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Jesus Cristo e Missões no Salmos - Comentários Adicionais (Pr. Osmar Emídio)


Lição 02 – 12 de abril de 2020

TEXTO ÁUREO
Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste? Por que te alongas do meu auxílio e das palavras do meu bramido?” (Sl 22.1).

VERDADE APLICADA
Os Salmos também testificam de Jesus Cristo, Sua obra e o plano divino de alcançar os povos para que todos O adorem.

OBJETIVOS DA LIÇÃO
Compreender as mensagens proféticas sobre o Messias;
Apresentar o sofrimento do Messias;
Destacar a missão dado por Cristo ao seu povo.

TEXTOS DE REFERÊNCIA
Salmos 2
1 - Por que se amotinam os gentios, e os povos imaginam coisas vãs?
2 - Os reis da terra se levantam e os governos consultam juntamente contra o Senhor e contra o seu ungido, dizendo:
3 - Rompamos as suas ataduras, e sacudamos de nós as suas cordas.

Salmos 22
27 Todos os limites da terra se lembrarão, e se converterão ao Senhor; e todas as famílias das nações adorarão perante a tua face.

Salmos 110
1 - Disse o SENHOR ao meu Senhor: Assenta-te à minha mão direita, até que ponha os teus inimigos por escabelo dos teus pés.

INTRODUÇÃO
Não são poucos os salmos que, embora escritos há mais de mil anos antes do nascimento de Jesus Cristo, fazem referências claras e indiscutíveis à sua vida, ministério, paixão, morte e exaltação. Estes salmos são conhecidos como cânticos messiânicos, isto é, salmos que exaltam a pessoa do Senhor Jesus Cristo, seu triunfo e domínio sobre as nações (Salmo 2; 8; 16; 22; 23; 24; 40; 41; 45; 50; 68; 69; 72; 89; 96; 102; 110; 118 e 132). Aproximadamente metade das referências do Antigo Testamento ao Messias citadas pelos escritores do Novo Testamento são citações buscadas do Livro de Salmos. Eis alguns exemplos: Mateus 22.44 (Sl 110.1); João 2.17 (Sl 69.9); Mateus 21.42 (Sl 118.22); Hebreus 5.6 (Sl 110.4); João 13.18 (Sl 41.9); Romanos 15.3 (Sl 69.9); Atos 2.25-28 (Sl 16.8-11).

1. PROFECIAS NOS SALMOS MESSIÂNICOS
O salmo de nº 2 é um cântico régio ou messiânico, isto é, um salmo que tem por objetivo enfatizar a vitória de Cristo, o Ungido de Deus, sobre as nações rebeldes e a implantação do Seu Reino Eterno. Além de revelar a soberania do Filho de Deus como Rei dos reis e Senhor dos senhores nos oferece ainda a oportunidade de se enfatizar a tarefa missionária. Ele pode ser melhor compreendido, se visto em quatro cenários: a) rebelião ou revolta das nações (Sl 2.1-3); b) resposta de Deus à rebelião das nações (Sl 2.4-5); c) o reinado do Messias (Sl 2.6-9); d) a conclamação de Deus às nações para um arrependimento(Sl 2.10-12).

1.1 A revolta do povo contra o Ungido de Deus
“Por que se amotinam as nações, e os povos imaginam coisas vãs? Os reis da terra se levantam, e os príncipes juntos se mancomunam contra o seu Ungido, dizendo: rompamos as suas ataduras e sacudamos de nós as suas cordas” (Sl 2.1-3). O salmo 2 começa com uma pergunta irada contra o absurdo da natureza humana, no seu atrevimento em levantar-se contra o Deus Todo-poderoso! Os povos e seus governantes, tanto no passado como no presente, sempre deram lugar a imaginações vãs contra Deus. Filósofos e até teólogos chegaram a “decretar” a morte de Deus! O imperador romano, Diocleciano, por exemplo, mandou erigir um monumento, no qual escreveu: “A Diocleciano, máximo Hérculos de Cesar Augusto, por ter estendido o Império Romano de leste a oeste, e por ter apagado o nome de Cristo”. Os povos e nações sempre rejeitaram e rejeitam a Jesus Cristo como Senhor. Em lugar do jugo leve e suave de Cristo, preferem o jugo do pecado. Nos dias atuais os sistemas mundiais não estão apenas se rebelando ou arregimentando contra Deus e Seu Ungido, como também se preparando para servir o Anticristo (Jo 15.18; At 4.26-27).

1.2. O triunfo do Filho de Deus
“Aquele que habita nos céus se rirá; o Senhor zombará deles. Então, lhes falará na sua ira e no seu furor os confundirá” (Sl 2.4-5). Deus responde a revolta das nações, rindo e zombando. Em lugar algum vamos ver Deus ri e zombar daqueles que O honram. Nem mesmo diante da morte do pecador (Ez 33.11). Entretanto, diante daqueles que deliberadamente se levantam contra Ele, contra o Seu Ungido, ou contra os Seus Filhos, Deus não somente ri e zomba, mas também responde com ira e furor (Sl 2.4-6). Na história, alguns reis, príncipes ou imperadores que perseguiram os cristãos, tiveram mortes cruéis: De um, os olhos saíram da órbita; outro foi estrangulado, ainda outro morreu afogado; pelo menos dois se suicidaram-se, cinco foram assassinados pelos seus servos. Julião, o apostata, por exemplo, levantou a sua espada para o céu e desafiou o Filho de Deus, a quem chamava, zombando, de o “galileu”. Mas, quando caiu moribundo, gritou para os céus dizendo: “Tu venceste! Tu venceste, Galileu!”. Horrenda coisa é cair nas mãos do Deus vivo” (Hb 10.31; Is 40.15-17).

1.3 O reinado do Filho de Deus
“Eu, porém, ungi o meu Rei sobre o meu santo monte Sião. Recitarei o meu decreto: O Senhor me disse: Tu és meu filho; hoje te gerei. Pede-me, e eu te darei as nações por herança e os confins da terra por tua possessão. Tu os esmigalharás com uma vara de ferro; tu os despedaçarás como a um vaso de oleiro” (Sl 2.6-9). No Verso 6 e 7 vemos o reino messiânico que será implantado após a segunda etapa da 2ª Vinda de Cristo. Na primeira fase de sua 2ª Vinda, Ele será recebido apenas por aqueles que o aceitaram como salvador, Senhor e Rei. Mas, na segunda fase, Jesus há de ser reconhecido por todos como Rei dos reis e Senhor dos Senhores. Todos hão de se submeter ao seu senhorio. Todos, sem exceção! As nações mais rebeldes e contumazes hão de se curvar diante do cetro do Filho de Deus. Normalmente, um rei não usa vara ou cetro de ferro, mas de ouro puro. Contudo, no texto em apreço, vemos que Cristo, para esmagar o poderio das nações, usará uma força implacável, representada pela vara de ferro: um instrumento de castigo e juízo sobre todos os reinos e nações rebeldes (Dn 2.35). Nem o Anticristo com todo o seu esquema poderá evitar que isto se suceda. Ele também será fragosamente derrotado pelo Ungido de Deus.

2. O SOFRIMENTO DO MESSIAS
O salmo 22 descrevem os sofrimentos de Davi, que profeticamente apontavam para a dor e o sofrimento que o Filho eterno de Deus padeceu em nosso lugar. Sendo assim, encontramos aqui o sofrimento do Ungido de Deus, expresso de forma tipológica. É bom salientar que algumas referências proféticas a Cristo podem ser tidas como tipos, ou seja, sombras simbólicas de realidades futuras, enquanto outras, são declarações proféticas diretas. De qualquer forma, interpretar esses salmos messiânicos é algo aprovado pelo próprio Senhor Jesus, tendo em vista que Ele mesmo declara que os Salmos falam a seu respeito (Lc 24.44).

2.1. Sujeição ao abandono
O Salmo 22 é bastante conhecido, pois traz a frase de Jesus ao expirar na cruz: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparastes?” (Mt 27.46 - Sl 22.1). Essa frase mostra toda a intensidade da dor que ele suportou ali. Mas é preciso dizer que ela não diz respeito propriamente ao sofrimento físico de Jesus, muito embora seu sofrimento físico tenha sido imenso! Essa frase diz respeito ao inimaginável sofrimento da separação do Pai que o Filho teve de experimentar. Por toda a eternidade o Filho havia desfrutado do mais perfeito e pleno amor em seu relacionamento com o Pai, mas na cruz Ele teve de ser abandonado. Alguns chegam a dizer, equivocadamente, que o Pai não suportou ver o sofrimento do Filho na cruz e por isso virou seu rosto. Mas isto não passa de um emocionalismo barato! Tipologicamente isso significa que Ele estava recebendo sobre si todo o peso da ira da justiça de Deus, por nossa causa. Naquele momento, portanto, o Pai o abandonou literalmente porque Jesus havia sido feito pecado, e o pecado implica na separação de Deus.  Assim, quando Jesus pronunciou essas palavras Ele realmente estava abandonado. Ele estava completamente separado do Pai! Se alguém pode dizer que sabe o que realmente significa o abandono de Deus, essa pessoa é Cristo!

2.2. Zombaria e desprezo
“Mas eu sou verme, e não homem, opróbio dos homens e desprezado do povo. Todos os que me vêem zombam de mim; afrouxam os lábios e meneiam a cabeça: Confiou no SENHOR! Livre-o Ele; salve-o, pois nEle tem prazer.” (Sl 22.6-8). Este Salmo tipifica um momento agoniante da vida de Cristo, onde o mesmo, seria desprezado pelo povo, a ponto de morrer na cruz do Calvário (Veja ainda Sl 22.16,18, 31). Jesus Cristo sofreu escárnios, risos, caçoadas e tratamento insolente, e até mesmo cuspiram nele, durante o seu ministério na terra (Mc 5.40; Lc 16.14; 18.31-32. Os sacerdotes e governantes judeus eram especialmente odiosos na sua zombaria (Mt 27.41; Mc 15.29-31; Lc 23.11,35). Os soldados romanos participaram nesta zombaria quando ele lhes foi entregue (Mt 27.27-31; Mc 15.20; Lc 22.63; 23.36). Se fizermos ainda uma analogia de Cristo e o que este salmo está expressando, veremos que o verme está representando de forma simbólica Cristo! Que foi colocado no madeiro, reduzido no castigo sendo o opróbrio da humanidade, vertendo seu sangue escarlata que resultou na salvação de toda humanidade. Se este verme não morresse não poderia procriar a suas ovas, do mesmo jeito, se Cristo não morresse a igreja não nasceria (Rm 6.8). Que tipificação linda de Cristo, introduzido neste Salmo.

2.3. O sofrimento não lhe impediu de cumprir à missão
O sofrimento, as afrontas, o abandono e o desprezo não conseguiram impedir que Jesus Cristo, o Ungido de Deus, cumprisse a sua missão. O salmo 22, que começou com uma sensação de desespero por sentir-se separado de Deus (v. 1), termina em adoração e gratidão (Sl 22.22-31). Davi promete louvar a Deus, por Sua salvação milagrosa. Jesus Cristo triunfou e cumpriu sua missão sobre a morte e o diabo ao suportar o castigo de Deus sobre os pecadores e ao cumprir a justiça requerida dos seres humanos. Os termos que Davi utiliza para descrever sua situação são inspirados pelo Espírito Santo. Portanto, ele pôde avançar mil anos para descrever precisamente as experiências de Jesus, o Salvador, tanto em Sua morte cruel como Sua ressurreição vitoriosa. Esta proclamação pública de Davi iria estimular os demais a depositar sua fé no Senhor, que resgata Seu povo. Para o Senhor Jesus, falariam da futura propagação do evangelho de redenção a todos os povos e nações (Sl 22.27-30). A mensagem da morte e ressurreição de Jesus há de se espalhar não apenas geograficamente, mas também por todas as eras. Todas as pessoas ouvirão a mensagem clara do que Deus fez (Sl 22.31). Hoje, somos feitos santos e perfeitos de uma vez para sempre pelo seu sacrifício (Hb 2.11-12).

3. O SACERDÓCIO REAL E OS SALMOS MISSIONÁRIOS
O Salmos 110 é um Salmo completamente messiânico. O Salmista nos apresenta descrições precisas da soberania e domínio do Messias. Durante uma de suas discussões com os fariseus, o Senhor Jesus Cristo citou um de seus trechos (Mt 22.44; Lc 20.42-44), durante sua pregação em Pentecoste Pedro o citou como profecia referente a Jesus (At 2.3-4) e o apóstolo Paulo também fez referência a ele, quando ensinou sobre a ressurreição (1 Co 15.25). Ele nos mostra que o sacerdócio de Jesus, ao contrário dos demais é eterno, ou seja, a glória de Deus em Cristo jamais será revogada.

3.1. Sacerdócio da Ordem de Melquisedeque
A interpretação que o próprio Jesus faz do salmo 110 é crucial para desvendar o seu significado (Mt 22.41-45; Mc 12.35-37; Lc 20.41-44). A chave de sua interpretação está na identificação do meu Senhor do versículo 1. Jesus afirmou que neste versículo Davi estava falando de alguém maior do que ele próprio. Como nenhum filho comum de Davi poderia ser maior do que ele, o meu Senhor do versículo 1 referia-se ao Messias por vir, ao Filho de Deus. Assim, este salmo narra uma conversa entre Deus Pai e Deus Filho, na qual o Pai concede ao Filho honras reais e sacerdotais. Embora Melquisedeque seja mencionado em apenas duas passagens do AT (Gn 14.18-20; Sl 110.4) ele é um importante tipo de Cristo, o melhor e mais perfeito sacerdote. Em razão de Melquisedeque não ter registro em nenhuma genealogia, ele representa uma figura isolada ocupando-se do sacerdócio. De sua ordem só se conhece ele mesmo. Do mesmo modo, Jesus é um sacerdote eterno, sem igual (Hb 6.20).

3.2. Os Salmos Missionários
Os salmos também testificam do plano divino de alcançar os povos, reinos e nações para que todos O adorem. Tais salmos são objetos do propósito e da ação missionária de Deus (Salmo 2; 67; 96; 98; 102; 126). O salmo 2, por exemplo, apontam os povos e nações, inclusive reis, príncipes, governantes e juízes da terra, não apenas como agentes de sua ira (Sl 2.1-4), mas também como passivos da misericórdia e graça do Senhor (Sl 2.8 – ver ainda Sl 96.3,10; 67.1-2; 98.2; 102.15, 18-22; 126.2). Deus estende a sua graça e misericórdia a todos os que trocarem a arrogância e revolta pela humildade; aceitam as advertências e os conselhos do Senhor em vez da rebeldia; o prazer de servirem ao Senhor Jesus com alegria, temor e tremor, em vez de fazerem amotinações (Sl 2.10-12).

3.3. Que todos os povos louvem ao Senhor
No último cenário do Salmos 2, Deus conclama as nações rebeldes a obedecê-lo, dando prova de reverência, honra e respeito àquele a quem odiaram durante tantos séculos. Esta conclamação é apresentada em quatro exortações distintas: a) exortação à prudência (Sl 2.10a); b) exortação ao aprendizado divino (Sl 2.10b); c) exortação a servir ao Senhor com temor e alegria (Sl 2.11); d) exortação à adorar ao Senhor (Sl 2.12).

CONCLUSÃO
O Espírito de Cristo estava nos salmistas, falando através deles há pelo menos mil anos antes de vir à Terra como o tão esperado Messias. Existem várias maneiras pelas quais os salmos falam de Cristo. Em alguns, ouvimos o Pai falando ao Filho, como no Salmo 2.7: “Tu és meu Filho, eu, hoje, te gerei”. Em outros, Cristo é apresentado como o Bom Pastor (compare Salmo 23 com João 10). Ele é o Rei (Salmo 24) e o Cabeça de Sua igreja (compare Salmo 8 com Hebreus 2). No final, em todos eles, Cristo é o Senhor de todos os Salmos!

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
► Bíblia de Estudo Matheus Henry. Editora Central Gospel Ltda. Rio de Janeiro: 2014.
► REVISTA BETEL – Revista de Escola Bíblica Dominical – SALMOS. 2º Trimestre de 2020. Ano 30, nº 115.
► REVISTA JOVENS E ADULTOS. HEBREUS. Editora Betel. 2º Trimestre de 1998. Ano 08, nº 27.
► LIÇÕES BÍBLICAS – SALMOS. Editora CPAD – 3º Trimestre de 1997.

Pr. Osmar Emídio de Sousa - Bacharel em Direito; Bacharel em Missiologia pela antiga Escola Superior de Missões de Brasília; bacharel em Teologia Pastoral, pela FATAD (Faculdade de Teologia das Assembleias de Deus de Brasília).

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