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LIÇÃO 02 - ORDENANÇAS PARA PARTICIAPR DA CEIA DO SENHOR - Comentários Adicionais (Fernando Junio)

ORDENANÇA PARA PARTICIPAR DA CEIA DO SENHOR

Lição 2 – 14 de abril de 2024


TEXTO ÁUREO

"Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e assim coma deste pão e beba deste cálice." (1ª Co 11:28)

VERDADE APLICADA

A ceia do Senhor aponta para a continuidade de nossa comunhão com o Senhor pela nova aliança.

OBJETIVOS DA LIÇÃO

- Mostrar os direcionamentos da Ceia do Senhor.

- Ressaltar a importância da Ceia para o cristão.

- Falar sobre a relevância da Ceia do Senhor para a Igreja.

TEXTOS DE REFERÊNCIA

1 Coríntios 11

23 - Porque eu recebi do Senhor o que também vos ensinei: que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão;

24 - E, tendo dado graças, o partiu e disse: Tomai, comei; isto é o meu corpo que é partido por vós; fazei isto em memória de mim.

25 - Semelhantemente também, depois de cear, tomou o cálice, dizendo: Este cálice é o novo testamento no meu sangue; fazei isto, todas as vezes que beberdes, em memória de mim.

26 -  Porque todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice anunciais a morte do Senhor, até que venha.

COMENTÁRIO ADICIONAL

INTRODUÇÃO

A paz do Senhor, meus irmãos! Dando continuidade às ordenanças bíblicas fundamentais da nossa fé, abordaremos hoje um assunto que ainda traz algumas controversas no meio evangélico: a Santa Ceia do Senhor. Cristãos divergem neste assunto quanto à frequência de celebrar (1 vez por mês, 1 vez por ano, todos os domingos etc.). Divergem também sobre quem pode ou não participar (somente membros em comunhão, ou qualquer pessoa). Outra divergência é quanto ao entendimento (alguns creem que são literalmente o corpo e sangue de Cristo – transubstanciação; outros interpretam como sendo um ato que Jesus se faz presente literalmente – consubstanciação; outros entendem que Jesus se faz presente espiritualmente; e ainda outros entendem que se trata de um memorial, simbólico). Poderia citar mais algumas divergências de pensamentos, mas acredito que já deu para entender que não existe um consenso quanto à forma de entendimento e ministração da Ceia do Senhor. Contudo, uma coisa é consenso entre todos: indiscutivelmente é uma ordenança clara do Senhor. Debates acerca desse assunto existem há muito tempo, especialmente após a reforma protestante, no Séc. XVI, pelos grandes reformadores Lutero, Calvino e Zuínglio. Por mais que eu tente, jamais irei esgotar este assunto neste breve comentário. No geral, as igrejas evangélicas reconhecem apenas dois ritos religiosos (sacramentos), ao invés de 7 que a Igreja Católica crê. Os dois sacramentos estabelecidos por Jesus e que devem ser observadas pelo seu povo são: o Batismo (que vimos na lição anterior) e a Ceia, que trataremos nesta lição. A Ceia também é chamada de Comunhão em 1Co 10:16, e de Eucaristia, pela tradução literal do grego antigo, que significa “dar graças”.

1. OS DIRECIONAMENTOS DA CEIA DO SENHOR

Para entender os direcionamentos da Ceia, acredito ser de suma importância entender primeiro o que é a Santa Ceia, e por que Jesus a instituiu para a igreja. A origem da Ceia está no Antigo Testamento, mais precisamente em Êxodo 12, onde vemos o relato da Páscoa. A Páscoa foi uma ordenança de Deus para que os israelitas sempre se lembrassem da sua libertação da escravidão do Egito. Da mesma forma, na Ceia, a cada celebração, nós nos lembramos da libertação que Cristo nos proporcionou da escravidão do pecado. A Páscoa foi também uma refeição, onde um cordeiro perfeito, sem defeito, de um ano, era sacrificado, assado e comido pelas famílias, e seu sangue passado nos umbrais das portas dos israelitas. Onde tinha o sangue, o anjo da morte passava por cima, e não matava os primogênitos. Da mesma forma, na Ceia, fazemos uma refeição simbólica com um pão e vinho (ou suco de uva), elementos utilizados por Jesus, sabendo que o sangue dele nos livra da morte espiritual. Então veja que, em essência, a Páscoa é a mesma coisa da Ceia, onde Jesus substituiu a Páscoa pela ceia, na noite em que foi traído, e ordenou que seus discípulos a celebrassem até que ele retornasse: “Enquanto comiam, Jesus pegou um pão, e, abençoando-o, o partiu e deu aos discípulos, dizendo: — Tomem, comam; isto é o meu corpo. A seguir, Jesus pegou um cálice e, tendo dado graças, o deu aos seus discípulos, dizendo: — Bebam todos dele; porque isto é o meu sangue, o sangue da aliança, derramado em favor de muitos, para remissão de pecados.” (Mt 26:26-28); Nós a celebramos na frequência de 1 vez por mês. Entendemos que deve ser ministrada a todos os crentes em Jesus, batizados em águas, em plena comunhão com a Igreja. Essa ordenança exige um autoexame, uma reflexão sobre a nossa conduta, se ela está de acordo com os princípios da palavra de Deus, para não sermos “culpados do corpo e do sangue do Senhor” (1 Co 11:27). As palavras de Jesus, “Isto é o meu corpo” (Mt 26.26) e “isto é o meu sangue” (Mt 26.28), mostram os dois elementos da Ceia do Senhor. Tendo Jesus ministrado pessoalmente os dois elementos aos seus discípulos, fica cabalmente demonstrado que as expressões “isto é o meu corpo” e “isto é o meu sangue” não são literais, mas referem-se a uma linguagem metafórica. Cristo morreu uma única vez pelos nossos pecados: a Ceia é uma ordenança “em memória” da sua morte e da sua ressurreição. Louvado seja Deus!

1.1. Direciona para Jesus no passado

Deus ordena ao povo de Israel a celebração da Páscoa, em memória do que aconteceu com eles na terra do Egito, quando Deus os livrou com sua mão poderosa da escravidão que os assolava há 400 anos: “Este dia lhes será por memorial, e vocês o celebrarão como festa ao Senhor; de geração em geração vocês celebrarão este dia por estatuto perpétuo.” (Êx 12:14). Na noite em que foi traído, Jesus estava justamente comemorando a Páscoa. Ele envia os apóstolos Pedro e João para preparar a Páscoa (Lc 22:7-14). Após isso, estando tudo preparado, Jesus estava à mesa com os 12 apóstolos (Lc 22:15). Então, da mesma forma que Deus ordena ao povo de Israel celebrar a Páscoa em memória do que aconteceu no Egito, Jesus agora substitui a Páscoa pela Ceia, em memória do que aconteceu com ele na cruz do calvário: “E, pegando um pão, tendo dado graças, o partiu e lhes deu, dizendo: — Isto é o meu corpo, que é dado por vocês; façam isto em memória de mim. Do mesmo modo, depois da ceia, pegou o cálice, dizendo: — Este cálice é a nova aliança no meu sangue derramado por vocês. (Lc 22:19-20). Aquele cordeiro sem defeito que era sacrificado na Páscoa apontava para Jesus na Cruz. Jesus é o cordeiro de Deus (João 1:29), sacrificado por nós como cordeiro pascal (1Co 5:7), para que tenhamos a verdadeira liberdade da escravidão do pecado (João 8:36). Assim, celebramos a Santa Ceia de forma direcionada ao que Jesus fez por nós no passado, há quase 2.000 anos, quando Ele foi imolado por nós.

1.2. Direciona para Jesus no presente

Ainda analisando o fator temporal, a ceia nos dias de hoje diz respeito à nossa comunhão com Cristo. A cada celebração, devemos ter em mente que estamos sentados à mesa com os irmãos, e Jesus está presente de forma espiritual. Quando a Ceia é celebrada, o próprio Senhor está presente; ele não está simplesmente ausente no passado, ou simplesmente sendo esperado no futuro; ele está presente através de seu “memorial”. Agir de forma inconveniente em relação a essa Ceia é agir inconvenientemente para com o próprio Senhor. A Ceia deve ser uma demonstração de união na igreja, onde os membros participam juntos e com alegria. Mas a igreja de Corinto não era nada unida, sua celebração da Ceia era apenas uma demonstração de desunião (1Co 11:20-22). Infelizmente percebemos que, apesar de no momento da Ceia, em muitas igrejas hoje, os membros serem aparentemente unidos, na verdade estão iguais ou piores à igreja de Corinto. Não podemos viver de aparências, mas viver o evangelho real. A Ceia também é uma refeição em família, e o Senhor dessa família (que é a igreja), deseja que seus filhos amem uns aos outros e cuidem uns dos outros (João 15:12). De que maneira podemos lembrar a morte de Cristo se não amamos uns aos outros? Lembre-se desses aspectos da Ceia para o nosso presente, meus irmãos. Estamos em comunhão com Cristo? Temos ciência de que Jesus se faz presente em nossa mesa? No nosso dia a dia, demonstramos união com nossos irmãos, ao invés de participar de “panelinhas” como a igreja de Corinto? Será que amamos uns aos outros, de forma que a nossa comunidade é de fato uma família, com um só Pai Celeste em comum?

1.3 Direciona para Jesus no futuro

“Porque todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice anunciais a morte do Senhor, até que venha.” (1Co 11:26). Queridos, a cada Ceia celebrada, anunciamos a morte de Cristo até que Ele venha. A volta de Jesus é a nossa esperança; cada cristão sincero no planeta tem esse desejo forte no seu coração de se encontrar finalmente com o Noivo tão aguardado. Na Ceia, deveríamos nos lembrar de que Jesus está à direita do Pai, e que um dia voltará para nos levar para junto dele (1Ts 4:16-17). Então, no aspecto futuro, a Ceia é o nosso momento de declarar “Maranata”, nosso momento de comunhão com os irmãos para desejar a vinda do Senhor. A Eucaristia é o momento no qual o evento passado avança para se desenrolar novamente no presente, e em que o momento futuro da volta do Senhor invade o presente para nos desafiar. Essa é a mensagem do texto de 1ªCo 11:27-32. A Ceia do Senhor é muito mais que uma mera obrigação do cristão. Na verdade, o Cristão não é obrigado a nada. Absolutamente tudo o que fazemos é voluntário, com muito amor e dedicação, pois fazemos tudo para a glória de Deus. Se todo crente tiver isso em mente, acredito que veríamos transformações e grandes maravilhas em todas as igrejas. Contudo, infelizmente, o que se vê é uma falta de conhecimento generalizada, de forma que tem irmão que se quer sabe o motivo de participar da Santa Ceia do Senhor.

2. A IMPORTÂNCIA DA CEIA PARA O CRISTÃO

A Bíblia ensina que a Ceia do Senhor é um ato memorial de extrema importância, pois demonstra a libertação do pecado, da morte e o acesso ao Senhor por meio do sacrifico de Jesus, a esperança da vida eterna. No Novo Testamento, Jesus não só institui, mas ordena que a Ceia seja celebrada até a Sua volta, e por isso é um ato memorial de extrema importância para a vida do crente. Vejamos agora 6 motivos do porquê a Ceia é importante, e por que todo crente batizado e em comunhão com a igreja (e os irmãos) deveria participar:

1. Obediência a Jesus - Enquanto comiam, Jesus tomou o pão, deu graças, partiu-o, e o deu aos seus discípulos, dizendo: "Tomem e comam; isto é o meu corpo". (Mateus 26:26).

2. Memória da morte de Jesus - Tomando o pão, deu graças, partiu-o e o deu aos discípulos, dizendo: "Isto é o meu corpo dado em favor de vocês; façam isto em memória de mim." (Lucas 22:19).

3. Proclamar a volta de Jesus - "Porque, sempre que comerem deste pão e beberem deste cálice, vocês anunciam a morte do Senhor até que ele venha." (1 Coríntios 11:26).

4. Ser um em Cristo – “Não é verdade que o cálice da bênção que abençoamos é uma participação no sangue de Cristo, e que o pão que partimos é uma participação no corpo de Cristo? Por haver um único pão, nós, que somos muitos, somos um só corpo, pois todos participamos de um único pão.” (1 Coríntios 10:16-17).

5. Perdoados pelo sangue de Jesus - "Isto é o meu sangue da aliança, derramado em favor de muitos, para perdão de pecados." (Mateus 26:28).

6. Agradecer ao Senhor pelo sacrifício e pela vida eterna - "Porque Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna." (João 3:16).

2.1 A importância de examinar a si mesmo

“Que cada um examine a si mesmo e, assim, coma do pão e beba do cálice. Pois quem come e bebe sem discernir o corpo, come e bebe juízo para si.” (1Co 11:28-29), Ao lermos este texto bíblico, podemos ver a seriedade e as consequências do ato de participar da Ceia indignamente. Cada um precisa examinar sua vida, compreender o sacrifício de Jesus na cruz e as implicações que essa graça traz sobre si. Também deve analisar se tem vivido conforme os princípios e ensinamentos bíblicos e se procura a unidade e comunhão com os irmãos. Examinar a si mesmo não significa que quem cometeu uma falha no dia do culto de Santa Ceia não pode participar. Se fosse assim, absolutamente ninguém participaria, pois todos nós pecamos todos os dias. Acontece que todos os dias nós, que somos regenerados, lutamos contra o pecado, de forma que o pecado é um acidente na vida do crente, não uma rotina. Uma vez convertidos, arrependidos de verdade, o cristão entende sua condição de pecador, mas de forma alguma vive na prática do pecado, como fazem os ímpios. Assim, nós confessamos nossos pecados a Deus, pedimos perdão, não voltamos a praticar esses pecados, e, finalmente, após esse exame minucioso de nós mesmos, participamos da Ceia. Lembrem-se de que o Senhor perdoa sempre a quem se arrepende genuinamente: “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para perdoar os nossos pecados e nos purificar de toda injustiça.” (1 João 1:9). Para concluir este tópico, veja as palavras de Wiersbe: “Paulo não diz que devemos ser dignos de participar da Ceia, mas devemos fazê-lo de maneira digna.” (Wiersbe, Warren W. Pág. 793).

2.2 A importância de julgar a si mesmo

Após fazer um exame de nós mesmos, como visto no tópico anterior, aí chega o momento do julgamento de nós mesmos. De acordo com nossa reflexão acerca dos nossos pecados, confissões e comportamento cristão, tomamos a decisão de participar ou não da Santa Ceia. Isso é de suma importância, pois vimos que a bíblia trata este assunto com muita seriedade, e não podemos fazer um julgamento leviano: “Porque, se julgássemos a nós mesmos, não seríamos julgados. Mas, quando julgados, somos disciplinados pelo Senhor, para não sermos condenados com o mundo.” (1Co 11:31-32). Os versículos 31 e 32 dizem sobre a importância de julgarmos a nós mesmos e não aos outros: se julgarmos a nós mesmos, Deus não nos julgará junto com os ímpios no juízo final. Assim, nos submetendo ao juízo de Deus, ainda vivos, o texto diz que somos disciplinados pelo Senhor, o que é muito bom! A disciplina é a maneira carinhosa de Deus tratar com seus filhos e filhas, a fim de encorajá-los a amadurecer na fé (Hb 12:1-11). Não é como a sentença de um juiz condenando um criminoso, mas como a repreensão de um Pai Amoroso, que castiga os filhos desobedientes. Os Coríntios não examinavam a si mesmos, mas eram especialistas em examinar a vida dos outros. Devemos ter o cuidado de não repetir este erro, pois, além de examinar o irmão, muitos ainda julgam este irmão que ficou sentado e não participou do pão e do vinho. Infelizmente, acontece com muita frequência esse tipo de comportamento nas igrejas hoje em dia: alguns irmãos ficam só observando se outros membros irão ou não participar da Ceia, para depois ficar fofocando “você viu fulano? Não participou da Ceia, o que será que fez?”. Isso é deplorável, e demonstra explicitamente que tal pessoa jamais conheceu a Cristo. Tal pessoa precisa se converter com urgência!

2.3 A importância de corrigir a si mesmo

Uma vez tendo examinado a si mesmo, depois julgado a si mesmo, o último passo é corrigir a si mesmo. Não adianta nada confessar os pecados da boca para fora e não mudar de atitude. Tem muito crente que participa da Ceia para mostrar aos líderes que está em comunhão, e na cabeça deles, “estão sem pecado”. Isso, por si só, já é pecado. É algo extremamente sério participar da Ceia com o coração despreparado, receber a Ceia de maneira descuidada. Uma vez que os Coríntios participavam da Ceia de maneira leviana, não observando os preceitos divinos que o apóstolo Paulo já tinha ensinado, eles pecaram e foram disciplinados pelo Senhor: “É por isso que há entre vocês muitos fracos e doentes e não poucos que dormem.” (1Co 11:30). A conversão de uma pessoa alcança todos os sentidos: sua maneira de agir, de pensar, de falar, de trabalhar, de ensinar, de servir etc. Dessa forma, o cristão genuinamente convertido irá, naturalmente, corrigir a si mesmo. Somente após isso, ele irá participar da Ceia.

3. A RELEVÂNCIA DA CEIA PARA A IGREJA

A Ceia do Senhor é a principal cerimônia para nós. Sim, o batismo é importante, como vimos na lição anterior. Mas a Ceia é sobre Jesus, sobre o que Ele fez na cruz por nós. A ceia é importante porque diz respeito ao cerne do cristianismo, a razão pelo motivo da nossa crença, como está escrito: “Porque, se os mortos não ressuscitam, também Cristo não ressuscitou. E, se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados. E também os que dormiram em Cristo estão perdidos. Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens. Mas de fato Cristo ressuscitou dentre os mortos, e foi feito as primícias dos que dormem.” (1Co 15:16-20). Já sabemos que a Ceia substitui a Páscoa. Aquele cordeiro morto na Páscoa era o apontamento para Jesus, morto na cruz por nós. Mas Jesus não está morto, Ele vive e reina! Por isso a Ceia é muito relevante para nós: além de proclamar a morte de Jesus pelos nossos pecados, sabemos que Ele ressuscitou ao terceiro dia, e da mesma forma que Ele, nós também ressuscitaremos após nossa morte, no fim dos tempos. Se a pessoa não crê nisso, o texto diz que a fé dessa pessoa é vã. A Ceia não é uma mera cerimônia religiosa. Ela tem um significado profundo, que não podemos negligenciar.

3.1 A comunhão da Igreja

“Mas nisto que agora prescrevo, não posso elogiá-los, porque vocês se reúnem não para melhor, e sim para pior. Porque, antes de tudo, estou informado de que, quando se reúnem na igreja, existem divisões entre vocês, e eu, em parte, acredito que isso é verdade.” (1Co 11:17-18). A igreja de Corinto estava extremamente desunida. O apóstolo Paulo inicia as instruções para a Ceia já exortando os irmãos. Naquele contexto, a Ceia era de fato uma farta refeição: uma mesa posta, com diversas comidas e bebidas em abundância, onde os membros da igreja se reuniam e comiam juntos. Contudo, como sempre, havia diferentes classes sociais, onde tinha irmãos muito ricos e outros muito pobres. Segundo historiadores e grandes teólogos, tinha irmãos na igreja de Corinto que só tinham a oportunidade de comer dignamente nestes momentos da Ceia, passando fome durante os outros dias. Então, neste contexto, Paulo diz que aqueles crentes de Corinto estavam se reunindo não para o melhor, mas para o pior (1Co 11:17). Ao invés de os ricos esperarem os pobres, acontecia o contrário: os mais ricos comiam de tudo até não aguentarem mais, e bebiam tanto vinho que ficavam bêbados: “Porque, quando comem, cada um toma antecipadamente a sua própria ceia, e enquanto um fica com fome outro fica embriagado.” (1Co 11:21). Assim, percebendo o problema na igreja, Paulo diz que eles estão menosprezando a igreja de Deus, e envergonhando os irmãos pobres. (1Co 11:22). Observe que somente após o apóstolo Paulo exortar os irmãos é que vem a orientação de como deve ser a Ceia, a partir do versículo 23. Dessa forma, podemos perceber que não existe possibilidade alguma de tomarmos a Ceia enquanto há divisões dentro da igreja. Não dá para celebrar a Ceia enquanto tem irmão passando fome e a comunidade nada faz para o socorrer. Não dá para celebrar a Ceia enquanto tem irmãos traindo uns aos outros, brigando, vivendo em pecado, se prostituindo, falando mal uns dos outros. A comunhão da igreja é de suma importância, e como demonstrei, é um pré-requisito para que a Ceia do Senhor não se torne uma maldição na vida dos crentes ignorantes, mas uma bênção na vida dos que têm discernimento e uma vida verdadeiramente piedosa. Concluindo o raciocínio, o apóstolo Paulo finaliza as instruções da Ceia reforçando a união e comunhão da igreja: “Assim, meus irmãos, quando vocês se reúnem para comer, esperem uns pelos outros. Se alguém tem fome, que coma em casa, a fim de que vocês não se reúnam para juízo. Quanto às demais coisas, eu as ordenarei quando for aí.”

3.2 A perseverança da Igreja

A Ceia do Senhor deve ser ministrada até que Ele venha novamente buscar sua igreja (1ª Co 11:26). Até lá, nossa tarefa é perseverar! Não é fácil, e muitas vezes até dá vontade de desistir mesmo. Mas devemos nos lembrar de que o justo viverá pela fé (Rm 1:17), e viver diz respeito de perseverar até o fim. Veja que linda promessa Deus tem para nós, que perseveramos até o fim: “E a vontade de quem me enviou é esta: que eu não perca nenhum de todos os que ele me deu; pelo contrário, eu o ressuscitarei no último dia. De fato, a vontade de meu Pai é que todo aquele que vir o Filho e nele crer tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia.” (João 6.39-40). Não fomos chamados para ficar de braços cruzados, mas para pregar o evangelho. Para isso, a igreja deve perseverar fielmente, como a igreja primitiva: “Diariamente perseveravam unânimes no templo, partiam pão de casa em casa e tomavam as suas refeições com alegria e singeleza de coração, louvando a Deus e contando com a simpatia de todo o povo. Enquanto isso, o Senhor lhes acrescentava, dia a dia, os que iam sendo salvos.” (Atos 2:46-47),

3.3 A esperança da Igreja

“Porque a graça de Deus se manifestou, trazendo salvação a todos.  Ela nos educa para que, renegadas a impiedade e as paixões mundanas, vivamos neste mundo de forma sensata, justa e piedosa, aguardando a bendita esperança e a manifestação da glória do nosso grande Deus e Salvador Jesus Cristo. Ele deu a si mesmo por nós, a fim de nos remir de toda iniquidade e purificar, para si mesmo, um povo exclusivamente seu, dedicado à prática de boas obras.” (Tito 2:11-14). A graça de Deus se manifestou na pessoa de Cristo, e através dele, temos a salvação. Salvação essa que custou alto preço: seu sangue. Este é o símbolo da Ceia do Senhor, que todo crente deve ter consciência. Uma vez que a pessoa crê no Cristo, somos regenerados e passamos a viver de forma sensata. Assim, esta pessoa é capaz de discernir o corpo de Cristo e participar da Ceia. Nós, povo remido pelo sangue de Jesus, capacitados pela graça de Deus, perseveramos em santidade, aguardando a bendita esperança da manifestação do Filho de Deus. Essa é a nossa esperança, e continuaremos firmes e fortes, pela misericórdia de Deus nosso Pai. Até que o Senhor venha, nós vamos clamar, orar, viver em santidade, proclamar o evangelho, celebrar a Santa Ceia para a honra e glória do Senhor dos exércitos. Maranata vem, Senhor Jesus!

CONCLUSÃO

Irmãos, acredito que, nesta lição, ficou claro o fato de que a Ceia do Senhor é um mandamento de Cristo, de forma que é uma grande honra e alegria ter este privilégio de participar deste momento em comunhão com a Igreja, para anunciarmos Sua morte até que Ele venha (1ª Co 11:26). Nas palavras de N.T. Wright: “A Eucaristia é o anúncio da morte de Jesus; e, através da morte de Jesus, os poderes são derrotados, e as pessoas que estavam escravizadas a eles são resgatadas.” Nós celebramos a Ceia do Senhor com reverência e gratidão a Deus. Gratidão pelo privilégio de participar da graça, sendo salvos pela morte de Jesus. Gratidão por tantas vidas resgatadas do inferno para a maravilhosa luz. Será que os irmãos têm essa consciência em toda celebração da Ceia? Este assunto é de fundamental importância para a nossa fé, visto que sua negligência leva à morte (1Co 11:30). Minha oração é para que o povo de Deus tenha entendimento acerca da Santa Ceia, participe com consciência do que a bíblia diz, e desmistifique crendices populares.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

• Bíblia de estudo – Nova Almeida Atualizada, Sociedade bíblica do Brasil, 2017 – Barueri, São Paulo.

• Revista Betel Dominical, adultos, 2º Trimestre de 2024, ano 34, nº 131. ORDENANÇAS BÍBLICAS – doutrinas fundamentais imperativas aos cristãos para uma vida bem-sucedida e de comunhão com Deus. Lição 2: Ordenança para participar da Ceia do Senhor.

• Declaração de fé - Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil. Casa Publicadora das Assembleias de Deus (CPAD), novembro de 2016. Pág. 74.

• Wright, N. T. - Paulo para todos: 1Corintios / tradução Pedro J. M. Bianco. — Rio de Janeiro: Thomas Nelson Brasil, 2020. Pág. 661.

• Wiersbe, Warren W. Comentário bíblico expositivo: Novo Testamento, volume 1 / traduzido por Susana E. Klassen. Santo André – SP, Editora Geográfica, 2006. Pág. 792-794.

COMENTÁRIO ADICIONAL

Fernando Júnio

4 comentários:

Carlos Cezar disse...

Excelente comentário da lição professor Fernando Junio, você trouxe muitos esclarecimentos para a compreensão sobre a importância da Santa Ceia do Senhor. Que Deus continue abençoando a sua vida e ministério!

Fernando Junio disse...

Amém meu irmão, louvado seja Deus 🙏🏻

Anônimo disse...

Muito bem explicado a maneira que a ceia tem que ser celebrada e qual.sua real finalidade mesma,

Anônimo disse...

A finalidade relembrar da morte do senhor, para que a morte de Cristo não caia no esquecimento, e que tenhamos em mente até que cristo volta