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O Culto Racional - Comentários Adicionais ( Pr. Éder Santos)


O CULTO RACIONAL
Lição 10 – 09 de Junho de 2019

TEXTO ÁUREO
Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável à Deus, que é o vosso culto racional.” Rom 12.1 ARC

VERDADE APLICADA
Tanto o intelecto como nossas emoções devem estar envolvidos no culto oferecido a Deus, de acordo com a Sua Palavra.

OBJETIVOS DA LIÇÃO
EXPLICAR o que é adoração;
DESCREVER os elementos do culto racional;
EXPLICAR os aspectos de uma pregação relevante.

TEXTOS DE REFERÊNCIA
Ef 5.15 – Portanto, vede prudentemente como andais, não como néscios, mas como sábios,
Ef 5.18 – E não vos embriagueis com vinho, em que há contenda, mas enchei-vos do Espírito;
Ef 5.19 – Falando entre vós em salmos, e hinos, e cânticos espirituais; cantando e salmodiando ao Senhor no vosso coração;
Ef 5.20 – Dando sempre graças por tudo a nosso Deus e Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo;
Ef 5.21 – Sujeitando-vos uns aos outros no temor de Deus.

INTRODUÇÃO
Os elementos do culto são os meios usados pelo adorador para expressar o culto. São as "formas e funções por meio das quais a recepção e a ação litúrgica se efetivam e, mediante sua coopera­ção orgânica, suscitam e expressam o evento cultuai" (0. Haendier).
ORTOPRAXIA
O que é Ortopraxia:
Orto - correto ou direito
praxia - procedimento ou ação prática
Geralmente uso para definir condutas religiosas, métodos, liturgias e vivência cristã.

ORTODOXIA
Ortodoxia: Substantivo
O que é Ortodoxia:
A palavra vem do grego "orthós" (retos) e "dóxa", (opinião). dai esta palavra veio a indicar (crença correta).
Corrente que surgiu imediatamente depois da Reforma. É a sistematização e a consolidação das ideias da Reforma, desenvolvidas em contraste com Contra Reforma.
A ortodoxia protestante desenvolveu dois princípios teológicos, o formal e o material. O principio formal é a Bíblia; o material, a doutrina da justificação.

1. A ADORAÇÃO
O QUE É ADORAÇÃO BÍBLICA? A palavra adoração aparece 278 vezes no AT sendo a palavra שָׁחָה (xarrá) é a mais usada. Adorar (שָׁחָה) significa: curvar-se em adoração, inclinar-se para baixo, fazer homenagem, ajoelhar-se em reverência a, deitar-se, prostrar-se, adorar etc.
Das 100 palavras traduzidas como adoração no Novo Testamento mais de 60% delas têm a sua origem em προσκυνέω (proscuneó) cujo significado é: beijar o chão, prostrar-se diante de um superior, adoração, pronto “para cair / prostrar-se a adorar de joelhos”, fazer uma reverência, metaforicamente “o beija-terra”. Adorar (προσκυνέω) sugere a vontade de fazer todos os gestos físicos necessários de reverência. Nas palavras de Jesus, segundo o Evangelho de João, “Deus é Espírito, e importa que os que o adoram(προσκυνηταὶ)PEREGRINOS o adorem (προσκυνήσουσιν)ADORAÇÃO em espírito e em verdade.” (Jo 4,24).
Jesus está explicando a mulher samaritana que a adoração a Deus não está ligada a um local porque Deus não se faz presente em lugares ou construções feitas por mãos humanas, seja no monte, em Samaria, ou no templo, em Jerusalém. “... nem neste monte nem em Jerusalém adorareis o Pai.” (João 4,21).
A adoração envolve três elementos. 1) O adorado; 2) O adorador; 3) A forma de adorar. Desses três elementos o terceiro é o menos relevante. Deus deve ser adorado pelo que ele é.

1.1. Adorar
O apóstolo Paulo descreve perfeitamente a verdadeira adoração em Romanos 12: 1-2: "Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus".
Essa passagem contém todos os elementos da verdadeira adoração. Primeiro, há a motivação para adoração: "as misericórdias de Deus." As misericórdias de Deus são tudo o que Ele tem nos dado que nós não merecemos: o amor eterno, a graça eterna, o Espírito Santo, a paz eterna, a alegria eterna, a fé salvadora, conforto, força, sabedoria, esperança, paciência, bondade, honra, glória, justiça, segurança, vida eterna, perdão, reconciliação, justificação, santificação, liberdade, intercessão e muito mais. O conhecimento e a compreensão desses presentes incríveis nos motivam a demonstrar louvor e ação de graças - em outras palavras, adoração!

1.2. Louvor
Louvor é o ato de enaltecer e glorificar algo ou alguma coisa; exaltar a ação de alguém ou de uma divindade. O uso da palavra "louvor" pode ser empregado em frases que representam situações de glória ou orgulho ao cumprir e realizar determinada tarefa ou ação.
VER DEFINIÇÃO, COMENTÁRIO REVISTA:
1.Hallal – Produzir som claro, traz a ideia de externalizar com os lábios - Hilluwi e Tehilla, derivados (Regozijo por cântico).
2.Shabach – Gritar com alta voz, cântico de triunfo
3. Zamar – Dedilhar ou tocar cordas
4. Yadah – Confissão
5.Towdah – Estender as mãos
6. Barak – Ajoelhar pra adorar

1.3. Dízimos e ofertas
Trata-se de ações que expressam o reconhecimento da soberania de Deus em relação a todos os recursos e riquezas. Salmo 24.1 Somos mordomos (Êxodo 10. 24-26 Lucas 8 1-3).
O ato de ofertar ou dizimar faz parte do culto. O ofertar sempre foi um elemento inte­grante da adoração a Deus e uma ex­pressão de fidelidade (Dt 12.4-7; Ml 3.10; Mc 12.41-44; 2 Cr 8.12-18; Hb 13.16).
"Ninguém se iluda: o reino de Deus não se edifica com dinheiro, mas com pessoas. Após o novo nascimento, con­tudo, não devemos deixar de dar o dízimo, pois esta é uma questão de obediência, consciência e compromisso com a obra de Deus. 2 Co 9.5,10 Em suma, ofertar é cultuar e cultuar é ofertar.

2 - OS ELEMENTOS DO CULTO

2.1. Oração
Orar é cumprir uma ordem do Se­nhor (Lc 18.1 e 1 Ts 5.17). A oração é indispensável ao cristão, que deve praticá-la individualmente e coletivamen­te (Mt 6.5-8 e At 12.12). A oração é "o privilégio supremo dos cristãos, conce­dido por Deus ao elevá-los à categoria de filhos. A oração só é possível dentro da família de Deus: é o exercer os direi­tos de filhos no contexto dessa família (Rm 8.15 e Gl 4.6). Os filhos são herdei­ros, participantes responsáveis, por con­seguinte, de toda a economia da famí­lia. Na família do Pai os filhos têm o di­reito de tomar a palavra. A oração é, portanto, a autorização que Deus dá a que os filhos digam o que têm a dizer com referência aos assuntos que a eles dizem respeito" (citado por V. Allmen).
A Bíblia nos ensina que a oração faz parte do culto particular e público. As ora­ções nas reuniões da Igreja devem ser uma constante hoje, como foi no passa­do (At 1.14; 4.24; 12.5; 21.5; Lc 1.10; Mt 18.19). As mesmas devem ser dirigidas a Deus (Mt 4.10), por meio e em nome de Jesus Cristo (Ef 2.18; Hb 10.19), acompanhadas de humildade e ação de graças (Gn 18.27; Fp 4.6; Cl 4.2). Podem ser feitas em silêncio e audivelmente, nas posturas diversas (Mc 11.25; At 20.36; Mt 26.39).

2.2. Música
A música tem um poder secreto para mover os corações, por isso devemos ser mais diligentes em regulá-la.” Joao Calvino. Ver comentário adicional do professor (Revista).
A música também se destaca como um elemento indispensável ao culto. A Igreja sempre usou hinos e cânticos na expressão do seu culto (Rm 15.9; 1 Co 14.15; Ef 5.19; Cl 3.16; Tg 5.13; Ap 5.9; 14.3; Mt 26.30).
O professor Bill Ichter, autoridade em música, descreve algumas característi­cas da música que devem ser usada na Igreja:
  • Quanto à Expressão. Deve expressar uma verdade bíblica.
  • Quanto à Doutrina. Deve expressar doutrinas corretas.
  • Quanto à Devoção. Deve ser caracteristicamente devocional.
  • Quanto à Forma. Deve possuir boa forma literária.
  • Quanto ao Estilo. Deve ter um bom estilo musical.
  • Quanto à Ocasião. Deve ser apropriada à ocasião em que estiver sendo usada.
  • Quanto ao Uso. Deve ser adaptada ao uso da con­gregação.
  • Quanto ao Alcance. Deve ser apropriada e ao alcance da capacidade dos cantores.
O apóstolo Paulo nos revela que mú­sica na Igreja deve ser "salmos, hinos e cânticos espirituais", entoados para o louvor a Deus e a edificação mútua dos irmãos (Cl 3.16).

2.3. O centro do culto
Não deve cultuar anjos, homens, mas deve exaltar a soberania de Deus, o peso, consequência e resultado do pecado.
Como é o culto que agrada a Deus? Deus aceita qualquer coisa, desde que seja sincero?
O versículo de Romanos 12.1 nos mostra vários pontos sobre o culto, e nos coloca em cheque para que aprendamos mais sobre como apresentar a Deus o que chamamos de culto ao Senhor.
Não! Não é ao nosso modo, do nosso gosto, do nosso “jeito”, nem com nossas preferências (apesar de que, à medida que praticarmos o que Deus deseja, agradar a Deus acabará se tornando a nossa preferência).
À essa luz, pergunta-se:
Será que podemos fazer uso de todas as culturas, de todos os países, como formas de adoração ao Senhor? Ou existe somente uma única maneira bíblica de adoração? O mundo todo deve utilizar uma única maneira bíblica de adoração? Como seria, então, com nossos irmãos africanos e suas danças? Será que as belíssimas orquestras europeias poderiam tocar nos momentos solenes de culto ao Senhor? Será que existe uma cultura litúrgica universal?
Penso que esses são grandes problemas para se responder biblicamente.
A abordagem deste artigo é sobre o culto corporativo, o culto público, coletivo.
O Princípio Regulador
O princípio regulador surge da busca de que as Escrituras devem dirigir a forma de se cultuar ao Senhor. O princípio é: somente o que for expressamente ordenado pelas Escrituras deve ser apresentado como culto a Deus.
Contrapondo essa ideia, porém, existe o princípio normativo que diz: o que não é proibido pelas Escrituras, é permitido.
Percebe-se que a prática mais corrente é a segunda opção, o princípio normativo.
Se o Salmo 150 fala de louvar com danças, não importa o contexto e as explicações culturais. Poderemos então, usar danças em nossos cultos seguindo a sugestão do salmo.
Podemos ir mais longe. A Bíblia não proíbe cultuar a Deus fumando um charuto. Seria, então, permitido fumar durante o culto?
Os crentes, de modo geral, bem como as igrejas, rejeitam o princípio regulador alegando frequentemente ser ele uma espécie de “legalismo” ou apego ao “tradicionalismo”. Isso, no entanto, diz respeito somente às igrejas que têm conhecimento da existência desse princípio, porque na prática o que impera é um desconhecimento a respeito desse assunto.
Por conta disso, ao observarmos o crescente movimento reformado no Brasil, percebemos que muitos deles não compreendem a importância de se ter um culto reformado. São reformados na Soteriologia, mas não no culto. Ou seja, a aplicação da Sola Scriptura não chega à realidade do culto.
Outra causa do porquê das igrejas não aplicarem o princípio regulador é o entendimento equivocado do propósito da Igreja de Cristo. A maior parte das igrejas entende que a Igreja de Cristo existe para promover missões ou pregar o evangelho. De fato, isso tem seu lugar e importância, mas são, certamente, preocupações secundárias.
John Piper diz em um de seus sermões:
Missões é dizer às nações para louvarem a Deus e dar-lhe as razões e evidências de boas coisas a se fazerem; é  contar a eles a história de como o grande Deus está envolvido na História, como liberou grande conhecimento sobre Jesus Cristo, o Filho que veio, viveu, morreu por nossos pecados, ressuscitou dos mortos superando todas as coisas que o seguravam e reina à destra de Deus, que responde sua oração, e lhe dá vida eterna!  Creia nele! E que todos comecem a louvá-lo como a pessoa mais preciosa no Universo; é para isso que serve missões!”
O interessante dessa frase é que até as missões estão subordinadas ao propósito de dar glórias a Deus.
Outra observação pertinente de John Piper é o comentário que faz sobre a primeira pergunta do catecismo maior de Westminster: 
Qual o fim primeiro e principal do homem?
Resposta: Glorificar a Deus e gozá-lo eternamente.”
Em seguida Piper faz a genial pergunta: “E qual é o fim primeiro e principal de Deus?” Ele responde: “O mesmo, glorificar a Ele mesmo e gozá-lo eternamente.”
O que é necessário compreender, primeiramente, é que o propósito da Igreja de Cristo é glorificar a Deus (Trindade). Aliás, esse é o objetivo de toda a criação e todo esse movimento criativo de Deus que envolve, Criação, Queda, Redenção e Consumação.
A teóloga anglo-católica Evelyn Underhill disse:
O culto cristão se distingue por ser sempre condicionado pela crença cristã; e particularmente pela crença sobre a natureza e a ação de Deus, resumida nos grandes dogmas da Trindade e da Encarnação.”
Underhill tem razão quando diz que o culto se resume nos grandes dogmas da Trindade e da Encarnação.
Deus quer um povo que o adore. Ele, então, decide eleger, criar, escolher e conduzir esse povo à Sua adoração. Portanto, o povo que adora Deus, é o povo que foi formado por Deus para isso, e a Bíblia o chama de Igreja. Enquanto esse entendimento não for absorvido, as igrejas terão dificuldade de adorar a Deus de modo que Ele fique satisfeito.
O princípio regulador tem como preocupação adorar a Deus como Deus quer ser adorado, pois sua revelação completa e suficiente está nas Escrituras. Não sabemos, naturalmente, como adorar a Deus, por isso Deus mesmo nos ensina como fazê-lo.
O teólogo metodista Paul W. Hoon diz: 
O culto por definição é cristológico, e a análise do significado do culto precisa ser fundamentalmente cristológica, tal culto é profundamente encarnacional por ser governado por todo o evento de Jesus Cristo. O culto cristão está vinculado diretamente aos eventos da história da salvação. Cada evento nesse culto está ligado diretamente ao tempo e à História, enquanto cria pontes para eles e os traz para dentro do nosso presente. O núcleo do culto é Deus agindo para dar sua vida ao ser humano e para levar o ser humano a participar dessa vida. Por isso tudo o que fazemos como indivíduos, ou como igreja, é afetada pelo culto. A vida cristã é uma liturgia.” (Hoon, Paul The integrity Of Worship).
Hoon ainda sustenta que o culto cristão é a auto-revelação de Deus em Jesus Cristo e a resposta do ser humano, ou uma ação dupla; a ação de Deus para com a alma humana em Jesus Cristo e a ação responsiva do ser humano através de Jesus Cristo. Por meio de sua Palavra, Deus revela e comunica seu próprio ser ao ser humano. Para Hoon as palavras-chave a respeito do culto são “Revelação e Resposta”. No centro de ambas está Jesus Cristo, que revela o Pai a nós e por meio do qual damos a nossa resposta.
James F. White em seu livro “Introdução ao Culto Cristão” (ed. Sinodal) cita Dinonisio Borobio no livro “A Celebração na Igreja”:
“… enquanto as religiões circundantes são religiões de natureza, cujo culto é a transposição ritual do mito do eterno retorno, do incessante morrer-renascer do cosmos, a religião bíblica judeu-cristã refere-se fundamentalmente a acontecimentos históricos, sendo a coluna vertebral do seu culto o conceito de memória.
A fé de Israel tem seu centro em Iahweh, Deus único e pessoal, cuja presença ativa na História busca libertar e salvar seu povo e estabelecer uma aliança de amor com ele. A experiência básica do Êxodo, como movimento de libertação e constituição do povo no nível político, traz consigo no plano religioso, um movimento de conversão e aceitação da fé em Iahweh, que implica, por sua vez, uma nova categoria de culto. Todo culto, na história de Israel, está intimamente orientado para relembrar esse acontecimento-chave.
Em consequência, as formas cúlticas praticadas antes receberão uma reinterpretação. Assim, as grandes festas do ano, tendo à frente a Páscoa, cujas raízes cósmico-naturalistas são de fácil reconhecimento, adquirirão uma nova significação no nível histórico, chegando a ser memorial para as sucessivas gerações: memorial cuja organização interna segue a tríplice dimensão do tempo, visto que, evocando o passado, a celebração de algum modo torna presente, diante dos participantes, o acontecimento, ao mesmo tempo em que os situa numa dinâmica de futuro e de esperança, à espera de um novo Êxodo definitivo.”
Ele faz, aqui, uma ligação perfeita com o culto neotestamentário subordinado e não desvinculado com toda história de Deus na história do povo de Israel.
Há um pensamento comum de que Deus está no seu alto e sublime trono, e que somos tão pequenos, de um modo que, Deus não está muito preocupado com o modo como O adoramos. Esse pensamento, porém, não é nada bíblico.
Em João 4.22 Jesus diz à mulher samaritana:
Vós adorais o que não conheceis; nós adoramos o que conhecemos, porque a salvação vem dos judeus.”
O que Jesus diz aqui é que a mulher adorava de maneira errada. Não só ela, mas os samaritanos que criaram um outro templo em um outro monte, desobedecendo assim o que Deus havia instituído. Só havia um lugar e um modo para se adorar o Deus verdadeiro: “A salvação vem dos judeus”.
Jesus está reprovando a forma com que os samaritanos resolveram a questão do culto. Eles criaram um outro lugar, um outro modo e consequentemente criaram um outro “deus”.
Em João 4.24 Jesus diz:
Deus é Espírito; e importa que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade.”
Jesus faz uma revelação de que Deus exige uma forma correta de adoração, porque essa forma correta está em consonância à sua forma de ser. Ele é Espírito, importa que O adoremos em espírito e em verdade.
O que isso significa?
Em verdade
O termo “em verdade” está relacionado à forma de adoração. É o modo bíblico de adorar. Se existe um modo certo de fazer é porque existe um modo errado. O modo certo é observando o que as Escrituras orientam desde Gênesis até Apocalipse, de como o Santo Deus deve ser adorado. A isso chamamos de princípio regulador de culto.
Em espírito
Em espírito diz respeito a intenção como cumprimos o ordenado. Devemos fazer o que é certo com a intenção certa, com inteireza e sinceridade de coração.
Se fizermos o que é verdade sem o espírito, nos tornamos legalistas, cumpridores de um ritual morto. E se formos somente espírito sem verdade, seremos apenas empíricos, sentimentalistas, adorando um deus da nossa mente, mas não o Deus Santo e verdadeiro.

3. A PREGAÇÂO RELEVANTE

3.1. Bíblica
A PREGAÇÃO EXPOSITIVA:
Possui uma forma definida – o texto é estudado, não um tema. Explora-se o contexto da passagem, as características linguísticas envolvidas. Faz-se divisão dos assuntos envolvidos na passagem e encontra a aplicação do texto para a vida dos ouvintes.
 
Possui uma aplicação – Por exemplo, não basta apenas explicarmos porque Deus mandou sobre o Egito as dez pragas, discorrendo sobre as divindades egípcias. É essencial que se retire a verdade exposta naquele texto, aplicando a vida do ouvinte. 
O personagem principal da história é Deus (Pai, Filho e Espírito Santo) – a pregação expositiva da Bíblia sempre será voltada para revelar o caráter de Deus, Sua santidade, justiça, amor, etc. A pregação nunca terá como ênfase o homem, mesmo quando vai falar da sua pecaminosidade, visto que, o foco não está na depravação total do homem, mas naquele que salva ou condena o homem (Jr 17.9-10; 1Co 6.9-11; Ef 2.1-10). Seria uma incoerência pregarmos a Palavra de Deus sem falar dEle. 
Inicia-se de uma passagem bíblica -  ela não começa de um pensamento. Isso evita que sejamos repetitivos usando nossas próprias ideias. Deve ficar evidente que o assunto pregado está saindo da Bíblia e não da imaginação do pregador. O pregador deve manter o foco no texto a ser estudado, usando o mínimo possível de textos paralelos.
Além disso, a pregação expositiva:
  • Mostra-nos a coerência do ensino bíblico, ou seja, lemos a Bíblia como ela foi escrita;
  • Diminui a possibilidade de usarmos o texto fora de contexto;
  • Evita o constrangimento de mensagens encomendadas, visto que é trabalhada uma sequência de pregações em cima de um livro ou carta;
  • Obriga-nos a estudar todos os temas expostos na Escritura. Dessa forma, não fugimos de temas polêmicos ou difíceis de entender;
  • Estimula o estudo pessoal;
  • Dá maiores oportunidades de crescimento à igreja.

3.2. Contextualização
Modelo bíblico de contextualização da mensagem. Vejamos o assunto da contextualização a partir da experiência bíblica de Paulo em três momentos específicos. Apesar de Paulo ser o apóstolo para os gentios (Gal. 1:16) ele era um judeu devoto. Desta forma, a partir de seus sermões e ensinos podemos garimpar princípios norteadores da contextualização da mensagem. Observaremos três passagens bíblicas no livro de Atos nas quais Paulo proclama o Evangelho. Primeiramente a um grupo formado puramente por judeus, em outra ocasião a judeus mas com presença gentílica simpatizante do judaísmo e por fim para gentios totalmente dissociados do mundo judaico e de seus valores vetero-testamentários. Ficará evidente, creio, que Paulo jamais compromete a autenticidade da mensagem bíblica, porém a comunica com aplicabilidade cultural de forma que haja boa comunicação utilizando os elementos necessários para tal. Em Atos 9:19-22 encontramos Paulo em Damasco com os discípulos proclamando Cristo nas sinagogas apresentando-O como “o Filho de Deus” e “confundia os Judeus que moravam em Damasco, demonstrando que Jesus é o Cristo”. Aqui encontramos Paulo logo após ser salvo, expondo nas Escrituras que o Jesus que ele perseguia no passado tão próximo era de fato o Filho de Deus. A expressão grega para “demonstrando” (que Jesus era o Messias prometido), no verso 22, implica em demonstração com evidências objetivas, visíveis, o que nos dá a impressão que Paulo o fazia através do próprio texto sagrado, as Escrituras. Sua forma de pregação seguia a mesma dinâmica que ele viria a usar em todo o seu ministério entre os Judeus: demonstrando a partir da comprovação escriturísticas que Jesus é o Messias esperado (At 17:1-3). Paulo bem sabia que se alguém desejasse mostrar aos judeus que uma pessoa era o Messias, teria que fazê-lo através das Escrituras. Por isso sua abordagem foi baseada nas Escrituras, centralizada na promessa do Messias e promotora de evidências de que este era Jesus. Paulo aqui falava aos filhos de Israel, que se viam como os filhos da Promessa e, portanto, em toda sua pregação ele utilizava elementos históricos e marcos da relação entre Deus e Seu povo escolhido. Em Atos 13: 14-16, encontramos Paulo “atravessando de Perge para a Antioquia da Pisidia, indo num sábado à sinagoga”. Logo depois ele, erguendo a mão, passou a lhes proclamar a Cristo. Neste texto o grupo, culturalmente definido, é o mesmo de antes: judeus. Havia porém a presença gentílica de simpatizantes da fé judaica. Paulo inicia com um dos principais fatos da história judaica, o Êxodo. Ele então os relembra da história de Israel até Davi quando então, intencionalmente, lhes introduz a promessa do Messias (At 13:23) e a liga a Jesus. Interessante como Paulo neste caso prega a Cristo a partir do “Deus de Israel”, e se fundamenta no Antigo Testamento para lhes apresentar o Messias por saber que os gentios ali presentes não apenas conheciam o Antigo Testamento mas também procuravam segui-lo. Porém sua pregação tem também forte teor moral e escatológico, que a distingue da primeira em Atos 9, apenas para aos judeus, demonstrando sua sensibilidade para um auditório misto, mesmo que prioritariamente judeu e judaizante. No verso 39, Paulo utiliza um texto de inclusão (todo aquele), que se contrapõe ao discurso mais exclusivo que seguia com os judeus, dizendo que todo aquele que cresse seria salvo. Certamente os gentios judaizantes, fora da história biológica de Israel, se viam aí incluídos: um Messias judeu para judeus e gentios. Na terceira passagem, em Atos 17: 16-31, Paulo proclama a Cristo para gentios que nenhum conhecimento tinha das Escrituras. Paulo está em Atenas, o centro filosófico do mundo da época, e é conduzido até o areópago pelos epicureus e estoicos. Neste momento Paulo se encontrava em um cenário totalmente paganizado sem pressupostos judaizantes. O sermão de Paulo desta vez não se iniciou nas Escrituras veterotestamentária ou mesmo na promessa do Messias. Paulo lhes pregou Deus, a partir das evidências da criação e do deus desconhecido, “pois este que adorais sem conhecer é precisamente aquele que eu vos anuncio” (At 17: 23). Passa então a apresentar-lhes os atributos de Deus que “fez o mundo…. sendo Ele Senhor do céu e da terra” (v. 24), “de um só fez toda a raça humana” (v. 26), “não está longe de cada um de nós” (v.27), “notifica aos homens que todos em toda parte se arrependam” (v.30), “por meio de um varão… ressuscitando-o dentre os mortos” (v.31). Note que no verso 24, Paulo utiliza Theos para se referir ao “Deus que fez o mundo”, sendo o mesmo termo utilizado (Theos) ip para mencionar o deus desconhecido. Ele utiliza da ideias existente de deus para apresentar revelacionalmente o Deus da Palavra, criador de todas as coisas. O fim da mensagem é o mesmo: Jesus que morreu e ressuscitou. Notem que aos judeus Paulo lhes fala sobre “o Deus da promessa”, Aquele que lhes trouxe do Egito pois estes conheciam o Deus da Escritura e se viam como os filhos da promessa. Eles entendiam que Deus se revelou a seus pais, que interagiu com seu povo ao longo da história, que lhes deixou as Escrituras. Ao segundo grupo Paulo lhes fala sobre o Deus das promessas e da história de Israel mas, como havia entre eles gentios, lhes fala também do Messias que há de vir para a salvação de todo aquele que crê. Percebemos aqui neste texto que Paulo apresenta-lhes o Evangelho com fortes evidências escriturísticas, para os judeus, além de um forte apelo moral e escatológico, para os gentios judaizantes. Ao terceiro grupo, puramente gentílico, o Messias que há de vir não lhes transmitia nenhuma mensagem aplicável à sua história pois era visto tão somente como o Messias Judeu. Eles não tinham as Escrituras que O revelavam nem as promessas e alianças. Eles não se enxergavam como filhos da promessa e não se identificavam com Abrão e Moisés. Porém eles se viam como os filhos da Criação. Possuíam tremenda atração pelas obras criadas e fascinação pela figura do Criador. Eram caçadores de respostas, estudiosos da religiosidade, qualquer religiosidade. Portanto, Paulo lhes pregou o Deus da criação, aquele que era antes de qualquer outro, que detém o poder de fazer surgir, e mantém a humanidade e o cosmos. Ele lhes fala demoradamente sobre os atributos deste Deus que é único, soberano, próximo e perdoador. Finalmente lhes fala de Jesus como o centro do plano salvífico de Deus, apresentando-O como o Messias para toda a humanidade. Algumas conclusões a partir do modelo Paulino de exposição do Evangelho, em relação à contextualização da mensagem. 1. A mensagem, em um processo de comunicação contextual, jamais deve ser diluída em seu conteúdo. A fidelidade às Escrituras deve ser nossa prioridade à semelhança de Paulo que falou da ressurreição de Cristo no areópago, mesmo sabendo que seria um tema controverso para a crença filosófica presente. 2. O público alvo, seus pressupostos culturais, língua e entendimento sobre Deus são fatores relevantes para a apresentação do Evangelho. Paulo não pregou a Cristo da mesma forma aos três grupos. Sua sensibilidade ao ouvinte conduziu sua abordagem. 3. O uso de simbologias culturais explicatórias das verdades bíblicas podem ser utilizadas desde que apresentem claramente a relevância do Evangelho. Paulo fez isso utilizando o “deus desconhecido” partindo de um elemento sociocultural para expor, com clareza, a verdade do Evangelho. Em outros momentos ele o fez a partir da criação, do contraste entre Deus e os deuses adorados e do próprio sentimento humano de desencontro com a vida e perdição. 4. O Evangelho deve ser explicado a partir de si mesmo e não da cultura. O conteúdo do Evangelho não é negociável. Quando Paulo fala aos judeus sobre o Messias e lhes apresenta Jesus, ele estava ali em uma linha “segura” de comunicação. Porém, seu desejo por criar uma atmosfera propícia para a comunicação não fez com que minimizasse as verdades mais confrontadoras, que o levariam a ser expulso, ignorado e questionado. 5. O alvo final da apresentação da mensagem é levar o homem ao conhecimento de Cristo e não simplesmente comunicar. A comunicação de Paulo pavimentava o auditório para a apresentação da verdade, tanto para os filhos da promessa quanto para os filhos da criação. 6. A contextualização da mensagem, linguística e culturalmente, é um instrumento para uma boa comunicação, que transmita o Evangelho de forma clara e compreensível, e Paulo a utilizava abundantemente ao falar distintamente a judeus e gentios, escravos e livres, senhores e servos. Também Jesus, ao propor transformar pescadores em pescadores de homens, ao utilizar em seus sermões à candeia que ilumina a semente lançada em diferentes solos, o joio e o trigo no mesmo campo, a dracma que se perdeu, as redes abarrotadas de peixes, fez isso para que o essencial da Palavra chegue de maneira inteligível para a pessoa, sociedade e cultura que o ouve. 7. O resultado esperado da apresentação contextualizada do Evangelho é o arrependimento dos pecados e sincera conversão. Qualquer apresentação do Evangelho que leve o homem a sentir-se confortável em seu estado de pecado é certamente inconclusiva e parcial. Paulo deixa isto bem claro quando lhes expõe um Evangelho libertador e transformador.

3.3. Cristocêntrica
Como fazer uma pregação realmente Cristocêntrica? Em primeiro lugar, você precisa retirar das pessoas a sensação de capacidade para salvar a si mesmas. Não é como se o crente pensasse conscientemente “ah, se eu fizer o que o sermão está mandando, serei salvo”, mas, para um número incrivelmente grande de crentes, a salvação pela graça é apenas uma abstração na qual eles têm de acreditar. O coração é altamente enganoso neste ponto. Você pode afirmar que é um pecador salvo pela graça, mas, lá no seu coração, você está confiando e contando com o seu estilo de vida para ser justificado. O pregador precisa afirmar de púlpito que você não é capaz de cumprir aquele preceito moral. Você transgrediu aquele princípio. O ouvinte precisa ser confrontado com a lei. Com isso, ele fica em posição humilde e dependente da graça.
Além disso, a pregação precisa falar sobre como Jesus cumpriu essa ordem moral por você. Jesus foi o único que cumpriu toda a lei de Deus. Ele fez isso para que, pela sua vida perfeita, você fosse perdoado de sua transgressão. E esse perdão custou-lhe a vida. Ele teve de morrer para que você fosse perdoado, tamanha foi sua transgressão. Veja, a cruz, na pregação, não serve só para dizer ao ouvinte sobre como Deus o ama, mas sim sobre como isso foi custoso. Para nós, a salvação é de graça, mas, para Deus, custou o seu Filho. A grandeza desse custo é um reflexo da grandeza de nossa rebeldia. Na cruz, o homem é exaltado aos céus e humilhado ao chão. Sermões de autoajuda falam apenas sobre o lado do amor da cruz, não mencionando que tamanho sofrimento na cruz foi necessário por causa da nossa maldade. Somos valorizados ao mesmo tempo em que somos terríveis. E, por causa desse sacrifício de valor infinito, somos perdoados de nossa transgressão e recebemos, em lugar da nossa justiça torta, a perfeita justiça de Jesus, pela qual Deus nos recebe de volta. Além disso, sermões de autoajuda repudiam o sofrimento. Tratam o sofrimento como falta de fé ou de piedade. Ou então, no mínimo, tratam-no como algo estranho de que você precisa ser liberto logo. E o sofrimento de Cristo? Ele não achou que o inimaginável sofrimento dele – suportar a ira concentrada de Deus contra os pecados de toda a humanidade, sem falar na própria cruz, açoites e espinhos – algo de que ele deveria se livrar. Sofrer por ser inocente é louvável, como diz 1Pedro. Sofrimento é totalmente adequado para a vida cristã. As circunstâncias difíceis da vida do ouvinte não deve ser o centro da pregação, pois o ouvinte receberá como deus em seu coração qual for o tema principal do sermão.

CONCLUSÃO
Em seguida, vem a conclusão: porque Cristo cumpriu o mandamento em nosso lugar e nos serviu como substituto, pela sua graça, pela sua obra santificadora, podemos enfim cumprir esse mandamento. Veja que a obediência não vem de um esforço moral sobre a vontade, mas sim do que Jesus fez por nós, aos nos capacitar e nos perdoar. Você não busca a santidade porque você quer, consegue e precisa, e sim porque, sendo você achado em falta na santidade, Jesus veio e conquistou a santidade por você. Um sermão moralista tem a estrutura “este é o texto, este é o mandamento, vá e obedeça”. Um sermão Cristocêntrica diz “este é o texto, este é o mandamento, esta é sua transgressão. Esta é a maneira pela qual Jesus cumpriu o mandamento, este é o aspecto do seu sacrifício que perdoa você nessa transgressão, e é assim que Jesus o ajuda a obedecer”. Quando o ouvinte compreender que Jesus é o que importa em sua vida, não precisará mais de sermões de autoajuda cuja ênfase recai sobre si mesmo. Jesus já nos deu toda a ajuda que precisamos em sua obra

COMENTÁRIOS ADICIONAIS
Pr. Eder dos Santos

Um comentário:

Mendes disse...

Não se presta culto a Deus glorificando outros deuses (dinheiro e ao próprio homem) e sem santificação. Cada um reflita individualmente se age conforme o profeta afirmou há mais de 2600 anos atrás e em sua congregação.

"De que me serve a mim a multidão de vossos sacrifícios, diz o Senhor? Já estou farto dos holocaustos de carneiros, e da gordura de animais cevados; nem me agrado de sangue de bezerros, nem de cordeiros, nem de bodes. Quando vindes para comparecer perante mim, quem requereu isto de vossas mãos, que viésseis a pisar os meus átrios? Não continueis a trazer ofertas vãs; o incenso é para mim abominação, e as luas novas, e os sábados, e a convocação das assembleias; não posso suportar iniquidade, nem mesmo a reunião solene. As vossas luas novas, e as vossas solenidades, a minha alma as odeia; já me são pesadas; já estou cansado de as sofrer. Por isso, quando estendeis as vossas mãos, escondo de vós os meus olhos; e ainda que multipliqueis as vossas orações, não as ouvirei, porque as vossas mãos estão cheias de sangue. Lavai-vos, purificai-vos, tirai a maldade de vossos atos de diante dos meus olhos; cessai de fazer mal. Aprendei a fazer bem; procurai o que é justo; ajudai o oprimido; fazei justiça ao órfão; tratai da causa das viúvas".

Isaías 1:11-17

Boa ebd.