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Lição 09 - Habacuque - O Justo pela fé viverá - Comentários Adicionais (Pr. Éder Santos).

 HABACUQUE - O JUSTO PELA SUA FÉ VIVERÁ

Lição 09 - 27 de agosto de 2023

 

TEXTO ÁUREO
“Eis que a sua alma se incha, não é reta nele; mas o justo pela sua fé viverá.” Habacuque 2.4
 

VERDADE APLICADA
O discípulo de Jesus vence perseverando em oração, confiando e esperando no agir do Senhor, enquanto cultiva um
viver para a glória de Deus.
 

OBJETIVOS DA LIÇÃO
• Apresentar o cenário do profeta Habacuque;
• Explicar que o silêncio de Deus é pedagógico;
• Extrair lições do livro de Habacuque para hoje.
 

INTRODUÇÃO

O profeta Habacuque, além de trazer encorajamento para tempos difíceis, ensina o cristão a alegrar-se no Senhor também nos tempos de dificuldades. 

Comentário Adicional
O livro de Habacuque é diferente dos demais livros dos profetas em seu estilo literário, pois em momento algum há profecias contra esta ou aquela nação ou pessoa em particular, porém o que se pode ver é um diálogo entre o profeta e Deus. Entre seu texto há no capítulo dois a expressão: "O justo viverá da fé", que mais tarde inspiraria o apóstolo Paulo a escrever a mais teológica de suas cartas, a Carta aos Romanos, que posteriormente inspirou também Martinho Lutero na elaboração das 95 Teses "gatilho" da Reforma Protestante.


1. CONHECENDO O CENÁRIO DO PROFETA HABACUQUE
O profeta Habacuque viveu no reino de Judá, aproximadamente 600 a.C. Nessa época havia uma desordem interna entre o povo, foi um período de grandes incertezas morais e espirituais. Ao mesmo tempo, as nações ao redor de Judá estavam em guerra. A Babilônia estava se fortalecendo cada vez mais sobre as grandes potências que eram a Assíria e o Egito.


Comentário Adicional
Habacuque foi um profeta de Deus, contemporâneo de Jeremias e Sofonias. Seu nome é babilônico e significa "Abraçar o Entendimento". Ele é o oitavo dos doze profetas menores. Há um livro com o seu nome no Antigo Testamento da Bíblia com três capítulos, escrito aproximadamente em 607 a.C. Habacuque entendeu quem é Deus e quem ele é em Deus e Deus nele. Ele pôde se alegrar declarando suas convicções de fé no entendimento de quem sabe que Deus sempre está no controle de todas as coisas.

1.1. Conhecendo um pouco mais o profeta

Pouco se sabe sobre a vida pessoal de Habacuque. Segundo os estudiosos, o profeta foi contemporâneo de Jeremias, possivelmente presenciou a morte do rei Josias, passou pelo impiedoso reinado de Jeoaquim, pelo exílio de Daniel na Babilônia, pela deportação do rei Joaquim, e, também, pode ter testemunhado a destruição de Jerusalém, evento sobre o qual profetizou com 20 anos de antecedência.

Comentário Adicional
Discute-se a data em que o livro foi escrito, havendo duas hipóteses: 1. o livro foi escrito pouco antes da queda de Nínive em 612 AC; nessa hipótese, os opressores seriam os Assírios; 2. o livro foi escrito entre a Batalha de Carquemis em 605 AC e o primeiro cerco a Jerusalém em 597 a.C.; nessa hipótese, os opressores seriam os caldeus. Habacuque significa "abraço", e está incluso na subdivisão da Bíblia chamada de Profetas Menores, sendo um livro de apenas três capítulos. Provavelmente tenha sido escrito no século V a.C.. Habacuque nos sugere que observava a sociedade judaica a partir do Templo, onde possivelmente servia como levita, isto é cantor, ornamentador, prontificador do templo (ver Números 3:6-10). Podemos notar que o capítulo três de seu livro é uma canção, sendo que os últimos versos são considerados uma das maiores expressões de fé do Antigo Testamento.


1.2. A mensagem do profeta
Habacuque difere de outros profetas no que diz respeito ao seu comissionamento. Ele é que se dirigiu a Deus com seus muitos questionamentos, por causa disso ele teve uma visão da parte do Senhor e recebe uma profecia que ele deveria anunciar aos seus compatriotas: “Então o Senhor me respondeu, e disse: Escreve a visão e torna-a bem legível sobre tábuas, para que a possa ler o que correndo passa.” [Hc 2.2]. Em suma, a mensagem de Habacuque foi uma mensagem de conserto para o povo da Aliança, mas também de esperança, quando Deus finalmente restaurasse o remanescente de Judá.


Comentário Adicional
O tema central do livro de Habacuque é a questão do sofrimento e da injustiça no mundo e a resposta de Deus a esses problemas. Habacuque questiona por que Deus permite que os ímpios prosperem, enquanto os justos sofrem, e por que Ele utiliza nações injustas, como os babilônios, para executar Seu juízo. A resposta de Deus a essas perguntas é um dos principais ensinamentos do livro: Deus é soberano e tem um propósito maior em tudo o que acontece, mesmo que isso não seja imediatamente aparente aos seres humanos. Deus afirma que, no devido tempo, os ímpios receberão seu castigo, enquanto os justos serão recompensados. A mensagem central do livro de Habacuque pode ser resumida na célebre frase "o justo viverá pela sua fé" (Habacuque 2:4). Essa ideia enfatiza a importância da confiança em Deus e da paciência diante das adversidades.

 
1.3. O ousado questionamento do profeta
O profeta Habacuque não conseguia entender a “demora” de Deus em punir os perversos que oprimiam ao Seu povo e, também, a infidelidade do povo de Deus. Algumas palavras de Habacuque dão a exata ideia do que acontecia naquela sociedade: “violência, iniquidade, opressão, destruição, contenda, litígio, a lei se afrouxa, a justiça nunca se manifesta, o ímpio cerca o justo, a justiça se manifesta distorcida” [Hc 1.2-4]. Ao observar tudo isso acontecendo o profeta se enche de coragem e se dirige a Deus, não com desrespeito ou arrogância, mas com sinceridade de coração, expondo-lhe as dúvidas que lhe angustiavam. Conhecedor do caráter de Deus, sabia que não havia qualquer concordância entre Deus e tudo que ele contemplava: “Tu és tão puro de olhos, que não podes ver o mal, e a vexação não podes contemplar; por que, pois, olhas para os que procedem aleivosamente, e te calas quando o ímpio devora aquele que é mais justo do que ele?” [Hc 1.13].

Comentário Adicional
Uma característica do profeta fica muito clara ao longo do livro: Habacuque era muito questionador. E seu livro já começa com uma indagação: “Até quando, SENHOR, clamarei eu, e tu não me escutarás? Gritar-te-ei: Violência! E não salvarás? Por que me mostras a iniquidade e me fazes ver a opressão?” Hc 1:2-3a. O profeta mostrou um quadro de violência e injustiça em Jerusalém e perguntou até quando aquilo aconteceria com o povo escolhido por Deus. Habacuque pediu por justiça e livramento ao povo, entretanto, a resposta de Deus não foi exatamente o que ele esperava. Primeiramente, Deus concordou com a situação exposta, o povo injusto e violento precisava ser castigado e a determinação de Deus é que fossem seriamente punidos pelos caldeus (Hc 1:5). O povo caldeu era amargo e impetuoso (Hc 1:6), destruíram várias, possuíam o seu próprio direito, ou seja, seguiam as decisões de acordo com as suas vontades e, além disso, faziam de seu poder, um deus (Hc 1:7-11). Vendo a determinação de Deus, o profeta Habacuque tentou mais uma vez interceder pelo povo, questionando a decisão do Senhor. “Não és tu desde a eternidade, ó SENHOR, meu Deus, ó meu Santo? Não morreremos. Ó SENHOR, para executar juízo, puseste aquele povo; tu, ó Rocha, o fundaste para servir de disciplina.” Hc 1:12. Nos versículos 12 a 17 do primeiro capítulo, há uma tentativa do profeta de convencer Deus de aquela decisão não era a melhor para Judá. Ele argumentou mostrando que Deus não poderia destruir seu povo escolhido e, além disso, Deus não usaria um povo ímpio para punir um povo relativamente justo como Judá. O profeta não agiu com arrogância e prepotência, mas esperou para ouvir a resposta de Deus aos seus questionamentos. Entretanto, o Senhor respondeu: “Escreve a visão, grava-a sobre tábuas, para que a possa ler até quem passa correndo. Porque a visão ainda está para cumprir-se no tempo determinado, mas se apressa para o fim e não falhará; se tardar, espera-o, porque, certamente, virá, não tardará. Eis o soberbo! Sua alma não é reta nele; mas o justo viverá pela sua fé.” Hc 2:2-4. E após esta declaração, o Senhor ainda detalhou em 15 versículos (Hc 2:5-20) todas as coisas que ocorreria com os caldeus em virtude daqueles que se excederam na disciplina para com o povo de Deus, profecia conhecida como os cinco ais dos caldeus. Depois de duas respostas de Deus, Habacuque foi iluminado. O Senhor lhe assegurou que a palavra iria se cumprir, mas ele precisava ter fé.


2. O SILÊNCIO DE DEUS
Por que Deus fica em silêncio quando mais precisamos ouvir a Sua voz? Por vezes, por mais contraditório que pareça, são em situações assim como a vivida pelo profeta Habacuque é que há um verdadeiro encontro entre o homem e Deus. O silêncio de Deus também é pedagógico e pode trazer respostas que não se consegue perceber se a aflição superar a fé.


Comentário Adicional
Deus se cala porque Ele sabe o tempo certo para tudo, até para falar conosco. Todo crente passa por tempos quando não ouve a voz de Deus, mas essa fase não dura para sempre. No tempo certo, Deus fala! Deus pode ter muitas razões para se calar em certos momentos. Cada situação é diferente, mas podemos confiar que Deus está no controle (Romanos 8:28). Deus trabalha no silêncio, pois mesmo nos momentos em que Ele cala, está trabalhando nas nossas vidas. De certa forma, o silêncio de Deus também é uma resposta. Muitas vezes, quando Deus se cala Ele está dizendo “espera”. Também pode ser um tempo para aplicar aquilo que já aprendemos de Deus, lembrando as coisas que já ouvimos. Outras vezes, pode ser um sinal que precisamos mudar algo em nós. Mesmo sem saber a razão do silêncio, o tempo quando Deus se cala é um tempo para usar a fé. A fé nos sustenta quando não ouvimos nada (Hebreus 11:1). Cremos que Deus existe e continua trabalhando nas nossas vidas, até quando está calado?


2.1 Até quando?
A pergunta feita por Habacuque com a expressão “até quando” continua sendo feita por diferentes pessoas e em diferentes ocasiões. “Até quando?” é o desabafo daquele que busca uma resposta que o ajude a continuar firme independente das circunstâncias. Somente Deus tem e é a resposta que todos precisam, seja qual for a pergunta. Por isso é imprescindível que num ato de fé e confiança na soberania, no amor e na misericórdia de Deus, entreguemos a Ele, sem reservas, todo e qualquer questionamento que insista em perturbar o coração e fragilizar a fé.


Comentário Adicional

A mensagem de Habacuque nos lembra do livro de Jó, pois trata de um problema parecido: como explicar o sofrimento dos justos? No caso de Habacuque, o profeta começa com a injustiça e violência dominando na sua própria nação. Ele clama a Deus pedindo justiça para proteger as vítimas inocentes: “Até quando, SENHOR, clamarei eu, e tu não me ouvirás? Gritar-te-ei: Violência! E não salvarás? Por que me mostra a iniquidade e me faz ver a opressão? Pois a destruição e a violência estão diante de mim; há contendas, e a questão se suscita. Por esta causa, a lei se afrouxa, e a justiça nunca se manifesta, porque o perverso cerca o justo, a justiça é torcida” (Habacuque 1:2-4). Mas a resposta de Deus assustou o profeta! Deus lhe disse, basicamente, “Você tem razão. Vejo estas injustiças e já estou trazendo os babilônios para castigar este povo rebelde”. Não foi esta a resposta que Habacuque esperava, pois ainda considerava seu povo de Judá  menos ruim que a Babilônia! Habacuque fez uma segunda série de perguntas ao Senhor, choroso como poderia usar uma nação tão má como a Babilônia para julgar seu povo. Disse que Deus estaria se calando e deixando o perverso devorar “aquele que é mais justo do que ele” (Habacuque 1:13). Na resposta divina, o Senhor frisou dois fatos importantes de contraste entre atitudes de pessoas: (1) “o justo viverá pela sua fé” (Habacuque 2:4), um princípio citado várias vezes no Novo Testamento; e (2) “tampouco permanece o arrogante” (Habacuque 2:5). Nesta resposta, Deus cita a soberba da Babilônia, que confiava nos seus ídolos e no seu poder militar, dizendo que traria a justiça contra aquela nação. Mais um fato fundamental é frisado no final do capítulo 2: Deus está no controle! “O SENHOR, porém, está no seu santo templo; cale-se diante dele toda a terra” (Habacuque 2:20). Habacuque aprendeu esta importante lição, e se calou esperando a justiça divina. Sua inquietação e angústia foram atribuídas pela confiança e fé: “O Senhor Deus é a minha fortaleza” (Habacuque 3:19).


2.2 Por que Deus não intervém?
Ao ler o livro de Habacuque, é possível perceber pouco a pouco o quanto esse profeta, corajosamente, expôs sua humanidade. Muitas perguntas e pouco entendimento da ação de Deus sobre questões em que as pessoas O afrontam com seu estilo de vida: “Tu és tão puro de olhos, que não podes ver o mal, e a vexação não podes contem -plar.” [Hc 1.13]. Diante dos acontecimentos que fogem ao entendimento humano e parecem claramente injustos e sem sentido, a impotência aflora e surge naturalmente a pergunta sobre como Deus pode permitir que o mal se alastre. Por que Deus não intervém? A limitação humana é um obstáculo à clara compreensão dos planos de Deus em toda a sua extensão.


Comentário Adicional
Tu és de olhos mais puros do que contemplar o mal – O profeta repete sua queixa (como pensamentos perturbadores estão acostumados a voltar, depois de serem repelidos), a fim de responder mais fortemente. Todo pecado é odioso aos olhos de Deus e, em Sua Santa Sabedoria, Ele não pode suportar “olhar para a iniquidade”. À medida que o homem se afasta de visões repugnantes, a aversão de Deus ao mal é retratada por Ele não ser capaz de “olhar para ele”. Se Ele olhou para eles, eles deveriam perecer Salmo 104: 32 . A luz não pode coexistir com as trevas, fogo com água, calor com frio, deformidade com beleza, sujeira com doçura, nem o pecado é compatível com a Presença de Deus, exceto como seu juiz e punidor. Não podes olhar. Existe toda uma contradição entre Deus e profanidade. E ainda, Portanto , vês a vista, como em Tua vista completa faz o contraste mais forte. Deus não pode suportar “olhar para a iniquidade” ( ?? ), e, no entanto, Ele não apenas faz isso, mas a contempla, a contempla e permanece em silêncio) sim, como parece, com favor, lhes conceder os bens de nesta vida, honra, glória, filhos, riquezas, como diz o salmista Salmo 73:12 ; “Eis que estes são os ímpios, que prosperam no mundo, aumentam em riqueza?” Por que você olha para “aqueles que traem com traição, mantêm a tua língua”, como se fosse uma restrição sobre si mesmo e sobre o seu próprio atributo da justiça, “quando o ímpio devora o homem que é mais justo do que ele?” Salmo 143: 2 “aos olhos de Deus ninguém pode ser justificado;” e, em certo sentido, Sodoma e Gomorra eram menos injustas que Jerusalém e Mateus 10:15 ; Mateus 11:24 ; Marcos 6:11 ; Lucas 10:12 “será mais tolerável para eles no dia do julgamento”, porque pecaram contra menos luz; contudo, os pecados reais dos caldeus foram maiores que os de Jerusalém, e o mal de Satanás é maior que o daqueles que são suas presas.


2.3 Oração como via de intimidade com Deus
Diante do quadro da iminente invasão babilônica, um povo injusto e cruel, Habacuque questiona porque Deus nada fizera [Hc 1.13,17]. Sem obter qualquer resposta, o profeta decide subir a uma fortaleza (torre de vigia) para aguardar uma resposta de Deus, agora, em oração: “Pôr-me-ei na minha torre de vigia…para ver o que me dirá o Senhor.” [Hc 2.1]. Essa atitude foi um verdadeiro exercício de fé. Finalmente o profeta supera seu estado de perplexidade e angústias e toma uma decisão que, de fato, pode mudar todo aquele quadro de expectativas não correspondidas. Ele encontrou na oração uma via de intimidade com Deus. Só então Deus o responde e o convida a aguardar a promessa com esperança, ainda que demore. A resposta de Deus é um convite a viver pela fé [Hc 2.4], até que o livramento de Sua parte chegasse.

Comentário Adicional
O profeta Habacuque recolhe-se e põe-se em guarda. Fiado em suas considerações, Habacuque põe se em guarda por ser um dos atalaia em Israel. Ele espera pela resposta divina e demonstra ansiedade pela resposta que Deus haveria de apresentar as suas queixas. Caso ele fosse interpelado, queria ter uma resposta (v. 1). Habacuque obteve resposta de Deus! Deus ordena que ele a escrevesse sobre tábuas a mensagem, para que as pessoas pudessem ler, mesmo quando passassem correndo, ou seja, em letras grandes (v. 2). O efeito da mensagem causa um trocadilho, visto que, faria quem lesse correr, ou seja: “para que possa correr aquele que a lê”. As tábuas utilizadas eram tijolos de argila, finos como tábuas ou ardósia. Elas eram utilizadas na Babilônia. A primeira resposta de Deus é sobre o tempo em que Deus haveria de cumprir a visão dada a Habacuque (Hc 1:2 e Hc 2:3 ). Após considerar as palavra do Senhor (Hc 3:2 ), Habacuque percebeu que não havia diferença entre os homens de Judá e os incircuncisos caldeus. Os caldeus ajuntavam para si as nações através da força e violência, e o povo de Israel procuravam realizar o mesmo intento através de alianças políticas. Ambos não confiavam em Deus, e atribuíam as suas conquistas as suas estratégias. Os caldeus estratégias militares, e os israelenses, estratégias políticas. Habacuque 2: 4 é citado três vezes no Novo Testamento pelos apóstolos, dada a importância desta visão concedida ao profeta Habacuque (Rm 1:17 ; Gl 3:11 e Hb 10:38 ). Em Romanos Paulo demonstra que através do evangelho o homem descobre a justiça de Deus, visto que o evangelho é poder de Deus para a salvação, ou seja, recebem poder para serem feitos (criados) filhos de Deus pela fé em Cristo (Jo 1:12 -13). Como o evangelho é a palavra da fé, a fé que uma vez foi dada aos santos, temos que o justo viverá da palavra de Deus, ou seja da fé ( Dt 8:3 ; Mt 4:4 ). Habacuque 2: 4 apresenta a mesma ideia de Deuteronômio 8: 3.


3. HABACUQUE PARA HOJE
Embora, inicialmente, Habacuque não conseguisse encontrar qualquer explicação que o ajudasse na compreensão da continuidade da opressão e da prosperidade dos seus inimigos sobre o seu povo, apesar de suas queixas e inconformismo, ele foi capaz de aprender lições que o fizeram ressignificar seu relacionamento com Deus.


Comentário Adicional
O profeta Habacuque havia questionado o Senhor por não considerar que: 

• O povo de Israel era nação rebelde ( Dt 9:6 ); 

• Não foi a justiça de Israel que os fez habitar a terra prometida ( Dt 9:4 ); • Deus não se afeiçoou de Israel e os escolheu por eles terem algum mérito, antes porque o Senhor os amava, ou seja, para fazer cumprir o juramento que foi feito a Abraão (Dt 7:7 - 8); 

• Somente aqueles que circuncidasse o coração, ou seja, que não fossem de dura cerviz, seriam justos diante de Deus ( Dt 10:16 );

• A circuncisão do prepúcio do coração só é possível através da fé (palavra de Deus), e é possível a homens e mulheres, ricos e pobres, judeus e estrangeiros, etc., pois Deus não faz acepção de pessoas.


3.1 Contentamento apesar do sofrimento
Conviver com infortúnios, sofrimentos e provações, apesar de fazer parte da caminhada de todo ser humano, pode levar qualquer pessoa à armadilha da murmuração e da amargura. Habacuque ensina que duas importantes atitudes ajudam a escapar desse caminho de desânimo e desesperança: “…ainda que… Todavia eu me alegrarei no Senhor; exultarei no Deus da minha salvação.” [Hc 3.17-18]. Eis aí a receita: alegria no Senhor e louvor a Deus (exultar). Olhar para Deus e não para as circunstâncias é o segredo de encontrar contentamento apesar do sofrimento.

Comentário Adicional
Nossa confiança deve estar tão concentrada em Deus. Assim, perceberemos claramente que durante as lutas, Ele mesmo nos dará força para prosseguir. Temos de fugir da idolatria. Não podemos confiar em nossa própria fé ou em nossa oração, mas sim naquele que é o Autor da nossa fé e que, por graça, ouve a nossa oração. Habacuque vislumbra a imagem de Deus como um gigante trovão que marcha através da terra para esmagar o pecado e trazer a salvação a Israel. Ele confia que Deus fará isso novamente. A seção final do capítulo 3 (versículos 16-19) revela a paz e confiança de Habacuque em seu ministério profético, independentemente das circunstâncias externas. Ele coloca sua fé em Deus e se alegra Nele, confiante de que a força e a vitória vêm do Senhor. Esta poderosa mensagem de confiança e fé em Deus é uma fonte de encorajamento e inspiração para todos nós hoje.


3.2 O cântico de Habacuque
Finalmente, Habacuque caminha em direção ao reconhecimento da soberania de Deus. O profeta não recebeu uma resposta direta sobre os problemas mencionados por ele, assim como aconteceu também com Jó. O cântico de Habacuque foi escrito mesmo que as mudanças almejadas por ele não tivessem acontecido. As questões sociais que lhe trouxeram tanto incômodo não desapareceram, o nível espiritual do povo não se elevou, as crises socioeconômicas não deixaram de existir, nem a opressão do povo babilônico enfraqueceu ou acabou. Nada naquele cenário foi mudado, a não ser o próprio profeta. Habacuque clama por misericórdia, pelo avivamento da obra do Senhor e sua manutenção ao longo dos anos [Hc 3.2], Foi ele quem experimentou a maior e melhor de todas as mudanças: deixou de ser um homem movido pela angústia e tornou-se um homem confiante na soberania de Deus.


Comentário Adicional
Após receber tão grandiosa e terrível revelação vinda de Deus, Habacuque faz uma maravilhosa oração, em forma de canto, na qual ele clama por misericórdia, pelo avivamento da obra do Senhor e sua manutenção ao longo dos anos. Habacuque então adora ao Senhor exaltando seu grande poder, mas também reconhecendo sua própria insignificância diante de tal grandiosidade, e confessando comovido em seu íntimo e tremendo diante da angústia e desolação que estava por vir. Por fim, em um final emocionante, o profeta se afirma nas promessas de Deus e em seu caráter imutável, se alegrando e declarando sua confiança no Deus da salvação, que sustenta o seu povo, apesar da destruição que se aproximava.

3.3 O justo viverá da sua fé
“Eis que a sua alma se incha, não é reta nele; mas o justo pela sua fé viverá.” [Hc 2.4]. Duas características importantes se encontram nesta declaração. A primeira é que o soberbo confia em si, e a segunda é que o justo vive pela sua fé, ou seja ele afirma a necessidade de o cristão permanecer fiel e viver diferentemente dos padrões impostos pelo mundo. Os servos de Deus não devem promover ou compactuar com a maldade, com a violência, com a ganância, com a libertinagem ou com a idolatria. Ao final de tudo o ímpio será condenado e o justo será preservado por causa da sua confiança no Senhor.

Comentário Adicional
Uma das frases mais significativas da soteriologia neotestamentária, o justo viverá da fé, tem sua origem num pequeno livro profético da Bíblia Hebraica. Habacuque 2:4 é com certeza um dos versos mais importantes da tradição teológica da igreja cristã. Na verdade, trata-se também de um texto extremamente importante para a compreensão do próprio livro de Habacuque, muito provavelmente escrito entre 605-597 a.C. Podemos dizer que este é o texto central da obra do profeta que viu a queda de Judá na ocasião da invasão neobabilônica. Todavia, ainda que pouca gente possa imaginar, Habacuque 2:4 apresenta muitas dificuldades de compreensão nos manuscritos antigos. No entanto, se queremos fazer boa teologia, é necessário que estudemos com atenção as questões linguísticas e teológicas. Vejamos duas alternativas de tradução conhecidas: “Eis o soberbo! A sua alma não é reta nele; mas o justo pela sua fé viverá”. (Versão Revisada – Juerp) “Escreva: O perverso está cheio de orgulho; os desejos dele não são bons; mas o justo viverá pela sua fidelidade”. O texto hebraico de Habacuque (Texto Massorético) diz literalmente no início do versículo: “eis que está inchada”. O verbo traduzido por essa frase é ‘uplâ, aparece na forma plural e não apresenta sujeito. Aparentemente o sujeito caiu da frase, conforme alguns estudiosos. Todavia, por causa do contraste com a outra metade do versículo, observa-se que é necessário que o verbo seja uma referência ao ímpio. Portanto, poucos exegetas duvidam de que o sentido contextual aqui parece ser, em sintonia com as melhores traduções: “o perverso está cheio de orgulho (envaidecido)”. A próxima frase do verso diz literalmente: “sua alma não é reta nele”. É muito provável que o termo “alma” (nephesh), tão rico semanticamente no hebraico, seja uma referência às intenções do perverso. Portanto, “seu desejo não é correto” (ou seja, é mau) capta adequadamente a ideia do original. A parte final do versículo fala do justo. O texto diz literalmente que ele “viverá” pela sua “fidelidade”. É mais difícil especificar o significado exato de “viverá” aqui. Dentre as várias alternativas, no contexto, cabe a ideia mais adequada de “ser preservado, sobreviver”, já que estamos falando da invasão dos babilônios em Judá. No entanto, a frase pode englobar significado mais amplo. Mas, no caso do termo central do texto, “fidelidade” (’emûnâ) há uma grande discussão. Muitas traduções clássicas preferem traduzir o termo hebraico por “fé” (Revisada, Corrigida, Atualizada). A origem da opção “fé” está ligada ao enfoque hermenêutico dado pela antiga versão grega do Antigo Testamento, a Septuaginta (LXX) (pistis). Esse texto grego depois foi citado no Novo Testamento e utilizado no contexto da igreja primitiva. É usado por Paulo (Romanos 1:17; Gálatas 3:11) e pelo autor de Hebreus (10:38). Naturalmente, cada autor neotestamentário faz uso do texto de Habacuque em um novo contexto, adaptando-o para uma nova situação de argumentação. Portanto, é absolutamente plausível e compreensível que o enfoque na fé seja um pouco distinto da ideia original de Habacuque. Isso é até mesmo necessário. Não há dúvida de que no contexto original de Habacuque o sentido do termo é “fidelidade”. Na verdade, nem existe qualquer contradição da ideia, afinal de contas “fidelidade” é a maneira concreta de expressão da “fé”, termo mais abstrato. O pensamento hebraico trabalha com ideias concretas de modo que fé e fidelidade são as duas faces de uma só realidade. Todavia, há outra diferença significativa na Septuaginta, onde aparece um sufixo pronominal de primeira pessoa no substantivo traduzido por “fidelidade”. Parece ter havido apenas uma confusão entre duas letras hebraicas muito semelhantes: um vav e um yod. Assim, em vez de be’emûnatô (Texto Massorético) a Septuaginta leu be’emûnatî. Essa pequena diferença faz com que o texto seja lido de modo diferente. Apesar de pequena, a mudança altera significativamente a mensagem central do profeta. Conforme a Septuaginta, o justo é preservado pela fidelidade de Deus, e não por mostrar fidelidade para com Deus. Assim, a Septuaginta traz: O justo viverá pela minha fidelidade. Essa mudança não é acompanhada pelas citações do Novo Testamento. Todavia, a citação de Hebreus 10:38 apresenta “o meu justo”, uma variação que chama a atenção. Mas, não considera a ideia de o justo viver por “minha fidelidade” (de Deus). Diante de todas essas informações e da peculiaridade dos contextos, devemos seguir o texto hebraico e traduzi-lo à luz das observações mencionadas; assim, chegamos à seguinte tradução: Escreva: o perverso está cheio de orgulho; o desejo dele não é correto; mas o justo será preservado pela sua fidelidade/fé. No uso paulino do texto de Habacuque, pode-se entender a relação entre os dois contextos. Assim como no juízo divino, na ocasião da queda de Judá, o justo seria preservado por sua fé comprovada (fidelidade de quem crê), agora também, com a vinda do Messias Jesus, o mesmo princípio que atuou em toda a história bíblica está em ação. A vida, em seu sentido pleno, tem prosseguimento e continuidade através da confiança e dependência de Deus, manifestada concretamente. Nesse novo contexto, Paulo, para enfatizar o princípio prefere nem explicitar o pronome (desnecessário), afirmando que o “justo viverá pela fé”.

Credito do comentário: Luiz Sayão - escritor, linguista e mestre em Língua Hebraica, Literatura e Cultura Judaica pela Universidade de São Paulo.


CONCLUSÃO
Diante das mazelas que nos cercam, muitos tendem a perder a esperança e a fé em Deus, que tem o controle de todos os acontecimentos. A mensagem do profeta Habacuque nos serve de advertência a sempre mantermos nossa fé na Palavra de Deus, jamais nas circunstâncias.

Comentário Adicional
O profeta foi encarregado de alertar o povo sobre o julgamento iminente de Deus e exortá-los a arrepender-se e voltar-se para Ele. A mensagem de Habacuque é uma mistura de lamentação e esperança, pois ele se preocupa com a justiça de Deus, mas também confia em sua fidelidade e misericórdia. Habacuque nos ensina que a missão de Deus encara a vida real, a presença do mal e as distorções da mentira, mas permanece compromissada com a verdade e com a esperança - servimos ao Deus justo e vivo. A verdadeira vocação profética não se rende aos jogos de poder, manipulação e idolatria. Toda a oração encontrada no capítulo 3 é uma forma de salmo, bastante conhecida por um chamado profético que Habacuque fala diante de Deus. As palavras conclamadas dele é pedindo que Deus fortaleça a esperança no Senhor. São palavras de sabedoria que nos fazem refletir mais sobre quem somos diante do Pai.

COMENTÁRIOS ADICIONAIS
Pr Éder Santos - 
ADTAG SEDE. Mestre em Teologia. Graduado em Teologia. Pós-graduado em Hermenêutica. Especialização em Filosofia da Religião. Coordenador do Curso de Teologia na ISCON.



NAUM - O DEUS DE MISERICÓRIDA E JUSTIÇA - COMENTÁRIOS ADICIONAIS

 NAUM – O DEUS DE MISERICÓRDIA E JUSTIÇA
LIÇÃO 8 – 20 DE AGOSTO DE 2023


TEXTO ÁUREO
“O Senhor é bom, uma fortaleza no dia da angústia, e conhece os que confiam nEle”. Naum 1.7

VERDADE APLICADA
Quando estamos no centro da vontade de Deus, Sua proteção e justiça estão sobre nós.

OBJETIVOS DA LIÇÃO
► Apresentar o cenário da mensagem de Naum.
► Falar acerca da bondade e da ira de Deus.
► Extrair lições do livro de Naum para os nossos dias.

TEXTOS DE REFERÊNCIA
NAUM 1
1. Peso de Nínive, Livro da visão de Naum, o elcosita.
2. O Senhor é um Deus zeloso e que toma vingança; o Senhor toma vingança e é cheio de furor; o Senhor toma vingança com os seus adversários e guarda a ira contra os seus inimigos.
3. O Senhor é tardio em irar-se, mas grande em força, e ao culpado não tem por inocente; o Senhor tem o seu caminho na tormenta e na tempestade, e as nuvens são o pó dos seus pés.
7. O Senhor é bom, uma fortaleza no dia da angústia, e conhece os que confiam nEle.

INTRODUÇÃO

Daniel diz que Deus muda tempos e tempos, coloca reis e depõe reis. Isso me parece ser consistente com todo o tema do livro de Daniel e muitos outros profetas, onde Deus é apresentado como o soberano sobre os reis da terra. Nessa mesma linha está o profeta Naum. Naum deixa claro que Deus está no controle da justiça universal e age com misericórdia e justiça sobre a vida dos que O temem e O buscam. Assim devemos estudar a história, inclusive a moderna, reconhecendo que é Deus quem faz a história. Ela não é produto de forças cegas, porque Deus está no controle soberano de todos os movimentos dos povos e realizará cabalmente a Sua perfeita vontade e justiça entre os homens.


1. O CENÁRIO DA MENSAGEM DO PROFETA NAUM
O profeta Naum traz uma sentença para a iníqua Nínive Capital da Assíria, gerando no povo de Judá uma esperança de justiça da parte de Deus, ao destruir a nação da Assíria que tanto os oprimia e castigava. Foi uma profecia narrada com tanta precisão que, para o leitor que conhece a história hoje, pode até pensar que o que Naum relator já era de seu conhecimento.


1.1. Conhecendo um pouco mais o profeta
Naum significa “consolador”: Seu nome é mencionado na Bíblia uma única vez justamente na introdução de seu livro. De acordo com Naum 1:1, esse livro registra “a visão de Naum, o elcosita”. Não sabemos se Naum escreveu ou ditou as palavras dessa visão, ou se outra pessoa as escreveu. Naum profetizou no século sétimo a.C., aproximadamente na mesma época de Sofonias e Jeremias e Habacuque. Cada um desses profetas relatou seu ponto de vista dos anos subsequentes à conquista de Judá pela Babilônia. A profecia de Naum foi provavelmente registrada no reino de Judá depois de 660 a.C., visto que, provavelmente ele nasceu numa região que pertencia ao reino de Judá. A profecia deve ter ocorrido antes da queda de Nínive, que ocorreu por volta de 606 a.C. 


1.2. Mensagem do profeta
O livro de Naum contém a profecia de que Nínive, capital da Assíria, seria destruída por causa da iniquidade de seu povo. Os assírios tinham conquistado e aterrorizado brutalmente grandes áreas do Oriente Médio no século oitavo a.C., destruindo o reino do norte (Israel) e deportando seus habitantes em aproximadamente 721 a.C. e depois sitiando Jerusalém em 701 a.C. Naum dirigiu uma porção significativa de sua profecia ao povo de Nínive. Essas pessoas não eram as mesmas que tinham se arrependido de seus pecados depois de Jonas ter pregado em Nínive mais de um século antes. O povo de Nínive tinha voltado à iniquidade na época de Naum e suas ações os levaram à destruição. A destruição da Assíria pode ser comparada à destruição dos iníquos que ocorrerá nos últimos dias. Ao estudar os ninivitas tanto da época de Jonas quanto da época de Naum, os alunos vão aprender que, quando o povo abandona o pecado, o Senhor os perdoa; caso contrário, eles serão destruídos. Ao estudarem o livro de Naum, os alunos também vão aprender que Deus Se importa profundamente com Seu povo e não deixará que seus opressores escapem impunes. Os alunos vão aprender também sobre a grande misericórdia que o Senhor demonstra àqueles que confiam Nele.


1.3. O julgamento de Nínive
Deus concede aos seres humanos tempo e oportunidades para o arrependimento. Infelizmente há aqueles que abusam da paciência divina tratando com leviandade a graça recebida. Pensam que sempre terão oportunidades mas uma hora o juízo chega. Naum nos ensina que em sua infinita sabedoria Deus estipula um tempo específico para o julgamento. Nínive havia provado da graça de Deus na pregação de Jonas. Com o arrependimento dos ninivitas, o Senhor suspendeu o juízo. O tempo passou e após um pouco mais de um século uma nova geração preferiu a iniquidade ao invés da retidão. Suas obras foram cruéis, perversas e infectadas de malignidade. Tal comportamento acendeu a ira de Deus Não podemos esquecer que o amor de Deus caminha ao lado de sua justiça. Naum anunciou a Nínive o juízo divino. Deus estava cheio de furor e não trataria o culpado como inocente.


2. A BONDADE E A IRA DE DEUS
Quase todos os profetas, ao longo da Bíblia, trazem uma advertência chamando o povo ao arrependimento, o profeta Naum não foi diferente. O primeiro ponto que devemos destacar é que Deus é bom. Naum 1:7 começa com essa verdade fundamental. Quando enfrentamos tempos difíceis, é fácil questionar se Deus é bom ou se Ele se importa conosco. Mas a Bíblia é clara: Deus é bom e Se importa conosco. Naum 1:7 também nos diz que Deus é um refúgio em tempos de angústia. Ele é um lugar seguro onde podemos nos refugiar quando enfrentamos dificuldades. O Salmo 46:1-3 diz: “Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente na angústia. Portanto não temeremos, ainda que a terra se mude, e ainda que os montes se transportem para o meio dos mares. Ainda que as águas rujam e se perturbem, ainda que os montes se abalem pela sua braveza.


2.1. Consolo e esperança
Segundo Finnis Jennings Dake (1902-1987), o livro de Naum tem 3 capítulos, 47 versículos, 8 perguntas, 5 ordenanças, nenhuma promessa, 72 predições, 46 versículos de profecia, 6 versículos de profecias não cumpridas, 40 versículos de profecias cumpridas e 2 mensagens distintas de Deus (1:2; 2:1). Segundo alguns estudiosos da Bíblia, o livro de Naum, o 34º livro da Bíblia, está relacionado com a décima segunda letra do alfabeto hebraico,  “lamed” (ל), cujo significado é o de “condução”, “ensino”, “direção”. O livro de Naum representaria o conforto, o consolo e esperança para Judá e até para as nações vizinhas, demonstrando que o Senhor protege o Seu povo dos Seus inimigos, conduzindo a história de tal modo que os maus jamais possam vencer os bons. A profecia de Naum proclama que Deus não pode aprovar o pecado, que o pecado deve ser exterminado da Terra. Na crucificação de Cristo, Deus pregou o último prego dentro do caixão do pecado pelo extermínio do Seu próprio Filho. Ver Mt.27.46; 2 Co.5.21. O julgamento final de Deus sobre a impiedade e o mal aconteceu na cruz. Esta é certamente uma razão para uma celebração ainda maior do que aquela feita pela queda de Nínive (Na.3.19). Mas a contrapartida, a maior demonstração da bondade de Deus, é também revelada em Jesus Cristo. Naum proclama que Deus é bom, mas Sua bondade foi trazida ao seu clímax somente em Cristo (Rm.5.6-11). 


2.2- Restauração de Judá
Na 1: 7: “O Senhor é bom, é fortaleza [NVI: refúgio] no dia da angústia e conhece os que nele se refugiam [NVI: Ele protege os que nele confiam]”. Neste versículo, Naum mostra a contraparte de tudo o que escreveu acima, ou seja, para os humildes e tementes a Deus, Ele mostra a Sua misericórdia e o Seu braço forte, onde os que são Dele podem se refugiar nos momentos de angústia. Em Na 1: 12-13: “Assim diz o Senhor: Por mais seguros que estejam e por mais numerosos que sejam, ainda assim serão exterminados e passarão; eu te afligi, mas não te afligirei mais [NVI: Apesar de serem fortes e numerosos, serão ceifados e destruídos; mas, você, Judá, embora eu a tenha afligido, não a afligirei mais]. Mas de sobre ti, Judá, quebrarei o jugo deles e romperei os teus laços [NVI: arrancar as suas algemas]”. Aqui o Senhor traz uma palavra de consolo e esperança para o Seu povo, pois confirma a derrota da Assíria e o livramento de Judá das suas mãos. Ele diz que, embora o exército inimigo fosse numeroso, ainda assim seria exterminado. Em Is 10: 18-19 o profeta diz que o exército assírio era tão numeroso como uma floresta, mas seria consumido pelo Senhor. Houve um período curto de descanso para Israel entre a queda da Assíria (a tomada de Nínive foi em 612 AC) e o domínio Babilônico através de Nabucodonosor (605 AC), pois seu pai, Nabopolassar (626-605 AC), estava envolvido na conquista de outras nações naquele momento e preocupado em estabelecer e firmar o império para ser deixado para seu herdeiro.


2.3. A vitória de Deus
O capítulo 2.1-13 de Naum, apresenta um terrificante quadro da ira de Deus contra Nínive. O Senhor Todo Poderoso declara: “Eis que eu estou contra ti” (v.13). Se Deus é contra Nínive, quem será por ela? Quem defenderá Nínive? O próprio profeta ironiza desafiando Nínive a reforçar sua segurança. Mas nada adianta. Os destruidores aqui são os medos e caldeus. Contra o Deus de Israel não há defesa inexpugnável; toda fortaleza, por mais forte que pareça, será derrubada. Josh McDowell mostra que a profecia se cumpriu exatamente como Naum havia predito. Veja seu livro “Evidências que exigem um veredito” (p.370-379). Nosso Deus é um Deus justo que castiga a iniquidade. Ainda que tardio, o Seu juízo é certo. Portanto, é urgente deixar o pecado e se voltar para Deus, pois Sua paciência não é inesgotável. O nosso Deus não cometeu injustiça, porque a Assíria merecia o castigo. Os atos dos ninivitas tinham em seu cabedal a exploração e crueldade contra as outras nações; Por isso, O castigo será proporcional ao pecado e ninguém se compadecerá dela. Em Naum 3.8-11 o castigo se comparará ao que Nínive fez às cidades de Nô-Amom que é Tebas, uma cidade poderosa do Egito que possuía grandes exércitos (2Cr 12.3); Tebas caiu e foi saqueada pelos assírios; Agora é a vez de Nínive – ela terá o mesmo destino de Tebas e sofrerá o mesmo castigo porque Deus é justo. “És tu melhor do que Nô-Amom ?” (v.8). Quando olhamos para a imponência de algumas nações e dos grandes conglomerados econômicos, ficamos admirados com sua força e grandeza. No entanto, neste mundo, nada é indestrutível. Debaixo do juízo do Rei do Universo tudo vira ruínas. Isto nos ensina a não depositar nossa confiança senão em Deus. Nínive nunca se levantará novamente (Na 3.18-19). Seu lugar foi esquecido e ela só foi redescoberta 2.500 anos depois.


3. NAUM PARA HOJE
Esse livro, que geralmente é negligenciado, fornece explicações importantes para que possamos compreender o passado, o presente e o futuro. Em Naum (como em todos os livros da Bíblia) fica claro que a história não acontece simplesmente; ela é determinada pela vontade e pelo poder de Deus. Aprendemos aqui, que o poder de Deus, bem como a orientação que ele dá à história, estão de acordo com o seu caráter como o Deus da aliança. Ele ordena total submissão em todos os lugares e de todas as pessoas. Rejeitar seu governo leva ao caos. A rebelião desse tipo inevitavelmente evoca o desprazer e a ira divina e resulta em justa retribuição. A paciência de Deus nunca deve ser compreendida como fraqueza. Nenhum pecado ficará sem punição. Por meio de sua palavra dinâmica, ele dita os acontecimentos da História. Desse modo, Naum proclamou a destruição de Nínive. Convidou o seu povo para uma alegre celebração desse acontecimento muito antes que ele ocorresse. Em última análise, não são os poderes deste mundo que determinam o curso da História, mas Deus e somente Deus.


3.1- A justiça de Deus
O que aprendemos acerca da justiça, dos atributos e operações do Senhor? Aqui podemos aprender algo sobre a natureza de Deus e Sua obra soberana na história. Que diz Naum sobre o Senhor? Em Naum 1.1-6, vemos que Ele é Soberano; nesses versículos temos uma descrição do governo de Deus. Todas as nações e todos os povos são sujeitos a Deus. Seu reino domina sobre todos (Sl 103.19). Ver ainda Salmo 99.1. Ele julga as nações (v.2-3). Deus reina em todo mundo e as nações são responsáveis diante Dele. Ele controla todas as forças da natureza (v.3-6). Em Naum 1.7, Deus é quem protege o Seu povo. Naum abre um parêntese de consolação para os israelitas com promessas de descanso e de socorro na opressão. Os que confiam em Deus gozam segurança e paz “O Senhor é bom”. Ao libertar Judá dos assírios, Deus demonstrará mais uma vez Sua bondade para com o Seu povo. Os que confiam no Senhor não precisam temer Porque “o Senhor… é fortaleza no dia da angústia”. Em Naum 1.8-12, Ele é Guerreiro, Aqui já não temos uma mensagem de consolo, mas a verdade de que o infiel sofrerá uma destruição total, nas mãos do Senhor. Naum mostra que o Senhor, e não o rei da Assíria, é o mais poderoso de todos os guerreiros. Os assírios serão exterminados e desaparecerão para sempre. Já em Naum 1.13-15, o Senhor é o disciplinador; O Senhor controla as nações, julgando-as e usando-as como instrumento de disciplina de acordo com Sua vontade. Deus tinha usado os assírios como instrumento de punição de Judá, agora Ele libertaria Seu povo.


3.2. Deus se compadece dos que nEle confiam
Naum 1.7 Diz-se que Deus conhece aqueles que confiam nEle, porque Ele sempre cuida deles, e cuida de sua segurança; em resumo, este conhecimento não é outra coisa senão o cuidado de Deus, ou sua providência em preservar os fiéis” para salvá-los; como Raabe foi salvo quando Jericó pereceu, e Ló do meio da destruição e Ezequias do exército de Senaqueribe. Ele os conhece com um conhecimento individual, sempre presente. Ele diz não apenas: “Ele os terá”, mas Ele sempre “os conhece”. Assim é dito: “O Senhor conhece o caminho do justo” Salmo 1:6; “O Senhor conhece os dias dos retos” Salmo 37:18; e nosso Senhor diz: “Eu conheço minhas ovelhas” Jo 10:14, Jo 10:27; e Paulo: “O Senhor conhece os que são Seus” 2Timóteo 2:19. Deus fala deste conhecimento também no passado, de Seu conhecimento, quando as coisas ainda não eram: “Eu te conheci pelo nome”; ou de bondade amorosa no passado, “Eu te conheci no deserto” Oséias 13:5, “só tu conheci de todas as famílias da terra” Amós 3:2, ao contrário, nosso Senhor diz que Ele dirá aos ímpios no Grande Dia, “Eu nunca te conheci” Mateus 7:23. Que Deus, sendo o que Ele é, deveria tomar conhecimento de nós, sendo o que somos, é uma condescendência tão maravilhosa, que envolve um propósito de amor, sim, Seu amor para conosco, como diz o salmista admiravelmente: “Senhor, o que é o homem que Tu tomas conhecimento dele”? Salmo 144:3.


3.3. A soberania de Deus
Naum reafirma que Deus é o poder acima de todos os poderes; Aquele que mantém o controle dos acontecimentos mundiais e governos. Quando os “os reis da terra tomam posição e os governantes conspiram unidos contra o Senhor e contra o Seu ungido … Do seu trono nos céus o Senhor põe-se a rir e caçoa deles.”(Salmo 2:2-4 NVI). Apesar do poder assírio controlar grande parte do mundo bíblico no século VII aC, os cruéis abusos e a rejeição das advertências proféticas rapidamente encheram sua taça de iniquidade e trouxe a eles o juízo. As bênçãos da liderança vêm com responsabilidades de usar a autoridade e o poder a fim de garantir direitos humanos básicos para o bem de todos. O profeta desconhecido, Naum, lembra os assírios que Deus atenta para as ações das nações. Se as oportunidades de serviço à humanidade são desperdiçadas, então tenha cuidado! A ira divina é lenta, mas os juízos infinitos certamente irão prevalecer.  Em última análise, Deus não somente livrará Seu povo da opressão, mas colocará um fim ao mal para sempre; este nunca se levantará novamente. Mesmo ao passar por injustiças e perseguições, o povo de Deus pode colocar a sua confiança em Sua bondade, porque Ele é “um refúgio em tempos de angústia” (Naum 1:7 NVI).


CONCLUSÃO
Deus é um Deus de Justiça e de misericórdia, quando erramos e buscamos arrependimento genuíno, Ele é fiel e justo para nos perdoar, mas também Ele é Justiça, se não zelamos do temor a Ele e nos mantemos no erro, estaremos fora do Plano Salvífico desse Deus eterno. Sabemos de sua Soberania e que Ele tem controle de todas as coisas, e conhece os que nEle confiam para os abençoar.


NOTAS BIBLIOGRÁFICAS

Revista DE ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL do professor: Adultos. PROFETAS MENORES DO ANTIGO TESTAMENTO, Proclamando o arrependimento, justiça e fidelidade a Deus. Anunciando a esperança da salvação através do Messias. Rio de Janeiro: Editora Betel – 2º Trimestre de 2023. Ano 33 n° 128. Lição 8– NAUM – O DEUS DE MISERICÓRDIA E JUSTIÇA.


Bíblia de Estudo Pentecostal, Revista e Corrigida, Traduzida em Português por João Ferreira de Almeida com referências e algumas variantes. Edição 1995.


Bíblia online Revista e corrigida JFA.

Links:
https://www.churchofjesuschrist.org/study/manual/old-testament-seminary-teacher-manual/introduction-to-the-book-of-nahum?lang=por
https://veredasdoide.com/naum-1-7-o-senhor-e-bom-ele-serve-de-fortaleza-no-dia-da-angustia/
https://adivalparaiso.org/jovens-licao-8-naum-ate-onde-vai-a-paciencia-de-deus/
https://www.searaagape.com.br/explicacao-do-livro-de-naum.html
https://ultimato.com.br/sites/estudos-biblicos/assunto/naum-a-justica-de-deus-vista-na-historia-humana/
https://www.jamaisdesista.com.br/2015/07/naum-1-1-15-em-naum-deus-e-o-soberano.html

COMENTARISTA ADICIONAL:
PASTOR ALTEVI OLIVEIRA DA COSTA - Servo do Senhor Jesus Cristo, Bacharel em administração de empresas públicas e privadas pela Faculdade Católica de Brasília, Bacharel em Teologia pela FATAD- Faculdade Teológica das Assembleias de Deus, pós-graduado em administração de cooperativas pela UNB, MBA em cooperativismo de crédito no Canadá, Estados Unidos e Espanha.

Miquéias - Um viver de acordo com os caminhos do Senhor - Comentários Adicionais

MIQUÉIAS - UM VIVER DE ACORDO COM OS CAMINHOS DO SENHOR
Lição 07 – 13 de Agosto de 2023


TEXTO ÁUREO
"Eu, porém, esperarei no SENHOR; esperei no Deus da minha salvação; o meu Deus me ouvirá" (Mq 7.7).

VERDADE APLICADA

Somos chamados a cumprir a missão de anunciar a Palavra de Deus bo poder do Espírito Santo, com amor e fidelidade ao Senhor.

OBJETIVOS DA LIÇÃO
► MOSTRAR o cenário da mensagem de Miquéias;
► DESTACAR a ganância e a insensibilidade do povo;
► APRESENTAR lições do livro de Miquéias para os dias atuais.

TEXTOS DE REFERÊNCIA

Miquéias 1

1. Palavra do SENHOR que veio a Miquéias, morastita, nos dias de Jotão, Acaz e Ezequias, reis de Judá, a qual ele viu sobre Samaria e Jerusalém.
2. Ouvi, todos os povos, presta atenção, ó terra, em tua plenitude, e seja o Senhor JEOVÁ testemunha contra vós, o Senhor, desde o templo da sua santidade.
3. Porque eis que o SENHOR sai do seu lugar, e descerá, e andará sobre as alturas da terra.
5. Tudo isso por causa da prevaricação de Jacó e dos pecados da casa de Israel; qual é a transgressão de Jacó? Não é Samaria? E quais os altos de Judá? Não é Jerusalém?

COMENTÁRIOS ADICIONAIS DA LIÇÃO


INTRODUÇÃO
O livro de Miquéias tem sido considerado o evangelho da justiça social. Naquele tempo, o povo cumpriam eficazmente o ritual levítico, porém, os ritos eram feitos de forma mecânica, sem vida. Enquanto a liturgia era bem cumprida, o viver justo, a misericórdia e a humildade eram desprezadas (Mq 7.2). Para Miqueias viver de acordo com os caminhos do Senhor seria resultar em justiça social e andar em santidade pessoal com Deus. Mera religiosidade, destituída de justiça e de amor ao próximo, aborrece a Deus (Mq 6.6-8). A mensagem de Miqueias leva-nos a pensar seriamente acerca do tipo de cristianismo estamos vivendo.

1. O CENÁRIO DA MENSAGEM DO PROFETA MIQUÉIAS
O problema do povo a quem Miqueias dirigiu a sua mensagem não era falta de liturgia, mas de uma correta motivação viver no caminho do Senhor de acordo com a Sua vontade. A geração contemporânea do profeta Miqueias até oferecia sacrifícios a Deus, praticando todos os rituais levíticos, mas não sabia o verdadeiro significado do amor a Deus e ao próximo (Mq 6.6-8). Estavam dispostos a oferecer até mesmo o que Deus não exigia deles (Mq 6.7), menos o essencial: sincero arrependimento e mudança de vida. A real medida de uma vida espiritual autêntica não são os sacrifícios, não são os discursos, não são os cultos empolgantes, não são as lágrimas, mas a obediência de coração. Miquéias nos mostra que é possível ser religioso sem ser convertido. Ele foi um homem corajoso, que não teve receio de expor os erros, desafiando seus compatriotas a se arrependerem e a praticarem uma religião sincera e honesta diante de Deus e justa diante dos homens.

1.1. Conhecendo um pouco mais o profeta

Não se sabe muito sobre Miqueias, porém o impacto de suas mensagens foi de grande valor. O significado de seu nome é: “Quem é semelhante a Jeová?” (Mq 7.18). Miqueias, foi contemporâneo de Isaías, profetizou durante os reinados de Jotão, Acaz e Ezequias, reis de Judá (Mq 1.1, Jr 26.18), e de Pecaías, Peca e Oséias, reis de Israel. Ele foi profeta em Judá, reino do Sul (Jr 26.17-19), mas o livro chamado pelo seu nome ocupa-se maiormente com Samaria, capital de Israel, reino do norte. Considerando os últimos anos de Acaz e os primeiros de Ezequias, Miqueias deve ter profetizado entre 735 a.C. e 710 a.C. Portanto, suas palavras proféticas ecoaram antes, durante e depois do ataque da Assíria (2 Rs 15.23-30; 17.1-6). Ele era nativo de Moresete (1.1,14; Jr 26.18) uma comunidade rural localizada a mais ou menos 35 quilômetros a sudeste de Jerusalém. Era um homem simples que representava os camponeses. Suas ilustrações foram quase todas tiradas da vida agrícola (Mq 3.12; 6.15;7.1). Miqueias conseguiu ouvir o grito dos oprimidos e foi para este público especial que devotou a sua vida na tentativa de defendê-los do sistema social exploratório.
 
1.2. A mensagem do profeta
O livro de Miqueias tem como mensagem principal a ira divina sobre os habitantes e líderes de Jerusalém (capital do reino do Sul) e de Samaria (capital do reino do Norte), que haviam rejeitados a Deus e os princípios elementares da justiça social e da misericórdia. O resultado disso é que toda a nação tornou-se moralmente corrompida (Mq 2.1-5; 3; 6.9-16; 17.1-7). Em seus discursos ele destaca o desprezo às leis fundamentais da moralidade social, censurando com veemência a opressão aos pobres e denunciando o colapso da justiça nacional (Mq 1.5; 2.1,2; 3.9-11). A classe rica e poderosa oprimia e explorava os pobres que muitas vezes viviam na linha da miséria; os grandes proprietários de terras contavam com o apoio dos políticos e líderes religiosos corruptos para obter vantagem sobre os que nada tinham. Embora os sacerdotes recebessem seu sustento das ofertas do povo, eram gananciosos e injustos. É interessante notar que os padrões de ocorrência da corrupção da fé no tempo de Miquéias se repetem em nossos dias. Mas, a mensagem de Deus também continua sendo a mesma.

1.3. Os falsos profetas
Miqueias denuncia também os líderes em Israel e seus falsos profetas (Mq 3.11). Fez ainda seríssimos alertas contra a arrogância dos falsos profetas, que aliados ao roubo, à corrupção, inversão dos valores morais e espirituais, levava o povo ao erro e à ruína (Mq 3.2-5). "Meu povo", aqui, não é um termo genérico de ricos e pobres, autoridades e súditos. São os roubados, expulsos de suas casas, desapossados de suas terras e vendidos como escravos... e chegaram a essa situação não só pela cobiça dos poderosos, mas também por obra e graça dos falsos profetas (Mq 3.5-11). Em contraste com esses falsos profetas, Miquéias afirmou ser cheio do Espírito de Deus (Mq 3.8). Assim, ele tinha poder para julgar e para declarar a vontade de Deus ao povo. A atitude de alguns líderes e pregadores de hoje não está tão longe dos falsos profetas da época de Miquéias. É incrível como os padrões de ocorrência da corrupção da fé em sua época se repetem em nossos dias. Para muitos, hoje, o dinheiro e as contribuições recebidas são mais importantes do que falar a verdade. Paulo também condena aqueles que pregam por interesse: “Porque nós não estamos, como tantos outros, mercadejando a palavra de Deus; antes, em Cristo é que falamos na presença de Deus, com sinceridade e da parte do próprio Deus” (2 Co 2.17). A Mensagem de Miqueias e de Paulo é um lembrete de que os líderes devem ser fiéis a Deus e à sua Palavra, para que possam conduzir o povo com sabedoria e discernimento.

2. A GANÂNCIA E A INSENSIBILIDADE
Os governantes e líderes religiosos foram contaminados pelo veneno da ambição, pelo luxo e pelo materialismo a ponto de ignorarem os princípios fundamentais das leis de Deus, bem como seus valores morais e espirituais (Mq 2.1-2; Is 5.18-20). Com coragem e ousadia o profeta Miquéias denuncia a arrogância e a insensibilidade dos poderosos, autoridades e líderes religiosos (Mq 3.11), que se maquinaram ao roubo,  à corrupção e às injustiças sociais. Naquela época, judeus ricos e poderosos, mancomunado com os juízes, sacerdotes e falsos profetas, estavam aos poucos se apossando das propriedades dos camponeses pobres e endividados, comprando-as por preço vil e anexando-as a outras terras já adquiridas. As decisões do judiciário promoviam a injustiça e os profetas não denunciavam o esquema  de corrupção porque estavam envolvidos neste suborno cruel. Com o esmagamento do povo humilde da zona rural, sua alternativa era migrar para a periferia de Jerusalém e de Samaria, onde tinha que trabalhar duramente em subempregos para tentar sobreviver. Isso mostra o nível de crueldade e indiferença destes em relação ao sofrimento do povo.  

2.1. A crise de integridade
Qualquer semelhança com os dias de hoje não é mera coincidência. O profeta Miquéias estava vivendo um tempo de grande crise de integridade em todos os níveis da sociedade. Os fundamentos da moral haviam sido destruídos, a retidão estava escassa e os que estavam no poder eram corruptos (vendiam a justiça e sem nenhuma vergonha!). Estavam todos abertos ao suborno! Os nobres falam de seus desejos de maldade; aqueles que professavam ser religiosos; a Bíblia diz: "O melhor deles é como um espinheiro, que infectava tudo o que tocava". Esta é uma descrição moral dos dias no tempo de Miquéias e também dos últimos dias (2 Tm 3.1-5). Como é difícil crer quando olhamos para o noticiário e somos bombardeados por noticias desanimadoras. São muitas as aflições em momentos de crise. Muitas vezes nos perguntamos, onde está a justiça? E no ápice da crise alguns chegam a se perguntar aonde está Deus? No tempo de Miqueias, quem era para agir não estava agindo... Aonde ele colocou sua expectativa e esperança? Ele colocou sua expectativa em Deus. Miqueias nos encoraja a esperar no Senhor: "Eu, porém esperarei no Senhor; vou esperar no Deus da minha salvação; o meu Deus me ouvirá" (Mq 7.7). Quem espera no Senhor não se decepciona.

2.2. A verdadeira religião
Para os israelitas e judeus a observância do cerimonial e as práticas de sacrifícios constituíam a verdadeira religião (Mq 6.6-7). Mas o profeta Miqueias apresenta elementos essenciais da verdadeira adoração, quando disse: "Ele já declarou a ti, ó ser humano, o que é bom; e que mais o SENHOR pede de ti, a não ser fazer o que é justo, amar a bondade, e andar humildemente com teu Deus?" (Mq 6.8). Pode-se dizer que aqui temos a simplicidade da verdadeira religião. Nesta declaração Miqueias inclui os pontos salientes do ensino dos outros grandes profetas, como Amós, Oseias e Isaías (Am 5.21-27; Is 1.11-17; 29.13; Os 6.6). O Novo Testamento também ilustra como podemos diferenciar os que praticam a religião verdadeira dos que não praticam. Não são as práticas religiosas que salvam uma pessoa, mas sim a graça de Deus que atua pela fé. Mateus diz: “Pelos seus frutos os reconhecerão. Será que se colhem uvas dos espinheiros ou figos dos abrolhos?” (Mt 7.16). Assim como podemos diferenciar uma videira de um espinheiro pelo que ela produz, podemos diferenciar a verdadeira religião da falsa pelos seus frutos.

2.3. Juízo e esperança
A mensagem de Miquéias é primeiramente de Juízo e depois de esperança. A transgressão e os pecados de Israel foram motivos para Jeová sair em julgamento. A mesma violência que praticaram se voltariam contra eles (Mq 2.3-4). Samamria e Jerusalém são aqui a personificação da culpa do seu povo (Mq 1.5; 3.12). Sobre elas devem cair o castigo. O quadro apresentado era de completa destruição. A capital nortista (Samaria) se reduziria a um monte de pedras e os ídolos construídos seriam despedaçados (Mq 1.6.7). Os assírios destruíram Samaria em 722 a.C (2 Reis 17.1-29). Já a capital do Sul, Jerusalém, sofreria o cativeiro babilônico em 586 A.C., como forma de purificação (Mq 3.12; 4.10-13; 6.1.2). Nossos pecados jamais ficarão impunes diante de Deus. Prestaremos contas de nossos atos (Sl 96.13; Ec 12.14; Rm 2.5). Lembremo-nos que Ele esquadrinha nossos corações (Sl 139.1-6). Mas, a ira divina tem prazo de validade. O Senhor está sempre pronto a perdoar o transgressor, pois Seu prazer está na aplicação da benevolência (Mq 7.18). Das cinzas da destruição ressurgiria em Jerusalém um grande centro de adoração. Porém, antes Judá seria humilhada (Mq 4.10). Neste Verso, a imagem que o profeta traz é de uma mulher que sofre com as dores de parto, mas fim da aflição saboreia as alegrias da maternidade (Mq 4.10).
 
3. MIQUÉIAS PARA HOJE
Nos dias de hoje, muito se discute sobre a crise moral e ética que a humanidade enfrenta. A corrupção, a desigualdade social e a falta de compaixão por estar cada vez mais presentes em nossa sociedade. É nesse contexto que podemos encontrar valiosos ensinamentos no livro do profeta Miquéias. Sua mensagem leva-nos a pensar seriamente acerca do tipo de cristianismo que estamos vivendo. As seduções do presente século tem conquistando muitas igrejas e líderes, que estão se distanciando cada vez mais dos princípios bíblicos, fazendo concessões e negociando com a verdade (Gl 1.7-9; Ap. 2.10,15). Mas a verdadeira igreja, em obediência à Palavra de Deus, deve ser rica perante Deus (Lc 12.16-21), e não se fundamentar nas riquezas materiais (Ap 3.17,18). Ao invés de pactuar com a corrupção, deverá denunciá-la, somente assim estará cumprindo seu ministério profético (1 Tm 3.15).

3.1. Esperança em meio à aflição
O Brasil é considerado um país cristão. E como tal, revela em nosso tempo um quadro de desequilíbrio moral, social e espiritual sem tamanho; exploração ilícita dos bens públicos; favorecimento aos membros do alto escalão, etc. E não adianta colocarmos a culpa apenas nos governantes, pois a realidade tem mostrado que os valores nas instituições mais básica da sociedade, como a família, têm declinado bastante. Talvez isso soe ofensivo, mas temos que amargamente admitir que o caráter comportamental de alguns indivíduos na sociedade é parecido com o caráter da classe política governante. De um modo geral, somos um povo corrupto querendo políticos honestos. Quanto ao cenário religioso, temos material crítico de sobra circulando pelos principais meios de comunicação, falando horrores de nós, cristãos. Quantas notícias de pastores e outros líderes envolvidos em roubos, golpes, pedofilia, manipulação da fé, etc. Será que Jesus também não chamaria hoje alguns locais de adoração de “covil de salteadores”? É claro que nem todos são assim. Prefiro encerrar esta lição afirmando que nem tudo está perdido. O Senhor tem mantido um remanescente fiel ao longo das eras. Ainda existem pessoas honestas, sinceras e dignas de crédito. É possível encontrar marcas da bondade de Deus em pessoas e na política das instituições que lideram. Pessoas que tem procurado manter continuamente suas “vestiduras brancas”, marca indelével de quem foi banhado pelo sangue do Cordeiro de Deus. Assim, por mais que o mal se perpetue e mostre sua face mais negra, devemos dizer e fazer como o profeta Miquéias: “Eu, porém, olharei para o Senhor e esperarei no Deus de minha salvação; o meu Deus me ouvirá” (Mq 7.7). Quando Miquéias escreveu essa confissão de fé, parecia não haver esperança alguma para o futuro e, no entanto, para o profeta havia esperança, pois ele conhecia a Deus e confiava inteiramente nele. Não importa quão escuro seja o dia, a luz das promessas de Deus continua a brilhar. Não importa quão confusas e assustadoras sejam as circunstâncias, o caráter de Deus é o mesmo. Temos motivos de sobra para continuar confiando nele!

3.2. Apelo à fidelidade e à justiça
O problema de Judá não era a falta de rituais e sacrifícios, mas de uma verdadeira conversão a Deus. Para Miqueias, a verdadeira adoração manifesta-se na prática de três preceitos: Praticar a justiça, amar a beneficência e andar humildemente perante Deus (Mq 6.8). Este verso é vista por muitos como uma das maiores declarações do antigo testamento. A tradição judaica considerava como sendo o resumo dos 613 preceitos depreendidos da Lei de Moisés. O próprio Jesus chegou a mencionar que eles estavam preocupados em praticar e cumprir pequenos preceitos/rituais e esquecerem do mais importante: "Ai de vocês, mestres da lei e fariseus, hipócritas! Vocês dão o dízimo da hortelã, do endro e do cominho, mas têm negligenciado os preceitos mais importantes da lei: a justiça, a misericórdia e a fidelidade. Vocês devem praticar estas coisas, sem omitir aquelas" (Mt 23.23). A justiça e a misericórdia falam do compromisso horizontal com o nosso próximo; e, a fidelidade, do nosso compromisso vertical com Deus. Isso vale para todos os seres humanos e é paralelo ao ensino de Jesus: "amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a nós mesmo" (Mt 22.37-40).  

3.3. A esperança na misericórdia do Senhor
Esta geração volúvel precisa aprender a se manter firme e constante na obra do Senhor, ciente que tudo o que fazemos para Ele não é vão (1 Co 15.58). Não somos deste mundo, pois Jesus, o Rei dos reis, que nasceu em Belém, já governa sobre nós (Jo 18.36). Ele também é o Bom Pastor, pois entregou Sua vida pelas ovelhas, e as conhece individualmente, chamando-as pelo nome (Jo 10.11-14). Suas ovelhas O obedecem, pois escutam a Sua voz, nela se comprazem, sabem que nEle há vida abundante (Jo. 10.4,10). Nelas vemos um reflexo do que Deus disse a Moisés no Sinai (Êx 34.5-7). Quanto mais conhecemos o caráter de Deus, mais podemos confiar nele para o futuro. Quanto mais conhecemos as promessas e alianças de Deus, mais paz teremos em nosso coração quando as coisas se desintegrarem ao nosso redor.

CONCLUSÃO
As práticas religiosas podem nos levar à sensação de que estamos autojustificados diante de Deus. Isto pode ser perigoso. Cultuar ao Senhor é bom. É  bíblico. Entretanto, para Deus o que realmente importa não é o que realizamos na igreja, mas a nossa vivência com a família, com nossos irmãos, com nossos colegas de trabalho e como tratamos as pessoas na sociedade de um modo geral. Sem um verdadeiro arrependimento e um profundo compromisso com Deus, todas as práticas religiosas não passam de rituais vazios e completamente desprovidos de valor espiritual.

FONTES BIBLIOGRÁFICAS
REVISTA BETEL DOMINICAL: Jovens e Adultos. PROFETAS MENORES DO ANTIGO TESTAMENTO - Proclamando o arrependimento, justiça e fidelidade a Deus. Anunciando a esperança da salvação através do Messias. Rio de Janeiro: Editora Betel – 3º Trimestre de 2023. Ano 33 n° 128. Lição 07 – Miquéias - Um viver de acordo com os caminhos do Senhor.

BÍBLIA. Português. Bíblia de Estudo Matthew Henry. Almeida Revista e Corrigida. Rio de Janeiro. Editora Central Gospel. 1ª Edição, 2014.

REVISTA BETEL JOVENS E ADULTOS. PROFETAS MENORES - Instrumentos de Deus produzindo conhecimento espiritual autêntico. Rio de Janeiro: Editora Betel – 2º Trimestre de 2008. Ano 19 n° 67. Lição 06 – Livro de Miquéias - O perfil do povo que agrada a Deus.

LIÇÕES BÍBLICAS. Jovens e Adultos. OS DOZE PROFETAS MENORES - Advertências e Consolações para a Santificação da Igreja de Cristo. Editora CPAD – 4º Trimestre de 2012. Lição 07 – Miquéias - A importância da obediência.

LINKS CONSULTADOS:
https://pib7joinville.com.br/estudos/entendendo-e-vivendo/2627-miqueias-a-importancia-da-obediencia.html. > Consultado em 27.07.2023.

https://www.luteranos.com.br/conteudo_organizacao/governanca-rede-de-recursos-auxilios-homileticos/miqueias-3-5-12.> Consultado em 29.07.2023.
https://www.theologie.uzh.ch/predigten/pt/a-corrupcao-e-um-virus-poderoso/. > Consultado em 29.07.2023.

COMENTÁRIOS ADICIONAIS
Pr. Osmar Emídio de Sousa. Servidor Público Federal; Bacharel em Direito; bacharel em Teologia Pastoral, pela FATAD (Faculdade de Teologia das Assembleias de Deus de Brasília).

 JONAS - UM ALERTA PARA CUMPRIR O CHAMADO DE DEUS

Lição 6 – 6 de agosto de 2023

TEXTO ÁUREO
E disse: Na minha angústia, clamei ao Senhor, e ele me respondeu. Jonas 2.2a

VERDADE APLICADA
Mesmo que pareça absurdo ou diferente do que pensamos, devemos ser obedientes ao chamado divino.

OBJETIVOS DA LIÇÃO
Apresentar o cenário da mensagem do profeta Jonas;
Estudar acerca da fuga do profeta Jonas;
Extrair lições do livro de Jonas para os nossos dias.

TEXTOS DE REFERÊNCIA
JONAS 1
1. E veio a palavra do Senhor a Jonas, filho de Amitai, dizendo:
2. Levanta-te, vai à grande cidade de Nínive e clama contra ela, porque a sua malícia subiu até mim.
3. E Jonas se levantou para fugir de diante da face do Senhor para Társis; e, descendo a Jope, achou um navio que ia para Társis; pagou, pois, a sua passagem e desceu para dentro dele, para ir com eles para Társis, de diante da face do Senhor.
8. Então lhe disseram: Declara-nos tu, agora, por que razão nos sobreveio este mal. Que ocupação é a tua? E donde vens? Qual é a tua terra? E de que povo és tu?

LEITURAS COMPLEMENTARES

SEGUNDA/Êx 33.19
A misericórdia de Deus
TERÇA/ 1 Sm 15.22
Obedecer é melhor do que o sacrifício
QUARTA/ Sl 40.8
Deleito-me em fazer a tua vontade.
QUINTA/Mt 7.21
Devemos fazer a vontade de Deus.
SEXTA/ At 5.29
Importa obedecer a Deus do que aos homens.
SÁBADO/ Rm 5.20
A maravilhosa graça de Deus.

HINOS SUGERIDOS
205, 253, 283

MOTIVOS DE ORAÇÃO
Ore a Deus por mais misericórdia e compaixão pelo próximo.

ESBOÇO DA LIÇÃO
Introdução
1. O cenário da mensagem do profeta Jonas
2. A fuga do profeta
3. Jonas para hoje
Conclusão

 COMENTÁRIO ADICIONAL 

INTRODUÇÃO
Um profeta foi chamado, uma mensagem ordenada, um povo a ser salvo. Tudo isso definido por Deus. E o que Ele define é feito. Seja de uma forma ou de outra aos nossos olhos, porque, para Deus, tudo o que acontece é de acordo com Seus planos. A História de Jonas nos ensina sobre a misericórdia de Deus e principalmente sobre a soberana vontade de Deus. 

1. O CENÁRIO DA MENSAGEM DO PROFETA JONAS
Um país que está em evidência atualmente, pelo exponencial crescimento, poder bélico e rigidez quanto aos direitos de seus cidadãos, é a China. Apenas cinco religiões estão autorizadas por este país, sendo que o governo interfere até mesmo na escolha de suas lideranças religiosas. Como pregar o Evangelho em um país assim? Foi em um contexto parecido com esse que Jonas foi convocado por Deus para evangelizar.

Nínive era uma das grandes cidades da Assíria e possuía uma conduta que violava os princípios cristãos, como exemplifica o comentário da Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal: Conspirações contra Deus (Naum 1:9); Exploração dos desamparados (Naum 2:12); Crueldade na guerra (Naum 2:12-13); Idolatria, prostituição e feitiçaria (Naum 2:4).

1.1- Conhecendo um pouco mais o profeta
A Bíblia não possui muitas informações sobre Jonas. Descreve que profetizou no reinado de Jeroboão II e que seu pai, Amitai, também era profeta, conforme descrito em 2 Reis 14.25: 
“Também este restituiu os termos de Israel, desde a entrada de Hamate, até ao mar da planície; conforme a palavra do Senhor Deus de Israel, a qual falara pelo ministério de seu servo Jonas, filho do profeta Amitai, o qual era de Gate-Hefer.”
O verdadeiro legado de Jonas foi sua experiência com Deus na pregação do Evangelho na cidade de Nínive.

1.2- A mensagem do profeta
Grande parte das mensagens pregadas hoje falam o que a congregação quer ouvir. Benção material, falas motivacionais e um evangelho sem renúncia, estão entre as mais comuns. No entanto, a mudança e transformação do cristão acontece quando ele reconhece suas fraquezas através do confronto entre sua vontade e a vontade de Deus. O que pode gerar uma necessidade de mudança.

A mudança, no início, é desconfortável e em muitos casos luta contra a própria natureza do homem. O amor e misericórdia de Deus não devem ser utilizados como escudo para uma vida moldada às nossas vontade. Mas sim, o amor e misericórdia devem ser utilizados como ponte para a vontade de Deus. Embora nesse caminho, haja tropeços e necessitemos da misericórdia, o alvo deve ser claro. “Prossigo para o alvo, a fim de ganhar o prêmio do chamado celestial de Deus em Cristo Jesus” (Filipenses 3:14).

A mensagem que Deus ordenou à Nínive é semelhante à direcionada a nós. “Arrependei-vos, porque o Reino dos céus está próximo” (Mateus 3:2). Da mesma forma, Deus convidou aquela cidade a se arrepender, pois seria destruída. Uma mensagem simples, mas cheia de misericórdia e justiça. E principalmente firmada na verdade. O resultado daquela mensagem é o mesmo que acontece em nossas vidas quando seguimos a Cristo. Arrependimento, transformação e salvação. 

1.3- A resistência de Jonas ao chamado
Nínive era uma cidade poderosa e na cultura de seu povo estava enraizada a maldade e práticas divergentes da vontade de Deus. O risco de vida do profeta era evidente, mas ao decorrer do livro temos mais detalhes da sua resistência.

Ao olhos de Jonas a sentença daquela cidade só poderia ser uma, a destruição.  “E orou ao Senhor, e disse: Ah! Senhor! Não foi esta minha palavra, estando ainda na minha terra? Por isso é que me preveni, fugindo para Társis, pois sabia que és Deus compassivo e misericordioso, longânimo e grande em benignidade, e que te arrependes do mal” (Jonas 4:2). Mas conhecendo ao Deus que servia, sabia que Sua misericórdia os alcançaria.

Em certas situações, nós, como cristãos, devemos estar atentos ao nosso julgamento. Por estarmos lutando contra nossos desejos, é perigoso e fácil, nos colocarmos um degrau acima das pessoas que julgamos não estarem corretas e esquecemos que a misericórdia, que nos alcança dia após dia, é a mesma que pode alcançar qualquer pessoa que se arrependa, mesmo que aos nossos olhos seja uma conduta imperdoável.

Esse é um grande ensinamento desta lição. Um profeta que conclamava ao arrependimento, julgou ser competente para definir o limite da misericórdia de Deus. É importante sempre sabermos nosso lugar, que não é por nosso mérito, que somos salvos, mas exclusivamente pela misericórdia de Deus. “As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim; Novas são cada manhã; grande é a tua fidelidade” (Lamentações 3:22-23). 

2. A FUGA DO PROFETA
Jonas traçou um plano e tentou descumprir a ordem de Deus. Mas, é possível fugir da presença de Deus? A Bíblia ensina que não: “Para onde poderia eu fugir do teu Espírito? Para onde poderia correr e escapar da tua presença? Se eu escalar o céu, aí estás; se me lançar sobre o leito da mais profunda sepultura, igualmente aí estás” (Salmos 139:7-8).

2.1- Jonas e o grande peixe
A Bíblia é repleta de situações que desafiam a física e o que é natural. Ou seja, milagres. Machado que flutuou (2 Reis 6:6); O mar que se abriu (Êxodo 14:16); Andar sobre as águas (Mateus 14:26). A história de Jonas é mais uma que expõe o controle de Deus sobre todas as coisas, como está escrito: “Pois nada é impossível para Deus” (Lucas 1:37).

Por que Deus realiza esses milagres? Quando Jesus curou o cego, os discípulos perguntaram quem havia pecado para ele nascesse dessa forma. Jesus responde: “Nem ele pecou nem seus pais; mas foi assim para que se manifestem nele as obras de Deus” (João 9:1-3). Deus manifesta seu poder salvando Jonas da tempestade, livrando-o da morte dentro do peixe e percorrendo o caminho correto para cumprir seu chamado. Tudo isso para manifestar a glória de Deus.

2.2- A segunda chamada de Jonas
Deus convoca Jonas e lhe dá uma missão. Ele foge, tenta esconder-se de Deus. No entanto, a vontade de Deus sempre prevalece. “Na verdade, sei que o Senhor é grande, que o nosso Soberano é maior do que todos os deuses” (Salmos 135:5). A mensagem poderia ser levada por outro Profeta, mas Deus insistiu em Jonas. No final do livro percebemos que Jonas precisava amadurecer seu coração quanto aos inimigos de sua nação.

Nessa história, o arrependimento e mudança foi proposta à nação evangelizada e ao evangelista. A pregação e mensagem tinham como destinatários Jonas e Nínive. Os dois foram moldados e aperfeiçoados. Nínive foi alcançada pela misericórdia de Deus, sendo livre da destruição e Jonas aprendeu que não há limites para o perdão de Deus. A mensagem enviada por Jonas foi a mesma do início, arrependimento e mudança.

2.3- O arrependimento em Nínive
A Bíblia nos mostra duas cidades envolvidas no pecado, porém com finais distintos. Em Gênesis 18, há o relato da intercessão de Abraão por Sodoma e Gomorra. Se ao menos dez justos fossem encontrados, a cidade não seria destruída. No entanto, não havia temor e a cidade foi destruída. “Então o Senhor fez chover enxofre e fogo, do Senhor desde os céus, sobre Sodoma e Gomorra” (Gênesis 19:24).

Já Nínive teve um final diferente. Do menor ao maior, da pessoa com menos recursos até ao rei houve arrependimento e mudança, fazendo com que a misericórdia de Deus livrasse a cidade da destruição. “E Deus viu as obras deles, como se converteram do seu mau caminho; e Deus se arrependeu do mal que tinha anunciado lhes faria, e não o fez” (Jonas 3:10). O arrependimento verdadeiro é visto por meio da mudança. Da mesma forma que o pecado chegou à Deus (Jonas 1:2), o arrependimento de Nínive também chegou (Jonas 3:10).

3. JONAS PARA HOJE
Nosso cérebro a todo momento busca entender a realidade por meio de padrões. Toda atividade ou ação que temos que fazer é mapeada de forma a economizar energia. Por exemplo, toda vez que a gente calça um sapato começa pelo mesmo pé. Isso ocorre para que ele economize energia processando a pergunta: Como calçar um sapato? Por onde começar?

Da mesma forma que ele busca por padrões, toda vez que quebramos o padrão a atenção se volta para a situação, ficando marcada ou seja memorizada. Esse é um dos motivos do porque a história de Jonas é tão conhecida. Ouvir que uma pessoa foi engolida por peixe grande e jogada em outro lugar para levar uma mensagem, quebra toda a lógica que nossa mente está acostumada. Nós, como cristãos, sabemos que é milagre. Uma ação que reflete a soberania de Deus, ou seja, o Seu poder sobre toda a natureza.

Embora não seja uma parábola, sendo uma história real, a história de Jonas vai além de um homem engolido por uma baleia. É uma história de arrependimento, por meio da misericórdia de Deus e demonstra, que através de uma pessoa disposta a levar a mensagem de salvação, pode salvar e mudar o rumo de uma cidade inteira.

3.1- O poder de Deus
Deus faz a tempestade, depois acalma o mar. Um peixe vira refúgio e transporte para o profeta. Uma planta floresce, cresce e morre não obedecendo ao ciclo natural do tempo. Deus demonstra no Livro de Jonas que tem tudo sob seu controle. Tudo poderia ser destruído pela iniquidade do homem. Porém, ao invés da destruição, o livro termina com a salvação e transformação de um povo que seria exemplo para várias gerações. Chegando a ser citada por Jesus como exemplo de arrependimento.

“O povo de Nínive se levantará no Dia do Juízo com esta geração, e a condenará; pois eles se arrependeram com a pregação de Jonas. E eis que aqui está quem é maior do que Jonas” (Mateus 12:41).

3.2- Arrependimento produz mudança
Deus ordena que Jonas entregue a mensagem em Nínive (Jonas 1:2). Porém, ele desobedece (Jonas 1:3). Ao tentar fugir de barco em outra direção, Deus envia uma grande tempestade. Os marinheiros apreensivos lançam seus bens ao mar para aliviar o peso, sem surtir efeito. As suas vidas estão em perigo. Onde está Jonas? Dormindo.

O cristão que é guiado por sua própria consciência pode ser levado em caminho oposto ao desejado por Deus. Nossa consciência pode estar tranquila, mesmo em plena conduta de erro. “Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o poderá conhecer?” (Jeremias 17:9).

Nós devemos nos basear nos ensinamentos da palavra de Deus, sobre o que fazer ou o que não fazer. Nossa mente pode estar tranquila como a de Jonas, mas isso não deve ser o único indicativo para tomada de uma decisão.

3.3- Não fuja do seu chamado
Por maior que seja a missão e tamanha nossa imperfeição, Deus nos escolheu para levar as boas novas. “E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura” (Marcos 16:15). Como cartas abertas lidas por cada pessoa que temos contato.

Através de nossa conduta, o Evangelho é propaganda e essa é nossa missão. “Vós mesmos sois a nossa carta, escrita em nosso coração, conhecida e lida por todos” (2 Coríntios 3:2). Porque não veio de Jonas a persuasão para fazer Nínive arrepender-se. Mas sim, do Espírito Santo que convence o homem do pecado.

CONCLUSÃO
A história de Jonas está repleta de milagres e feitos extraordinários. No entanto, tem como seu maior feito demonstrar o tamanho da misericórdia de Deus. Misericórdia que primeiro abraçou um profeta desobediente e depois uma nação entregue ao pecado. Misericórdia que se renova a cada manhã, sendo a causa de não sermos consumidos. Misericórdia que nos permite a cada dia aproximar-se mais e mais de Deus através do arrependimento.

“As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim; Novas são cada manhã; grande é a tua fidelidade” (Lamentações 3:22-23).

Referências bibliográficas
Bíblia de Estudo Nova Almeida Atualizada
Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal
Dicionário Michaelis
Revista Betel Dominical, adultos, 3º Trimestre de 2023, ano 33, nº 128. Profetas menores - do Antigo Testamento – Proclamando o arrependimento, justiça e fidelidade a Deus. Anunciando a esperança da salvação através do Messias. Lição 6 – Jonas – um alerta para cumprir o chamado de Deus.

Comentário adicional - Jhonatan Gonçalves. Aluno da EBD, servo do Senhor Jesus Cristo.