OS CUIDADOS COM A INTENÇÃO
DO CORAÇÃO
Lição 6 – 7 de agosto
de 2022
TEXTO ÁUREO
“Sobre tudo
o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem as saídas da
vida.” Provérbios 4.23
VERDADE APLICADA
Devemos
cuidar bem de nosso interior, não permitindo que nosso coração seja a sede de
sentimentos avessos à vontade de Deus.
OBJETIVOS DA LIÇÃO
Ensinar como Deus nos vê interiormente;
Destacar o modelo ideal de um servo de
Deus;
Mostrar como agir diante das pressões
inimigas.
TEXTOS DE REFERÊNCIA
Mateus 5
21. Ouvistes o que foi dito aos
antigos: Não matarás, mas qualquer um que matar será réu de juízo.
22. Eu, porém, vos digo que qualquer
um que, sem motivo, se encolerizar contra seu irmão, será réu de juízo; e
qualquer que disser a seu irmão: Raca, será réu do sinédrio; e qualquer que lhe
disser: Louco, será réu do fogo do inferno.
44. Eu, porém, vos digo: Amai a vossos
inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai
pelos que vos maltratam e vos perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai
que está nos céus;
45. Para que sejais filhos do vosso
Pai que estás nos céus; Porque faz que o seu sol se levante sobre maus e bons,
e a chuva desça sobre justos e injustos.
COMENTÁRIO ADICIONAL
INTRODUÇÃO
Prezados
irmãos, graça e paz de nosso Senhor e Salvador Jesus! Na presente lição, abordaremos
um importantíssimo assunto, que vai na contramão do que o mundo pensa. Para nós,
cristãos, o comportamento diz muito do que o coração está cheio. Dessa forma,
nós tentamos, apesar de ser muito difícil, imitar a Cristo em suas atitudes,
palavras, modo de vida, enfim, em tudo. Uma pessoa que teve um encontro real
com o Redentor muda drasticamente todas as áreas da sua vida, pois aquele que
habita em seu coração é santíssimo. Assim, atitudes como perdão, amor,
misericórdia, mansidão, são alguns exemplos de um verdadeiro filho de Deus.
1. AS ATITUDES DO CORAÇÃO HUMANO
“O
que os olhos não veem, o coração não sente”. Essa é uma frase muito conhecida
em nosso meio, onde há um ensinamento acerca da intenção do coração humano.
Quer dizer que: se você não ver, não deslumbrar algo ou alguém, não fixar os
olhos naquilo, você não cobiçará o que quer que seja.
A questão
é: nós, cristãos, podemos seguir este conselho? A resposta é sim. Apesar de não
estar explicitamente escrita na Bíblia, existe um princípio de Deus. Contudo,
nossa única regra de fé e prática é a Palavra de Deus, sendo que devemos ter
muito cuidado com ditados populares, filtrando o que está de acordo com o reino
dos céus.
É
exatamente isso que Jesus nos ensina nessa parte do sermão do monte: o que está
de acordo com o reino do Pai? Apesar de as leis mosaicas estarem nas Escrituras,
os fariseus as interpretavam de modo que não estava alinhado com o reino
celeste.
Dessa
forma, podemos ver que existem princípios que podem estar na Bíblia ou não, e se
não estiver de acordo com os princípios de Deus, deve ser rejeitada.
1.1 Combatendo a raiz do mal
Novamente,
gostaria de relembrar outro ditado popular: “devemos cortar o mal pela raiz!”.
Essa expressão compara o mal com uma árvore, que tem a raiz, tronco e galhos.
Então, caso um problema seja resolvido parcialmente, “cortando os galhos”, o
problema retornará. Agora, caso a árvore seja arrancada com raiz e tudo,
certamente ela não renascerá, bem como o proposto ao comparar com o mal, que
deve ser resolvido na raiz, na fonte do problema.
A raiz da
maldade do homem é o coração. Jesus disse que se um homem olhar para a mulher
com desejo de possuí-la, já cometeu adultério em seu coração (Mt 5:27-28).
Então, como resolver o problema? Arrancando o coração, para que se resolva o
problema pela raiz?
É
exatamente isso! Figuradamente, devemos arrancar nossos corações, sendo que, dessa
forma, ocorra a morte, pois um corpo sem coração para bombear sangue não tem
como estar vivo. Assim, devemos morrer para a velha natureza, a fim de que uma
nova nasça, tornando uma nova criatura, com um coração novo, voltado totalmente
para o reino dos céus. (2ª Co 5:17).
"Enganoso
é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto. Quem
poderá entendê-lo? Eu, o Senhor, sondo o coração. Eu provo os pensamentos, para
dar a cada um segundo os seus caminhos, segundo o fruto das suas ações."(Jeremias
17:9,10).
1.2 O autocontrole vence a ira
“Eu,
porém, lhes digo que todo aquele que se irar contra o seu irmão estará sujeito
a julgamento...”
Devemos cuidar bem de nosso interior, não permitindo que nosso coração seja a
sede de sentimentos avessos à vontade de Deus. (Mateus 5:22). Veja que a
ira contra os irmãos é condenada por Jesus. Mas então posso irar contra meu inimigo?
Também não, aplicando o mesmo princípio de Mt 5:44, que diz que devemos amar nossos
inimigos, inclusive orar por eles.
Mas, alguém
pode afirmar: Eu também posso ficar irado, pois a ira é de Deus, inclusive Ele
vai derramar sua ira contra os ímpios, tanto no tempo presente quanto no fim
dos tempos, quando forem abertos os selos em apocalipse (Ap.6). Então, como
seria possível Deus nos mandar fazer uma coisa que Ele mesmo não faz? É bem
simples: Somente Deus pode matar, porque Ele é justo para isso. Somente Deus
pode Julgar, porque Ele é justo para isso. Somente Deus pode se irar, porque
Ele é justo para isso. Somente Deus pode fazer tudo isso, pois imagine um
homem, pecador, aplicando pena de morte em outro pecador. E se o homem que
recebeu a pena de morte for provado inocente um tempo depois, como fica?
Com Deus
isso não ocorre, porque Deus não comete erro: é perfeito, justo, amoroso e misericordioso
tudo ao mesmo tempo, sem deixar um atributo para manifestar outro.
Por fim,
gostaria de relembrar o fruto do Espírito: amor, alegria, paz,
longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio
(Gálatas 5:22,23). Um verdadeiro filho de Deus, que nasceu de novo,
abandonou a vida de iniquidade e se tornou uma nova criatura, certamente tem
todas as qualidades do fruto do Espírito, e uma dessas qualidades é o domínio
próprio, que é fundamental para que a ira humana, falha e pecaminosa, seja
vencida.
1.3 O peso das palavras ofensivas
Você já
deve ter ouvido falar o seguinte: “as palavras têm poder”. Isso,
mais um ditado popular, me perdoe por fazer uso tão frequente, mas cabe
perfeitamente nos contextos. Para nós, cristãos, o único detentor de todo
poder, glória e louvor é Deus. Contudo, o sentido de “poder” aqui no ditado
popular não é de onipotência, que só Deus possui. Realmente, as palavras têm o
poder de deixar uma pessoa muito animada, ou muito depressiva. Quando vamos ao
culto, um dos momentos mais esperados é a Palavra de Deus. O Espírito Santo
fala através dos preletores (não de todos, infelizmente) e então vidas são
transformadas. Acontece que Satanás também pode usar uma pessoa para proferir
palavras, e até agradáveis, mas se a pessoa que ouvir der atenção, estará
caminhando para o inferno (Provérbios 1:10-16).
Para
concluir o quão importante é o peso das palavras ofensivas, veja: “Não
saia da boca de vocês nenhuma palavra suja, mas unicamente a que for boa para
edificação, conforme a necessidade, e, assim, transmita graça aos que ouvem
(Efésios 4:29). Em algumas traduções, ao invés de “palavra suja”
aparece “palavra torpe”. Torpe é relacionado como motivo para
várias coisas, como crimes, homicídios, suicídios, e etc. Torpe é algo nojento,
indecente, infame e impudico.
Ou seja,
Paulo adverte aos irmãos da igreja de Éfeso a não proferirem tais palavras, palavras
ofensivas.
2. CONFRONTANDO AS IMPUREZAS DA ALMA
Neste
tópico, veremos como é importante estarmos em paz com nossos irmãos e com Deus.
Quando os judeus se cumprimentam, eles falam “shalom”, expressão
hebraica que significa paz. Nós, da Assembleia de Deus, e algumas outras
denominações, nos cumprimentamos com a paz do Senhor. No final do culto, nas
bênçãos apostólicas, o pastor diz: “Que a graça e a paz do nosso Senhor e
salvador Jesus...” Numa oração, Francisco de Assis disse: “Senhor, fazei-me
instrumento de vossa paz...”
A paz está
enraizada em nós, na história desde antes da igreja de Cristo, desde os primórdios,
e é extremamente necessário que vivamos essa paz, e não só dizer da boca para fora.
2.1 A oferta deixada no altar
“Portanto,
se você estiver trazendo a sua oferta ao altar e lá se lembrar que o seu irmão tem
alguma coisa contra você, deixe diante do altar a sua oferta e vá primeiro
reconciliar-se com o seu irmão; e então volte e faça a sua oferta” (Mateus
5:23,24). A
rejeição de Deus por ofertas apresentadas a Ele, dessa forma descrita no texto,
não se dá pelo simples fato de não estar em paz com o irmão. Vai muito além:
denuncia o quanto a pessoa necessita se humilhar, confessar seu pecado, mudar
de atitude antes de ofertar.
2.2 A cobiça no coração e o adultério
— Vocês ouviram o que foi dito: "Não
cometa adultério." Eu, porém, lhes digo: todo o que olhar para uma mulher
com intenção impura, já cometeu adultério com ela no seu coração. Mateus
5:27,28).
Na lei
mosaica, a mulher que fosse surpreendida em adultério, era morta, junto com o homem
que estava no ato com ela (Lv 20:10). Veja que a consequência desse pecado era
a morte. Jesus, neste texto registrado por Mateus, diz que morrerá aquele que
só olhar com intenção impura, pois, para os fariseus, o ato de adultério só
seria consumado após acontecer fisicamente. Mas Jesus vai na raiz do mal, na intenção
do coração.
Claro que
as consequências desse mesmo pecado são diferentes para o ato consumado e a
cobiça no coração. Deus irá punir cada um de acordo com a gravidade. Isso nos
remete à velha discussão de “pecadinho e pecadão”, que, com
certeza existe. Todo pecado é pecado diante de Deus, contudo existe diferença
entre a gravidade, e Deus as julgará conforme sua justiça. Um exemplo claro é a
blasfêmia contra o Espírito Santo, que não há perdão, enquanto todos os outros
pecados têm perdão. (Mt 12:31).
2.3 Os juramentos
—
Vocês também ouviram o que foi dito aos antigos: "Não faça juramento
falso, mas cumpra rigorosamente para com o Senhor o que você jurou." Eu,
porém, lhes digo: não jurem de modo nenhum... (Mateus 5:33,34).
A palavra
de um verdadeiro filho de Deus deveria ser suficiente para todo e qualquer tipo de negócio,
sem necessidade de jurar, prometer ou assinar contrato! Como seria bom se fosse
assim, mas, como temos muito joio no meio do trigo, infelizmente, até os bons servos
de Cristo, fiéis, precisam muito mais que palavras para expressar uma verdade.
O simples
fato de uma pessoa jurar que fará algo, dependendo da situação, já fica claro que
essa pessoa não irá cumprir o que jurou. Também isso ocorre por conta do coração
maligno do ser humano, que é falho e enganoso, e Jesus demonstrou isso com
muita sabedoria.
Novamente, o único que pode jurar é Deus, pois
só Ele é fiel para cumprir, e bem-aventurado é o homem que confia no Senhor.
Quanto ao ser humano, a palavra basta, pois o que passar disso vem do maligno
(Mt 5:37).
3. CONSTRUINDO PONTES
Ao invés de
seguir os desejos pecaminosos do coração, Jesus nos ensina a seguir o desejo de
Deus. Enquanto o ser humano vive em revolta, gosta de comprar briga, destrói relacionamentos,
um cidadão do reino de Deus faz exatamente o contrário: constrói pontes. A
relação entre o povo de Deus e o povo ímpio deveria ser de paz, partindo dos
santos, espalhando e pregando o Evangelho, para que todo aquele que crer em
Cristo não pereça, mas tenha a vida eterna (Jo 3:16).
3.1 Fugindo do ressentimento
“—
Vocês ouviram o que foi dito: "Olho por olho, dente por dente." Eu,
porém, lhes digo: Não resistam ao perverso. Se alguém lhe der um tapa na face
direita, ofereça-lhe também a face esquerda. Se alguém quer processar você e
tirar-lhe a túnica, deixe que leve também a capa. Se alguém obrigar você a
andar uma milha, vá com ele duas.” (Mateus 5:38-41).
Vemos que
Jesus nos ensina que a reação contra o mal deverá ser o bem. Nós, cristãos, jamais
deveríamos buscar vingança ou justiça com as próprias mãos; para isso, temos
nosso Deus, eternamente justo.
Muitas
pessoas, equivocadamente, interpretam este texto dizendo que deveríamos ser totalmente
passivos do mal, e não buscar nossos direitos enquanto cidadãos, regidos por
leis de cada país. Acontece que, se formos injustiçados, devemos, sim, buscar
as autoridades competentes para resolver a questão, e não aceitar qualquer tipo
de agressão de braços cruzados. O próprio apóstolo Paulo exigiu seus direitos
de cidadão romano, ao estar prestes a ser injustiçado (At 22:25).
O sentido
real do texto aqui é para não buscarmos justiça com as próprias mãos, mas confiar
em Deus. Devemos agir de forma que o mundo não entende, de forma que o amor prevaleça
em qualquer circunstância, mesmo que soframos.
3.2 O amor pelos inimigos
—
Vocês ouviram o que foi dito: "Ame o seu próximo e odeie o seu
inimigo." Eu, porém, lhes digo: amem os seus inimigos e orem pelos que
perseguem vocês, para demonstrarem que são filhos do Pai de vocês, que está nos
céus. Porque ele faz o seu sol nascer sobre maus e bons e vir chuvas sobre
justos e injustos. Porque, se vocês amam aqueles que os amam, que recompensa
terão? Os publicanos também não fazem o mesmo? E, se saudarem somente os seus
irmãos, o que é que estão fazendo de mais? Os gentios também não fazem o mesmo?
(Mateus 5:43-47).
Irmãos,
este, talvez, é um dos ensinamentos do sermão do monte mais difícil de se colocar
em prática. Imagine você, que perdeu um ente querido, como pai, mãe, filho,
perdoar o assassino que o matou. E, além de perdoar o assassino, de coração,
amá-lo. É exatamente essa a proposta de Jesus, pois, nós, uma vez mortos em
nossos delitos e pecados, inimigos de Deus, fomos perdoados e amados por Ele.
Então Jesus
questiona: se até os ímpios fazem isso, o que nós estaríamos fazendo de mais?
Como somos diferentes, santos, herdeiros do reino dos céus, nossa obrigação
seria colocar esse amor divino em prática, para declarar a glória de Deus. E
esse amor deveria ser algo natural, não forçado, algo intrínseco do salvo pelo Cordeiro
Santíssimo.
3.3 Sede perfeitos como o vosso pai
“Portanto,
sejam perfeitos como é perfeito o Pai de vocês, que está no céu.” (Mateus 5:48).
O mandamento
de perfeição, apresentado por Jesus no final do capítulo 5, é impossível nessa
vida, e Jesus sabe disso. Não é no sentido de perfeição exata de Deus, nessa
vida, que Jesus disse isso, mas para buscar essa perfeição, a ponto de cumprir
todos os ensinamentos que ele expôs nos versículos anteriores.
Vamos
pensar: qual ser humano cumpriu exatamente todos os mandamentos? Nenhum! Por
isso, Jesus os cumpriu, para que nós pudéssemos ser justificados. Devemos
buscar constantemente ser perfeitos, como Deus é, em resposta ao grande amor
que Ele nos proporcionou.
Vale
lembrar que esta perfeição somente será alcançada, em sua plenitude, quando Cristo
arrebatar os salvos, pois aí sim, receberemos um corpo santíssimo, livre de
pecado, glorioso e eterno (1Co 15:42-44).
Então,
enquanto estivermos aqui, devemos buscar essa perfeição, devemos andar em santidade,
lembrando que esse momento vai acontecer com certeza, no momento determinado
por Deus.
CONCLUSÃO
As atitudes
do coração são o adequado fundamento e fonte das ações externas. O coração
devidamente enraizado e edificado em Jesus, produzirá bons frutos e resistirá
às tempestades da vida (Mt 7:20;25).
Referências bibliográficas
► Bíblia de
estudo – Nova Almeida Atualizada.
► Revista Betel
Dominical, adultos, 3º Trimestre de 2022, ano 32, nº 124. Sermão do monte – A
ética, os valores e a relevância dos ensinos de Jesus Cristo. Lição 6 – Os
cuidados com a intenção do coração.
Comentário adicional – Fernando
Júnio – Professor da Escola Dominical.
6 comentários:
Parabéns pelo comentário Fernando. Edificante. Deus te abençoe.
Não é o que sou por dentro, é o que eu faço que me define. Batman Begins
No tópico 3.2 O amor pelos inimigos
Infelizmente estamos vivendo uma realidade na igreja que todos temos dificuldade de amar um irmão, quanto mais o Inimigo , falamos de amor mas na verdade somos bem superficiais na aplicação. Mas faz parte dessa caminhada, vamos continuar firmes é fortes nos braços de Cristo Jesus.
Irmão Fernando Junior muito pertinente os seus comentários, que Deus continue te abençoando!
Excelente comentário Fernando.
Obrigado, meus irmãos! Deus continue abençoando vocês, nossa EBD e a todos.
Postar um comentário