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O Sacrifício Pacífico - Comentários Adicionais (Pr. Osmar)

O SACRIFÍCIO PACÍFICO
(Lição 04 – 28 de Janeiro de 2018)

TEXTO ÁUREO
E, se a sua oferta for sacrifício pacífico, se a oferecer de gado macho ou fêmea, a oferecerá sem mancha diante do Senhor.” (Lv 3.1).

VERDADE APLICADA
A comunhão com Deus tornou-se possível através do sacrifício realizado pelo nosso Senhor Jesus Cristo.

OBJETIVOS DA LIÇÃO
ENSINAR que a comunhão é o propósito de Deus para os Seus filhos;
INSTRUIR que a gratidão alegra o coração de Deus;
MOSTRAR que a verdadeira paz é alcançada através de Jesus Cristo.

TEXTOS DE REFERÊNCIA
Lv 3.1 – E, se a sua oferta for sacrifício pacífico, se a oferecer de gado macho ou fêmea, a oferecerá sem mancha diante do Senhor.
Lv 3.2 – E porá a sua mão sobre a cabeça da sua oferta e a degolará diante da porta da tenda da congregação; e os filhos de Arão, os sacerdotes, espargirão o sangue sobre o altar em roda.
Lv 3.3 – Depois oferecerá do sacrifício pacífico a oferta queimada ao Senhor: a gordura que cobre a fressura e toda a gordura que está sobre a fressura.
Lv 3.17 – Estatuto perpétuo é pelas vossas gerações, em todas as vossas habitações: nenhuma gordura, nem sangue algum comereis.

INTRODUÇÃO
Embora o sacrifício pacífico exija a presença de animais e envolva derramamento de sangue, sua natureza e caráter não se caracterizam como sacrifícios de expiação. Embora ainda, o caráter e a natureza do sacrifício pacífico apresente semelhança com a oferta de manjares, pois não se tratam de “sacrifícios de expiação”, mas de “oferta de ações de graça” (Lv 2.12; 7.12,16; 23.9-15; Êx 23.16-19), um estudo comparativo entre estes dois tipos de rituais, suas semelhanças se conseguem dissolver rapidamente: Na oferta de manjares, por exemplo, a oferenda era tipicamente de alimentos (Lv 2.1-14; 23.9-15), enquanto que no sacrifício de ofertas pacíficas era de animais (Lv 3.1-6; 7.11-20); na oferta de manjares não havia derramamento de sangue (Lv 2.1-3), já no sacrifício pacífico havia (Lv 3.1-3); na oferta de manjares somos convidados a expressar nossa dedicação, compromisso e gratidão a Deus pela vida e pela provisão diária, enquanto que no sacrifício das ofertas pacíficas somos convidados a exprimir nossa comunhão, louvor, gratidão e regozijo, pelas bênçãos recebidas, livramentos acontecidos e cumprimento de votos ocorridos (Lv 3.12-17,30-31; 7.11-16).

1. UMA OFERTA PARA COMUNHÃO
Os sacrifícios pacíficos são conhecidos no livro de Levíticos, além de oferta pacífica, como ofertas de comunhão. O ritual do sacrifício apresentava em sua natureza o caráter de comunhão, pois o cerimonial se transformava em ocasião de regozijo em que todos: Deus, o sacerdote e o ofertante participavam e se alimentavam do mesmo sacrifício. Significando que o ofertante estava ali exercitando sua comunhão com Deus, com a família sacerdotal e com o povo, já que ele podia convidar outros da comunidade a também participarem da mesa. Assim, cada vez que um israelita decidia oferecer uma oferta pacífica ele tinha não somente a oportunidade de refletir sobre os privilégios de fazer parte do povo de Deus, como também, a oportunidade de confraternizar e dividir os momentos alegres ao redor de uma “mesa” com Deus, com os sacerdotes, e com a comunidade. Nesse sentido, então, o cerimonial constituía, em si, uma espécie de serviço de comunhão. Algo meio que similar à ordenança da Ceia do Senhor, às quais a igreja comemora periodicamente (1 Co 11.23-25).

1.1. A comunhão do adorador
A oferta pacífica representa a comunhão do adorador com o Senhor. Como já dissemos, o ofertante come do sacrifício que pertence ao Senhor. Contudo, antes que qualquer pedaço da oferta pacifica pudesse ser consumida, a gordura tinha de ser queimada como oferta de cheiro suave. Significando que Deus ficava com a melhor parte. A gordura aqui representa a preciosidade de Cristo, a qual apenas Deus pode apreciar na sua totalidade. Hoje, para nós, adoradores, a comunhão é a certeza de que podemos, em Cristo, se aproximar de Deus, sentar-se à mesa com Ele, louvar e adorá-Lo em gratidão.

1.2. Comunhão com Deus
A oferta pacífica representa que a nossa comunhão com Deus se torna possível por meio do nosso Senhor Jesus Cristo. Ela aponta para aquele que é a nossa paz e a nossa comunhão, feito pelo seu sangue derramado na cruz (Cl 1.20). A imposição de mãos na cabeça do animal significa que o adorador e ofertante se faz um com ele (simbolicamente o animal aceitaria participar da natureza do ofertante), assim, como nós só poderemos aparecer diante de Deus e comungar com Ele mediante a “aceitação” de Cristo. Somente por meio de Cristo e pela contemplação de Seu sacrifício é que temos comunhão com o próprio Senhor, com Deus e com os irmãos.

1.3. Comunhão de toda família sacerdotal
Era basilar que os sacerdotes atuassem nos serviços cerimoniais das ofertas, sacrifícios e cultos oferecidos a Deus. Em algumas solenidades as responsabilidades individuais ou coletivas dos sacerdotes podem também representar o papel e a ação coletividade dos cristãos no serviço de comunhão e adoração. Assim, como os sacerdotes exercia importante papel na comunhão do adorador, assim, cada um de nós, individualmente ou coletivamente devemos também contribuir para promover a comunhão de toda família e da comunidade cristã. Esta era a ideia usada pelo escritor de Atos, quando disse: “Diariamente perseveram unânimes no templo, no partir do pão de casa em casa e comiam suas refeições com alegria e singeleza de coração” (At 2.42).

2. UMA OFERTA DE GRATIDÃO
A pior doença da memória não é a amnésia, mas a ingratidão. As pessoas costumam buscar a Deus quase sempre nos momentos difíceis, com a finalidade de pedir. Mas, quantos dedicam momentos de suas vidas em agradecimentos a Deus? Outra importante finalidade pela qual Deus instituiu os sacrifícios pacíficos foi para que o povo não se esquecesse de serem gratos. Por isso, grande parte dos sacrifícios pacíficos era oferecida em caráter de agradecimento por uma necessidade suprida, por oração respondida ou por um voto ocorrido (Lv 7.11-12,15). Em regra, o voto era uma promessa solene de oferecer um presente a Deus em agradecimento pela resposta ao favor solicitado e prontamente respondido por Deus, como: uma libertação, um livramento de morte, de enfermidades ou de aflições, etc (Sl 7.17; 56.12; 107.22; 116.17; Lv 22.18-23). Mas a gratidão não é para ser praticada só quando fazemos um voto, conseguimos uma casa nova, um carro novo, ou quando nos casamos... É para todas as horas. O Apóstolo Paulo é claro: “Em tudo dai graças” (1 Ts 5.18).  

2.1. Gratidão pelas necessidades supridas
Gratidão é uma atitude de reconhecimento pelas necessidades supridas. A começar pela vida temos muitos motivos para ser gratos a Deus: nossa salvação, nossa saúde, nossa casa, nossa família, nosso trabalho, nossos amigos, bem como outros inumeráveis benefícios que vão além de nossas meras necessidades supridas. Não podemos ficar esperando algum culto de gratidão para agradecer a Deus. Precisamos dar graça sempre.

2.2. Gratidão pelas orações respondidas
A Gratidão é uma atitude de reconhecimento também pelas orações respondidas. A Bíblia contem muitos exemplos de pessoas que oraram a Deus, tiveram suas orações respondidas e foram gratos a Deus. Dentre muitos outros podemos citar Ana, Elias, Ezequiel e Daniel (1 Sm 2.1-10; 1 Rs 18.36-37; 2 Rs 19.15-19; Dn 9.3-21). O Apóstolo Paulo era um grande incentivador de não apenas fazer orações, mas também de sermos agradecidos: “Não estejais ansiosos de coisa alguma, mas em tudo, por oração e suplica, junto com agradecimento, fazei conhecer as vossas petições a Deus” (Fp 4.6-7).

2.3. Gratidão pela revelação de Deus
Outra grande razão pela qual a Bíblia nos ensina a ser grato é que Jesus cristo se fez carne a fim de que conhecêssemos o Pai (Jo 1.14,18). Sacerdotes mediavam com sacrifícios. Sangue inocente era derramado em favor de adoradores imperfeitos, injustos e pecadores para poderem ter acesso a Deus. Mas, agora através da revelação de Cristo e de seu sacrifício eficaz, Ele nos permite que tenhamos livre acesso e aproximemos Dele com coração sincero e purificado da má consciência (Hb 10.19-22). Por isso, não devemos apenas estar gratos, devemos ser gratos, pois a partir da revelação gloriosa de Jesus Cristo encontramos a entrada do aprisco e passamos a ter a oportunidade de saber que somos o seu povo e rebanho de seu pasto (Jo 10.2-4). O salmista convida a entrarmos por suas portas com ações de graça e nos seus átrios com hinos de louvor (Sl 100.1-4).

3. UMA OFERTA DE PAZ
Embora os sacrifícios pacíficos fossem em certo sentido como “ofertas de paz”. Não podemos apregoar dizendo que este tipo de sacrifícios tinha como finalidade apaziguar a ira de Deus. A natureza desse sacrifício não é expiatória, mas de ações de graça. Além do mais, o sentido da palavra tem sido motivo de algumas discussões no meio teológico, pois etimologicamente o terno original expressa muito mais “bem-estar” do que necessariamente “paz”. Daí a razão de alguns estudiosos e tradutores usarem a expressão “oferta de comunhão” ao invés de “oferta de paz”. Entendo que em razão desse tipo oferta ser obrigatoriamente oferecidos depois dos sacrifícios de expiação, faz sentido usar aqui a expressão “oferta de paz”, já que o ofertante no momento de sua oferta, já desfruta de plena paz com Deus. Por isso, a oferta além de ser agradável a Deus, proporcionava uma refeição em que Deus e o homem se encontram e se relacionam.

3.1. Paz interior
Paz interior é o estado de se estar espiritualmente em paz consigo mesmo. Ter paz interior não significa que não vamos ter problemas, dificuldades ou inquietações. É possível estarmos no meio de um bombardeio, acusações e questionamentos e ainda assim estarmos em plena paz. A paz de espírito não se evidencia necessariamente em nossos atos serenos e pacíficos, mas principalmente na tranquilidade da consciência e na certeza do coração que está em Deus. Jesus disse: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; mas não a dou como o mundo. Não se pertube nem se intimide o vosso coração” (Jo 14.27). Jesus é a nossa paz.

3.2. Paz com o próximo
A paz é uma virtude cristã e está intimamente relacionado com o fruto do Espírito (Gl 5.22). A Bíblia enfatiza a importância do bom relacionamento e principalmente o cuidado que devemos ter de uns para com os outros. O apóstolo Paulo, por exemplo, escrevendo aos Romanos disse: “Se possível, quando depender de vós, tende paz com todos os homens” (Rm 12.18). O escritor aos hebreus disse: “Segui a paz com todos...” (Hb 12.14). Quando os escritores sacros escrevem sobre a paz, suas intenções é deixar claro que não devemos apenas viver em paz, mas também cultivar e promover a paz com todos no que depender de nós. Devemos empenhar todas as nossas energias para que esse alvo seja alcançado. Jesus impetrou uma bem-aventurança sobre aqueles que são pacificadores (Mt 5.9).

3.3. Paz com Deus
Em Jesus Cristo estamos reconciliados e aceitos por Deus. Essa reconciliação nos traz ao coração um profundo sentimento de paz. Antes de aceitarmos a Cristo como Salvador e Senhor de nossas vidas nossa natureza interna estava um caos e em verdadeira guerra com Deus. Nossa razão em vez de ser guiada pelo conhecimento de Deus escolhe obedecer a uma imaginação corrompida. No entanto, quando aceitamos o sacrifício de Cristo, as coisas dentro de nós passaram a experimentar uma mudança agradável. É a paz com Deus, aquele que excede todo o entendimento (Fp 4.7).

CONCLUSÃO
O sacrifício pacífico na vida do crente israelita permitia que ele estivesse em harmonia com as exigências religiosas e automaticamente gozasse de uma comunhão com Jeová, do mesmo modo o crente em Jesus, além de gozar da salvação pela sua graça, usufrui de plena comunhão Deus. Que possamos oferecer continuamente a Deus sacrifícios de louvor, que é fruto de lábios que glorificam o seu nome (Hb 13.15-16). 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
REVISTA BETEL DOMINICAL: Jovens e Adultos. Levítico – O ministério sacerdotal levítico e sua relevância para a Igreja. Rio de Janeiro: Editora Betel – 1º Trimestre de 2018. Ano 28 n° 106. Lição 04 – O sacrifício pacífico.

MESQUITA, Antônio Neves de. Estudo no Livro de Levítico. 3º Edição. Rio de Janeiro. JUERP, 1980.

COMENTÁRIO BÍBLICO BROADMAN, Tradução de Arthur Anthony Boorne - Volume 2 – Levítico a Rute. Rio de Janeiro. JUERP, 1986.

BÍBLIA DE ESTUDO MATTHEW HENRY. Português. Tradução Elen Canto, Eliane Mariano e outros. Editora Central Gospel Ltda. 1ª Edição. Rio de Janeiro – RJ. 2014.

BÍBLIA DE ESTUDO NVI - Português. Tradução de Nota: Chown, Gordon. Editora Vida.

COMENTÁRIOS ADICIONAIS:
Pr. Osmar Emídio de Sousa - Bacharel em Direito; Bacharel em Missiologia pela antiga Escola Superior de Missões de Brasília; bacharel em Teologia Pastoral, pela FATAD (Faculdade de Teologia das Assembleias de Deus de Brasília).

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