OSÉIAS - O AMOR DE DEUS E A CHAMADA AO ARREPENDIMENTO
Lição 2 – 9 de julho de 2023
COMENTÁRIO ADICIONAL
Apesar
disso, a principal preocupação de Oséias era a adoração do povo a Baal – uma
apostasia em massa que o profeta entendia ser o motivo de tamanho dilema em Israel.
Com isso, Oséias tinha como principal prioridade ver Israel voltar a Deus, ao
arrependimento genuíno.
Dessa
forma, podemos perceber o cenário em que o profeta Oséias se encontra: em meio
a um caos político, aliado à apostasia generalizada do povo, crendo em um falso
deus chamado Baal. Será que foi fácil para este homem de Deus? Hoje, com uma
igreja a cada esquina, muitos zombam de Deus, não ligam para nossas pregações.
Imagine nos dias de Oseias...
Quanto
ao seu nome, Oséias vem do mesmo verbo que “Josué” e “Jesus”, que significa
“salvar” ou “livrar” (hebr. yasha’). Interessante, não é? Como a vida do
profeta Oséias realmente aponta de maneira muito semelhante à obra do nosso
Senhor Jesus, nosso Noivo, que veio e pagou um altíssimo preço por nosso resgate,
mesmo sem que nenhum de nós merecêssemos, assim como Oséias fez com Gômer, sua
esposa adúltera.
Quanto
ao pai do profeta Oséias, Beeri, se trata de um nome hitita, que aparece em Gn
26:34. Veja: “Quando Esaú tinha quarenta anos de idade, tomou por esposa
Judite, filha de Beeri, heteu, e Basemate, filha de Elom, heteu.” Provavelmente
essa é a demonstração da tradição que se tinha (e ainda tem até hoje) de se dar
às crianças nomes extraídos das Escrituras.
A
pergunta que fica é: mesmo o povo de Israel sabendo e vivendo tantos sinais e
maravilhas de Deus, como eles se apegaram tanto a Baal, se esquecendo
totalmente do único Deus vivo? Em primeiro lugar, destaco o coração contaminado
pelo pecado. O pecado cega, ilude a ponto de transformar uma mentira em
verdade. Por conta da natureza pecaminosa, o povo, morto em seus delitos e
pecados (Ef 2:1), não querem buscar a Deus: “Porque o meu povo é
inclinado a rebelar-se contra mim; se são chamados a dirigir-se para o alto,
ninguém o faz.” (Oséias 11:7). Romanos 3:9-14 também destaca a miséria
do ser humano em pecado, recomendo a leitura.
Um
segundo motivo que vejo claramente é o fato de que os responsáveis pelo ensino
da sã doutrina de Deus negligenciaram essa tarefa importante, trazendo uma
ignorância, falta de conhecimento, abrindo brechas para falsos ensinamentos e
até admitir falsos deuses: “O meu povo está sendo destruído, pois lhe
falta o conhecimento. Pelo fato de vocês, sacerdotes, rejeitarem o
conhecimento, também eu os rejeitarei, para que não sejam mais sacerdotes
diante de mim; visto que se esqueceram da lei do seu Deus, também eu me
esquecerei dos seus filhos.” (Oséias 4:6)
Por
fim, outro fator que vejo para essa apostasia, é que Baal foi uma entidade em
que se acreditava ter poder sobre fertilidade, agricultura, chuva e
produtividade. Como o Antigo Oriente Médio era essencialmente agrícola, o povo
acreditou nesse falso deus, crendo que ele fosse abençoá-los, e não nosso Deus.
Dessa
forma, o engano do culto a Baal entrou na nação de Israel, por falta de
conhecimento, pois se verdadeiramente tivessem conhecido a Deus, jamais o
teriam abandonado. Também tiveram um coração contaminado pelo pecado,
rejeitando a Deus, e atribuindo a Baal todas as bênçãos que o Senhor lhes
proporcionou.
Nesse
cenário caótico, o povo vai procurar ajuda em outras nações, mas não em Deus:
"Quando
Efraim viu a sua enfermidade e Judá notou a sua ferida, Efraim se dirigiu à
Assíria e enviou mensageiros ao grande rei. Mas ele não tem condições de
curá-los, nem de sarar a sua ferida. (Oseias 5:13).
E
aí, quando a coisa aperta, e eles não conseguem ajudas das outras nações (Egito
e Assíria), então eles se voltam para Deus: "Venham e voltemos para
o Senhor! Porque ele nos despedaçou, mas vai nos curar; ele nos feriu, mas vai
atar as feridas. (Oseias 6:1).
Mas
essa conversão é rasa, fraca, e Deus a denuncia: "Que farei com você,
Efraim? Que farei com você, Judá? Porque o amor de vocês é como a névoa da
manhã e como o orvalho da madrugada, que logo desaparece. (Oséias 6:4).
O
povo só se volta para Deus na hora do aperto. Mas quando dá uma melhorada, eles
se esquecem de Deus novamente. É uma conversão superficial, não genuína. Uma
coisa é fato, meus irmãos: Deus não tem compromisso com quem não tem
compromisso com Ele. Devemos buscar ao Senhor enquanto se pode achar, e
permanecer nos Seus caminhos, seja na riqueza, ou na pobreza, na alegria ou na
tristeza. Não é à toa que a figura do casamento é utilizada inúmeras vezes
durante as Escrituras como uma verdade no nosso relacionamento com o Pai.
Se
formos analisar o comportamento dos profetas, boa parte deles tinham
comportamentos muito estranhos: Isaías andou pelas ruas da cidade como
prisioneiro de guerra durante 3 anos; Jeremias carregou um jugo sobre os ombros
por vários meses; Ezequiel usou um corte de cabelo como ilustração teológica; João
Batista se alimentava de gafanhotos e mel silvestre. A lista continua, mas vou
parar por aqui para não delongar demais.
Bom,
com tantos exemplos assim, de atitudes esquisitas, penso que se casar com uma
prostituta está até dentro do esperado. Certamente que essa mensagem de Deus na
vida prática de Oséias foi, na minha opinião, a mais difícil de engolir. Nas
palavras de Wiersbe: “Nenhum profeta pregou um sermão prático mais doloroso que
Oséias. Ele foi instruído a casar-se com uma prostituta chamada Gômer que lhe
deu 3 filhos, sendo que o profeta nem sequer tinha certeza de que era o pai das
duas últimas crianças. Então, Gômer abandonou-o para juntar-se com outro homem,
e coube a Oséias a responsabilidade humilhante de comprar de volta sua própria
esposa.” (Wiersbe, Warren – comentário bíblico expositivo, vol. 4 – proféticos,
pg. 391).
Portanto,
levando em consideração que temos diversos exemplos de comportamentos estranhos
mandados por Deus, entendo que a vida de Oséias foi sim literal. A não ser que
cheguemos à conclusão de que todos os demais profetas também tiveram suas
narrativas meramente alegóricas, coisa que não faz sentido. Mas fica de
reflexão para os irmãos, o que vocês acham?
Tal
mensagem seria uma parábola viva, na pele do profeta: um casamento com uma
prostituta (Os 1:2). Aqui temos um ponto de discussão entre os teólogos: Gômer
já era prostituta quando se casou com Oséias, ou era uma mulher pura e se
tornou prostituta após o casamento? A primeira opção parece fazer mais jus ao
texto original, que uma outra tradução possível é: “vai e case-se com uma moça
que é prostituta”. O fato é que Oséias obedeceu e casou-se com uma prostituta,
e o objetivo da mensagem de Deus com essa atitude foi mostrar para o povo que
Ele os ama, e que deseja esse relacionamento amoroso com seu povo. Ao cair na
idolatria, o povo estava cometendo uma maldade contra Deus, assim como uma
mulher adúltera comete uma maldade para com seu marido.
Irmãos,
fico imaginando o que se passava na mente de Oséias. Ele era um profeta do
Senhor, uma pessoa muito importante e conhecido em todo reino. Aí Deus vai e
ordena que ele se case com uma prostituta. Será qual foi sua reação? Será que
ele ficou se indagando? Ou talvez até tenha respondido a Deus, como Pedro, quando
foi ordenado a comer os animais em sua visão: “de modo nenhum, Senhor! Porque
nunca comi nada que seja imundo ou impuro.” (Atos 10:11-14). Da mesma forma que
um filho chega para o pai, com a notícia maravilhosa de se casar, Jesus nos
quer para sempre com Ele, junto ao Pai (Jo 17:9-10). A noiva de Cristo estava imunda,
largada, esquecida, totalmente incapaz de se casar por conta de suas atitudes
reprováveis. Mesmo assim, Deus nos resgatou da podridão do pecado, colocando-nos
vestes brancas, lavando-nos com o sangue do Cordeiro! O que o povo de Israel
viveu através do casamento de Oséias e Gômer também aponta para Cristo e a
Igreja. Não importa o quão imundo seja o nosso passado, como o de Gômer. Deus
nos ama, mesmo reprovando a prática pecaminosa. Uma vez em Cristo, estamos
limpos da imundície do pecado, justificados, e um crente verdadeiro abandona a
vida pecaminosa, se esforçando para andar em santidade.
O
casamento de Oséias com Gômer se trata, portanto, dessa mensagem de denúncia
contra os atos idólatras do povo, não só nos dias de Oséias, mas atualmente
para nós também. Uma infidelidade contra Deus, um Deus infinitamente bom e
amoroso.
Gômer
engravida novamente, e agora o texto dá a entender que não é filho de Oséias,
porque o texto diz no relato do primeiro filho “lhe deu um filho” (Os 1:3), e
nesse não aparece tal menção. Então vários estudiosos concluem que é fruto de
seu adultério, mas ainda assim não é consenso, tampouco compromete a mensagem
de Deus. Seu nome era Lo-Ruama (Os 1:6), que significa “não compaixão” ou
“desfavorecida”. Agora a mensagem é que Israel não mais terá a compaixão de Deus.
Deus havia amado seu povo e provado esse amor de diversas maneiras, mas
retiraria a demonstração desse amor e deixaria de ser misericordioso. A
expressão do amor de Deus certamente é incondicional, mas só desfrutamos esse
amor de acordo com nossa fé e obediência (2Co 6:14-16).
Gômer
engravida uma 3ª vez, e o nome da criança é “Lo-Ami” (Os 1:8), que significa
“não-meu-povo”. Então Deus está dizendo que Israel não mais é o seu povo, e nem
Ele é o seu Deus, tendo uma clara rejeição de Deus para com um povo idólatra
(Os 1:9).
O
Pr. Antônio Paulo Antunes faz uma conclusão muito legal: “juntando as três
mensagens, fica: Deus julgaria Israel sem compaixão, porque não era mais Seu
povo”.
Profetas
eram figuras públicas, conhecidas em todo o reino, tinham uma vida correta e
irrepreensível. Eles tinham total responsabilidade sobre o que falavam e como
agiam, pois se um profeta agisse de maneira maligna, todo o povo também caía.
Era um efeito dominó. Então, a expectativa do povo acerca da vida de Oséias era
a mais irrepreensível possível. Agora imagine o que as pessoas falavam sobre Oséias...
Da mesma forma que um pastor famoso hoje, qualquer que seja, cometer algum tipo
de crime, e essa má conduta recai sobre a igreja como um todo, assim foi nos
dias de Oséias.
Não
consigo imaginar a dor, o drama, as dificuldades, as fofocas, as conspirações,
e tudo que Oséias sofreu naquele tempo. Apesar de tudo, ele obedeceu a Deus,
sem questionar, sem pensar nas consequências de ser um servo fiel do Senhor.
Jesus falou que nossa vida seria difícil, que teríamos aflições (Jo 16:33), mas
também prometeu estar conosco. Sejamos firmes, fiéis ao Senhor, obedecendo e
falando a verdade das Escrituras, mesmo que a sociedade nos julgue e soframos
represálias!
Existe
uma ordem bíblica para sermos imitadores de Deus: “Portanto, sejam
imitadores de Deus, como filhos amados.” (Efésios 5:1). Devemos, com
todo esforço, refletir o grande amor de Deus em nossas vidas: no trabalho,
faculdade, escolas, em casa, em reuniões de família, onde quer que seja. Onde
pisarmos a planta de nossos pés, as pessoas devem ver Cristo em nós. Nosso
testemunho conta muito, pois, se um ímpio contemplar um cristão adúltero,
ladrão, enganador, de que forma esse ímpio vai abrir seu coração para ouvir o Evangelho?
Ele vai é falar: “se é isso que é ser crente, estou fora!”
A
grande lição que aprendemos com o livro de Oséias é o infinito amor de Deus,
que devemos aplicar nos dias de hoje.
Depois
de um tempo, quando Gômer já não servia mais para os serviços de prostituta
cultual a Baal, ela é posta no mercado para venda, como uma escrava. Ela estava
gasta, já acabada, na ruína. Então vem Oséias, a compra, e a resgata da
escravidão e da humilhação. Muitos poderiam pensar na época: agora Oséias vai
dar o troco por tudo que ela fez! Ela merece a punição por todos seus atos! Mas
não acontece isso. Muito pelo contrário: Oséias a trata com muito amor, muita
misericórdia, e muita graça.
Ele
a ama, restaurou sua vida, reescreve uma nova história de amor, respeito e
fidelidade. Renova a aliança! É essa a mensagem que Deus está passando para o
seu povo: Ele nos resgata da sarjeta, estando nós totalmente perdidos em nossos
pecados, por nossa própria culpa e responsabilidade. Apesar disso, Deus nos ama
incondicionalmente! Ele enviou seu próprio Filho para que nós pudéssemos ser
resgatados. Apesar de nossa culpa, Ele pagou um alto preço, nos salvando. Ele
se importa conosco. Ele nos ama, não por nossos méritos, mas apesar de toda
nossa podridão e rebeldia.
Apesar
de virarmos as costas para Deus, ainda assim Ele não nos abandona. Ainda que
nos discipline, Ele é fiel à Sua aliança e promessa. Veja, neste versículo que
destaquei (Os 14:1-2), que Deus diz ao Seu povo para se arrependerem dos seus
pecados, fato que estava causando a ruína da nação toda. Deus já havia lhes
dito para arar seus corações endurecidos e buscar ao Senhor (Os 10:12). Também
havida lhes dito para voltar-se ao Senhor e pedir misericórdia (Os 12:6). Mas
agora, no capítulo 14, Deus fala ao povo como se fossem crianças, dizendo
exatamente o que fazer!
O
chamado ao arrependimento é muito claro, e Deus é tão misericordioso que faltou
só desenhar para o povo entender. Aliás, Deus desenhou sim, na vida do profeta
Oséias, para que o povo visse e entendesse.
Irmãos,
muitas vezes vejo os crentes afirmando que amam ao Senhor, mas quando vamos nos
aprofundando na conversa, descubro que esse amor é na expectativa de conseguir
alguma bênção de Deus. Eles pensam que irão receber de Deus toda sorte de
bênçãos simplesmente pelo fato de fazerem alguma coisa na igreja. Cantores de
equipes de louvor, porteiros, músicos de bandas e orquestras, dizimistas fiéis,
e demais atividades na igreja são vistos como moeda de troca. Tudo isso é de
suma importância, contudo, não fazemos tudo isso para receber algo de Deus.
Trabalhamos na igreja com todo afinco em gratidão pelo que Ele já fez por nós,
e não pelo que Ele irá fazer.
Observem,
nas Escrituras, que diversas vezes Deus nos chama a lembrar do que Ele já fez.
Muitas vezes Ele fala: “lembrem que tirei vocês da terra do Egito...”
“lembrem que eu abri o Mar Vermelho...” “lembrem que os livrei das mãos de
outras nações...” Irmãos, com tanta demonstração de amor, o ápice da
maior demonstração de amor de Deus foi na cruz do calvário. Tamanho amor
derramado por nós deveria fazer com que todos os crentes olhassem para a cruz
em gratidão e amassem de fato ao nosso Deus. Este é o desafio de amar outra
vez: muitos de nós só servem a Deus não pelo que Ele já fez por nós, mas
almejando o que Ele fará por nós. Na verdade, quem serve a Deus assim, tem seu
coração voltado em bênçãos, e não em Deus.
Deus quer o seu coração, não os seus serviços. A salvação é por graça, mediante a fé em Cristo, não em obras (Ef 2:8-9). Não adianta fazermos nada, pois até nossas boas obras são trapos de imundícia diante de Deus (Is 64:6). Convido os amados irmãos a voltarem ao primeiro amor, a olhar para a cruz de Cristo e reconhecer que era para nós estarmos pendurados lá, ao invés do nosso Senhor. Quem entendeu o que Deus fez por nós, este é quem verdadeiramente o ama, e uma vez o amando de todo o coração, somos regenerados. E uma vez regenerados, aí sim, somos capacitados a realizar boas obras, para a honra e glória de Deus (Ef 2:10).
Assim
como no casamento, nosso relacionamento com Deus deve ser duradouro, fiel, tem
que ter diálogo (oração), dedicação, amor. Apesar das dificuldades que todo
casamento tem, a fidelidade à aliança feita entre os noivos deveria ser
preservada, e não quebrada tão facilmente, pois tudo o que tem Deus no centro,
termina em restauração (Os 14). Era essa a mensagem que Deus quis passar para o
povo de Israel e para nós hoje: Seu imenso amor, misericórdia e graça nos
alcançou, apesar de não merecermos.
Para
finalizar, gostaria de propor algumas questões, a fim de sintetizar o
aprendizado e promover uma reflexão:
Qual
a principal mensagem que o profeta Oséias nos traz?
Quais
os nomes dos três filhos gerados por Gômer e seus respectivos significados?
Qual mensagem Deus passou para o povo de Israel juntando os seus significados?
Qual
foi o pecado de Gômer, e qual relação podemos fazer com nosso relacionamento
com Deus?
O
profeta Oséias profetizou durante o reino de quais Reis? Seu ministério se deu
em qual século?
Você
se casaria com alguém sabendo que esse alguém com certeza irá trair você? Além
disso, sabendo que essa pessoa irá te abandonar, você iria atrás dela, pagando
um alto preço por ter ela de volta? Você a amaria, mesmo sem ela merecer, a tal
ponto de se sacrificar por ela?
4 comentários:
Comentário muito edificante Fernando, bem elaborado e de fácil entendimento. Deus continue te dando sabedoria.
Amém, meu querido irmão Ancelmo. Muito obg, louvado seja Deus.
Excelente comentário da Lição irmão Fernando Junio, você trouxe para nós grandes reflexões e certamente aprendemos mais sobre o grande amor que Deus tem por nós pecadores. Que Deus Continue abençoando grandemente a sua vida e seu ministério!
Obrigado, Carlos! Deus abençoe meu querido 🙏🏻😃
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