saibamos que Deus está no controle de todas as coisas. Portanto, esta concessão é esporádica e manifestada quando há necessidade de se exortar, consolar ou edificar a Igreja e/ou quando o Espírito Santo quer falar diretamente ao povo, sem a intermediação da exposição das Escrituras, a fim de demonstrar que Deus está no controle da situação e que se encontra ao nosso lado, a fim de que não nos desesperemos nem desanimemos de serví-Lo (1 Co 12.7,11; 14.3,5). Além do mais é importante frisar que este dom espiritual, ao lado do dom ministerial de profeta, exerce um papel profilático para evitar a corrupção do povo de Deus. Sem a profecia, o povo se corrompe (Pv 29.18). Por estes e outros fatores, o apóstolo Paulo considera este dom como um dos mais importantes, senão o mais importante, dentre os dons de elocução. Posto isto, não se pode impedir a ação do Espírito Santo na igreja nem desprezar as profecias (1 Ts 5.19-20; 1 Co 14.1, 39). Quem o faz, abre a brecha para que o povo se corrompa, deixando-os à mercê do inimigo de nossas almas.
1.3. Julgar a profecia
Profecia alguma, seja pelo dom espiritual ou ministério, pode contrariar o que diz a Bíblia Sagrada, nem querer ter atributo ou autoridade de acrescer coisa alguma ao que se acham nas Escrituras. Assim como Paulo, devemos reconhecer a importância e o valor das profecias e que ela, é sim, necessária à saúde espiritual da Igreja (1 Co 14.6), mas, jamais colocá-la como regra de fé. Não se pode dar à atividade profética maior valor que a Bíblia. Não podemos ser guiados por profecias ou mensagens proféticas, mas, sim, pela Verdade contida nas Escrituras. As profecias, quando surgirem, somente virão para consolar, exortar e edificar o povo, confirmando a Palavra e a revelação divina na pessoa de Cristo Jesus. O exercício profético depende da vontade do Espírito Santo, não do homem. Por isso, as profecias podem e devem ser julgadas. Paulo orienta os crentes de Corinto a julgar as profecias quanto ao seu conteúdo e a origem de onde elas procedem (1 Co 14.29; Jo 7.24), já que podem ter três fontes distintas: Deus, o homem ou o Diabo. As Escrituras, tanto do Antigo quanto do Novo Testamento, mostram ações de falsos profetas. O Senhor Jesus nos alertou: “Acautelai-vos, porém, dos falsos profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas interiormente são lobos devoradores” (Mt 7.15).
2. VARIEDADE DE LÍNGUAS
O que é dom de variedade de línguas? Qual a sua real utilidade na Igreja de Cristo? Como se deve usar este dom? Variedade de línguas é uma dádiva concedida pelo Espírito Santo, de forma sobrenatural, a alguns crentes para que falem línguas que o próprio falante não entende, para fins de louvor, oração ou transmissão de uma mensagem divina. Não é uma operação que se faz mediante o uso do entendimento humano, mas algo que se realiza numa ligação direta entre o espírito humano e o Espírito de Deus (1 Co 14.14-19). Falar em línguas estranhas, portanto, não é algo que seja feito pela nossa razão, pelo nosso entendimento, mas pela manifestação miraculosa do Espírito Santo, pelo qual falamos em outras línguas, que não aprendemos a falar, mas que nos é concedida pelo Espírito do Senhor. É o dom mais disseminado no meio do povo de Deus. Esse dom, como o próprio nome já diz, pode se manifestar de três maneiras: língua estranha (1 Co 14.2), língua dos anjos (1 Co 13.1), língua estrangeira (At 2.1-11).
2.1. O ensino de Paulo sobre o dom de variedade de línguas
Este dom, depois de ser elencado por Paulo na mencionada relação de 1 Coríntios 12, foi alvo de um estudo específico por parte do apóstolo no capítulo 14, tendo em vista que este dom estava sendo mal utilizado pela igreja de Corinto. Paulo era grato a Deus por falar em línguas, e mais do que todos os coríntios. Na igreja, porém, diz que preferiria falar cinco palavras com seu entendimento, a fim de que pudesse, pela sua voz ensinar aos outros, do que dez mil palavras em línguas (1 Co 14.18,19). Mas não deseja com isso excluir as línguas. É parte legítima de sua adoração (1 Co 14.26). No dia de Pentecostes Deus demonstrou Seu domínio sobre o fenômeno linguístico e, de modo não casual, evidenciou a reabertura do plano divino da salvação aos gentios, na medida em que colocou como sinal do batismo com o Espírito Santo o falar em línguas estranhas. Esta fala feita pelos discípulos neste dia era um falar sobrenatural. Do mesmo modo que as pessoas passaram a falar em uma outra língua em Babel sem que a tivesse aprendido, do mesmo modo que Daniel interpretou a escritura da parede do palácio sem que tivesse estudado a referida língua, também os discípulos começaram a falar em línguas que nunca antes haviam aprendido. Foi uma operação sobrenatural e é isto que significa falar em línguas estranhas na Bíblia Sagrada, seja como sinal do batismo com o Espírito Santo, seja como dom espiritual.
2.2. Expressão em línguas em Atos e 1 Coríntios
As línguas estranhas seja como sinal, seja como dom espiritual, são iguais e idênticas em sua essência, mas distintos na sua função. Em Atos, as línguas estranhas são tidos como sinal bíblico do batismo com o Espírito Santo. Nas passagens bíblicas em que alguém foi batizado com o Espírito Santo é dito explicitamente que os crentes falaram em línguas estranhas e que, por isso, a igreja entende que tais pessoas foram revestidas de poder. Sendo assim, vemos que os crentes batizados com o Espírito Santo falaram em línguas estranhas quando estava recebendo o revestimento de poder (Atos 2.1-8; 10.44-46; 19.6; 9.18). Neste aspecto a variedade de línguas é um recurso para o crente orar eficazmente (1 Co 14.14-16; Ef 6.18; Rm 8.26); Já a língua estranha como dom espiritual, trazidos por Paulo em Coríntios, tem função diversa do sinal do batismo com o Espírito Santo. Este fim, diz-nos Paulo, é, em primeiro lugar, a edificação pessoal do crente (1 Co 14.4); em segundo, permitir que a mensagem que serve de edificação individual do falante possa ser interpretada e conhecida por toda a igreja que, assim, poderá compartilhar desta edificação (1 Co 14.5). Paulo exorta os fiéis a que não sejam meninos no uso desse dom (1 Co 14.20), pois os descrentes, além de nada entender, podem julgá-los como loucos (1 Co 14.23). Mas se houver profecia, os descrentes entenderão, e terão os segredos de seu coração revelado e reconhecerão a presença de Deus (1 Co 14.25). É por esta razão, que Paulo vai orientar que, nas reuniões públicas da igreja local, não podem, os crentes querer ficar falando em línguas estranhas, para serem ouvidos pelos demais a não ser que haja interpretação, e todos possam compartilhar da edificação do falante; Se começar a falar em línguas na reunião e perceber que não há quem interprete, deverá ficar calado na igreja, contendo-se, falando em línguas, apenas em instantes em que a liturgia permite a manifestação individual, como em momentos de louvor, oração ou similares (1 Co 14.14-16, 27-28).
2.3. O dom de variedade de línguas serve para edificação do crente
Ao contrário do dom de profecia, o dom de variedade de línguas quem fala línguas não fala a homens, mas a Deus; porque ninguém o entende, e em espírito fala em mistérios (1 Co 14.2,14). Elas são para a devoção espiritual do crente que recebe este dom. À medida que o servo de Deus fala em línguas estranhas vai sendo também edificado, pois o Espírito Santo o toca e renova diretamente (1 Co 14.2). É preciso deixar claro que a variedade de línguas não é um fenômeno exclusivo do período apostólico. O Senhor continua abençoando os crentes com esta dádiva e cremos que assim o fará até a sua vinda. Teve uma manifestação plena no dia de Pentecostes, quando o Espírito Santo encheu os crentes e eles falavam línguas variadas sem nunca tê-las aprendidas (At 1.4,5; 2.1-8). A variedade de línguas é tão útil à vida pessoal do crente em nossos dias, quanto foram nos dias da igreja primitiva.
3. DOM DE INTERPRETAÇÃO DE LÍNGUAS
O dom de interpretação de línguas é o dom concedido pelo Espírito Santo a alguns crentes para que interpretem as línguas estranhas faladas para o fim de que a mensagem edifique também a igreja e não apenas quem está falando em línguas. Não se trata de “tradução de idioma”, mas de “interpretação de línguas” - Tradução tem a ver com as palavras; interpretação com a mensagem. Partir-se-á de uma ação íntima, da qual nosso intelecto não participa, para uma operação que trará fruto para a igreja e para a própria alma do que fala em língua estranha. Visando evitar abusos quanto ao uso das línguas estranhas, Paulo deixou algumas instruções (1 Co 14).
3.1. Uma manifestação sobrenatural do Espírito Santo
A interpretação é tão sobrenatural quanto a própria língua, e isto quer dizer que quem possui o dom de línguas não vai procurar interpretar com a mente, mas, pela mesma fonte divina de onde surgiu a língua. O propósito desse dom é tornar o dom de variedades de línguas inteligível aos ouvintes, para que a Igreja e aquele que possui o dom, possam saber o que foi dito e seja edificado (1 Co 14.5). É bom salientar, que o dom de interpretação de línguas deve, também, ser objeto de julgamento, pois, associado ao dom de variedade de línguas, tem o mesmo valor da profecia e, portanto, a ele estão prescritas as mesmas normas e condutas ensinadas pelo apóstolo Paulo em 1 Co 14.
3.2. O dom de interpretação de línguas está sujeito a outro dom
O dom de interpretação de línguas necessita de outra pessoa, também capacitada pelo Espírito Santo, para que interprete a mensagem e a igreja seja edificada. Do contrário, os crentes ficarão sem entender nada. Não haverá interpretação se não houver quem fale em línguas estranhas. Esta associação confere aos dons de línguas e de interpretação de línguas o mesmo valor do dom de profecia, o qual o apóstolo Paulo afirma ser o mais sublime dos dons de elocução (1 Co 14.1-4). O dom de línguas sem interpretação permite a edificação pessoal de cada crente; no entanto, o dom de variedade de línguas acompanhado do dom de interpretação de línguas serve para edificar toda a congregação. Diante disto, podemos afirmar que o dom de interpretação de línguas é um instrumento dado por Deus à igreja para que o esforço devocional de um membro sirva para edificação de uma porção do corpo de Cristo.
3.3. Este dom deve ser empregado para edificação na Igreja
O dom de interpretação de línguas permite que a edificação pessoal de cada crente sirva para o progresso e crescimento espirituais de toda a igreja. Sob esta ótica, o dom de interpretação de línguas, é uma demonstração do amor fraternal, da entrega de um crescimento e edificação espirituais de um indivíduo para todos os irmãos que com ele participam. O dom de interpretação de línguas, então, transforma uma edificação individual em uma edificação coletiva. Daí a sua importância e sublimidade, pois se torna um verdadeiro exercício altruísta. Será que, por isso, temos tanta raridade deste dom e da busca deste em nossos dias? Será que este não é um sinal de que o povo de Deus não tem se conscientizado de que os dons espirituais são para servir, para atender ao outro e não se constitui em instrumento de imposição de uma suposta superioridade espiritual?
CONCLUSÃO
Fomos chamados para servir a Deus e aos homens com poder extraordinário! Uma igreja aquecida pelos dons faz a diferença no bairro, na cidade, no estado, no país e no mundo. Não podemos desprezar os dons de profecia, de falar em línguas estranhas e o de interpretá-las. Porém, façamos tudo conforme a Bíblia: com sabedoria, decência e ordem (1 Co 14.39,40). Agindo dessa forma, Deus usará os seus filhos para que sejam portadores das manifestações gloriosas dos céus.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Revista do professor: Jovens e Adultos. Igreja e o Espírito Santo. Rio de Janeiro: Editora Betel – 4º Trimestre de 2022. Ano 32 n° 125. Lição 07 – Os Dons de Elocução.
Lição bíblica CPAD. Jovens e Adultos. 1º trimestre 1998. Verdades Pentecostais.
Lição bíblica CPAD. Jovens e Adultos. 2º trimestre 2011. Movimento Pentecostal.
Lição bíblica CPAD. Jovens e Adultos. 2º trimestre 2014. Dons Espirituais e Ministeriais.
PEARLMAN, Meyer. Conhecendo as doutrinas da Bíblia. São Paulo: Editora Vida, 2006.
HORTON, Stanley M. A Doutrina do Espírito Santo no Antigo e Novo Testamento. 12.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2012.
CHAMPLIN, R.N.. Dons espirituais. In: Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia.
https://ib7.org/estudos-biblicos/comentario-da-licao/1503-quatro-ministerios-do-espirito-santo – Acesso em 01/10/2022.
http://irmaoteinho.blogspot.com/2014/04/dons-de-elocucao.html
https://adivalparaiso.org/licao-no-5-dons-de-elocucao/
COMENTÁRIOS ADICIONAIS
Pr. Osmar Emídio de Sousa
Um comentário:
A paz do Senhor à todos.
Que bom que lançaram uma revista falando à cerca dos Dons Espirituais, em 10 anos de evangelho eu pude estar presente em apenas um culto que falasse sobre este tão importante assunto, foi aí na Assembleia de Deus 316 -Samambaia sul, através do Pr. Osmar que trouxe uma sequência (se não me engano foram 4 terça-feira) de estudos sobre os dons.
A igreja precisa buscar os dons, que isso não fique somente na teoria, que essas abençoadas lições possam despertar os irmãos pra buscar os dons espirituais. Que Deus continue abençoando à todos, um forte abraço, Pb. Eric Gonçalves.
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