Seguidores que acompanham o Blog

A CRUCIFICAÇÃO MAIS IMPACTANTE DO MUNDO (Pb Lindoval Santana)


A CRUCIFICAÇÃO MAIS IMPACTANTE DO MUNDO
Lição 12 – 22 de Setembro de 2019

“E, quando chegaram ao lugar chamado Caveira, ali o crucificaram e aos malfeitores, um à direita, e outro, à esquerda”. (Lc 23.33)

Nenhuma morte causou tanto impacto no mundo presente e porvir do que a morte de Jesus Cristo.

OBJETIVOS DA LIÇÃO
REFLETIR os momentos principais que anteciparam a crucificação de Jesus;
RELEMBRAR os julgamentos ao quais Jesus foi submetido;
VISUALIZAR a morte de Jesus como algo que impactou o mundo, mas trouxe salvação;

Lc 23.33 - E, quando chegaram ao lugar chamado a Caveira, ali o crucificaram, e aos malfeitores, um à direita e outro à esquerda.
Lc 23.34 - E dizia Jesus: Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem. E, repartindo as suas vestes, lançaram sortes.
Lc 23.35 - E o povo estava olhando. E também os príncipes zombavam dele, dizendo: Aos outros salvou, salve-se a si mesmo, se este é o Cristo, o escolhido de Deus.
Lc 23.36 - E também os soldados o escarneciam, chegando-se a ele, e apresentando-lhe vinagre.
Lc 23.37 - E dizendo: Se tu és o Rei dos Judeus, salva-te a ti mesmo.

INTRODUÇÃO
A morte de Jesus na cruz foi o evento que marcou para sempre história. A crucificação de Jesus e sua ressurreição revelaram ao mundo a grandeza da misericórdia de Deus e a imensidão de seu amor (Efésios 2:4-6). O Cristo crucificado ensinou ao pecador o significado da graça divina.

1. Momentos preliminares à crucificação
Muito provavelmente Jesus foi crucificado numa sexta-feira. Então esse será o dia da semana que iremos considerar nesta lição. Nos dias anteriores à crucificação de Jesus, ocorreu uma série de eventos importantes. Vamos citar aqui os mais significativos.
No domingo antes da crucificação, Jesus entrou em Jerusalém cavalgando em um jumentinho. Nesse evento ele foi aclamado pela multidão como o Messias. Mas apesar de o povo reconhecê-lo como o Filho de Davi e gritar "Hosana nas alturas!", eles não entenderam o verdadeiro propósito do ministério de Cristo. A prova disto é que os mesmos que o aclamaram no domingo, gritaram crucifica-o na sexta-feira. Essa rejeição explica por que Jesus chorou quando olhou para Jerusalém (Lucas 19:28-44).
A purificação do Templo foi o evento mais importante da segunda-feira antes da crucificação de Jesus (Mateus 21:12-17).
Na terça-feira, Ele proferiu seu sermão profético (Marcos 13).
Na quarta-feira Jesus foi ungido por uma mulher com unguento que ela trazia num vaso de alabastro (Marcos 14:3-9). Nesse dia a conspiração para matar Jesus começou tomar sua forma final. O traidor Judas Iscariotes se reuniu com os sacerdotes para firmar o acordo de traição (Mateus 26:14,15).
Na quinta-feira antes da crucificação, Jesus celebrou a última Páscoa com seus discípulos e instituiu a Ceia como uma ordenança que seu povo deveria observar. Ele também lavou os pés de seus discípulos, e depois de suas últimas instruções, partiu para o Monte das Oliveiras. Ali Ele orou ao pai num jardim chamado de Getsêmani. Sua agonia foi tão profunda que seu suor tornou-se como sangue. Essa já era a noite de sua prisão. (Lucas 22:7-46).

1.1 – Momentos de agonia e oração
O tempo que Jesus esteve no Getsêmani não foi fácil para Ele. A Bíblia diz que Jesus estava muito angustiado. Inclusive, Ele disse aos seus três discípulos mais próximos que sua alma estava profundamente triste até a morte (Mateus 26:38). Então Ele pediu que os três discípulos vigiassem juntamente com Ele ali. Em seguida Jesus foi para um lugar um pouco mais reservado e, prostrado sobre o seu rosto, orou ao Pai. Foi naquela ocasião que Jesus fez a conhecida oração: "Meu Pai, se possível, passe de mim este cálice! Todavia, não seja como eu quero, e sim como tu queres” (Mateus 26:39). A oração de Jesus no Getsêmani foi tão intensa que o escritor de Hebreus diz que ali Jesus clamou ao Pai com lágrimas (Hebreus 5:7). Alguns comentaristas dizem que talvez a oração de Jesus no Getsêmani tenha dado origem ao costume cristão de orar ajoelhado. Vale lembrar que os judeus geralmente oravam em pé. O evangelista Lucas também traz duas informações importantes sobre o que aconteceu com Jesus no Getsêmani enquanto Ele orava. O escritor bíblico diz que tamanha foi à angústia de Cristo que seu suor se tornou como gotas de sangue caindo sobre a terra. Ele também informa que um anjo do céu apareceu para confortar Jesus (Lucas 22:43,44). Mateus ainda esclarece que naquela noite Jesus orou três vezes no Jardim do Getsêmani. No intervalo entre uma oração e outra, Jesus sempre encontrou os seus discípulos dormindo. Foi nesse contexto que Jesus fez a seguinte exortação: "Vigiai e orai, para que não entreis em tentação"; na verdade o espírito está pronto, mas a carne é fraca“(Mateus 26:41). A passagem de Lucas 22.39 é um exemplo de que os cristãos devem fazer em tempos de aflição. Jesus estava perguntando ao Pai se não havia outra maneira pela qual Ele poderia realizar a salvação do homem, sem ter que passar pela tribulação no calvário pela qual Ele finalmente passou. Ele orou sobre isso. Na verdade, Ele orou três vezes. É muito instrutivo para nós prestarmos atenção a sua atitude de oração. Como podemos ver, ele expressou seu desejo a Deus ("afasta de mim este cálice"), mas ao mesmo tempo Ele pediu para que a vontade de Deus fosse feita ("não seja, porém como eu quero, mas como Tu queres"). Isso é muito importante, pois às vezes pensamos que porque nós pedimos a Deus algo, Ele é obrigado a fazê-lo e não só isso, mas que ele deve fazê-lo quando queremos que ele seja feito e da maneira que quiser. Deus é obrigado a fazer tudo o que pedimos, somente quando o que pedimos está de acordo com a Sua vontade. Agora, para muitas coisas existem registros específicos na Bíblia que nos mostram se algo é Sua vontade ou não. É meu direito orar a Deus e dizer a Ele o meu desejo? Sim, é! Devo confiar em Sua Palavra que me diz que sua vontade é "boa, agradável e perfeita" (Romanos 12:2) e que "Ele cuida de nós" (II Pedro 2:7) e, portanto, submeter meus desejos a Sua vontade, quaisquer que sejam estes desejos? É claro que sim! Isto é o que Jesus fez. O que Ele orou, porém não poderia ser feito. Mas veja que, embora houvesse um desejo "para que passasse o cálice”, Ele tinha um desejo ainda maior, e era que a vontade de Deus fosse feita. Ele disse: "Todavia não como eu quero, mas como Tu queres". Não é isto bastante instrutivo? Isto não nos diz que a despeito dos vários desejos que podemos ter e que podemos submeter em oração, devemos também ter um desejo ainda maior para que a "boa, agradável e perfeita" vontade de Deus deva ser feita? Com certeza que sim!

1.2 – Momento da prisão
Na quinta-feira à noite Judas Iscariotes formalizou sua traição ao se aproximar de Jesus e saudá-lo com um beijo no rosto. Então rapidamente a guarda do Templo e os legionários romanos que acompanhavam Judas, se aproximaram de Jesus para prendê-lo (Mateus 26:47-56; Marcos 14:43-50; Lucas 22:47-53; João 18:2-11). Naquela ocasião o apóstolo Pedro até tentou impedir a prisão de Jesus, chegando a cortar uma das orelhas do servo do sumo sacerdote, mas Jesus o repreendeu. A crucificação de Jesus não poderia ser evitada. Jesus estava comprometido com o cumprimento das Escrituras que revelam os decretos de Deus. Curiosamente, conforme Jesus havia avisado no mesmo dia o vigoroso Pedro negou o Senhor (Mateus 26:69-75; Marcos 14:66-72; Lucas 22:54-62; João 18:15-27). A Bíblia diz que em certo momento da noite Judas Iscariotes chegou ao Getsêmani acompanhado dos guardas do Templo e de soldados romanos. Judas identificou Jesus no Getsêmani saudando-o com um beijo no rosto. Estudiosos dizem que não era incomum que a guarda do Templo demonstrasse um comportamento violento e agressivo. Além disso, a guarda do Templo e os legionários romanos carregavam armas. O apóstolo João e o evangelista Marcos indicam que havia entre eles quem estivesse armado com porretes, espadas e tochas (Marcos 14:43; João 18:3). Nas palavras do próprio Jesus, aquelas pessoas tinham ido prendê-lo como se Ele fosse um verdadeiro criminoso (Marcos 14:48). Mas a verdadeira identidade de Jesus estava prestes a ser revelada uma vez mais bem ali diante dos olhos daqueles que foram ao Getsêmani prendê-lo. Os textos bíblicos sobre Jesus no Getsêmani revelam tanto a sua humanidade quanto a sua divindade. Se por um lado podemos ver Jesus clamando ao Pai num estado de angústia tão grande a ponto de seu suor se tornar como sangue, por outro lado podemos vê-lo como o verdadeiro Filho de Deus capaz de realizar milagres e com autoridade tal para reivindicar a presença de mais de doze legiões de anjos se fosse preciso (Mateus 26:53; 22:51).

1.3 – A negação de Pedro
Três vezes, Pedro negou o seu Senhor: Quando a criada perguntou, Simão negou sua associação com Jesus (João 18:17). Ele começou muito mal. Se tivesse entrado na casa já confessando a sua fé em Jesus, ele não teria mais motivo para fugir da realidade. Deus promete uma saída de todas as tentações (1 Coríntios 10:13), mas Pedro não a procurou. Não ficou firme. Não fugiu da circunstância difícil. Não pediu ajuda ao irmão que estava próximo. 
No meio dos guardas, Pedro negou pela segunda vez. Depois de entrar, Pedro se aquentou ao lado dos guardas (João 18:18). Ele não se identificou como discípulo de Jesus. Enquanto Jesus respondia a uma pergunta sobre sua doutrina e seus discípulos, e sofria nas mãos dos guardas (João 18:19-22), Pedro viu os guardas perto dele e negou ser discípulo do Cristo (João 18:25). 
Quando encarou um parente de Malco, Pedro negou a Jesus pela terceira vez. Por final, chegou um parente de Malco, aquele cuja orelha foi cortada por Pedro no Getsêmani. Podemos imaginar o que passou pela cabeça de Simão nesse momento. Talvez imaginasse que o parente de Malco procuraria vingança. Mais uma vez, o medo tomou conta e o discípulo mostrou covardia. Em vez de exaltar o seu Senhor, Pedro pensou em si, e queria se livrar da imaginada ameaça de agressão. Pedro acabou de negar Jesus pela terceira vez quando o galo cantou, cumprindo a profecia de Cristo e relembrando esse discípulo fraco das palavras de seu Senhor. Quando uma pessoa boa tropeça e peca, a consciência acusa. Ela se lembra das palavras do Senhor e procura reconciliar-se com o seu Mestre. Quando a consciência do pecador não o acusa, há algo muito errado. Ou a consciência não foi treinada pela palavra de Deus, ou já foi cauterizada pelos costumes pecaminosos da pessoa (veja 1 Timóteo 4:2). Uma das coisas mais assustadoras na vida do servo de Deus é de poder pecar contra Deus sem sentir nada. A consciência inútil é sintoma de enfermidade ou até de morte espiritual. Lucas acrescenta mais um fato importante. Na hora que Pedro negou a Jesus pela terceira vez, o Senhor olhou para ele (Lucas 22:60-61). Quando pecamos, Jesus olha para nós, também (Hebreus 4:13). Podemos esconder nossos pecados de outras pessoas. Podemos até enganar a nós mesmos, achando algum raciocínio para justificar os nossos próprios pecados. Mas jamais esconderemos o nosso pecado de Deus. Ele vê tudo, e julgará a todos. O que Pedro viu quando Jesus olhou para ele? Será que sentiu a rejeição por ter lhe rejeitado? Certamente merecia isso. Será que viu a repreensão e a condenação por sua atitude pecaminosa na hora de provação? Jesus não pôde aprovar o erro. Ao mesmo tempo, será que Pedro enxergou, no meio das acusações e injustiças dos homens, o amor de Jesus e seu desejo de reconciliar-se com seu discípulo vacilante? Com certeza, a vontade do Senhor é de trazer os seus servos falhos de volta à comunhão com ele. E quando nós pecamos, o que enxergamos quando olhamos para Jesus? Se persistirmos no pecado, precisamos sentir a repreensão e até a rejeição. Mas o pecador arrependido encontra na pessoa de Jesus a vontade de perdoar e reconciliar-se. Jesus nos ama, e quer nos salvar eternamente. É essencial enxergar a compaixão e amor no olhar dele. 

2. JULGAMENTOS PARA A CRUCIFICAÇÃO
Jesus foi submetido a três julgamentos: o do Sinédrio, o de Pilatos e o de Herodes. Em nenhum deles Jesus foi julgado corretamente, tendo em vista a sua inocência e a ausência de provas. Contudo era desígnio de Deus que assim acontecesse, para o cumprimento das escrituras.

2.1 – O julgamento do Sinédrio
Após ser preso, Jesus foi levado ao Sinédrio. O Sinédrio era uma assembleia com funções relacionadas à política, religião e jurisdição. Devido à inocência de Jesus, o Sinédrio teve dificuldade em formular uma acusação contra Ele. Por isto Ele acabou sendo condenado sob falso testemunho (Mateus 26:59-61; Marcos 14:58). Além disso, na sequência Jesus fez uma declaração profunda de sua divindade ao ser interrogado pelo sumo sacerdote. Ele afirmou ser o Filho do Homem, Aquele que virá sob as nuvens e reinará como o Todo-Poderoso, conforme as Escrituras anunciam (cf. Salmo 10:1; Daniel 7). Diante disto o sumo sacerdote o acusou de blasfêmia.

2.2 – Jesus diante de Pilato e Herodes
Depois de o Sinédrio conseguir sua acusação formal, Jesus foi entregue a Pôncio Pilatos, o governador romano da Judeia. Diante de tantas acusações, Jesus permaneceu calado, conforme as palavras do profeta Isaías (Isaías 53:7). Naquele tempo Pilatos estava enfrentando uma situação política complicada. Para evitar qualquer transtorno, ele até enviou Jesus a Herodes Antipas, que era a autoridade sobre a tetrarquia da Galileia. Depois de outro interrogatório em que permaneceu completamente calado, Jesus foi devolvido a Pilatos. A resistência que Pilatos demonstrou em condenar Jesus à morte, não tinha por base a compaixão. Antes, era muito mais por não querer complicações políticas. Ele temia se indispor com Roma, e por isto queria evitar problemas. Ele propôs surrar Jesus e depois liberá-lo. Também ofereceu a alternativa de o povo escolher entre Jesus e um criminoso conhecido, Barrabás. Nada disto deu certo. A multidão exigia a crucificação de Jesus.

2.3 – O julgamento de Pilatos
De manhã cedo, os líderes religiosos do povo levaram Jesus a Pilatos, o governador romano. Apenas Pilatos poderia ordenar a morte de Jesus. O Sinédrio não tinha esse direito. Para convencer Pilatos, os líderes dos judeus acusaram Jesus de promover a rebelião contra o império romano, proibindo as pessoas de pagar impostos e se declarando rei (Lucas 23:1-2). Pilatos interrogou Jesus, mas não encontrou motivo para condená-lo, por isso enviou Jesus para Herodes, o rei da Galiléia, porque Jesus era galileu. Herodes estava curioso para conhecer Jesus e queria ver algum milagre. Ele interrogou Jesus, mas Jesus não respondeu. Herodes então ridicularizou Jesus e o enviou de volta a Pilatos, vestido com um manto bonito, como se fosse um rei (Lucas 23:11-12). Pilatos entendeu que Jesus era inocente e que os líderes religiosos estavam agindo por inveja. Ele tentou livrar Jesus usando a tradição de soltar um preso na época da Páscoa. Mas, em vez de escolher Jesus, o povo escolheu um criminoso chamado Barrabás. Pilatos então decidiu açoitar Jesus como castigo, mas isso não acalmou a multidão, que continuou a insistir que Jesus deveria morrer (João 19:4-6). Os judeus começaram a dizer que Pilatos não era amigo do imperador, porque estava protegendo Jesus, que estava promovendo a rebelião contra César (João 19:12). Diante dessa acusação perigosa, Pilatos negou sua responsabilidade pelo destino de Jesus e o entregou para ser crucificado. Os soldados romanos levaram Jesus e o crucificaram.
Helmut Gollwitzer diz: “Pilatos tem poder, mas não tem liberdade... Pilatos representa aquelas pessoas que gostariam de agir corretamente, mas não decidem fazer isso”. Todos os dias, temos escolhas a fazer em relação a Jesus e à sua palavra. Precisamos escolher sempre o bem, a justiça e a verdade.

3. A CRUCIFICAÇÃO
A crucificação era o modo mais cruel, humilhante e vergonhoso de pena de morte daquela época. Apesar de a origem da cruz ser discutida, acredita-se que a crucificação já era utilizada desde a Pérsia, e foi adotada como forma de execução pela civilização cartaginesa. Mais tarde, os romanos também passaram a aplicar a crucificação em suas condenações capitais. Porém, ficava proibido que um cidadão romano fosse executado em uma cruz. Por isto a crucificação era usada principalmente na condenação de escravos e insurgentes que se levantavam contra o Império Romano. A morte por crucificação era lenta e terrivelmente agonizante. As mãos ou os pulsos eram pregados na madeira com grandes cravos de metal, e depois amarrados em torno da viga para aumentar a sustentação. Os pés, apoiados numa pequena tábua, também recebiam cravos que os transpassavam na altura dos calcanhares. Esses ferimentos causavam na vitima sangramento e dor excruciante. Por causa da posição em que a pessoa era crucificada e a debilidade de seu corpo, a força da gravidade dificultava muito a respiração. Isto causava movimentos involuntários das pernas, que tentavam suportar o corpo. Mas por causa dos cravos nos calcanhares, tais movimentos tornavam-se inexplicavelmente dolorosos. Além disso, a vítima sofria uma dor de cabeça muito forte, e uma sede extrema. Todo esse processo continuava até que o corpo da vitima alcançava a total exaustão. Por isto o processo de morte poderia demorar dias, e geralmente ocorria por asfixia. Em muitos casos as pernas das vitimas eram quebradas para acelerar o processo de morte. Como as pernas não poderiam mais sustentar o tronco da vitima, asfixia ocorria mais rapidamente.

3.1 – A caminho da crucificação
Depois de ter sido açoitado e maltratado pelos soldados, Jesus foi conduzido à crucificação. De acordo com a Lei, a execução devia ser realizada fora da cidade (cf. Levítico 24:14; Números 15:35,36; 19:3; 1 Reis 21:13; João 19:20; Hebreus 13:12,13). Além disso, um homem condenado à crucificação era obrigado a carregar seu próprio instrumento de execução, isto é, a cruz. Na maioria das vezes, acredita-se que os condenados carregavam pelo menos a trave horizontal da cruz. O peso dessa viga de madeira variava entre treze e dezoito quilos. Já a viga vertical ficava preparada no próprio local da crucificação. No entanto, os estudiosos indicam que havia casos em que a cruz inteira era carregada pelo condenado. Seja como for, Jesus carregou sua própria cruz (João 19:16,17). Porém, por causa das limitações de seu corpo físico completamente debilitado àquela altura, Jesus não conseguiu carregá-la por muito tempo. Quando Jesus chegou à exaustão física, os legionários obrigaram um homem chamado Simão de Cirene, a carregar a cruz de Jesus pelo caminho restante (Marcos 15:21). Durante o percurso até o local de sua crucificação, Jesus foi seguido por uma grande multidão. O Evangelista Lucas informa que nessa multidão havia mulheres que se lamentavam sentido grande dor pelo que estava ocorrendo com Jesus (Lucas 23:27).

3.2 – A crucificação que dividiu a história
Jesus foi crucificado num lugar chamado Gólgota, que quer dizer “lugar da caveira” (Marcos 15:22). Ele foi crucificado entre dois criminosos, um à sua direita e o outro à esquerda (Lucas 23:32,33). Apesar de aquela ser mais uma afronta contra Aquele que sempre foi justo, ali se cumpria as Escrituras que dizem que Ele “foi contado com os transgressores” (Isaías 53:12). No momento da crucificação de Jesus, deram-lhe vinho com fel, ou mais precisamente, vinho com mirra (Mateus 37:34; Marcos 15:23). Os estudiosos acreditam que essa mistura possuía um efeito anestésico, no sentido de que entorpecia a vitima. Seja como for, Jesus recusou essa mistura. Depois, já crucificado, alguns soldados lhe ofereceram uma esponja embebida com vinagre (Mateus 27:47-49; Lucas 23:36,37). Em ambos os casos, mesmo que talvez tivessem motivações diferentes, a sede de Jesus seria aumentada pelo fel amargo que tornava o vinho intragável, e pelo vinagre ácido. Mas o principal é que de forma impressionante as palavras do Salmo 69:21 foram cumpridas. Foi colocada em acima da cabeça de Jesus na cruz, uma placa que dizia: “Este é Jesus, o Reis dos Judeus” (Mateus 27:37). Suas vestes foram divididas entre os soldados que lançaram sorte. Provavelmente isto incluía o manto que cobria sua cabeça, suas sandálias, seu cinto, sua capa e sua túnica sem costura. Dessa forma se cumpriu a profecia do Salmo 22:18. Durante a crucificação, parece que Jesus foi acompanhado de poucas pessoas que se compadeciam dele. Alguns seguidores olhavam de longe, e algumas das mulheres que acompanharam fielmente o seu ministério também estavam ali ao lado do apóstolo João (João 19:25-27). Os nomes que se destacam são: Maria mãe de Jesus; Maria Madalena; Salomé e Maria, esposa de Cleofas. João é o único dos apóstolos mencionados próximos a Jesus na cruz. Os Evangelhos registram algumas frases ditas por Jesus na cruz. São elas:
“Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que estão fazendo” (Lucas 23:34).
“Eu lhe declaro solenemente: hoje você estará comigo no paraíso” (Lucas 23:43).
“Aí está seu filho… Eis aí a tua mãe” (João 19:26,27).
“Meu Deus, Meu Deus! Por que me abandonaste?” (Marcos 15:34).
“Tenho sede” (João 19:28).
“Está consumado” (João 19:30).
“Pai, em tuas mãos entrego meu espírito” (Lucas 23:46).
Todas essas palavras de Jesus na cruz possuem um importante significado, inclusive apontando para o cumprimento das Escrituras que testificaram sobre aquele momento. 

3.3 – A morte de Jesus
Jesus foi crucificado às nove horas da manhã, e morreu por volta das três horas da tarde. Durante esse tempo houve um período de trevas que durou do meio-dia até às três horas (Lucas 23:44,45). Essas trevas significaram o juízo de Deus sobre os pecados que Cristo expiava naquela cruz. Além das pessoas que verdadeiramente sofriam por ver Jesus na cruz, muitas outras presenciaram a crucificação de Jesus. Vale lembrar que havia muitos peregrinos que tinham ido até Jerusalém por ocasião da festividade da Páscoa. A Bíblia também destaca que mesmo com Jesus na cruz, os insultos contra sua pessoa não cessavam. As pessoas blasfemavam contra Ele principalmente atacando sua divindade. Até mesmo os ladrões que foram crucificados ao lado de Jesus o insultavam (Mateus 27:39-44). Com relação a tanta injúria, o silêncio tomou conta dos lábios de Jesus na cruz. À única coisa que Ele disse em conexão aos seus algozes foi à oração para que o Pai perdoasse aquelas pessoas (Lucas 23:34). Por fim, um dos ladrões que estavam crucificados, se arrependeu de seu pecado e reconheceu Cristo como seu Senhor. Esse ladrão ouviu de Jesus as doces palavras: “Hoje você estará comigo no Paraíso” (Lucas 23:43). Quando Jesus entregou seu espírito a Deus e morreu, o véu do santuário se rasgou em duas partes de alto a baixo. Isto significa que por meio de sua morte o caminho para o santuário celestial foi aberto. Houve também um tremor de terra que partiu as rochas e abriram-se os sepulcros. Sem maiores explicações, o texto bíblico informa que em conexão com a morte de Jesus muitos corpos de santos que dormiam ressuscitaram. Nada é dito sobre quem eram essas pessoas, apenas que elas apareceram a muitos em Jerusalém (Mateus 27:51-53). Então o centurião e os que com ele guardavam Jesus na cruz, foram acometidos de grande temor. Eles começaram a glorificar a Deus e disseram: “Verdadeiramente este era o Filho de Deus” (Mateus 27:54; Lucas 23:47).

CONCLUSÃO
Apesar de terrivelmente dolorosa, a morte de Jesus na cruz não deve ser vista simplesmente pelo seu aspecto físico. Muitas pessoas erram em olhar para a crucificação de Jesus enfatizando as torturas físicas que Ele suportou. Sim, a dor de seu corpo foi inimaginável, mas outros homens, antes e depois dele, enfrentaram a mesma dor física. Segundo a tradição cristã, o apóstolo Pedro teria sido um que morreu crucificado de cabeça para baixo. Mas por outro lado, na cruz Jesus foi submetido a uma dor que homem algum seria capaz de suportar. Seus sofrimentos não foram meramente intensos, mas principalmente vicários. A Bíblia diz que Ele foi transpassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades O profeta Isaías diz que o castigo que nos traz a paz estava sobre ele. O resultado disto é que pelas suas pisaduras fomos sarados (Isaías 53:5; 1 Pedro 2:24). A crucificação de Jesus o expôs publicamente como o Filho de Deus sob a maldição do Pai (Gálatas 3:13). W. Hendriksen diz que na cruz Jesus desceu das regiões do deleite infinito da mais íntima comunhão com o Pai ao mais profundo abismo do inferno. A dor inimaginável que atingiu Jesus na cruz foi receber sobre si todo peso da ira divina por causa do pecado. Aquele que nunca pecou, e que diante d’Ele todo universo declara “Santo, Santo, Santo”, na cruz do Calvário se fez pecado por nós (2 Coríntios 5:21). Mas de uma forma incompreensível e maravilhosa, a Bíblia também revela que o amor de Deus não é o efeito da crucificação de Jesus, mas a sua causa. Deus não nos ama porque Jesus esteve na cruz, mas Jesus esteve na cruz porque Deus nos ama. Esse amor grandioso é uma realidade desde antes que existisse o tempo. Ainda na eternidade, Deus escolheu para si um povo, com o qual ele se relacionou de forma especial, a ponto de não poupar seu próprio Filho para redimir de suas iniquidades aqueles que são seus (Efésios 1-2). A crucificação de Jesus é a revelação mais perfeita desse amor indescritível, e a Bíblia não deixa qualquer duvida sobre isto ao descrever tudo o que aconteceu com Jesus na cruz.

Bibliografia
Bíblia de Estudo Cronológica Aplicação Pessoal - CPAD - ARC
Biblia de estudo pentecostal, Almeida revista e corrigida, Rio de Janeiro, CPAD
Bíblia do Culto - Editora Betel
Revista EBD Betel Dominical Professor - 3 trimestre 2019, ano 29, número 112 - Editora Betel
CHAMPLIN. Russel N. O Novo Testamento interpretado – Lucas. Editora Hagnos. São Paulo, 2002.
REINECKER, Fritz. Lucas – Comentário Esperança. Editora Evangélica Esperança. Curitiba, 2007.
BOOR, Werner de. 1 Coríntios – Comentário Esperança. Editora Evangélica Esperança. Curitiba, 2007.

cOMENTÁRIO ADICIONAL
Pb. Lindoval Santana



Nenhum comentário: