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Enfrentando as diferentes investidas do inimigo - Comentários Adicionais (Pb Lindoval)

ENFRENTANDO AS DIFERENTES INVESTIDAS DO INIMIGO
(Lição 06 – 11 de novembro de 2018).

TEXTO ÁUREO
E enviei-lhes mensageiros a dizer: Estou fazendo uma grande obra, de modo que não poderei descer; por que cessaria esta obra, enquanto eu a deixasse e fosse ter convosco? Ne 6:3

VERDADE APLICADA
Quando trabalhamos para Deus, a oposição se apresenta de várias formas. Para enfrenta-las, é de suma importância uma vida de oração, crendo que o Senhor nos livrará e providenciará o necessário para o nosso sustento.

OBJETIVOS DA LIÇÃO
·       Explicar que o inimigo não nos dá trégua;
·       Apresentar táticas para vencer os opositores;
·       Mostrar como resistir a intimidação.

TEXTO DE REFERÊNCIA
Ne 6.1 - Sucedeu mais que, ouvindo Sambalate, Tobias, Gesém, o arábio, e o resto dos nossos inimigos que eu tinha edificado o muro e que nele já não havia brecha alguma, ainda que até este tempo não tinha posto as portas nos portais,
Ne 6.2 - Sambalate e Gesém enviaram a dizer: Vem, e congreguemo-nos juntamente nas aldeias, no vale de Ono. Porém intentavam fazer-me mal.
Ne 6.3 - E enviei-lhes mensageiros a dizer: Estou fazendo uma grande obra, de modo que não poderei descer; por que cessaria esta obra, enquanto eu a deixasse e fosse ter convosco?

INTRODUÇÃO
No início da jornada de Neemias rumo a Jerusalém, o propósito era de primeiramente reconstruir os muros que estavam fendidos e em seguida, as portas que estavam queimadas a fogo (Ne 1.3). Durante a reconstrução dos muros, ele enfrentou a oposição dos inimigos e os problemas sociais que consumia a energia do povo, pois tinha como propósito trazer o desânimo e consequentemente a paralisação da obra. Agora veremos nova investida dos adversários quando iniciaram os trabalhos nos portões.

1 – VELHOS INIMIGOS, NOVAS MÁSCARAS
Hernandes Dias Lopes afirma que é impossível fazer a obra de Deus sem oposição externa e interna. O cristianismo não é um paraíso de férias. Aqui não é o céu. Aqui há lutas constantes, por isso precisamos trabalhar de olhos bem abertos. Várias vezes Neemias precisou enfrentar a oposição dos inimigos de fora:
a) O desagrado (Ne 2.10);
b) O desprezo e a zombaria (Ne 2.19);
c) A indignação e o escárnio (Ne 4.1);
d) A humilhação (Ne 4.2);
e) A chacota (Ne 4.3);
f) A confusão (Ne 4.8);
g) A violência (Ne 4.11);
h) A boataria (Ne 4.12).
Enquanto Neemias estava ocupado em resolver os problemas internos, o inimigo deu uma trégua. Mas logo que o problema interno foi resolvido e o povo voltou ao trabalho, o inimigo voltou a atacar. Precisamos lembrar que os inimigos se aliam contra o povo de Deus com incansável persistência e diferentes táticas e estratégias (Ne 6.1). Cabe ao servo de Deus entender que é um soldado e que está em uma guerra contra as trevas. Esta batalha somente terá fim na ocasião de sua morte ou na vinda de Jesus (2Tm 2.3). Como estrategista incansável, Satanás e seus demônios, jamais deixará de se opor a tudo que fazermos na obra de Deus (Mt 4.1-11). Sabendo destas verdades, o cristão nunca poderá estar desatento nesta batalha, antes o seu revestimento vem de Deus e suas estratégias de defesa também (Ef 6.10).

1.1 – Buscando a distração dos trabalhadores
Segundo os estudiosos e a dados arqueológicos, a cidade de Jerusalém estava cercada de três muralhas, sobre as quais, segundo se diz, havia, respectivamente, 90, 14 e 60 torres respectivamente. A primeira fase (reconstrução dos muros) estava concluída, porém a cidade ainda estava vulnerável, pois os portões estavam abertos. Como já dissemos em outras lições, por mais fortes que sejam os muros, eles perderão sua função se não houver os portões. Eles deveriam ser trancados e também deveriam ser guardados por sentinelas. Os portões eram a referência de riqueza da cidade. Era também um lugar de jurisdição, onde autoridades se encontravam para tratar de negócios sob as vistas dos anciãos. As portas eram muito mais do que simples lugar de entrada e saída, era o local simbólico de valores da cidade, como família, relacionamentos, etc. Eles eram construídos de madeira, ferro ou de cobre (proteção anti-chama), possuía dois batentes e cerrava-se com fechaduras e ainda se seguravam com barras de ferro por dentro. Para se ter uma ideia, a porta do Templo Formosa (At 3.2) era inteiramente feita de cobre importado de Corinto, sendo necessários vinte homens para fechá-la. Da mesma forma dos muros, uma cidade que os tivessem, porém sem os seus portões, seus moradores carregavam consigo o opróbrio. Sansão para humilhar os filisteus arrancou os portões da cidade de Gaza e o levou sobre seus ombros (Jz 16.3). A cidade que deveria ser o testemunho para as nações perdeu esse privilégio e a vergonha consistia na fragilidade e na desproteção do lugar. Há quem diga que durante toda a história de Jerusalém, ela tenha possuído 25 portas ou portões, porém no tempo de Neemias são evidenciadas doze portas:
1ª – Porta do Gado (Ne 3.1);
2ª – Porta do Peixe (Ne 3.3);
3ª – Porta Velha (Ne 3.6);
4ª – Porta do Vale (Ne 3.13);
5ª – Porta do Monturo (Ne 3.14);
6ª – Porta da Fonte (Ne 3.15);
7ª – Porta das Águas (Ne 3.26);
8ª – Porta dos Cavalos (Ne 3.28);
9ª – Porta Oriental (Ne 3.29);
10ª – Porta da guarda (Ne 3.31).
11ª – Porta de Efraim (Ne 8.16; 12.39);
12ª – Porta da Prisão (Ne 12.39).
Os mesmos inimigos que investiram contra Neemias e a obra do Senhor na primeira ocasião, quando iniciaram os reparos nos muros, se uniram novamente para tentarem impedir a restauração dos doze portões. Uma vez que Sambalate e seus amigos haviam fracassado completamente em suas tentativas de impedir que o povo trabalhassem, desta vez, decidiram concentrar seus ataques somente em Neemias. Se conseguissem eliminá-lo, ou mesmo desacreditá-lo, poderiam mobilizar seus aliados dentro de Jerusalém (Ne 6.17,18) e tomar a cidade. Nossa concentração na obra de Deus e nos avanços do inimigo devem ser sempre permanentes, pois ele é obstinado e aplicado em seus esforços para nos deter (1Pe 5.8). Interessante dizer, que sempre após grandes realizações, nós temos a tendência de afrouxarmos as correias da vida com Deus e abaixarmos a guarda espiritual. O rei Davi, após conquistar a estabilização do reino unificado de Israel, arregimentar uma força militar respeitada por todos os inimigos, fronteiras ampliadas que chegaram a 96.540 km2, nenhuma derrota no campo de batalha, exportação, importação, defesa nacional fortalecida, finanças sólidas, uma linda casa nova, planos para o templo do Senhor e não haver nada que o desabonasse, pareceu frágil e exposto aos ataques malignos. O olhar para trás e ver um registro quase imaculado, quando ao seu prestigio, fama e importância crescentes, é a hora de redobrar a vigilância. Em determinada época em que os reis saiam para a guerra acompanhando os seus exércitos, Davi não saiu e ficou no palácio passeando pelo pátio. Neste relaxamento, caiu em desgraça espiritual (2Sm 11) e viveu terríveis dias em consequência do mesmo (Sl 32.3-10; 51); em virtude de sua negligência, o inimigo achou a brecha necessária para atacá-lo e derrotá-lo. Não se acha em Neemias a mesma displicência, ao contrário, após a construção dos muros, a vigilância e a diligência em lidar contra inimigo permaneceu a mesma. Neemias se manteve atento a obra e aos inimigos – Sua guarda, mesmo diante da primeira grande vitória (reconstruir os muros) se mantiveram altas.

1.2 – Falsa aparência amigável
Os adversários da obra de Deus e também nossos, são sutis em suas estratégias. Há aqueles que nos atacam frontalmente e são declaradamente inimigos, outros que são contrários a nós, porém demonstram falsa tolerância e flexibilidade, nos estudam e suas conversações visam desconstruir-nos ou caminham em direção de uma unidade onde teremos que abrir mão de algumas convicções em nome da paz, bem parecido com os diálogos entre as diversas religiões em nome do ecumenismo. Porém os mais temerários e perigosos são aqueles que se apresentam afeiçoados a nós, mas a sua aproximação visa a nossa destruição. Até essa altura do programa de construção, Sambalate, Tobias e Gesém haviam se oposto a tudo o que os judeus tinham feito; mas então se ofereceram para cooperar e ajudar os judeus na construção dos muros. Ofereceram encontrar-se com Neemias numa vila a meio caminho entre Jerusalém e Samaria, um lugar sossegado onde poderiam planejar como trabalhariam juntos. Com essa abordagem, deram a entender que estavam dispostos a fazer algumas concessões e que Neemias não deveria ser um vizinho intransigente. É evidente que a estratégia do inimigo era: “Se não podemos vencê-los, nos juntaremos a eles… e em seguida os dominaremos!” Uma vez que o inimigo consegue estabelecer um ponto de apoio num ministério, começa a enfraquecer essa obra internamente e, por fim, a condena ao fracasso. Apesar de a cooperação na obra do Senhor ser algo nobre, os líderes devem ter o cuidado de cooperar com as pessoas certas, no lugar certo e com os propósitos certos. De outro modo, podem acabar colaborando com o inimigo. Satanás é um grande enganador e prepara seus servos para darem as mãos ao povo de Deus, a fim de enfraquecer as mãos dos servos do Senhor para o trabalho (2Co 11.13-15). A transigência e a cooperação que vêm do amor podem ser boas e úteis se não houver questões morais ou espirituais em jogo. Uma concessão feita de bom grado pode dar nova vida a um casamento ou fortalecer um ministério (Fp 2.1-4), mas se trata de um ato de transigência entre pessoas que se amam e que têm em mente os mesmos propósitos.  Neemias rejeitou a oferta deles em função de três convicções.
1 – Em primeiro lugar, sabia que estavam mentindo e que desejavam matá-lo (Ne 6.2). Neemias possuía o tipo de discernimento espiritual que os líderes devem ter a fim de detectar as estratégias do inimigo e de neutralizá-las;
2 – Em segundo lugar, estava convicto da grandeza da obra que Deus havia lhe dado (Ne 6.3). Se Neemias se permitisse ser distraído e desviado das incumbências que havia recebido de Deus, onde seu povo iria buscar liderança? Um projeto sem líderes é um empreendimento sem rumo que acaba desandando. Os líderes devem ser um bom exemplo e permanecer firmes no trabalho;
3 – Os judeus não tinham coisa alguma em comum com Sambalate e seu povo, de modo que não poderia se estabelecer base alguma de cooperação. Neemias deixara isso claro desde o início do projeto, quando disse a Sambalate, Tobias e Gesém: “vós, todavia, não tendes parte, nem direito, nem memorial em Jerusalém” (Ne 2.20). O povo de Deus é diferente das pessoas do mundo e deve manter sua posição de separação (2 Co 6.14;7.1).
Se Neemias tivesse cooperado com Sambalate e seus aliados, como poderia ter liderado a nação de modo a manter-se separada dos estrangeiros da terra? (Ne 9.2; 10.28; 13.3). Demonstraria incoerência, portanto sejamos coesos e andemos em conformidade com nossas convicções diante do mundo e dos santos que participam da vida de Cristo como nós (Rm 12.2).

1.3 – Afastar ou intimidar o líder
A turba opositora tramou um plano maligno propondo um encontro em um lugar distante de Jerusalém e de onde a obra era realizada – (vale de Ono). Vale de Ono No hebraico, “forte”. Era uma cidade do território de Benjamin que Semede originou ou restaurou (1Cr 8.12). Semede era um dos filhos de Elpaal. Um total de setecentos e vinte e cinco exilados judeus, que retornaram do cativeiro babilônico, espalharam-se entre Ono, Lode e Hadide (Ed 2.33; Ne 7.37). Ono ficava localizada em um vale conhecido por “Vale dos Artífices” (Ne 11.35). Neemias 6.2 refere-se a aldeias na planície de Ono. O local moderno chama-se Kefr ‘Ana, a onze quilômetros a sudeste de Jope. Os registros egípcios do tempo de Tutmés III (1490 a.C.) trazem o nome desse local como Unu. Nos dias de Josué era uma cidade murada e fortificada, um dos muitos obstáculos que os israelitas tiveram de enfrentar ao invadir a Palestina. Champlin afirma que o plano de Sambalate, Tobias e Gesém era de assassinar o líder judeu, Neemias. Eles mandaram dizer a Neemias: “Vem falar conosco sobre tal questão”, como quem procurava uma conciliação. Mas Neemias sabia (por intuição natural ou por alguma iluminação da parte de Deus) que eles estavam planejando matá-lo. O local de encontro era o vale de Ono (visto acima). Talvez Ono tenha sido selecionado como local do convidado para o encontro, porquanto a área por muito tempo, tinha sido um distrito neutro governado diretamente pela Pérsia, não fazendo parte das províncias da Filistia, da Judéia ou de Samaria. Tais “reuniões inocentes” era um ardil comum para o assassinato de um inimigo (Jr 41.1-3). Aquilo que no capítulo 4 não passava de zombarias e ameaças agora se transformara em uma guerra de nervos, com perigos fatais ocultos. Neemias venceu devido à sua coragem, paciência e fé. Ele estava sob uma provação pessoal. Neemias teve a cortesia de dar resposta aos seus traiçoeiros convidadores. Ele enviou mensageiros desculpando-se de que não tinha tempo para tal reunião, porquanto não podia deixar a grande obra que estava fazendo meramente para ter uma conversa com eles. Se ele atendesse ao convite, o trabalho cessaria, e isso seria intolerável para Neemias. Foi dessa forma que Neemias tratou finamente com seus inimigos, conforme tinha (presumivelmente) sido sutilmente tratado por eles. Ele não expressou seus temores de um conluio de assassinato. Ele simplesmente “não tinha tempo” para deixar o trabalho. Neemias possuía tanto discernimento quanto determinação: recusou-se a ser influenciado por suas ofertas repetidas (Ne 6.4; Ne 4.12). Se aquela oferta não era certa da primeira vez, continuaria sendo errada na quarta ou na quinta vez, e não havia motivo algum para reconsiderá-la. As decisões que se baseiam somente em opiniões podem ser reconsideradas, mas decisões que se baseiam em convicções devem ser mantidas, a menos que essas convicções mudem. De outro modo, a decisão transforma-se em indecisão, e o líder que deve ser um marco indicador torna-se um cata-vento. Vale ressaltar que aqueles que se encontra em cargos de liderança espiritual não está sujeito apenas às pressões que todos os líderes sofrem, mas também deve lutar contra um inimigo infernal, um grande enganador e um assassino. Satanás aparece como uma serpente que engana ou como um leão que devora (2Co 11.3; 1Pe 5.8), e os líderes cristãos devem estar alertas e espiritualmente equipados para fazer frente a esse inimigo. Se Satanás consegue derrotar um líder cristão, pode enfraquecer um ministério inteiro e desabonar a causa de Cristo. O maior propósito do inimigo era fazer brotar o medo no coração de Neemias e de seus trabalhadores (Ne 6.9, 13,14,19), sabendo que esse medo destruiria sua fé e paralisaria sua vida. Neemias demonstra mais uma vez a firmeza de propósitos mesmo diante de tão grande pressão inimiga. Harry Truman escreveu em Mr. Citizen [Sr. Cidadão]: “Se você não é capaz de suportar o calor, fique longe do fogo!”.

2 – TÁTICAS PARA VENCER OPOSITORES
O servo de Deus pode desempenhar o menor dos trabalhos na obra do Senhor, porém sempre será um alvo de ataques do inimigo. Ele sempre direcionará seus canhões para o cristão ativo no trabalho do reino.
Paulo afirma que: “Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados; perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos” (2Co 4.8-9). Champlin explica que a palavra “perseguidos” no texto significa “excluídos”, “expulsos”, “caçados”, dando a entender a oposição do mundo contra o evangelho. Paulo sofrera ameaça mortal na Ásia Menor, em Éfeso, a ponto de ter ele desesperado da sobrevivência. Contudo, os trechos da 2ª carta de Coríntios 10.10, 11.23-29 e 12.7 mostram-nos que situações drásticas não eram incomuns para a sua experiência. Ele foi destacado para ser pessoalmente atacado por indivíduos e por multidões, tendo sido formulados muitos complôs contra a sua vida. As perseguições psicológicas não eram menos violentas. Foi tachado de herege pelos judeus, e até mesmo pelos cristãos legalistas. Na igreja havia aqueles que se opunham à sua autoridade e difamavam o seu nome, mas ele sempre foi capaz de dizer: “Mas o Senhor me assistiu e me revestiu de forças…” (2Tm 4.17). Com frequência Paulo foi perseguido no campo de batalha, mas sempre sobreviveu para combater outro dia, pois a sua vida estava pautada na confiança em Deus e na oração constante. Todos que desejam vencer as diversas investidas do inimigo contra a sua vida e ministério, devem também se espelhar em uma vida de confiança plena em Deus e oração permanente.

2.1 – Discernimento, uma importante arma de defesa
O conceito de “Discernimento” em um dicionário formal é: “o ato de discernir ou fazer uma apreciação em relação a algo. É sinônimo de critério, escolha, reflexão.” Esta palavra tem origem no latim “discernere”, que significa colocar de parte, dividir ou separar. Discernir é conhecer ou ver distintamente, avaliar, fazer a distinção entre duas ou mais coisas. No âmbito teológico, “Discernimento” está associado a virtude espiritual e significa ter a capacidade de distinguir entre o que é certo ou errado, verdadeiro ou falso na área espiritual. A pessoa que tem discernimento espiritual sabe a diferença entre o que vem de Deus e o que não vem. Ainda podemos considerar que o “Discernimento” é a capacidade para compreender o que é bom ou ruim, o que é certo ou errado, o que é sensato ou irresponsável. Quem tem discernimento não cai facilmente em armadilhas, porque consegue ver a intenção por trás de ações e palavras (Pv 20.5). Paulo escrevendo aos Coríntios afirmou: “Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente. Mas o que é espiritual discerne bem tudo, e ele de ninguém é discernido. Porque quem conheceu a mente do Senhor, para que possa instruí-lo? Mas nós temos a mente de Cristo” (1Co 2.14-16); é qualidade e atributo daqueles que são de fato espirituais. Devemos considerar ainda o discernimento como dom do Espírito Santo (1Co 12.10). Donald Stamps diz tratar-se de uma dotação especial dada pelo Espírito Santo, para o portador do dom discernir e julgar corretamente as profecias e distinguir se uma mensagem provém do Espírito Santo ou não (1Co 14.29; 1Jo 4.1). No fim dos tempos, quando os falsos mestres (Mt 24.5) e a distorção do cristianismo bíblico aumentarão muito (1Tm 4.1), esse dom espiritual será extremamente importante para a igreja. No caso de Neemias, ele possuía o discernimento como virtude de sua vida e comunhão com Deus. Aos que assim procedem, isto é, os que possuem discernimento das coisas, são considerados não somente espirituais, mas pessoas adultas e crescidas. O crescimento e a maturidade espiritual de um cristão não são medidos pelo tempo de fé ou pelo tempo de existência, mas pelos frutos que produzem no Reino de Deus (Mt 7.16). Hernandes Dias Lopes afirma que Neemias era um homem maduro espiritualmente e não se encantou nem se intimidou com a proposta de diálogo dos inimigos. Ele discerniu que por trás de tamanha camaradagem, havia uma intenção maligna. Precisamos vigiar e estar apercebidos. Precisamos discernir tanto o rugido do inimigo, quanto sua voz mansa e sedutora.

2.2 – Manter o foco, uma arma indispensável na obra de Deus
De forma simplória, a expressão “ter foco” significa ter um objetivo, estabelecer um planejamento, ser organizado e ter persistência para atingir as metas e alcançar o que se pretende, ou ainda, foco é a concentração em um único ponto, é colocar esforços e atenção naquilo que é fundamental para que seja possível atingir os resultados esperados. Hernandes Dias Lopes diz que Neemias sabia quem era e a importância do que estava fazendo. Quantas vezes os obreiros de Deus se deixam seduzir por coisas menores, por vantagens do mundo e abandonam o seu posto. Os líderes colocam as coisas mais importantes em primeiro lugar. Eles enxergam todas as coisas, mas se concentram nas coisas realmente relevantes. Eles investem seu tempo naquilo que traz o maior retorno.  Charles Spurgeon dizia para os seus alunos: “Se os reis vos convidarem para serdes ministros de Estado, não vos deixeis seduzir, deixando a vossa posição sublime de embaixadores de Deus”. O obreiro de Deus precisa saber três coisas importantes:
1 – Primeiro, saber que está fazendo uma grande obra. Você está envolvido numa obra de consequências eternas. Você é cooperador de Deus. Você está trabalhando na implantação do Reino eterno. Os reinos deste mundo vão cair, mas o Reino que você está implantando vai durar para sempre;
2 – Segundo, saber que a obra requer atenção exclusiva. Neemias diz que não pode parar. O que está fazendo não só é grande, mas vital e sumamente importante;
3 – Terceiro, saber que a obra e prioritária. Neemias não vai deixar o que é mais importante e urgente para atender a algo de menor valor. Um soldado não pode se distrair com negócios deste mundo. Quem coloca a mão no arado, não pode olhar para trás (Lc 9.62).
Neemias não deu ouvido às mentiras do inimigo, pois sempre se manteve focado, isto é, manteve os recursos concentrados naquilo que realmente era o mais relevante para aquele momento. O pastor Adalberto Alves compara as tentativas do inimigo contra Sansão e contra Neemias. O instrumento utilizado no caso de Sansão foi uma mulher chamada Dalila, por quem enamorou-se (Jz 16.4). Por três vezes ela insistiu em saber qual era o motivo de tamanha força, porém Sansão não revelava a verdadeira origem deste poder (Jz 16.6,11,14,15). Do mesmo modo, os inimigos de Neemias perseveraram em investir contra a sua vida e a obra que realizada, porém sem sucesso.  Note que Sansão sempre aparece adormecido após as suas declarações sobre a razão da sua força, até que sucumbiu a última investida do inimigo e então revelou a verdade, adormeceu mais uma vez e foi vencido. Enquanto Neemias resistiu a todas as tentativas do adversário em tentar dissuadi-lo da obra do Senhor, Sansão esmoreceu e se entregou. Não somente precisamos nos manter firmes ante aos ataques do adversário (Tg 4.7), mas sermos também vigilantes, ou seja, mantermos os olhos sempre atentos as manobras malignas. Nossa perseverança e empenho no exercício da obra do Senhor sempre deve ser maior que a do nosso adversário em querer nos fazer parar.

2.3 – Oração, uma arma fundamental par renovar as forças
Uma coisa é orar, e outra coisa é ser constante na oração. Aquele que ora com frequência, é dito ser dado à oração; como aquele que muitas vezes distribui esmolas, é dito ser dado à caridade. De nada nos adiantará ou nos será suficiente, ocuparmos lugares de reconhecido destaque, possuirmos bens e excelente intelecto, termos ou sermos influentes na sociedade, haver recursos poderosos; se nos faltar a oração! Pois é através dela que obtemos as valências realmente necessárias e verdadeiramente efetivas para triunfarmos sobre os mais altos e difíceis obstáculos (Sl 18.29). A oração de Neemias nos revela dois propósitos:
1 – Ele ora para que Deus o impulsione, lhe dê forças e vigor para que realize a obra – “Agora, pois, ó Deus, esforça as minhas mãos” (Ne 6.9);
2 – Ele ora entregando os seus inimigos nas mãos do Senhor – “Lembra-te, meu Deus, de Tobias e de Sambalate, conforme estas suas obras, e também da profetisa Noadias e dos mais profetas que procuraram atemorizar-me” (Ne 6.14).
Na primeira oração, ele reconhece suas limitações e fragilidades, identificando em Deus, o seu estímulo e energia suficientes para lhe fortalecer no meio da batalha. Na segunda, não despreza os ardis dos seus inimigos e os entrega as mãos daquele que é Todo Poderoso (Gn 15.1) para vencê-los por ele. Hernandes Dias Lopes acrescenta-nos que mesmo sendo um líder forte, prático, visionário, ele buscava sempre a força do alto, a direção de Deus. Neemias pede proteção contra os inimigos de fora e de dentro. Há ataques de fora e falsos profetas de dentro. Não podemos resistir os inimigos e ter vitória nessa batalha sem andarmos em sintonia com Deus através da oração. Nossas vitórias, tanto as grandes como as menores, são conquistadas nos bastidores do campo de batalha, isto é, quando estamos de joelhos dobrados diante do nosso grande General – Cristo. Desta forma, o terreno da guerra é apenas um detalhe, um palco onde iremos ser declarados vencedores. Neemias tinha uma vida de intimidade com Deus que se revelava pela vida de oração (Ne 1.4; 2.4) e a oração foi uma arma poderosa que utilizou para vencer as adversidades.

3 – RESISTINDO A INTIMIDAÇÃO
Nosso adversário tem como atributo principal o ódio que ele sente primeiramente do próprio Deus, depois dos seus santos escolhidos e por último, da obra que os mesmos realizam em nome do Senhor e para o Senhor. Neemias enfrentou os seus inimigos e no seu período os frustrou e os venceu. Em nosso tempo, é a nossa vez de lutarmos, frustrá-los e também vencermos em nome de Jesus!

3.1 – Consolidando as conquistas
Ao contrário do que muitos pensam, não estamos em uma colônia de férias, mas em guerra contra o pior inimigo que se possa batalhar. Ele está à nossa volta nos espreitando (1Pe 5.8) e o apóstolo Paulo nos adverte que devemos e precisamos ficar firmes contra as ciladas do diabo (Ef 6.11). A palavra “ciladas” no texto vem do grego “metodeia”, que significa “métodos, estratagemas, armadilhas”. O diabo tem um grande arsenal de armadilhas. Pesquisa meticulosamente nossos pontos vulneráveis. Não hesita em buscar brechas em nossa armadura. Uma das táticas de guerra inimiga é enfraquecer quem está no comando. Antigamente, quando os exércitos se enfrentavam, eles sempre buscavam acertar mortalmente o rei da nação que normalmente estava na batalha, muitos deles no calor da mesma (1Sm 31.7). Matando o rei, o exército se enfraquecia automaticamente, pois a sua referência havia sucumbido. Quando permaneciam na batalha, não possuíam mais a orientação e a voz de comando do seu rei, tornando-se alvo fácil das manobras do outro exército. Desta forma, era comum o exército se dissipar, se entregar ou morrerem combatendo. A obra estava avançada e muito havia feito, porém não estava concluída e enquanto restar um “tijolo”, o inimigo não descansará e mesmo que tudo esteja pronto, ele sempre utilizará de novos métodos para destruir o que está finalizado. Tobias conseguiu fazer alianças com o povo de Deus por meio de casamentos (Ne 13.4-9). Ele tinha influência entre os mais importantes de Jerusalém e usava deste poder para se beneficiar. Os nobres eram traidores (Ne 6.19). Eles faziam altos elogios ao inimigo diante de Neemias, enaltecendo as ações de Tobias. Que boas ações eram essas de Tobias? Qual era a intenção desses nobres? Diminuir Neemias? Enfrenta-lo? Resisti-lo? Ferir-lhe a alma? Neemias sabia qual era o objetivo das cartas de Tobias: atemorizá-lo (Ne 6.19).  Quem teme a Deus não tem medo do inimigo. Neemias temia a Deus, por isso nunca se acovardou diante das bravatas do inimigo (Ne 5.15). A coragem de Neemias não era inconsequente. Ele estava estribado no conhecimento de Deus, no seu caráter virtuoso, na sua motivação pura, na sua obra abnegada. Quando você está fazendo a obra de Deus e enfrentando pressões de fora e de dentro, há uma forte tendência de fugir, de deixar a obra, de abandonar seu posto. Aqueles que em Deus depositam a sua fé, vão em frente e consolidam as suas conquistas.

3.2 – As estruturas de uma liderança eficaz
Temos visto que o inimigo não possui pudores para nos atacar; ele não tem ética, é indecente e indecoroso. Seu trabalho é causar sempre o mal, sempre o pior possível. Para o vencermos é necessário que se ache em nós aquilo que Neemias possuía e serviu como fundamentos para as suas diversas vitórias sobre cada investida dos adversários – caráter, confiança e coragem. Hernandes afirma que as acusações eram mentirosas e levianas. Os inimigos certamente vasculharam e fizeram uma devassa na vida de Neemias. Caso tivessem encontrado alguma coisa, certamente, a teriam explorado. Mas constatando a inocência de Neemias, levantaram falsas testemunhas contra ele, como fizeram com Jesus (Mt 26.60). Neemias desmascara o inimigo: Primeiro, negando as acusações; segundo, afirmando que tudo era invenção do acusador. Se Neemias não fosse um homem integro, faria de tudo para abafar os boatos. Mais tarde tentaram armar uma cilada para Neemias, mas esse líder tinha os olhos bem abertos. A única maneira de resistirmos as ciladas do diabo e usarmos toda a armadura de Deus (Ef 6.10-18). Não deixe brechas na sua vida. Mantenha sua vida limpa diante de Deus e dos homens. Foi o conhecimento da Bíblia que salvou Neemias de cair no engano de um falso profeta. Neemias não era sacerdote nem levita. Ele sabia que não podia entrar no lugar santo sem transgredir a lei. Neemias percebeu que Semaias era um falso profeta porque a sua mensagem não era coerente com as Escrituras (Dt 13.1-5). O conhecimento bíblico de Neemias o salva. O seu caráter continua a falar por ele, pois Neemias compreende que a sua vida é a vida do seu ministério. Ele só pode ficar em pé diante dos homens se permanecer firme diante de Deus. O caráter é mais importante do que o carisma. Importa-nos ser fieis, não importa viver. Os amigos de Daniel disseram: “Se o nosso Deus, a quem servimos, quer livrar-nos, ele nos livrara da fornalha de fogo ardente e das tuas mãos, o rei. Se não fica sabendo, o rei, que não serviremos a teus deuses, nem adoraremos a imagem de ouro que levantaste” (Dn 3.17,18). Ser fiel a Deus é mais importante do que viver. É melhor morrer como um mártir do que viver como um apóstata! Por último, Neemias podia atrair para si os louros da vitória. Ele podia aproveitar o momento para se promover aos olhos do povo. Mas ele reconhece aquilo que até os inimigos são obrigados a confessar: a conclusão da obra é resultado da intervenção de Deus! A forca é de Deus, o livramento vem de Deus e a glória deve ser dada a Deus. O Senhor era sem dúvida a sua inteira confiança – Aleluia!

3.3 – Um caminho traçado por Deus
Nossa caminhada cristã é repleta de entraves, barreiras que certamente causam dificuldades, no entanto, a presença do nosso bom Deus é tão real quanto os obstáculos (Sl 46.1b). Ele garante segurança em nossa vereda, porque “o caminho de Deus é perfeito” (1Sm 22.31). Neemias recebeu de Artarxexes cartas que lhe garantiria atravessar as diversas fronteiras até chegar em Jerusalém com segurança (Ne 2.7,9). Tais cartas simbolizam a proteção divina enquanto caminhamos por entre as perigosas estradas desta vida. Há muitos que se apegam apenas as grandezas dos obstáculos e diante das frustrações e decepções param a sua jornada, esquecendo que cada um deles nos servem como fundamento para o nosso crescimento e conhecimento mais refinado do próprio Deus. Ele sempre sabe o que está diante de nós, bem como, cada dificuldade, sempre contribuirá para o nosso bem (Rm 8.32). Neemias tinha essa visão e esse entendimento e por isso pôde enfrentar o poder da influência política e religiosa que Tobias possuía entre os principais de Jerusalém, incluído aqui até mesmo aqueles que ministravam no Templo. Seus tentáculos eram mais penetrantes que os do próprio Sambalate, pois atingia pontos vitais da vida de todos os judeus. Champlin afirma que laços de família existentes entre o horrendo Tobias e oficiais e operários em Jerusalém davam-lhe um prestígio, que, de outra sorte, ele não teria desfrutado. Tobias, entretanto, tinha-se casado com a filha de Secanias (Ne 3.29), um nobre da família de Ara (Ed 2.5). Ele também conseguiu, com sucesso, fazer seu filho Joanã casar-se com a filha de Mesulão, o qual reparou duas seções das muralhas da cidade (Ne 3.4 e 30). Por meio desses contatos, o homem foi capaz de manipular a outros em proveito próprio, e somente um homem forte como Neemias poderia ter desfeito a influência de Tobias. Em Neemias 6.18-19 demonstra que muitas pessoas em Jerusalém estavam ligadas a Tobias por juramentos de lealdade. Ele as tinha, portanto, em “sua mão”, conforme diz uma moderna expressão idiomática. Aqueles indivíduos leais a Tobias, mas traidores da causa de Jerusalém, tiveram a audácia de contar a Neemias coisas boas acerca de Tobias, mas por trás de tudo estava o desejo de livrar-se de Neemias e de seu projeto sobre a construção das muralhas da cidade. Eles trabalhavam nas costas de Neemias, enviando a Tobias relatórios sobre como Neemias estava agindo, para que pudessem opor-se a ele com maior eficácia. Os nobres judeus, pois, mostraram-se informantes abomináveis contra o projeto de construção. Ademais, Tobias continuava enviando aquelas sórdidas cartas com vistas a atemorizar Neemias e derrubá-lo psicologicamente. Mas coisa alguma funcionou dessa maneira. As muralhas da cidade se completaram e os trabalhos nos portões continuaram. Neemias triunfou, afinal, por que a sua causa era divina e justa!

CONCLUSÃO
Para nós, que servimos a Deus, obstáculos sempre serão transponíveis e o nosso caminho sempre prazeroso, pois temos a certeza que foi o Senhor quem o escolheu para que passássemos por ele, tendo sempre a sua boa companhia para trazer convicções de que ao final, tudo dará certo. Não permita que nada, absolutamente nada interrompa aquilo que esteja desenvolvendo em prol da obra de Deus. Identifique os inimigos internos e externos, arme-se com as armas que dispomos de Deus e confie em seu poder, pois a vitória vem e a celebração ao nome do Senhor também!

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2 comentários:

Anônimo disse...

A Paz do Senhor! Sou professora da EBD e sempre busco neste blog ajuda para complementar minha aula. Sou imensamente grata ao idealizador e ao comentarista das liçoes. São extremamente edificantes e enriquecedoras. Fiquei muito triste a uns meses atras pois não estava mais conseguindo acessar o blog, mas graças a Deus consegui novamente. Deus abençoe grandemente a vida de vocês e derrame sobre vossas vidas graça e sabedoria.

Anônimo disse...

Usei todo esse texto ou artigo como estudo em relação ao que eu estou vivendo na vida espiritual e serviu muito como um auxílio de caminho e reflexão sobre as armadilhas que os inimigos tem colocado em minha vida cristã! Muito obrigado, serviu muito para a edificação e como um guia de vigilância para ter uma caminhada em Cristo com mais stenção, oração e guarda alta perante as flechas que o inimigo tenta nos atingir! Toda honra e glória seja dada ao único e soberano Deus, nosso salvador e que em breve voltará para buscar a sua igreja! Amém!