OS DOIS ALICERCES
Lição 13 – 25 de
setembro de 2022
TEXTO ÁUREO
“E sede cumpridores da palavra, e não somente ouvintes,
enganando-vos com falsos discursos.” Tiago 1.22
VERDADE APLICADA
O Senhor chama de bem-aventurados aqueles que não são
apenas ouvintes, mas praticantes de Sua Palavra.
TEXTOS DE REFERÊNCIA
LUCAS
6
47- Qualquer que vem a mim, e ouve as minhas
palavras, e as observa, eu vos mostrarei a quem é semelhante.
48- É semelhante ao homem que edificou uma
casa, e cavou, e abriu bem fundo, e pôs os alicerces sobre rocha; e, vindo a
enchente, bateu com ímpeto a corrente naquela casa, e não a pôde abalar, porque
estava fundada sobre rocha.
49- Mas o que ouve e não pratica é semelhante
ao homem que edificou uma casa sobre terra, sem alicerces, na qual bateu com
ímpeto a corrente, e logo caiu; e foi grande a ruína daquela casa.
INTRODUÇÃO
A parábola “Os dois alicerces” ou “A casa edificada na
Rocha” é uma das bem conhecidas parábolas de Jesus. Ela aparece em dois dos
evangelhos canônicos do Novo Testamento (Mateus e Lucas).
1- A IMPORTÂNCIA DE OUVIR E PRATICAR A PALAVRA
Essa parábola foi dada ao fim do Sermão da Montanha, com
a intenção de mostrar que nada adianta viver um evangelho superficial e sem
raízes profundas [Mt 7.21].
Comentário adicional
O pastor e teólogo norte-americano Warren W. Wiersbe diz
que depois da ilustração dos dois caminhos e das duas árvores, Jesus encerra
sua mensagem descrevendo dois construtores e duas casas. Os dois caminhos
ilustram o começo da vida de fé, e as duas árvores ilustram o crescimento e os
resultados dessa vida de fé aqui e agora. As duas casas, por sua vez, ilustram
o fim dessa vida de fé, quando Deus julgará todas as coisas.
1.1. Entendendo a dimensão da parábola
Mateus e Lucas registram a parábola de dois construtores
com os quais Jesus conclui o sermão [Mt 7.24-27; Lc 6.46-49]. O Mestre por
excelência empregava o método das parábolas para ensinar verdades importantes
sobre o reino. A parábola é uma comparação, é “um relato terrenal que ilustra
uma verdade celestial”. As parábolas têm a virtude de serem breves, fáceis de
lembrar e partem de algo muito conhecido. A verdade central desta parábola é
que a obediência é indispensável no discipulado. No reino dos céus, ouvir as
palavras do evangelho sem o fazer o que é ordenado conduz à ruína espiritual.
Em contrapartida, o ouvir e o fazer (obediência) servem como base para edificar
uma vida capaz de suportar ataques de todos os elementos e permanecer de pé.
Comentário adicional
As diferenças das versões relatadas entre Mateus 7.24-27
e Lucas 6.46-49 são pequenas e ambas derivam da mesma fonte. Para grande parte
dos comentaristas bíblicos, edificar a casa sobre a rocha significa ser um discípulo
que ouve e coloca em prática o que aprendeu, não que age com imprudência e
superficialidade. A obediência é o sólido fundamento para que se possa resistir
às tempestades da vida. Segundo Joel B. Green esta parábola traz a necessidade
de colocar os ensinamentos de Jesus em prática e fala do "contraste entre
dois tipos de pessoas cujos corações são revelados em suas ações."
1.2. Aquele que ouve e põe em prática
Vivemos em uma cultura em que todos querem ser livres,
cada um expressando seu ponto de vista sobre o bem e o mal, mas Deus nos deu
Sua santa Palavra pelos lábios de nosso amado Jesus Cristo, para sabermos
antecipadamente o que é bom e agradável. Sendo assim, não basta ouvir a
palavra, mas também colocá-la em prática [Mt 7.24]. Jesus ilustra isso nesta
parábola que lida com um homem que deseja construir uma casa, mas coloca as
fundações em cima de uma rocha firme, porque quando a tempestade ou inundação
chega, ela não abala sua estrutura nem pode derrubá-la. O mesmo não acontece
com quem a constrói na areia e não a põe fundação [Mt 7.25-27].
Comentário adicional
"Homem prudente". O homem sem bom senso se
deixaria impressionar pelo terreno nivelado, sem rochas, que não precisasse de
preparo, como se já estivesse pronto para receber a construção. Mas a areia é
traiçoeira. Em contraste, o prudente pensaria no futuro, nos ventos, nas
inundações. Escolheria terreno pedregoso, apesar de tal terreno requerer muito
preparo e trabalho, para que a casa começasse a ser edificada. Este homem
prudente simboliza os que ouvem e praticam os ensinos de Jesus. Não faltariam a
tal homem as tempestades e os períodos de dificuldade, mas no fim o resultado
justificaria sua decisão na escolha do terreno. Esse é o homem que considera
bem o ensino, aprende-o e torna-o regra de vida.
1.3. A rocha e a areia
Neste sermão, Jesus nos apresenta dois fundamentos: rocha
e areia. A rocha simboliza a pessoa de Cristo, e construir sobre a rocha é
construir sobre os fundamentos de Sua Palavra. A areia simboliza os ditames do
mundo, uma vida guiada pela razão e fora dos preceitos divinos [Sl 18.2, 46; Sl
46.1-2; Mt 16.18; 1Co 3.10-11]. Ao descrever os dois construtores, Jesus deixa
claro a importância do fundamento de nossas vidas. A tempestade vem para ambos,
a diferença está no alicerce. A casa que estava sobre a rocha suportou, mas a
que estava alicerçada na areia, teve um prejuízo muito maior, ela não somente
caiu, mas foi grande a sua ruína [Mt 7.27; Lc 6.49].
Comentário adicional
Herbert Lockyer apoia que, Cristo sabia que os
estrangeiros, os quais vinham à Galiléia para construir, eram atraídos para um
solo de areia, já pronto para ser usado, não para a rocha dura e enrugada do
local. Mas, quando vinha o tempo das chuvas fortes, só restava ao construtor um
monte de ruínas. O que uma fundação arenosa representa? Denota um fundamento
frouxo, o ato de professar a religião de forma vazia, mera religião externa.
Ellicott comenta que a "areia" explica "os sentimentos
inconstantes e incertos de alguns homens (os 'insensatos' da parábola), o único
solo sobre o qual agem —amam ser louvados, são fiéis aos costumes e assim por
diante". A segunda casa, embora muito impressionante, não tem fundação e,
portanto, está condenada à destruição. Que grande diferença Jesus retrata aqui!
Como estão em perigo os homens cujas decisões não se baseiam na ajuda de Deus,
encontrada pela oração; cujas alegrias não são baseadas na confiança do amor de
Deus; cuja confiança não é baseada na presença revelada de Deus; cujas virtudes
não têm raízes; cuja bondade não tem motivação; cuja esperança não tem
fundamento! A casa de tal homem está simplesmente com as suas partes ligadas
umas às outras, e pode cair a qualquer momento.
2- EDIFICANDO DE MANEIRA CORRETA
O que Jesus deseja ressaltar nessa parábola é sobre o que
estamos fundamentando a nossa fé. Ao descrever os acontecimentos, Ele aponta
para dois tipos de construtores: os prudentes e os insensatos.
2.1. A semelhança entre os construtores
Ambos ouvem, enfrentam os mesmos testes, têm as mesmas
oportunidades e aparentemente construíram casas semelhantes. Mas havia
contrastes fundamentais: eles tinham naturezas diferentes porque um era
prudente, atencioso, se fixava no que fazia. O outro, era insensato, não
prestou muita atenção ao que estava fazendo. A diferença é que um obedeceu às
palavras de Jesus, o outro não. Um edificou sobre um fundamento sólido, a rocha
[Mt 7.24]; o outro na areia, um fundamento inseguro. Os fundamentos não são
visíveis ao olho humano, mas os testes revelam a classe desses fundamentos [Mt
7.25, 27]. Existe um contraste radical na maneira como ambos suportaram as
provas. A casa construída pelo prudente passou por todos os testes, enquanto a
casa do outro se desfez.
Comentário adicional
Jesus usa edificadores "prudentes" e
"insensatos" para se referir a duas classes de pessoas, por meio da
imagem natural da construção de uma casa. Pode-se entender pelo quadro nítido
que ele desenhou ambas as casas: atraentes e sólidas; mas Jesus revela a firmeza
delas. O material usado e o processo de construção estavam corretos quando
foram erguidas, e ambas pareciam no prumo certo, firmes e fortes, porém, o
fundamento, o alicerce, é o grande diferencial para garantir a firmeza ou não
da casa.
2.2. O alicerce indica o que a casa suporta
Uma casa não se constrói primeiro pelo telhado, ou pelas
paredes. A primeira coisa deve ser o alicerce. Isto nos fala de fundamento, de
raízes que devem ser fixadas. Jesus apresentou um quadro muito assustador para
aqueles que construíram sobre a areia: “E foi grande a ruína daquela casa” [Lc
6.49]. As chuvas, os rios, os ventos se referem a problemas que podem existir
na vida das pessoas, como doenças, problemas econômicos, mortes etc. Jesus não
isentou ninguém da tempestade, ela veio tanto para o sábio quanto para o tolo.
A grande verdade aqui é que a única casa que vai resistir é aquela que estiver
firmada na rocha. Estar em Cristo é estar debaixo de uma graça protetora, mesmo
diante das tempestades [Lm 3.22].
Comentário adicional
Nota-se que realmente a ideia principal não é a de dois
fundamentos, porque a areia não é um fundamento. Aquele que edifica sobre a
areia não tem alicerce algum; ignora essa necessidade. A experiência humana
mostra que muitos se alicerçam em coisas sem a aprovação de Deus, e muitos
outros não têm base de espécie alguma. Ambos os tipos ignoram a maior
necessidade, o alicerce na rocha. Os cães e os porcos do verso 6 exemplificam
aqueles que não têm alicerce. Os fariseus, os falsos profetas, os discípulos e
autoridades falsas, são exemplos de pessoas com alicerces falsos. Todos esses
são insensatos. Todos esses sentidos podem ser aplicados à alma e à mente do
homem que ouve, mas não pratica os ensinos de Jesus.
2.3. A rocha da construção é Cristo
O que seria mais fácil, cavar sobre a rocha para se obter
um alicerce seguro, ou construir sobre a areia? Por uma questão de natureza,
sempre somos conduzidos a tomar o caminho mais fácil. O que era a areia, que
não oferecia segurança futura em caso de tempestades? O ensino dos fariseus, um
fundamento inseguro para a vida presente e para a vindoura [Mt 16.6; Jo
8.36-45]. A rocha básica sobre a qual os homens deveriam construir para o tempo
e eternidade era a palavra que o Senhor lhes entregou. Contudo, não bastava
apenas ouvir e conhecer que Ele era o caminho, isso não salva ninguém. Enquanto
não houver uma rendição à verdade e à Pessoa que a proferiu, não haverá posse
dessa classe de vida [Lc 6.47-48].
Comentário adicional
"rocha". A alusão é à terra rochosa, pedregosa,
que serve de bom alicerce para as edificações. Mas, na aplicação simbólica
dessas palavras não há dúvida de que Jesus falou de si mesmo. Jesus é quem tem
as palavras de vida eterna, porquanto ele é o pioneiro e o consumador da fé, o
caminho e a vida. Portanto ele é a rocha. O ensino é que a vida deve estar
inteiramente vinculada, edificada e firmada em Cristo.
3- ENSINAMENTOS PRÁTICOS ACERCA DA PARÁBOLA
Uma casa bem
edificada pode resistir com firmeza aos ataques externos da vida cotidiana. O
futuro de nossa casa espiritual não está garantido na aparência, mas em estar
fundamentado em Cristo.
3.1. A casa não deve ter aparência, deve ter firmeza
Devemos prestar muita atenção a essa mensagem, pois nos
traz uma séria advertência: “Tudo aquilo que não se sustenta em Cristo irá
desabar” [Mt 7.27]. Isso nos leva ao ponto principal da advertência: “Não seja
apenas ouvinte da palavra, seja cumpridor. Não viva um evangelho vazio, apenas
de aparência, conheça a Cristo, não por aquilo que Ele possa lhe oferecer,
conheça-o pelo que Ele é”. A grande censura feito por Jesus nesse sermão é
contra a religião vazia, que é cheia de rituais e que em nada pode transformar
o ser humano. Jesus não nos deixou uma religião, nos deixou um reino. Não somos
apenas filhos, somos a geração eleita para anunciar Suas virtudes [1Pe 2.9].
Comentário adicional
A construção que Jesus usa na ilustração é no sentido de
que a casa não deve visar à ostentação, ou seja, sua aparência, mas, à sua
função de garantir abrigo. Essa casa tinha por finalidade permanecer firme em
meio às tempestades. A casa é o símbolo da vida. A vida deve ser edificada com
bom senso, considerando o futuro, e não apenas o presente, de acordo com os
princípios ditados por aquele que dá a vida e a sustenta. A vida física deve
ser usada para obter e desenvolver a vida eterna.
3.2. O perigo das incertezas futuras
A casa é o conjunto de todos os aspectos da nossa vida
neste mundo. A casa é sua conquista como pessoa, sua realização na vida. Essa
casa é o objetivo no qual você investe o esforço de sua vida. Uma casa não se
edifica de forma instantânea ou sem um grande investimento. Em que estamos
investindo nossa existência? Em que estamos gastando a maior parte do nosso
tempo e trabalho? Muitos estão investindo tudo em busca da aparência, diversão,
comida, bebida, prazeres. Mas onde realmente está alicerçada nossa casa? De que
material ela é feita? Quem é o seu Deus afinal, seu maior bem? É preciso que
“nossas construções” sejam feitas conforme os valores, princípios e diretrizes
revelados na Palavra de Deus. Somente assim estaremos em condições de
suportarmos as adversidades e dificuldades nesta vida e sermos aprovados no dia
do juízo.
Comentário adicional
As chuvas torrenciais, as inundações e os furacões do Oriente
causam muitos danos às casas de aparência fortes, destruindo as não solidamente
construídas — essa foi uma ilustração que Jesus usou com muita propriedade.
"Desceu a chuva" Jesus compara aos momentos de prova apavorantes, às
forças concentradas de uma chuva torrencial que ameaça o telhado da casa. Como
dá medo a chuva que cai, seguida de uma ventania! "Transbordaram os
rios", e essas torrentes tempestuosas podem corroer as paredes por baixo.
"Sopraram os ventos", e esses ventos impetuosos como de furacão
ameaçam os lados da casa. Essas forças naturais aliadas fazem lembrar que o sol
de verão nem sempre brilha. Não faz diferença se somos "prudentes" ou
"insensatos", todos temos tensões, aflições, decepções, perdas,
tentações, temores e pensamos sobre a morte e a vida no além. Ellicott diz:
"O vento, a chuva e as inundações não dão folga para a interpretação
individual, a não ser que se use um detalhismo exagerado. Esses elementos
representam coletivamente as violências da perseguição, do sofrimento e das
tentações, sob as quais tudo, exceto a vida que repousa sobre a verdadeira
fundação, cederá".
3.3. Jesus é o fundamento das nossas vidas
Nossas ações são o produto do exercício de nossa
liberdade para escolher. O recebimento de uma abordagem de Deus, em qualquer
forma que venha, implica na obrigação moral de escolher o curso de ação que Ele
recomenda. Assim, como escreveu John Stott (A Mensagem do Sermão do Monte – ABU
Editora – p. 216), o Senhor Jesus conclui Seu sermão convocando a todos a
termos uma “reação adequada à instrução que acaba de dar”. Ele coloca “diante
de nós a escolha radical entre a obediência e a desobediência”. Obedecer às
instruções de Deus de acordo com as Escrituras é ter um fundamento sobre a
rocha [Mt 7.24; Lc 6.47-48].
Comentário adicional
Por toda a parábola que estamos analisando, Cristo ensina
a importância do fazer tanto quanto do ouvir. Em sua descrição dos dois
construtores, deixou claro que foram julgados, não pelo cuidado que tiveram ao
construir suas casas, mas pelo fundamento sobre o qual elas estavam. Ele
ilustrou de forma notável a importância do fundamento ao edificarmos a vida. Se
desejarmos construir mansões mais imponentes para a alma, os fundamentos devem
ser cuidadosamente escolhidos. A interpretação da parábola, sem dúvida,
sugerida pela arquitetura que estava ao redor deles, está relacionada com
"o material em geral de uma vida cristã externa", uma vida que se
apoia e está arraigada em tudo o que o Senhor é: em si mesmo. É somente pela
nossa união com Cristo, a Rocha, que podemos conseguir a firmeza da parede, sem
a qual até mesmo os nossos objetivos mais firmes serão como areia movediça.
Temos segurança eterna, se formos edificados sobre aquela fundação a respeito
da qual Deus disse: "Vede, assentei em Sião uma pedra, uma pedra já
provada, pedra preciosa de esquina, que está bem firme e fundada" (Isaías
28:16). Lucas refere-se ao construtor sábio, dizendo que ele
"cavou, e abriu bem fundo, e lançou os alicerces sobre a rocha"
(Lucas 6:48).
CONCLUSÃO
É preciso ouvir a Palavra de Deus e praticá-la (Tiago
1:22-25). Não se deve apenas ouvir (ou estudar) o que está escrito. O ouvir
deve redundar em ações. É isso o que significa construir a casa na rocha.
Referências bibliográficas
► LOCKYER, Hebert. Todas as parábolas da
Bíblia: uma análise detalhada de todas as parábolas das Escrituras.
► WIERBE, Warren W. Comentário Bíblico
Expositivo: Novo Testamento.
Comentários adicionais - Professora:
Emivaneide Lourdes da Silva
3 comentários:
Excelente comentário professora Emivanemide. Será de muita valia para nosso aprendizado. 👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻
Parabens pelo conteudo me ajuda muita a explicar a licao Deus te abencoe
Muito obrigado por seu comentário irmã, muito edificante para a obra de Deus! Carlos Cezar.
Postar um comentário