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 OSÉIAS - O AMOR DE DEUS E A CHAMADA AO ARREPENDIMENTO

Lição 2 – 9 de julho de 2023

TEXTO ÁUREO
“Porque eu quero misericórdia, e não o sacrifício; e o conhecimento de Deus, mais do que os holocaustos." Oséias 6.6

VERDADE APLICADA
A mensagem de Oséias aponta para o imensurável amor de Deus que o moveu a enviar Jesus Cristo para salvar o pecador e fazê-lo membro da família de Deus.

OBJETIVOS DA LIÇÃO
Apresentar o cenário da mensagem de Oséias;
Destacar os acontecimentos na vida de Oséias;
Mostrar lições do livro de Oséias para os dias de hoje.

TEXTOS DE REFERÊNCIA
OSÉIAS 1
1. Palavra do Senhor que foi dita a Oséias, filho de Beeri, nos dias de Uzias, Jotão, Acaz, Ezequias, reis de Judá, e nos dias de Jeroboão, filho de Joás, rei de Israel.
2. O princípio da palavra do Senhor por Oséias; disse, pois, o Senhor a Oséias: Vai, toma uma mulher de prostituições e filhos de prostituição; porque a terra se prostituiu, desviando-se do Senhor.
3. E foi-se e tomou a Gomer, filha de Diblaim, e ela concebeu e lhe deu um filho.

OSÉIAS 11
4. Atraí-os com cordas humanas, com cordas de amor; e fui para eles como os que tiram o jugo de sobre as suas queixadas; e lhes dei mantimento.

COMENTÁRIO ADICIONAL

INTRODUÇÃO
Prezados irmãos, graça e paz de nosso Senhor e Salvador Jesus!
Na presente lição, veremos como Deus usa, de maneira muito peculiar, o profeta Oséias, para transmitir Sua palavra ao povo de Israel. Oséias teve o seu próprio casamento como uma parábola, para demonstrar o relacionamento de Deus com o povo, com a imagem de Israel sendo a esposa infiel, adúltera (Os 1:2) e Deus sendo representado por Oséias como marido fiel, provedor, amoroso e misericordioso. Quanto aos filhos nascidos dessa mulher adúltera, veremos que se trata de uma mensagem de Deus ao povo. O profeta Oséias, o primeiro dos 12 profetas menores que estudaremos neste trimestre, se for da vontade de Deus, traz uma mensagem de arrependimento, mostrando a realidade da prostituição cultual do antigo povo judeu. Além disso, traz uma mensagem de perdão e misericórdia, finalizando com uma linda promessa ao remanescente fiel. Como diz Wiersbe: “A devoção ao Senhor é como a fidelidade no casamento. A idolatria é como o adultério.” Minha oração é que os amados irmãos em Cristo reflitam nos ensinamentos que Deus nos revela através dos profetas de outrora, em especial, neste estudo do profeta Oséias. Uma ótima leitura a todos, que Deus nos abençoe!

1. O CENÁRIO DA MENSAGEM DO PROFETA OSÉIAS
O contexto dos dias de Oséias foi terrível. Ele profetizou durante um período de grande turbulência política em Israel e Judá, na segunda metade do séc. 8 a.C. Tal instabilidade política, só para os irmãos terem noção, foi marcada por uma sucessão de seis Reis do reino do norte (Israel) em menos de 30 anos. Entre assassinatos, conspirações, golpes de Estado, subornos, esses líderes políticos foram sendo substituídos.

Apesar disso, a principal preocupação de Oséias era a adoração do povo a Baal – uma apostasia em massa que o profeta entendia ser o motivo de tamanho dilema em Israel. Com isso, Oséias tinha como principal prioridade ver Israel voltar a Deus, ao arrependimento genuíno.

Dessa forma, podemos perceber o cenário em que o profeta Oséias se encontra: em meio a um caos político, aliado à apostasia generalizada do povo, crendo em um falso deus chamado Baal. Será que foi fácil para este homem de Deus? Hoje, com uma igreja a cada esquina, muitos zombam de Deus, não ligam para nossas pregações. Imagine nos dias de Oseias...

1.1- Conhecendo um pouco mais o profeta
Meus irmãos, a Escritura não traz muitas informações a respeito do profeta Oséias. Temos somente o versículo 1, que ele foi filho de Beeri, e que reinou nos dias dos Reis Uzias (2Rs 15:1-7), Jotão (2Rs 15:32-38), Acaz (2Rs 16:1-20), Ezequias (2Rs 18:1), sendo estes reis de Judá, e Jeroboão II (2Rs 14:23-29), rei de Israel. Como o último ano de reinado de Jeroboão foi 753 a.C., e de Ezequias foi 687 a.C., o ministério de Oséias estava situado neste período, que muito provavelmente não durou todo esse tempo (66 anos), mas em torno de 35 a 40 anos. Com isso, sabemos que ele nasceu aproximadamente 200 anos após a separação do reino entre Judá e Israel, reinos do sul e do norte, respectivamente (1Rs 12).

Quanto ao seu nome, Oséias vem do mesmo verbo que “Josué” e “Jesus”, que significa “salvar” ou “livrar” (hebr. yasha’). Interessante, não é? Como a vida do profeta Oséias realmente aponta de maneira muito semelhante à obra do nosso Senhor Jesus, nosso Noivo, que veio e pagou um altíssimo preço por nosso resgate, mesmo sem que nenhum de nós merecêssemos, assim como Oséias fez com Gômer, sua esposa adúltera.

Quanto ao pai do profeta Oséias, Beeri, se trata de um nome hitita, que aparece em Gn 26:34. Veja: “Quando Esaú tinha quarenta anos de idade, tomou por esposa Judite, filha de Beeri, heteu, e Basemate, filha de Elom, heteu.” Provavelmente essa é a demonstração da tradição que se tinha (e ainda tem até hoje) de se dar às crianças nomes extraídos das Escrituras.

1.2- O engano do culto a Baal
Deus sempre providenciou coisas boas para o seu povo, nunca lhes faltou nada. Seus alimentos, rebanhos, colheitas, negócios, tudo foi bênção de Deus! Mas o povo atribui todas essas bênçãos a um falso deus chamado Baal, prestando culto a ele: “Ela não reconheceu que fui eu que lhe dei o trigo, o vinho e o azeite; fui eu que lhe multipliquei a prata e o ouro, que eles usaram para Baal.” (Oséias 2:8)

A pergunta que fica é: mesmo o povo de Israel sabendo e vivendo tantos sinais e maravilhas de Deus, como eles se apegaram tanto a Baal, se esquecendo totalmente do único Deus vivo? Em primeiro lugar, destaco o coração contaminado pelo pecado. O pecado cega, ilude a ponto de transformar uma mentira em verdade. Por conta da natureza pecaminosa, o povo, morto em seus delitos e pecados (Ef 2:1), não querem buscar a Deus: “Porque o meu povo é inclinado a rebelar-se contra mim; se são chamados a dirigir-se para o alto, ninguém o faz.” (Oséias 11:7). Romanos 3:9-14 também destaca a miséria do ser humano em pecado, recomendo a leitura.

Um segundo motivo que vejo claramente é o fato de que os responsáveis pelo ensino da sã doutrina de Deus negligenciaram essa tarefa importante, trazendo uma ignorância, falta de conhecimento, abrindo brechas para falsos ensinamentos e até admitir falsos deuses: “O meu povo está sendo destruído, pois lhe falta o conhecimento. Pelo fato de vocês, sacerdotes, rejeitarem o conhecimento, também eu os rejeitarei, para que não sejam mais sacerdotes diante de mim; visto que se esqueceram da lei do seu Deus, também eu me esquecerei dos seus filhos.” (Oséias 4:6)

Por fim, outro fator que vejo para essa apostasia, é que Baal foi uma entidade em que se acreditava ter poder sobre fertilidade, agricultura, chuva e produtividade. Como o Antigo Oriente Médio era essencialmente agrícola, o povo acreditou nesse falso deus, crendo que ele fosse abençoá-los, e não nosso Deus.

Dessa forma, o engano do culto a Baal entrou na nação de Israel, por falta de conhecimento, pois se verdadeiramente tivessem conhecido a Deus, jamais o teriam abandonado. Também tiveram um coração contaminado pelo pecado, rejeitando a Deus, e atribuindo a Baal todas as bênçãos que o Senhor lhes proporcionou.

1.3- As consequências da infidelidade de Israel
Irmãos, as consequências da infidelidade do povo de Israel foram terríveis. Vamos iniciar nosso raciocínio com a seguinte verdade, já abordada no tópico anterior: Deus nunca deixou nada faltar ao seu povo (Os 2:8). Com isso em mente, sabemos que o povo desfrutou de um período de grande bonança, o que leva (normalmente) o povo a deixar de confiar em Deus, já que tinham de tudo. Mas, quando Deus vê que eles estão dando louvores a Baal, ao invés do Pai, então Deus os castiga severamente: “Portanto, farei com que, no devido tempo, ela devolva o meu trigo e o meu vinho. Tirarei dela a minha lã e o meu linho, que deviam cobrir a sua nudez. Agora descobrirei as suas vergonhas aos olhos dos seus amantes, e ninguém a livrará da minha mão. Farei cessar toda a sua alegria, as suas festas, as Festas de Lua Nova, os seus sábados e todas as suas solenidades.” (Oséias 2:9-11).

Nesse cenário caótico, o povo vai procurar ajuda em outras nações, mas não em Deus:

"Quando Efraim viu a sua enfermidade e Judá notou a sua ferida, Efraim se dirigiu à Assíria e enviou mensageiros ao grande rei. Mas ele não tem condições de curá-los, nem de sarar a sua ferida. (Oseias 5:13).

E aí, quando a coisa aperta, e eles não conseguem ajudas das outras nações (Egito e Assíria), então eles se voltam para Deus: "Venham e voltemos para o Senhor! Porque ele nos despedaçou, mas vai nos curar; ele nos feriu, mas vai atar as feridas. (Oseias 6:1).

Mas essa conversão é rasa, fraca, e Deus a denuncia: "Que farei com você, Efraim? Que farei com você, Judá? Porque o amor de vocês é como a névoa da manhã e como o orvalho da madrugada, que logo desaparece. (Oséias 6:4).

O povo só se volta para Deus na hora do aperto. Mas quando dá uma melhorada, eles se esquecem de Deus novamente. É uma conversão superficial, não genuína. Uma coisa é fato, meus irmãos: Deus não tem compromisso com quem não tem compromisso com Ele. Devemos buscar ao Senhor enquanto se pode achar, e permanecer nos Seus caminhos, seja na riqueza, ou na pobreza, na alegria ou na tristeza. Não é à toa que a figura do casamento é utilizada inúmeras vezes durante as Escrituras como uma verdade no nosso relacionamento com o Pai.

2. OS ACONTECIMENTOS NA VIDA DE OSÉIAS
Queridos, o comentarista da lição, Pr. Antônio Paulo Antunes, levanta uma questão interessante neste tópico introdutório: os acontecimentos na vida do profeta Oséias foram literais (realmente aconteceram) ou foi uma narrativa alegórica (não aconteceu de verdade)? Como ele deixa a questão em aberto, gostaria de refletir com os irmãos, pois entendo que foram fatos literais, não alegóricos.

Se formos analisar o comportamento dos profetas, boa parte deles tinham comportamentos muito estranhos: Isaías andou pelas ruas da cidade como prisioneiro de guerra durante 3 anos; Jeremias carregou um jugo sobre os ombros por vários meses; Ezequiel usou um corte de cabelo como ilustração teológica; João Batista se alimentava de gafanhotos e mel silvestre. A lista continua, mas vou parar por aqui para não delongar demais.

Bom, com tantos exemplos assim, de atitudes esquisitas, penso que se casar com uma prostituta está até dentro do esperado. Certamente que essa mensagem de Deus na vida prática de Oséias foi, na minha opinião, a mais difícil de engolir. Nas palavras de Wiersbe: “Nenhum profeta pregou um sermão prático mais doloroso que Oséias. Ele foi instruído a casar-se com uma prostituta chamada Gômer que lhe deu 3 filhos, sendo que o profeta nem sequer tinha certeza de que era o pai das duas últimas crianças. Então, Gômer abandonou-o para juntar-se com outro homem, e coube a Oséias a responsabilidade humilhante de comprar de volta sua própria esposa.” (Wiersbe, Warren – comentário bíblico expositivo, vol. 4 – proféticos, pg. 391).

Portanto, levando em consideração que temos diversos exemplos de comportamentos estranhos mandados por Deus, entendo que a vida de Oséias foi sim literal. A não ser que cheguemos à conclusão de que todos os demais profetas também tiveram suas narrativas meramente alegóricas, coisa que não faz sentido. Mas fica de reflexão para os irmãos, o que vocês acham?

2.1- O casamento de Oseias: o retrato da infidelidade de Israel
Tendo em mente todo este contexto: o povo de Israel experimentou um período de grande bonança (Os 2:8); o povo se contamina com diversos pecados e abandonam a Deus, se prostituindo com Baal (Os 11:7); o cenário político estava também terrível (Os 5:1-2). Então Deus precisa falar ao povo de maneira que a mensagem penetre os corações, de maneira impactante, e escolhe seu servo Oséias para essa tarefa.

Tal mensagem seria uma parábola viva, na pele do profeta: um casamento com uma prostituta (Os 1:2). Aqui temos um ponto de discussão entre os teólogos: Gômer já era prostituta quando se casou com Oséias, ou era uma mulher pura e se tornou prostituta após o casamento? A primeira opção parece fazer mais jus ao texto original, que uma outra tradução possível é: “vai e case-se com uma moça que é prostituta”. O fato é que Oséias obedeceu e casou-se com uma prostituta, e o objetivo da mensagem de Deus com essa atitude foi mostrar para o povo que Ele os ama, e que deseja esse relacionamento amoroso com seu povo. Ao cair na idolatria, o povo estava cometendo uma maldade contra Deus, assim como uma mulher adúltera comete uma maldade para com seu marido.

Irmãos, fico imaginando o que se passava na mente de Oséias. Ele era um profeta do Senhor, uma pessoa muito importante e conhecido em todo reino. Aí Deus vai e ordena que ele se case com uma prostituta. Será qual foi sua reação? Será que ele ficou se indagando? Ou talvez até tenha respondido a Deus, como Pedro, quando foi ordenado a comer os animais em sua visão: “de modo nenhum, Senhor! Porque nunca comi nada que seja imundo ou impuro.” (Atos 10:11-14). Da mesma forma que um filho chega para o pai, com a notícia maravilhosa de se casar, Jesus nos quer para sempre com Ele, junto ao Pai (Jo 17:9-10). A noiva de Cristo estava imunda, largada, esquecida, totalmente incapaz de se casar por conta de suas atitudes reprováveis. Mesmo assim, Deus nos resgatou da podridão do pecado, colocando-nos vestes brancas, lavando-nos com o sangue do Cordeiro! O que o povo de Israel viveu através do casamento de Oséias e Gômer também aponta para Cristo e a Igreja. Não importa o quão imundo seja o nosso passado, como o de Gômer. Deus nos ama, mesmo reprovando a prática pecaminosa. Uma vez em Cristo, estamos limpos da imundície do pecado, justificados, e um crente verdadeiro abandona a vida pecaminosa, se esforçando para andar em santidade.

O casamento de Oséias com Gômer se trata, portanto, dessa mensagem de denúncia contra os atos idólatras do povo, não só nos dias de Oséias, mas atualmente para nós também. Uma infidelidade contra Deus, um Deus infinitamente bom e amoroso.

2.2- Os filhos de Oséias e as mensagens de Deus
Gômer teve o primeiro filho com Oséias, um menino chamado Jezreel (Os 1:4), que significa “Deus semeia”. Jezreel era uma cidade da tribo de Issacar, próxima ao monte Gilboa, associada ao juízo severo que Jeú executou sobre a família de Acabe (2Rs 9 – 10). Também era o nome da cidade onde a idólatra Jezabel foi morta (2Rs 9:30-37). Esse nome indica o juízo de Deus sobre Israel, onde Deus julgou um povo idólatra.

Gômer engravida novamente, e agora o texto dá a entender que não é filho de Oséias, porque o texto diz no relato do primeiro filho “lhe deu um filho” (Os 1:3), e nesse não aparece tal menção. Então vários estudiosos concluem que é fruto de seu adultério, mas ainda assim não é consenso, tampouco compromete a mensagem de Deus. Seu nome era Lo-Ruama (Os 1:6), que significa “não compaixão” ou “desfavorecida”. Agora a mensagem é que Israel não mais terá a compaixão de Deus. Deus havia amado seu povo e provado esse amor de diversas maneiras, mas retiraria a demonstração desse amor e deixaria de ser misericordioso. A expressão do amor de Deus certamente é incondicional, mas só desfrutamos esse amor de acordo com nossa fé e obediência (2Co 6:14-16).

Gômer engravida uma 3ª vez, e o nome da criança é “Lo-Ami” (Os 1:8), que significa “não-meu-povo”. Então Deus está dizendo que Israel não mais é o seu povo, e nem Ele é o seu Deus, tendo uma clara rejeição de Deus para com um povo idólatra (Os 1:9).

O Pr. Antônio Paulo Antunes faz uma conclusão muito legal: “juntando as três mensagens, fica: Deus julgaria Israel sem compaixão, porque não era mais Seu povo”.

2.3- O drama pessoal do profeta
Imagine-se casando-se com uma pessoa que você sabe que irá te trair. Além disso, você recebe uma ordem de Deus para amá-la, correr atrás dela quando ela cair em adultério, dar presentes para ela, pagar um preço por ela, e a tratar com o maior amor que você puder. Foi essa a vida do profeta Oséias, que andava pelas ruas da cidade com seus filhos e de uma prostituta, filhos com nomes estranhos. Imagine o pessoal perguntando para o profeta nas ruas: “e aí, Oséias, que criança linda! Qual o nome dela?” – Não compaixão, responde ele. Porque Deus não terá compaixão de Israel.

Profetas eram figuras públicas, conhecidas em todo o reino, tinham uma vida correta e irrepreensível. Eles tinham total responsabilidade sobre o que falavam e como agiam, pois se um profeta agisse de maneira maligna, todo o povo também caía. Era um efeito dominó. Então, a expectativa do povo acerca da vida de Oséias era a mais irrepreensível possível. Agora imagine o que as pessoas falavam sobre Oséias... Da mesma forma que um pastor famoso hoje, qualquer que seja, cometer algum tipo de crime, e essa má conduta recai sobre a igreja como um todo, assim foi nos dias de Oséias.

Não consigo imaginar a dor, o drama, as dificuldades, as fofocas, as conspirações, e tudo que Oséias sofreu naquele tempo. Apesar de tudo, ele obedeceu a Deus, sem questionar, sem pensar nas consequências de ser um servo fiel do Senhor. Jesus falou que nossa vida seria difícil, que teríamos aflições (Jo 16:33), mas também prometeu estar conosco. Sejamos firmes, fiéis ao Senhor, obedecendo e falando a verdade das Escrituras, mesmo que a sociedade nos julgue e soframos represálias!

3. OSÉIAS PARA OS DIAS DE HOJE
Qual o limite para o amor? Se levarmos em conta o fato de que Deus é o amor em essência, e que Deus é um ser infinito, a conclusão é que o “amor de Deus” é infinito (amor de Deus está entre aspas porque Deus não tem amor, Ele é amor. Se quiser definir a palavra amor, essa definição é o ser de Deus). O amor de Deus, além de ser infinito, é imensurável e inigualável, bem como todos os atributos incomunicáveis de Deus.

Existe uma ordem bíblica para sermos imitadores de Deus: “Portanto, sejam imitadores de Deus, como filhos amados.” (Efésios 5:1). Devemos, com todo esforço, refletir o grande amor de Deus em nossas vidas: no trabalho, faculdade, escolas, em casa, em reuniões de família, onde quer que seja. Onde pisarmos a planta de nossos pés, as pessoas devem ver Cristo em nós. Nosso testemunho conta muito, pois, se um ímpio contemplar um cristão adúltero, ladrão, enganador, de que forma esse ímpio vai abrir seu coração para ouvir o Evangelho? Ele vai é falar: “se é isso que é ser crente, estou fora!”

A grande lição que aprendemos com o livro de Oséias é o infinito amor de Deus, que devemos aplicar nos dias de hoje.

3.1- O extraordinário amor de Deus
Tenho uma boa notícia para você! Deus te ama de uma forma incondicional, um amor sacrificial, um amor incomparável. Deus nos ama não pelos nossos méritos, ou porque merecemos. Ele nos ama, apesar de todas nossas falhas. É este inexplicável amor de Deus conosco que o livro do profeta Oséias nos mostra, através do seu casamento. Apesar de não merecer, Gômer recebeu o amor genuíno de Oséias. Apesar de traí-lo, Gômer ainda experimenta a misericórdia de Oséias em perdoá-la. Após o nascimento do 3º filho, Gômer abandona Oséias e vai servir de prostituta cultual a Baal. Então Oséias ainda vai atrás dela, com presentes, querendo que ela volte para ele. Mas ela o rejeita ainda mais, e ainda tributa os presentes a Baal.

Depois de um tempo, quando Gômer já não servia mais para os serviços de prostituta cultual a Baal, ela é posta no mercado para venda, como uma escrava. Ela estava gasta, já acabada, na ruína. Então vem Oséias, a compra, e a resgata da escravidão e da humilhação. Muitos poderiam pensar na época: agora Oséias vai dar o troco por tudo que ela fez! Ela merece a punição por todos seus atos! Mas não acontece isso. Muito pelo contrário: Oséias a trata com muito amor, muita misericórdia, e muita graça.

Ele a ama, restaurou sua vida, reescreve uma nova história de amor, respeito e fidelidade. Renova a aliança! É essa a mensagem que Deus está passando para o seu povo: Ele nos resgata da sarjeta, estando nós totalmente perdidos em nossos pecados, por nossa própria culpa e responsabilidade. Apesar disso, Deus nos ama incondicionalmente! Ele enviou seu próprio Filho para que nós pudéssemos ser resgatados. Apesar de nossa culpa, Ele pagou um alto preço, nos salvando. Ele se importa conosco. Ele nos ama, não por nossos méritos, mas apesar de toda nossa podridão e rebeldia.

3.2- Um chamado ao arrependimento
"Israel, volte para o Senhor, seu Deus, porque você caiu por causa dos seus pecados. Tragam palavras de arrependimento e convertam-se ao Senhor, dizendo: ‘Perdoa toda a nossa iniquidade, aceita o que é bom e, em vez de novilhos, os sacrifícios dos nossos lábios.” (Oséias 14:1-2).

Apesar de virarmos as costas para Deus, ainda assim Ele não nos abandona. Ainda que nos discipline, Ele é fiel à Sua aliança e promessa. Veja, neste versículo que destaquei (Os 14:1-2), que Deus diz ao Seu povo para se arrependerem dos seus pecados, fato que estava causando a ruína da nação toda. Deus já havia lhes dito para arar seus corações endurecidos e buscar ao Senhor (Os 10:12). Também havida lhes dito para voltar-se ao Senhor e pedir misericórdia (Os 12:6). Mas agora, no capítulo 14, Deus fala ao povo como se fossem crianças, dizendo exatamente o que fazer!

O chamado ao arrependimento é muito claro, e Deus é tão misericordioso que faltou só desenhar para o povo entender. Aliás, Deus desenhou sim, na vida do profeta Oséias, para que o povo visse e entendesse.

3.3- O desafio de amar outra vez
Como poderia Gômer, a esposa infiel de Oséias, duvidar do amor de seu marido? Ele não havia demonstrado seu amor ao procurá-la, suplicar para que voltasse para casa e pagar pela liberdade dela? Da mesma forma, como poderia Israel questionar o amor de Deus e recusar-se a correspondê-lo? A nação não somente havia transgredido todos os mandamentos, como também havia partido o Seu coração.

Irmãos, muitas vezes vejo os crentes afirmando que amam ao Senhor, mas quando vamos nos aprofundando na conversa, descubro que esse amor é na expectativa de conseguir alguma bênção de Deus. Eles pensam que irão receber de Deus toda sorte de bênçãos simplesmente pelo fato de fazerem alguma coisa na igreja. Cantores de equipes de louvor, porteiros, músicos de bandas e orquestras, dizimistas fiéis, e demais atividades na igreja são vistos como moeda de troca. Tudo isso é de suma importância, contudo, não fazemos tudo isso para receber algo de Deus. Trabalhamos na igreja com todo afinco em gratidão pelo que Ele já fez por nós, e não pelo que Ele irá fazer.

Observem, nas Escrituras, que diversas vezes Deus nos chama a lembrar do que Ele já fez. Muitas vezes Ele fala: “lembrem que tirei vocês da terra do Egito...” “lembrem que eu abri o Mar Vermelho...” “lembrem que os livrei das mãos de outras nações...” Irmãos, com tanta demonstração de amor, o ápice da maior demonstração de amor de Deus foi na cruz do calvário. Tamanho amor derramado por nós deveria fazer com que todos os crentes olhassem para a cruz em gratidão e amassem de fato ao nosso Deus. Este é o desafio de amar outra vez: muitos de nós só servem a Deus não pelo que Ele já fez por nós, mas almejando o que Ele fará por nós. Na verdade, quem serve a Deus assim, tem seu coração voltado em bênçãos, e não em Deus.

Deus quer o seu coração, não os seus serviços. A salvação é por graça, mediante a fé em Cristo, não em obras (Ef 2:8-9). Não adianta fazermos nada, pois até nossas boas obras são trapos de imundícia diante de Deus (Is 64:6). Convido os amados irmãos a voltarem ao primeiro amor, a olhar para a cruz de Cristo e reconhecer que era para nós estarmos pendurados lá, ao invés do nosso Senhor. Quem entendeu o que Deus fez por nós, este é quem verdadeiramente o ama, e uma vez o amando de todo o coração, somos regenerados. E uma vez regenerados, aí sim, somos capacitados a realizar boas obras, para a honra e glória de Deus (Ef 2:10). 

CONCLUSÃO
Deus chama o profeta Oséias para pregar ao povo de Israel com sua própria vida: casando-se com uma mulher que ele sabia que não seria fiel. Após o casamento, sua esposa Gômer o trai, o abandona, e Oséias vai lá, paga um preço por ela, resgatando-a e amando-a, assim como Cristo pagou um preço altíssimo por nós, nos resgatando da escravidão do pecado. Deus usa constantemente a figura do casamento para demonstrar Seu relacionamento conosco: nós somos a noiva amada de Cristo, e Cristo é nosso Noivo amado. Mesmo sabendo que nós (igreja) somos pecadores e constantemente pecamos, ainda assim Deus se mantém fiel e nos ama.

Assim como no casamento, nosso relacionamento com Deus deve ser duradouro, fiel, tem que ter diálogo (oração), dedicação, amor. Apesar das dificuldades que todo casamento tem, a fidelidade à aliança feita entre os noivos deveria ser preservada, e não quebrada tão facilmente, pois tudo o que tem Deus no centro, termina em restauração (Os 14). Era essa a mensagem que Deus quis passar para o povo de Israel e para nós hoje: Seu imenso amor, misericórdia e graça nos alcançou, apesar de não merecermos.

Para finalizar, gostaria de propor algumas questões, a fim de sintetizar o aprendizado e promover uma reflexão:

Qual a principal mensagem que o profeta Oséias nos traz?

Quais os nomes dos três filhos gerados por Gômer e seus respectivos significados? Qual mensagem Deus passou para o povo de Israel juntando os seus significados?

Qual foi o pecado de Gômer, e qual relação podemos fazer com nosso relacionamento com Deus?

O profeta Oséias profetizou durante o reino de quais Reis? Seu ministério se deu em qual século?

Você se casaria com alguém sabendo que esse alguém com certeza irá trair você? Além disso, sabendo que essa pessoa irá te abandonar, você iria atrás dela, pagando um alto preço por ter ela de volta? Você a amaria, mesmo sem ela merecer, a tal ponto de se sacrificar por ela?

Referências bibliográficas
Bíblia de Estudo – Nova Almeida Atualizada, Sociedade bíblica do Brasil, 2017 – Barueri, São Paulo.
Wiersbe, Warren W. – Comentário bíblico expositivo: Livros proféticos, volume 4. Editora Geográfica, Santo André - São Paulo, 2017
Revista Betel Dominical, adultos, 3º Trimestre de 2023, ano 33, nº 128. Profetas menores do Antigo Testamento: proclamando o arrependimento, justiça e fidelidade a Deus. Anunciando a esperança da salvação através do Messias. Lição 2: Oséias – o amor de Deus e a chamada ao arrependimento.

Comentário adicional – Professor da EBD Fernando Júnio

4 comentários:

ancelmo disse...

Comentário muito edificante Fernando, bem elaborado e de fácil entendimento. Deus continue te dando sabedoria.

Anônimo disse...

Amém, meu querido irmão Ancelmo. Muito obg, louvado seja Deus.

Carlos Cezar disse...

Excelente comentário da Lição irmão Fernando Junio, você trouxe para nós grandes reflexões e certamente aprendemos mais sobre o grande amor que Deus tem por nós pecadores. Que Deus Continue abençoando grandemente a sua vida e seu ministério!

Anônimo disse...

Obrigado, Carlos! Deus abençoe meu querido 🙏🏻😃