O PROFETA E SEUS DESAFIOS NO CUMPRIMENTO DA MISSÃO
(Lição 02 – 09 de Janeiro de 2022)
TEXTO ÁUREO
“Depois me disse: Filho do homem, come o que achares; come este rolo, e vai, fala à casa de Israel” (Ezequiel 3.1).
VERDADE APLICADA
O discípulo de Cristo deve estar consciente de seu chamado para anunciar a todo o mundo a mensagem do evangelho.
OBJETIVOS DA LIÇÃO
Mostrar a estratégia divina para o profeta Ezequiel;
Ressaltar a importância de profetar em meio a crise;
Destacar que a profecia deve visar a vontade de Deus.
TEXTOS DE REFERÊNCIA
Ez 3.10 - Disse-me mais: Filho do homem, mete no teu coração todas as minhas palavras que te hei de dizer, e ouve-as com os teus ouvidos.
Ez 3.11 - Eia, pois, vai aos do cativeiro, aos filhos do teu povo, e lhes falarás e lhes dirás: Assim diz o Senhor Jeová, quer ouçam quer deixem de ouvir.
Ez 3.14 - Então o espírito me levantou, e me levou; e eu me fui mui triste, no ardor do meu espírito; mas a mão do SENHOR era forte sobre mim.
Ez 3.15 - E aos do cativeira, a Tel-Abibe, que moravam junto ao rio Quebar, e eu morava onde eles moravam; e fiquei ali sete dias, pasmado no meio deles.
INTRODUÇÃO
No quinto ano do cativeiro do rei Joaquim, mais ou menos no ano 592 a.C., Ezequiel teve uma visão na qual viu a glória de Deus (Ez 1.1). Nesta visão o Senhor chama Ezequiel para o ofício de profeta, a fim de servir como atalaia sobre toda a casa de Israel para alertá-los, confortá-los e convencê-los da razão do cativeiro (eles ainda não haviam se compenetrado de sua sorte, pois entendiam que estavam naquela situação por causa da força de Nabucodonosor, e não como castigo de Deus, por causa dos seus pecados); conservar perante a geração nascida no exílio a lembrança do mal causado pelos pecados nacionais que tinham rebaixado Israel; e, manter a fé e a esperança dos exilados concernente às promessas de Deus de restaurar o seu povo. Na leitura dos capítulos 2 e 3 extraímos algumas frases e palavras que revelam os desafios que seria essa difícil e árdua missão: a) “obstinados de coração” (2.4; 3.7); b) sarças, espinhos e escorpiões (2.6); c) engolir um rolo de livro (2.9–10; 3.1–3); d) forte como um diamante (3.9); e) responsabilidade pelos pecados (3.18-20); porão cordas sobre ti (3.25). O que motivou Ezequiel a cumprir essa difícil e árdua missão? O que Ezequiel 3.17–21 nos ensina sobre a importância do cumprimento de nosso chamado?
1. UM PROFETA NO EXÍLIO
O profeta Ezequiel estava no meio dos exilados, junto ao rio Quebar. Foi ali que o Senhor o chamou. Nada se sabe sobre quem foi Ezequiel além das informações que são encontradas no seu livro. Ezequiel era filho de Buzi e pertencia à família sacerdotal(Ez 1.1-3). Em Judá, provavelmente estava sendo preparado para servir ao Senhor como sacerdote no templo, mas foi impedido, pois fora levado para a Babilônia pelo rei Nabucodonosor em 597 a. C. (Ez 1.1-2; 2 Rs 24.11-16. O livro, apesar de ter sido escrito em uma época em que Jerusalém estava sendo destruída, é cheio de esperança. O Profeta Ezequiel viu além das tragédias de sua época, um tempo futuro de renovação quando o Senhor reuniria seu povo, daria a eles um “coração novo” e um “espírito novo” (Ez 36.21) e os ajudaria a viver Suas leis (Ez 24 – 28). Nele podemos aprender que todos os que se arrependem de suas iniquidades vão receber a misericórdia, o amor e o perdão de Deus.
1.1. Ezequiel ficou atônito por sete dias
Após as visões, o chamado de Deus, e as características de sua missão, diante do que tinha visto e ouvido Ezequiel se sente atônito, contrariado e pasmado por sete dias (Ez 3.14-15). Sete dias era o tempo necessário para a consagração de um sacerdote (Gn 50.10; Lv 8.33). Pode ser que ele tenha permanecido atônito ou pasmado em meio aos cativos por este período como uma prova de que tivera um encontro singular com Deus (Jó 2.13). Ao final dos sete dias Ezequiel seria ordenado para o sacerdócio profético e estaria pronto para proclamar um lamento por Israel.
1.2. Vivendo com os cativos
Ezequiel viveu entre os exilados judeus na Babilônia em um assentamento chamado Tel-Abibe perto do rio Quebar (Ez 3.15), que era menos de cento e cinquenta quilômetros ao sul da Babilônia. O profeta era casado e tinha sua própria casa, onde os anciãos vinham tomar conselhos (Ez 3.24; 8.1; 14.1; 20.1; cf. Jr 29.1-7). Por isto, chegou a ser considerado e conhecido como o profeta da comunidade em que vivia. Vale ressaltar que, embora estivessem exilados, estes judeus Tinham relativa liberdade de ir e vir, podiam construir casas, cultivar plantações, praticar o comércio e levar uma vida religiosa de forma normal (Jr 29). Em nenhum lugar está documentado que eles fossem obrigados ao trabalho árduo, penoso ou algo parecido.
1.3. Esteve no meio deles um profeta de Deus
O caminho de um profeta, é um caminho marcado pela perseguição, pela rejeição e até mesmo pela incompreensão dos que fazem parte do seu convívio. Mesmo sabendo que o povo pode não dar ouvidos à sua Palavra, Deus envia o seu profeta, porque Ele não se deixa vencer em misericórdia. Deus espera sempre que o homem ouça a sua Palavra e se volte para Ele de todo o coração. O próprio Jesus também passou por esta experiência, além de rejeitado pelas autoridades políticas e religiosas, foi rejeitado pelos seus conterrâneos. Mas, essas “rejeições” jamais interromperam a continuidade do Reino que, ainda hoje, através dos incansáveis atalaias, que se embrenham pelo caminho da cruz, dispostos a dar a vida, se preciso for, pela causa do Reino. Não podemos desanimar diante da possibilidade de não sermos ouvidos. Se fosse assim, Ezequiel não teria dito uma Palavra e Cristo também não. Ao contrário, confiando que o Senhor está conosco, que nos envia e, também, nos acompanha em nossa missão, anunciemos com destemor sua Palavra, certos de que Ele a fará produzir frutos no tempo devido, no coração de quem a ela se abrir com generosidade.
2. COMO LIDAR COM SENTIMENTOS E EMOÇÕES
Uma perspectiva humana poderia levar Ezequiel frustrar a tarefa de sua missão. O profeta depois que foi trazido de volta ao convívio dos seus ficou não apenas extasiado e atônito com a experiência de sua chamada, mas também triste, angustiado, desolado ou contrariado, por causa das iminentes calamidades que Deus o incumbiu de anunciar(Ez 3.14). Mas, o poder de Deus estava sobre ele, de modo que ele negou a si mesmo e a todos os seus sentimentos e emoções. O Senhor fortaleceu Ezequiel para que ele fosse capaz de entregar a mensagem e suportar a oposição. A mão do Senhor se fazia presente para ajudá-lo a lidar com esses sentimentos e estimulá-lo a viver e a trabalhar entre os cativos (Ez 3.15). Nesse sentido, ele próprio declara que a mão do Senhor fora forte sobre ele e prevaleceu, não apenas para forçá-lo, mas para motivá-lo e auxiliá-lo no cumprimento dessa difícil e árdua tarefa (Ez 3.14 – Veja também 1.3; 3.22; 8.1; 33.22; 37.1).
2.1. O confronto com a verdade
A isto podemos denominamos de confronto de nossas realidades com a realidade das Escrituras. A verdade das Escrituras é absoluta, isto é, continua a sendo a verdade, mesmo que ninguém acredite que ela seja a verdade. Há um dito popular que afirma: "a verdade dói". Realmente a verdade dói. Nós, quando nascemos, nascemos em pecado, com uma visão distorcida da realidade, e toda nossa concepção humana da verdade, por mais justa que pareça, é falível, passível de erros, enganos. Não conhecemos a verdade como ela realmente é. No decorrer da nossa vida, abraçamos o conceito daquilo que julgamos como verdade, porém nossos julgamentos e conceitos são falhos. Por isso, ao nos depararmos com a verdade, nos chocamos. A verdade confronta, a verdade traz incômodo, a verdade transforma. O encontro com ela nos choca, transforma vida e situações, porém a verdade jamais é transformada, ela permanece inalterável. Ela não depende de mim, ela não vive e sobrevive por mim, pelo contrário. Por tudo isso, aqueles que abraçam e defendem a verdade são incompreendidos. Não muito diferente da comunidade dos tempos de Ezequiel, hoje, no meio evangélico, há muitos crentes que ridicularizam aqueles que falam ou mantém o zelo na interpretação e aplicação da sã doutrina. Cuidado! Esses não são e não podem ser denominados de “antiquados” e sim, como mensageiros da única verdade que cura, liberta e transforma o homem.
2.2. A esperança por um fio
Para os judeus o exílio babilônico foi uma experiência de perda do estruturado e confiável mundo em que viviam. Judá fora totalmente destruída, o templo e os utensílios, símbolos da fé, foram zombados. Para os judeus deportados, o exílio não consistia apenas na mudança geográfica, social e cultural, mas antes de tudo, como um problema religioso. Observando estes pressupostos apresentados, pode-se perceber que a crise instaurada pelo exílio se concentrou em elementos da fé. Houve necessidade de Deus levantar um profeta para falar a verdade sobre o motivo pelo qual eles estavam cativos. O Senhor deixa claro que o motivo do seu juízo sobre Israel foi o procedimento deles. Se prostituíram com os deuses das outras nações e abandonaram a aliança com o Senhor. Embora não tenham escutado o profeta Ezequiel, preferindo trilhar em suas próprias opiniões e lamentações. Deus promete, em Ezequiel 36, restaurar a nação reunindo-as de volta à sua terra; remover a dor, a vergonha, a fome, a miséria e a derrota, substituindo-as pelo seu favor; limpar todas as suas iniquidades, lhes concedendo um “coração novo” e um “espírito novo”.
2.3. Advertência de Deus ao profeta
Um fato estranho na chamada de Ezequiel nos chama a atenção. Em determinados momentos Deus paralisa sua língua para ele não falar. Isso mesmo, o homem vocacionado para falar em Seu nome, ficou literalmente mudo, pois Deus paralisou sua língua para ele não falar. Quando Deus permitia, ele falava. Quando Deus não permitia ele ficava mudo (Ez 3.26-27). Mas, o que isso significa? Deus então ensina a Ezequiel a diferença entre o papel de um profeta e de um exortador (3.26). O verdadeiro profeta verá muitas coisas e entenderá muitas coisas, mas só falará quando Deus lhe permitir. Ele espera o sinal de Deus para relatar tudo o que está vendo e declarar somente o que Deus quer que seja dito, no tempo certo, no lugar certo, da forma certa e à pessoa certa. Enquanto isso não acontecer, por mais tentador que seja falar, ele deverá ficar mudo. Já o exortador dá um passo a mais, aponta e repreende para tudo que vê e acha que entendeu.
3. UM PROFETA DESTEMIDO
O ministério de Ezequiel não foi fácil. Muitas de suas mensagens eram de condenação, destruição e o povo não aceitava o que ele dizia. Ezequiel teria de enfrentar um povo rebelde, de rostos duros e de palavras mordaz (Ez 2.1-7). O profeta Isaías falou que aquele povo tinha o pescoço duro como ferro e a testa como bronze (Is 48.4). Assim, precisaria, também Ezequiel, de uma testa dura, para poder enfrentar a resistência de seus contendedores (Ez 3.7-9). Para ser efetivo na entrega de sua mensagem, Ezequiel deveria ser mais resistente do que os obstinados do povo. O profeta precisava ser destemido, determinado e da força de um herói para cumprir bem sua árdua e difícil tarefa.
3.1. Quem está com a verdade não pode ter receio de falar
Ser porta-voz de Deus no mundo em que vivemos não é uma tarefa fácil. Hoje, como no tempo do profeta Ezequiel, o povo precisa de profetas que tenham coragem de falar a verdade como ela é. Muitas situações se apresentam contra a Lei do Senhor, contra a Sua vontade, por isso, Ele nos chama para sermos profetas do nosso tempo. Não podemos nos calar diante das injustiças, da imoralidade, da infidelidade, que são como ervas daninhas que se multiplicam a cada dia. O papel do profeta de Deus é transmitir as mensagens com autenticidade, sem erros nem intransigência (ódio ou agressividade), conscientes de que são verdades vindas de Deus. Mas não podemos desistir. E quando o assunto é Verdade, é sempre bom que lembremos da palavra do Senhor, nosso Deus. Profeta de Deus não pode ter medo de falar a verdade.
3.2. Os desgastes do ofício
Ezequiel é um dos profetas cujo chamado e ministério ocorreu durante um dos períodos mais difíceis da história de Israel. Foi quando Nabucodonosor, rei da Babilônia levou cativos os habitantes de Israel e Judá. Foi no meio da dor, da destruição, escravidão, angústia e morte que o Senhor o levantou, além do mais foi enviado a um povo rebelde e obstinado. O texto chega a dizer que os israelitas eram como escorpiões, venenosos e malignos (Ez 2.6a). Em virtude disto, ele enfrentaria muita resistência, perseguição e desgaste no seu ofício. Contudo, o Senhor Deus o adverte sobre isso para que ele não desista (Ez 2.6b). Este homem de Deus é um grande exemplo de submissão e dedicação a obra de Deus. Temos muito o que aprender com ele.
3.3. A mensagem de Deus nunca deve ser transmitida de acordo com a vontade do povo
Somos tentados a dizer aquilo que o povo gosta de ouvir. Mas a proposta de Deus para nós é que sejamos fiel a mensagem, não importa se ela é agradável ou não. Deus precisa de servos autênticos e fiéis para proclamar a sua Palavra ao povo. Servos que falem tudo quanto Ele quer, sem medo e sem transigência com o erro. Sua mensagem não é determinada pela reação dos ouvintes, mas entregue com total lealdade a Deus e à sua vontade (Ez 2.7). Se alguns ouvintes decidem resistir a Deus e à sua Lei, que o façam, porém, esses destemidos profetas vão continuar a entregar a mensagem de Deus, repreendendo o pecado e a rebeldia, e conclamando o povo a ser fiel ao Senhor.
CONCLUSÃO
O Profeta Ezequiel foi fiel ao Senhor Deus, cumprindo uma a uma as ordens que recebera. Embora sua tarefa fosse muito difícil e árdua, ele não recuou, nem abriu mão da perseverança, da esperança e da fé em Deus, no que diz respeito à libertação e restauração do povo de Israel.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
BÍBLIA. Português. Bíblia de Estudo Matthew Henry. Tradução Elen Canto, Eliane Mariano e outros. Editora Central Gospel Ltda. 1ª Edição. Rio de Janeiro – RJ. 2014.
BÍBLIA. Português. Bíblia de Estudo NVI - Tradução de Nota: Chown, Gordon. Editora Vida.
BÍBLIA. Português. Bíblia de Estudo Pentecostal - CPAD, Rio o de Janeiro, 1995.
A BÍBLIA EXPLICADA. McNAIR S.E. – 4ª Edição – Casa Publicadora das Assembleias de Deus. Rio de Janeiro. 1983.
MESQUITA, Antônio Neves de – Estudo no livro de Ezequiel. 3ª Edição. Rio de janeiro, Junta de Educação Religiosa e Publicações, 1987.
COMENTÁRIOS BÍBLICOS DE MOODY – EZEQUIEL. https://files.comunidades.net/pastorpatrick/Ezequiel_Moody.pdf – Acessado em 28.12.2021.
REVISTA BETEL DOMINICAL: Jovens e Adultos. Ezequiel – O profeta com a mensagem de juizo, arrependimento, restauração e manifestação da glória de Deus. Rio de Janeiro: Editora Betel – 1º Trimestre de 2022. Ano 32 n° 122. Lição 02 – O profeta e seus desafios no cumprimento da missão.
COMENTÁRIOS ADICIONAIS:
P
r.
Osmar Emídio de Sousa -
Bacharel
em Direito; Bacharel em Missiologia pela antiga Escola Superior de
Missões de Brasília; bacharel em Teologia Pastoral, pela FATAD
(Faculdade de Teologia das Assembleias de Deus de Brasília).
2 comentários:
Se for possível alterar a cor da fonte de verde para preta ajuda muito a leitura,muito obrigado pelo estudo.
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