RECEBENDO O REINO DE DEUS COMO MENINO
Lição 09 – 1 de Setembro de 2019
TEXTO ÁUREO
“Em verdade vos digo que qualquer que não receber o reino de
Deus como menino, de maneira nenhuma entrará nele.” (Mc 10.15)
VERDADE APLICADA
Participam do Reino de Deus aqueles que, como crianças, confiam
e são humildes e submissos ao Senhor Jesus Cristo.
OBJETIVOS DA LIÇÃO
► MOSTRAR como Jesus foi carinhoso com as crianças;
► APRESENTAR pontos que relacionam Jesus com as crianças;
► ENSINAR como se recebe o Reino de Deus como criança.
TEXTOS DE REFERÊNCIA
Lc 18.15 – E traziam-lhe também meninos, para que ele lhes tocasse; e os
discípulos, vendo isto, repreendiam-nos.
Lc 18.16 – Mas Jesus, chamando-os para si, disse: Deixai vir a mim os
meninos, e não os impeçais, porque dos tais é o reino de Deus.
Lc 18.17 – Em verdade vos digo que, qualquer que não receber o reino de
Deus como menino, não entrará nele.
Mc 10.16 – E tomando-os nos seus braços, e impondo-lhes as mãos, os
abençoou.
INTRODUÇÃO
Existe uma estreita relação entre o reino de Deus e uma criança.
Muitos achavam que o Reino de Deus vem a nós fisicamente e sem a necessidade de
mudança no nosso interior (Lc 17.20-21). O Reino de Deus não vem a nós, ele
deve estar em nós. Precisamos apenas recepcionar dentro de nós o Seu Reino. De
nada adianta ter um “reino ideal” se nós, súditos deste reino, formos
corrompidos. O que faz a diferença são as nossas atitudes em relação às
coisas do Reino. Dentro deste contexto Jesus deixa claro que para entrarmos no
seu Reino, precisamos nos tornar como crianças (Mt 18.1-6; Jo 3.1-5, Mt
19.13-15, 21.15-17, Lc -18.15-17, Mc 10.14-16). A primeira exigência que Jesus
faz para quem deseja entrar no Reino de Deus consiste em um paralelo com o
nascer de novo (Mt 18.1-4). Comparando Mateus 18 e João 3, vemos que Jesus toma
o nascimento biológico como uma metáfora indicando que, para entrarmos no Seu
Reino, precisamos ser gerados outra vez, nos despojando de si mesmo (velha
natureza) e adquirindo um “corpo” moral e espiritual (nova criatura) - (Mt
18.1-6; Jo 3.1-5; 2 Co 5.17). Receber o Reino significa que a pessoa começa a
vida de novo, basicamente com novas atitudes, valores, etc. Em outras passagens
correlatas Jesus sublinha alguns traços próprios de crianças, como
simplicidade, inocência, pureza, sem rancor, sem orgulho, sem ódio, sem
julgamento... ilustrando como deve permear as atitudes e comportamentos dos
súditos do Reino de Deus. A simplicidade e pureza de uma criança, por exemplo,
simplesmente a faz viver o amor e a alegria, aceitando a todos sem interesse!
No coração deles não há espaço para o ódio, o rancor, as disputas de poder e
sua inocência a respeito das hierarquias e classes sociais não separam os seres
humanos uns dos outros com discriminação, guerras e conflitos, que somente se
justificam pela vaidade e o orgulho dos egos que pretendem se afirmar às custas
da diminuição e destruição dos demais. Todas estas e outras características que
são inerentes as crianças ilustram muito bem como os súditos do Reino de Deus
devem ser. É preciso receber o Reino com atitudes semelhantes à de uma criança
(Mt 19.13-15; 21.15-17; Lc 18.15-17; Mc 10.14-16).
1. DEIXAI VIR A MIM OS MENINOS
"Deixai as crianças e
não as proibais de vir a mim, porque delas é o Reino dos Céus". Esta expressão nos
mostra que o Senhor Jesus tem prazer nas crianças, que elas não são uma perda
de tempo e que devemos amá-las e investir tempo e dedicação em suas vidas. A
atitude de Jesus nos mostra que crianças sempre serão bem-vindas. Infelizmente
em nossos dias as crianças têm sido vítimas dos mais diversos tipos de abuso e
exploração. É nossa responsabilidade, quer seja como indivíduo, quer seja como
igreja, criar um ambiente, onde as crianças se sintam bem e à vontade para
aprender sobre o Senhor. Igrejas sérias e comprometidas com o Reino de Deus e com o ser humano,
investem de maneira consciente em um ambiente adequado para que as crianças
aprendam a buscar ao Senhor. Mas há muitos agindo como os discípulos
expulsando-as da presença de Deus, impedindo-as de se achegar até Ele.
1.1 Dignos de atenção de Jesus
“Ele tomou as criancinhas
nos braços, colocou as mãos sobre elas, e as abençoou.” Jesus demonstra amor, cuidado e atenção especial com
todos aqueles que eram marginalizados na sociedade. Ele dava valor aos
leprosos, aos enfermos, aos publicanos, as prostitutas, aos gentios e agora, às
crianças. Pertencemos a uma sociedade completamente vazia de afetos, de
generosidade e de compaixão. Vivemos num meio corrompido pelo mal e habitamos,
muitas vezes, na nossa solitude, em densas trevas. Um olhar para a Escritura
nos leva ao ensino de Jesus, quando ele chama uma criança, a coloca diante de
todos os seus discípulos e lhes diz que “quem
quiser receber o reino de Deus, precisa ser como ela”. As crianças podem e
devem ser trazidas a cristo. Na cultura grega e judaica as crianças não
recebiam o valor e a atenção devida, mas no Reino de Deus elas não apenas são
acolhidas, como também são tratadas como modelo para os demais que querem
entrar.
1.2. Jesus abençoa os meninos
Jesus acolhe as crianças, toma-as em seus braços, ora por elas,
impõe as mãos sobre elas e as abençoou (Mc 10.16). Somente Marcos menciona que Jesus abençoou as
crianças. A forma que Ele usa o verbo no original indica ser uma bênção
carinhosa e poderosa. Isto significa dizer que Cristo não se importava apenas
com os adultos, mas também com as criancinhas. Ele lhes impôs as mãos,
como se tendo as mesmas necessidades espirituais dos adultos e ainda nos pede
pede para cuidarmos delas como se estivéssemos cuidando dEle. Não é a primeira
vez que Jesus demonstra amor às crianças. Ele diz que quem recebe uma criança
em seu nome é o mesmo que receber a ele próprio (Mc 9.36-37). Por outro lado,
segundo Ele fazer uma criança tropeçar é uma atitude gravíssima (Mc 9.42).
Precisamos, como igreja, abençoar as crianças (Mt 19.15).
1.3. Jesus toma as crianças nos braços
“Ele tomou as criancinhas nos braços, colocou as mãos sobre
elas, e as abençoou.” O toque, o abraço, a
bênção dados por Jesus são sinais sensitivos de que Deus se volta às pessoas
para oferecer-lhes seu perdão, seu amor e sua salvação. A primeira exigência do
reino de Deus é que ele seja aceito. O reino de Deus não pode ser conquistado,
mas recebido com humildade, na consciência da dependência dele. A oferta de
Deus é anterior à ação de quem a recebe: Nós amamos porque ele nos amou
primeiro (l Jo 4.19). A oferta de Deus produz metanoia. É mudança de pensamento
e de atitude (Mt 18.3). O reino de Deus provoca completa reorientação de vida,
um novo jeito de viver, como resposta ao amor e à graça concedidos.
2. AS CRIANÇAS NO
MINISTÉRIO DE JESUS
Durante o ministério de Jesus, a presença de crianças pode ser
notada, embora no contexto social elas estivessem em desvantagem. Quando os
sacerdotes e escribas repreenderam a livre manifestação de louvor das crianças,
Jesus refutou esta repressão com um texto bíblico (Sl 8.2). A frase célebre de
Jesus afirmando “deixar vir a mim os
pequeninos” sempre é lembrada quando falamos de crianças. Mas o que Jesus
queria dizer com estas palavras? Em todo o seu ministério Jesus encoraja os
pais ou qualquer outra pessoa a trazer as crianças a Ele, pois elas podem crer
em Cristo e são exemplo para aqueles que creem. Levar as crianças a Cristo é a
coisa mais importante que podemos fazer. John Charles Ryle diz que devemos
aprender com esta passagem a grande atenção que as crianças devem receber do
Ministério e da Igreja de Cristo. Nenhum ministério ou igreja pode ser considerada
saudável se não acolhe bem as crianças. Jesus, o cabeça da igreja, encontrou
tempo para dedicar-se às crianças, demonstrando ser o cuidado com elas um
ministério de grande valor. As crianças não deveriam ser vistas como
impossibilitadas nem impedidas de virem a Cristo. Na religião judaica somente
depois dos treze anos uma criança podia iniciar-se no estudo da Lei. Mas, Jesus
revela que as crianças devem vir a ele para receberem seu amor e sua graça.
2.1. Contempladas por Jesus
As crianças se igualam nas mesma necessidades espirituais dos
adultos. Jesus declara que o
reino de Deus pertence às crianças. O reino de Deus não encontra nenhum
obstáculo nelas. Jesus contempla as crianças e suas necessidades, enquanto os
discípulos entendiam que somente as necessidades das pessoas adultas fossem
contempladas. O reino de Deus pertence às crianças por sua condição de
dependência, não por causa de qualidades subjetivas que possam ter ou por
qualquer isenção de pecado ou ideia de pureza. Mesmo assim, o reino de Deus precisa
ser aceito e esperado com confiança. Jesus aproveita a oportunidade para
ensinar uma grande lição: Os adultos precisam ser como criança, isto é, ter o
coração de uma criança.
2.2. Dignas de apascentamento
Jesus destaca a importância
das crianças no reino de Deus e as apresentam como dignas de apascentamento.
Elas expressam um valor essencial do cristianismo. O contexto evidencia um
contraste: a atitude de Jesus para com as crianças se diferencia dos
discípulos. O contato com Jesus proporciona benção e fortalecimento. Os
discípulos, porém, negam às crianças a possibilidade de apascentamento. Eles
tentam impedir o encontro das crianças com Jesus. Para os discípulos, as
crianças perturbam e incomodam o ensino de Jesus, porque elas ocupam o último
lugar na sociedade, não podendo merecer interesse. Jesus reage, demonstrando
sua indignação. A atitude dos discípulos está equivocada. As crianças devem
aproximar-se sem impedimentos. Os discípulos não têm compreendido a proposta do
reino. Os discípulos são chamados para uma mudança de mentalidade, à qual deve
corresponder uma mudança de atitude.
2.3. Os discípulos são chamados de pequeninos
A repreensão aos discípulos
é um chamado para o reino de Deus: Quem não receber o reino de Deus como uma
criança, de maneira nenhuma entrará nele. Este dito tem um paralelo em Jo
3.1-15. Na visita de Nicodemos, Jesus compara a entrada no reino de Deus com o
novo nascimento. Considerando o chamado no começo da atividade de Jesus (Mt 1.14-15),
ele espera que as pessoas aceitem o reino de Deus com fé e o realizem com
confiança, da maneira como as crianças aceitam e realizam os ensinamentos de
seus pais e de suas mães. Nesta ação conclusiva, Jesus expressa com gestos a
preferência de Deus pelas crianças.
3. RECEBENDO O REINO COMO MENINO
Jesus indignou-se com a atitude preconceituosa dos discípulos,
acolheu as crianças e disse que elas são modelos para os adultos (Mc 10.15). Por que? Porque as crianças
são muito mais susceptíveis de aceitar as verdades espirituais do que os
adultos. Elas não questionam. Elas não racionalizam. Elas não procuram comparar
o que ouvem com opiniões preconcebidas, porque elas não têm tais opiniões. Do
jeito que elas ouvem, elas gravam. O que caracteriza uma criança é a confiança,
a humildade, a mansidão, a falta de preconceitos, não guardar ressentimentos,
estar pronta para aprender etc. Portanto, para receber o reino dos céus e
entrar nele, não é preciso ser infantil, mas ter o espírito próprio de uma
criança. Só entra no reino quem se fizer como uma criança.
3.1. Confiança
Receber o reino de Deus como uma pequena criança significa
aceitá-lo com simplicidade e confiança genuína, bem como humildade
despretensiosa. Uma criança confia sem refletir. Para encontrar Deus, o melhor
de que dispomos e o nosso coracao de crianca, que está aberto espontaneamente.
Essa receptividade está em contraste com a dureza dos líderes religiosos, que
tinham conhecimento, mas não fé genuína. É com a confiança de uma criança que
precisamos olhar o nosso Pai celestial. Nós desfrutamos do reino de Deus pela
fé, crendo que o Pai nos ama e irá atender nossas necessidades diárias. Quando
uma criança é ferida, o que ela faz? Corre para os braços do pai ou da mãe.
Esse é um exemplo para o nosso relacionamento com o Pai Celestial. Sim, Deus
espera que sejamos como crianças e não infantis. Perdemos a inocência, mas só
com a inocência entramos no Reino. O que Jesus nos está dizendo é que não
entramos no Reino de Deus sendo amargos, mas confiando que Deus vai reescrever
a nossa história, apagando as mágoas, cobrindo as feridas. Criança se fere, mas
esquece e volta a viver; numa mesma brincadeira, ela chora e depois volta a
sorrir. Não entramos no Reino de Deus críticos de tudo, dos outros ou de nós
mesmos; a graça não passa pelo crivo de nossa crítica racional, porque é
totalmente ilógica e o é, para e por ser graça. Não entramos no Reino de Deus
confiando em nós mesmos. A confiança em nós mesmos abre as portas para o reino
do eu, nunca para o Reino de Deus, que estão abertas e por ela entramos com a
atitude de quem confia no Pai, Senhor do Reino. Estamos recebendo o reino de
Deus com a confiança sincera de uma criança?
3.2. Humildade
“Portanto, aquele que se humilhar como esta criança, esse
é o maior no Reino dos Céus.” (Mateus 18.4). Ser como
criança, para Jesus, é receber a graça do reino de forma gratuita, como se
fosse um presente, ou seja, não achando que merecemos por nossas boas obras.
Ele nos mostra que o reino não é para os arrogantes, para os que se acham
merecedores do reino. Só entrará no Reino aqueles que tiverem um coração
sensível e acolhedor da justiça e do amor. Precisamos viver exercitando a
caridade, a gratuidade e o amor. É de essencial importância nos despimos da
malícia e dos defeitos próprios dos adultos, para então reformamos nosso
caráter e reprimirmos as más tendências. Jesus diz: “Bem aventurados os humildes de espírito...”. O humilde de espírito
reconhece sua carência de Deus. Ele sabe que não pode viver sem Deus em sua
vida. E é isso, que faz essa pessoa ir em busca de Deus a cada dia. A humidade
é uma das virtudes que mais agrada a Deus: “porque
Deus resiste aos soberbos, contudo, aos humildes concede a sua graça”. (1
Pedro 5.5).
3.3. Submissão
Há nas crianças uma dependência do cuidado de seus pais e uma
submissão à sua vontade. A própria entrada no reino de Cristo é por esta porta:
é se rebaixando, porque é estreita. Não há no Reino de Deus espaço permitido
para os ornamentos de sabedoria mundana ou de poder humano, devemos entrar
despojados de tudo isto. Devemos estar dispostos a assumir “a Cristo como nossa
sabedoria, nossa justiça, nossa santificação e redenção”. Se não nos
submetermos a isto, nunca poderemos entrar no reino dos céus. O sábio deve se
considerar tolo, o puro, poluído; e o justo, culpado, na sua própria estima,
antes que possa ser valorizado por Cristo, ou sua salvação ser desejada. Nós
não dizemos que uma pessoa deve cometer a maldade, a fim de ingressar no reino
de Cristo; Deus me livre! mas ela deve renunciar a todos os graus de
auto-conceito, auto-dependência, auto-aplauso, e, “o que ele tinha uma vez
considerado como ganho, deve agora ser considerado por ele como perda para
ganhar a Cristo”.
CONCLUSÃO
Há nas crianças uma simplicidade de espírito, uma docilidade de
espírito, uma consciência de fraqueza, uma dependência do cuidado de seus pais,
uma obediência aos seus mandamentos, e uma submissão à sua vontade.
Para receber o reino dos céus e entrar nele, não é preciso
ser infantil, mas ter o espírito próprio de uma criança.
COMENTÁRIOS ADICIONAIS
DC Alexandra Rodrigues de Sousa
3 comentários:
Agradeço a diaconisa Alexandra pelo belo comentário, muito bem elaborado. Sem dúvida será de grande valia para nosso aprendizado. Parabéns.
Parabéns pelo comentário Diaconisa Alexandra, Deus Continua te usando grandemente.
Boa tarde
Bela postagem, parabéns.
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