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O Decálogo: A aliança no Sinai - Comentários Adicionais (Pr. Altevi)


O DECÁLOGO: A ALIANÇA NO SINAI
(Lição 0712 de Agosto de 2018)

TEXTO ÁUREO
As palavras do Senhor são palavras puras, como prata refinada em forno de barro purificada sete vezes." Sl 12.6.

VERDADE APLICADA
Os mandamentos de Deus expressam os Seus propósitos para o povo de Israel.
OBJETIVOS DA LIÇÃO
MOSTRAR que os Dez Mandamentos expressam como o povo deveria viver;
► EXPLICAR os propósitos da Lei;
EVIDENCIAR a atualidade dos Dez Mandamentos.

TEXTOS DE REFERÊNCIA
Êx 20.1 – Então falou Deus todas estas palavras dizendo:
Êx 20.2 – Eu sou o Senhor, teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão.
Êx 20.3 – Não terás outros deuses diante de mim.
Êx 20.4 – Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem em baixo da terra, nem nas águas debaixo da terra.
Êx 20.5 – Não te encurvarás a elas nem as servirás; porque eu, o Senhor, teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a maldade dos pais nos filhos até a terceira e a quarta geração daqueles que me aborrecem.

INTRODUÇÃO
Os dez mandamentos apresentam princípios protetores (Êx 20). Transgredi-los pode complicar a vida do indivíduo ou mesmo destruí-la. Não haverá limites para a quantidade e variedade de orientações necessárias para a vida humana, mas aqueles preceitos apresentam uma seleção essencial. Sendo tão poucos e curtos, trazem temas importantes que não devemos desconhecer nem desconsiderar. Temos ali sabedoria concentrada em poucas palavras. Assim como extraímos do fruto o suco, precisamos ver nos mandamentos princípios e valores. O mandamento, enquanto frase que dispõe sobre direitos e deveres práticos, pode, eventualmente, ser restringido por aspectos linguísticos e circunstanciais.

1. INÍCIO DA ALIANÇA NO SINAI
O Monte Sinai é considerado sacro pelos hebreus, cristãos por ser o lugar onde Moisés recebeu as Tábuas da Lei com os Dez Mandamentos. Segundo a tradição, no vale aos pés do Monte Sinai, Deus falou à Moisés pela primeira vez em uma sarça ardente. O Monte Sinai é um monte evidentemente pleno de ressonâncias. A primeira: o Sinai é o lugar da teofania, da grande manifestação de Deus em seu mistério. “Ao raiar da manhã, houve trovões e relâmpagos. Uma nuvem espessa cobriu a montanha, e um fortíssimo som de trombetas se fez ouvir. No acampamento todo o povo se pôs a tremer” (Ex 19.16). O Monte Sinai é também o lugar da “teologia”, isto é, não só da manifestação, da aparição, mas também da Palavra de Deus e da intimidade com Ele.

1.1. Conceituando o termo Decálogo
Decálogo” é o termo grego usado para definir aquelas “dez palavras” fundamentais que regem a moral bíblica, mas que contêm também os valores éticos gerais e naturais. Claro que o fato que essas “palavras” sejam Palavra de Deus comunidada sobre o Sinai, o monte da aliança entre o Senhor e Israel, dá ao decálogo uma qualidade religiosa radical, confirmada sobretudo pelo primeiro mandamento que tem três fórmulas: teológica (Não terás outros deuses…), pastoral (Não farás para ti ídolos nem alguma imagem…) e litúrgica (Não ti prostrarás diante deles e nem lhes servirás). A seqüência dos preceitos contém imperativos diretos e negativos, tais como: “não faças!”. Na verdade, este è um modo para sublinhar também o conteúdo positivo que essas leis possuem e assim podemos ver aa moral bíblica não unicamente como uma ética do proibido. Poderíamos comentar o primeiro mandamento, sobre o qual todos os outros se apoiam, com as palavras do “Shema”, o “Ouve”, a profissão de fé que todo judeu tem dentro de si: Ouve, ó Israel: Iahweh nosso Deus è o único Iahweh” Portanto, amarás a Iahweh teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma e com toda a tua força(Deuteronômio 6,4-5).

1.2. Os quatro primeiros mandamentos
Os quatro primeiros mandamentos falam sobre os deveres dos seus servos para com Deus. MANDAMENTO 1. “Não terás outros deuses diante de mim.” Êxodo 20:3. O Senhor é o único e verdadeiro Deus. Na realidade, não há outro Deus. O que há é a tentativa de criaturas caídas, em roubar a glória que só pertence a Deus. Muitos estudiosos afirmam que os hebreus só vieram a crer totalmente que o Senhor era o único Deus vivo, no século 8 A.c., na época de Amós. Na atualidade, teologicamente falando, seguimos uma conduta monoteísta, não cultuamos outros deuses. Entretanto, há circunstâncias em que objetos, eventos ou pessoas se tornam tão ou até mais importantes do que Deus pra nós. Torna-se mais importante viver para o que é material, sem se importar com o espiritual. A busca por receber objetos, posses, prosperidades puramente materialistas, através de uma “espiritualidade”, vai se constituir em um tipo de culto ao que é perecível e passageiro. As riquezas também têm se tornado "o deus" de muitos. MANDAMENTO 2. “Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra.” Êxodo 20:4. A idolatria era um pecado gravíssimo. Os povos antigos estavam tão envolvidos com a idolatria, que os ídolos, além de objetos de adoração, também passaram a ser uma espécie de escritura, como um documento que atestava a propriedade das terras onde moravam. Eis um dos motivos porque Raquel, mulher de Jacó, roubou um ídolo de seu pai Labão, ela queria a herança na terra de seu pai. Mas Deus ordenou que os israelitas não poderiam produzir nada que desviasse a adoração ao Senhor. Deus não aceita nenhuma forma de adoração a outro deus. Ele é um Deus zeloso, [do hebraico el ganna], zela pela verdade. Havia uma grande dificuldade dos povos antigos, em entender que Deus é espírito, e que não podiam vê-lo, mas adorá-lo em espírito e em verdade. Este era um conceito elevado, que Jesus viria explicar melhor no seu diálogo com a samaritana. MANDAMENTO 3. “Não te encurvarás a elas nem as servirás;” Êxodo 20:5. Infelizmente, há pessoas que por sua notoriedade, por seus talentos, por suas habilidades em alguma área da vida humana, tornam-se em mitos, em "super-stars". Muitos acabam por idolatrá-los, mesmo que quase sem perceber. “porque eu, o SENHOR teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a iniqüidade dos pais nos filhos, até a terceira e quarta geração daqueles que me odeiam.” Êxodo 20:5 Este texto foi muito usado pelas seitas religiosas do tempo de Jesus, que exageravam a sua interpretação, cuja a teoria da causa e efeito afirmava que as doenças de nascença eram maldições hereditárias, resultado do pecado dos pais. Mas para que essa maldição ocorresse, o texto deixa claro a necessidade de se odiar a Deus, primeiro. “E faço misericórdia a milhares dos que me amam e aos que guardam os meus mandamentos.” (Êxodo 20:6) e veja que se Ele visita a maldade até a terceira e quarta geração, a Misericórdia do Senhor [do hebraico hesed, amor leal] é muito maior do que a sua ira, pois diz logo em seguida que a sua misericórdia se estenderia a milhares de gerações daqueles que são íntegros. Basta então que o homem se arrependa, em nome de Jesus, para quebrar a maldição do pecado. “E se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a minha face e se converter dos seus maus caminhos, então eu ouvirei dos céus, e perdoarei os seus pecados, e sararei a sua terra.” 2 Crônicas 7:14. "Não tomarás o nome do SENHOR teu Deus em vão; porque o SENHOR não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão." Êxodo 20:7. Usar o nome do Senhor Deus em vão [do hebraico shaw'], é utilizá-lo fora do contexto da reverência, com trivialidade ou insignificância, ou citá-lo de forma imprudente ou banal. E há situações em que se usa o nome do Senhor, apenas para se justificar uma opinião ou um julgamento. Quantas guerras já foram e continuam sendo travadas "em nome de Deus"? Quanta discriminação, separação e acepção de pessoas não são feitas em nome da religião? Há muitos que exploram a boa fé das pessoas "em nome de Deus". Usam o precioso e santo nome do Senhor para praticar charlatanismo e curandeirismo, enriquecendo às custas de fiéis inocentes. Mas os que proferem o nome do Senhor em vão, prestarão contas no último dia e o Senhor não os tomará por inocentes. MANDAMENTO 4. "Lembra-te do dia do sábado, para o santificar. Seis dias trabalharás, e farás toda a tua obra." Êxodo 20:8-9. O quarto mandamento era o símbolo da aliança entre Deus e Israel no monte Sinai. A palavra Shabat significa descanso. Todo trabalho, toda obra deveria cessar nesse dia. Durante o Shabat os israelitas adoravam a Deus e relembravam a sua libertação do Egito. Porém, para nós, mais do que falar de um dia separado para que sejamos mais religiosos, o sábado apontava para o descanso que há em crer e confiar na graça salvadora de Jesus pela cruz.

1.3. Mandamentos de relacionamento familiar
Os outros seis, tratam da regulamentação das relações entre os próprios seres humanos. A lei trazia uma proposta de proteção ao homem e a família, mais do que somente uma relação de culto. MANDAMENTO 5. "Honra a teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o SENHOR teu Deus te dá." Êxodo 20:12. No tempo do antigo testamento, não havia aposentadoria. Assim os filhos eram responsáveis pelo cuidado e pelo sustento de seus pais, quando estes ficavam muito idosos e sem condições de trabalhar. Este cuidado era o elemento básico da responsabilidade social entre os hebreus. O termo honrar significa tratar com importância, que indica uma atenção para além do simples sustento material, mas a lei falava também de uma reconciliação profunda dos filhos com a imagem de seu pai e de sua mãe. O fato é que há muitas pessoas que carregam mágoas ou até traumas advindos de suas problemáticas relações com seus pais. É certo que alguns pais podem errar na condução da educação de seus filhos, uns mais, outros menos. Quantas pessoas têm dificuldade de se submeter à autoridade, por causa das lembranças ou dos traumas relacionais com seus pais. Mas Deus afirma que devemos perdoar e compreender nossos pais. E aceitar a correção de um pai ou de uma mãe, é um exercício benéfico para que possamos também receber a correção de Deus pacificamente. Portanto, pacifique as suas lembranças e o seu relacionamento com seus pais. O amor supera em muito as mágoas e os traumas. Não devemos abandonar os nossos pais na sua velhice. Temos o dever de amar aqueles que nos geraram e nos deram a vida. MANDAMENTO 6. "Não matarás." Êxodo 20:13. A lei proibia expressamente o dano mais grave que se pode impor ao semelhante, o homicídio. E nós cristãos não matamos, no sentido literal da palavra. Mas por vezes somos invadidos de hostilidades, energias de violência, impaciências que viajam dentro de nós. E esses sentimentos de ira, quando não controlados, podem levar à palavras injuriosas que "matam" o próximo espiritualmente, ou no nosso coração. Por isso Jesus ampliou o sentido deste mandamento, com as palavras "raca", vocábulo aramaico que quer dizer "néscio", e uma segunda injúria "louco", em sentido moral "ímpio". E este mandamento é de tal subjetividade, que quem se comporta desta maneira, mesmo nunca matando, se torna homicida na alma. "Eu, porém, vos digo que qualquer que, sem motivo, se encolerizar contra seu irmão, será réu de juízo; e qualquer que disser a seu irmão: Raca, será réu do sinédrio; e qualquer que lhe disser: Louco, será réu do fogo do inferno." Mateus 5:22. MANDAMENTO 7."Não adulterarás." Êxodo 20:14. A lei protegia a santidade do matrimônio como uma responsabilidade sagrada. Jesus também neste mandamento, vai mais adiante e proíbe até os olhares voluntários e a cobiça interior. Há que se manter a pureza exterior como também a pureza interior. Temos que nos afastar do que pode colocar em risco a nossa comunhão com Deus. "Eu, porém, vos digo, que qualquer que atentar numa mulher para a cobiçar, já em seu coração cometeu adultério com ela." Mateus 5:28. MANDAMENTO 8."Não furtarás." Êxodo 20:15. Não só da proteção ao direito à propriedade e da proibição ao roubo a lei falava, mas daqueles tentam roubar os sonhos do próximo. Tentam atrapalhar de alguma forma a sua caminhada, prejudicando o seu desenvolvimento material, social ou espiritual. É como se lhe roubassem a própria vida. MANDAMENTO 9."Não dirás falso testemunho contra o teu próximo." Êxodo 20:16. É uma proteção das pessoas contra a calúnia. Quantos não proferem palavras inverídicas contra seus semelhantes, quantas fofocas do tipo "eu ouvi dizer", "tudo indica", prejudicando a imagem e a reputação de alguém, que pode ser totalmente inocente. MANDAMENTO 10. "Não cobiçarás a casa do teu próximo, não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma do teu próximo." Êxodo 20:17. A palavra cobiçar [do hebraico hamad], significa "possuir enorme desejo por". Cobiçar é não só apreciar, mas ter uma vontade egoísta de se apoderar dos bens da outra pessoa. Esse sentimento perverso acaba levando às atitudes de cobiça. A lei demonstra assim, que Deus quer que não só evitemos às práticas malígnas, mas que descartemos todo e qualquer pensamento leviano estabelecidos previamente em nossas mentes.

2. OS PROPÓSITOS DA LEI
Paulo escrevendo Aos Romanos diz: “Por isso, nenhuma carne será justificada diante dele pelas obras da lei, porque pela lei vem o conhecimento do pecado. (Rm 3:20). Um dos principais objetivos da lei consiste em convencer-nos de que somos pecadores. Para que nos convençamos disso, é necessário que conheçamos o significado de pecado. A lei também nos ajuda a compreender isso. A segunda parte do texto diz: Porque pela lei vem o conhecimento do pecado. A palavra “conhecimento” é a tradução do termo grego epignosis, que pode também ser traduzido por “conhecimento preciso e concreto”. Por isso, algumas traduções trazem pleno conhecimento. Veja o quanto a lei é importante: é ela que nos revela o tipo de pessoa que temos sido, diante de Deus. Ao nos revelar essa verdade, presta-nos um grande serviço, pois nos enseja a oportunidade de mudança para melhor.

2.1. A Lei como mestre
O que quer dizer Gálatas 3:24 quando diz que a “a lei nos serviu de aio para nos conduzir a Cristo”? A palavra grega traduzida tutor (paidagogós) significa literalmente ‘conduzir criança’. Designa o homem que acompanhava a criança à escola e no retorno dela. O tutor ou pedagogo entregava a criança ao instrutor. Era seu dever proteger a criança contra dano físico e moral. O pedagogo tinha também autoridade para disciplinar a criança e para instruí-la em questões da conduta. Às vezes, sua disciplina era bastante severa. A Lei dada a Israel era muito semelhante a tal tutor. Servia para controlar a conduta dos israelitas, e, quando acatada, protegia-os contra dano físico e moral. Conforme Moisés disse ao povo: “Se escutares os mandamentos de Yahweh, teu Deus, que hoje te ordeno, de modo a amar a Yahweh, teu Deus, para andar nos seus caminhos e guardar seus mandamentos, e seus estatutos, e suas decisões judiciais, então forçosamente ficarás vivo e te multiplicarás, e Yahweh, teu Deus, terá de abençoar-te na terra à qual vais para tomar posse dela.” (Deu. 30:16) Além disso, a Lei mantinha os israelitas unidos como povo, apesar de serem conquistados e passarem a estar sob domínio estrangeiro. Preservava as condições necessárias para o aparecimento do Messias, protegia a Palavra de verdade de Deus e impedia que a adoração verdadeira fosse totalmente eclipsada e perdida de vista.

2.2. Características distintas do código Hebreu
usaremos o termo Torá para designar os cinco livros de Moisés, especialmente a compilação das leis mosaicas, as 613 disposições, ordens e proibições que mencionamos. a)A Lei pode ser dividida em Dez Mandamentos, que no hebraico são chamadas simplesmente de As Dez Palavras. Eles regulamentam a relação do ser humano com Deus e com seu próximo. b) No código mosaico encontramos também o Livro da Aliança das Ordenanças Civis e Religiosas, que explica e expõe detalhadamente o significado dos Dez Mandamentos para Israel. O código mosaico ainda contém as leis cerimoniais, que regulavam o ministério no santuário do Tabernáculo e, posteriormente, no Templo. Elas tratavam também da vida e do serviço dos sacerdotes. Em conjunto, todas essas disposições, ordens e proibições formam a Lei Mosaica. No judaísmo ortodoxo, além dessas 613 ordenanças, há ainda as leis do Talmude, a transmissão oral dos preceitos religiosos e jurídicos compilados por escrito entre os séculos III-VI d.C. A Torá e o Talmude são o centro da devoção judaica.

2.3. A santidade de Deus em evidência
A santidade de Deus exigia que, para ter uma proximidade, a sua criatura predileta (o homem), deveria ser santo, “Segui a paz com todos e a santificação; sem a qual ninguém verá o Senhor” (Hb 12:14) Os sacrifícios de animais foram ordenados por Deus para que tal pessoa pudesse experimentar do perdão dos pecados. O animal servia como um substituto – quer dizer, o animal morreu no lugar do pecador. Sacrifício de animais parou com Jesus Cristo. Jesus Cristo foi o substituto sacrificial supremo e é agora o mediador entre Deus e os homens (1 Timóteo 2:5). Sacrifícios de animais serviam como um sinal do que estava para vir – o sacrifício de Cristo a nosso favor. A única base sobre a qual o sacrifício de um animal providenciaria perdão dos pecados é o fato de que Cristo iria Se sacrificar pelos nossos pecados, providenciando o perdão que aqueles animais podiam apenas ilustrar e prenunciar.

3. A ATUALIDADE DOS DEZ MANDAMENTOS
O número dez fala de universalidade. Os dez mandamentos não foram dados só para os judeus, mas a toda a humanidade através dos judeus. O decálogo é mais que um código de leis. Antes, é a base do pacto teocrático que separou o povo de Israel como um veículo do favor divino, como um elemento através do qual a mensagem espiritual haveria de ser transmitida. Todos os aspectos da vida estão embutidos nos dez mandamentos. Esse fato nos ensina que não existe o chamado dualismo que é a separação entre o sagrado e o secular. Tudo o que diz respeito a nós é sagrado. Os dez mandamentos não envolvem os deveres dos judeus para com os judeus, mas dos homens para com todos os homens.

3.1. Jesus e a Lei
No registro de Mateus do que é comumente chamado de O Sermão da Montanha, as seguintes palavras de Jesus foram registadas: "Não penseis que vim destruir a lei ou os profetas; não vim destruir, mas cumprir. Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, de modo nenhum passará da lei um só i ou um só til, até que tudo seja cumprido" (Mateus 5:17-18).Neste contexto, "destruir" é colocado em contraste com "cumprir". Cristo veio "... não para destruir, mas cumprir". Isso significa que Jesus não veio a esta terra com a finalidade de atuar como um adversário da lei. Seu objetivo não era impedir a sua realização. Pelo contrário, ele honrou, amou, obedeceu e cumpriu a lei. Ele cumpriu as emissões proféticas da lei sobre Si mesmo (Lucas 24:44). Cristo cumpriu as exigências da lei mosaica de uma obediência perfeita para que uma "maldição" não fosse imposta (veja Gálatas 3:10,13). Neste sentido, o plano divino para a lei vai ter um efeito duradouro. Ela sempre cumprirá a finalidade para a qual foi proferida. Se, no entanto, a lei de Moisés tem a mesma relação (em termos de sua posição) com os homens de hoje como tinha antes de Cristo vir, então ela não foi cumprida, e Jesus falhou em sua missão. Por outro lado, se o Senhor realizou o que Ele veio cumprir e a lei foi realmente cumprida, então ela não é uma instituição jurídica vinculativa para os hoje. Além disso, se a lei de Moisés não foi cumprida por Cristo e, portanto, ainda permanece como um sistema jurídico vinculativo, então ela não é apenas um sistema vinculativo parcial. Pelo contrário, ela é um sistema totalmente obrigatório. Jesus disse claramente que nem um "i ou um til" (representantes das menores marcações do hebraico) passariam até que todas as suas palavras fossem cumpridas. Por conseguinte, nada da lei era para falhar até que tivesse alcançado seu objetivo por completo. Jesus cumpriu a lei. Jesus cumpriu toda a lei. Não podemos dizer que Jesus cumpriu o sistema de sacrifício, mas deixou de cumprir os outros aspectos da lei. Ou Jesus cumpriu todas as obrigações legais, ou nada cumpriu. O que a morte de Jesus significa para o sistema de sacrifício também significa para os outros aspectos da lei.

3.2. O Decálogo na visão paulina
Vamos fazer um paralelo para analisar a visão de Paulo em Romanos frente ao que Jesus mensionou em Mateus 5.17: “Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas; não vim para revogar, vim para cumprir”. Paulo afirmou: “Porque o fim da lei é Cristo, para justiça de todo aquele que crê”. (Romanos 10:4). Muitos acham que este verso de Romanos refere-se a abolição da Lei; mas estudando-o em sua língua original, veremos que ocorre o contrário: este texto é uma forte evidência da validade da lei. A palavra “fim” neste texto vem do grego “Telos” e significa “alvo, objetivo”. Esta é a mesma que aparece em I Pedro 1:9: “Obtendo o fim (Telos) da vossa fé: a salvação da vossa alma”. Será que a Bíblia está dizendo aqui que a fé teve um fim, ou que não precisamos mais ter fé para sermos salvos? Claro que não! Seria uma heresia tal afirmação. De acordo com o original grego, a tradução correta deste texto é: “Obtendo o alvo (ou objetivo) da vossa fé: a salvação da vossa alma”. Portanto, a tradução correta de Romanos 10:4 é: “Porque o alvo (objetivo) da Lei é Cristo, para justiça de todo aquele que crê”. Isto nos ensina que, o objetivo da Lei não é nos salvar, mas nos aproximar de Cristo, através da obediência por amor (João 14:15). Este verso confirma a validade da lei de Deus, pois diz que a lei tem um objetivo: nos conduzir a Cristo, que nos salva.

3.3. Os Dez Mandamentos e a Igreja
Jesus não veio abolir os mandamentos de Deus, temos provas que Ele não somente ensinou como também deu maior significado às ordenanças divinas. (Mt 5:17-19, 27,28,31,32; 15:3-6; 19:8,9). A Lei de Deus indica a compreensão do que é pecado, ou seja, por meio dela vem o conhecimento do que é errado. Por várias razões a Bíbia mostra de forma nítida que os Dez Mandamentos estão todos validados e continuam em vigor em todo o Novo Testamento, e que a igreja ainda hoje, exatamente, por estar debaixo da Graça, ainda observa os mandamentos, elevando a um nível espiritual, o que permite, por exemplo, não guardar um sábado físico, mas sim espiritual, onde podemos oferecer, semanalmente, um dia ao Senhor fazendo dele, o sábado de serviço a Deus. Podemos notar com muita clareza qual o tratamento dispensado por Jesus à lei de Deus. Ele não a deixou em segundo plano, mas soube mostrar a sua importância para a vida do crente. Um exemplo é a questão do divórcio: dentro da antiga tradição judaica, o homem podia repudiar sua mulher por qualquer motivo, até mesmo por acha-la feia. (Dt 24:1) Jesus então afirma que somente em caso de prostituição é que um homem pode deixar sua mulher. O sétimo mandamento foi ensinado, confirmado e ampliado. Jesus quando foi interrogado sobre a vida eterna, a resposta que deu ao homem rico é esta: “Se queres entrar na vida, guarde os mandamentos”. (Mt 19:16,17). Foi a primeira resposta dada por Jesus. Perguntarão alguns: Se é assim, então por que Jesus não mandou o moço guardar o sábado? A resposta é simples: Jesus apenas citou os mandamentos relacionados com o próximo. (Mt 19:18,19) Se ele não amasse o próximo, não estaria em condições de amar a Deus.

CONCLUSÃO
Entendemos então que, o decálogo, foi instituido para toda a raça humana em todos os séculos, a partir da instituição dele, o domínio do pecado não pode mais ter autoridade sobre a sua vida. Uma nova forma de vida precisa renascer tal e qual era antes mesmo de você vir ao mundo: Puro! Assim sua alma deve bradar todos os dias: “Eis aqui o meu corpo ‘onde abundou o pecado’, agora superabundando a graça de Deus!”. O único resquício restante deste tempo devem ser as lembranças, tais e quais as cicatrizes que Cristo fez questão de fazer permanecer em seu corpo, eternizando uma experiência vencedora em relação ao seu passado, época dos prejuízos sofridos em torno de uma vida fora dos padrões espirituais exigidos pelo Senhor.Romanos 6.21 diz – “Que fruto colheram então das coisas das quais agora vocês se envergonham? O fim delas é a morte!”. O texto em Romanos 6.6 diz: “Pois sabemos que o nosso velho homem, foi crucificado com ele, para que o corpo do pecado seja destruído e não mais sejamos escravos do pecado”.  O pecado traz uma experiência dolorida onde morremos sem perceber através das nossas transgressões, mas quando nos encontramos com a graça soberana de Deus sobre nós, somos lavados dos nossos pecados e cheios de um padrão celestial de vida de onde fluem bênçãos sem medida sobre você e todos os que estiverem à sua volta.  Não existe autoridade por intermédio do pecado, existe autoridade por ser tentando, resistir e vencer.

FONTES BIBLIOGRÁFICAS:
Revista do professor: Jovens e Adultos. ISRAEL 70 ANOS, O chamado de uma nação e o Plano Divino de redenção. Rio de Janeiro: Editora Betel – 3º Trimestre de 2018. Ano 28 n° 108. Lição 07 – O DECÁLOGO: A ALIANÇA NO SINAI.

Bíblia de Estudo Pentecostal, Revista e Corrigida, Traduzida em Português por João Ferreira de Almeida com referências e algumas variantes. Edição 1995.

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COMENTARISTA ADICIONAL:
PR. ALTEVI OLIVEIRA DA COSTA - Servo do Senhor Jesus Cristo, Bacharel em administração de empresas públicas e privadas, Bacharel em Teologia pela FATAD, pós-graduado em administração de cooperativas pela UNB, MBA em cooperativismo de crédito no Canadá, Estados Unidos e Espanha.



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