A igreja e Sua influência na Sociedade - Lição 08
Revista da Escola Bíblica Dominical
2º Trimestre
de 2019
Ano 29 – Nº 111
INTRODUÇÃO:
Nos dias de hoje, em que a psicoterapia encontra grande espaço na sociedade é
comum as pessoas constatarem, em meio a uma crise pessoal, a necessidade de
desenvolver a sua espiritualidade. O papel da igreja é muito importante, porque
proporciona para o indivíduo através da fé, um grau de autoconfiança, consolo e
consciência que o ajudará a lutar e buscar solução para os seus problemas. Por
essa razão, a igreja é um lugar tão especial e precioso, no qual o amor de Deus
pode ser demonstrado através do bom relacionamento entre as pessoas,
tornando-se uma comunidade terapêutica e curadora.
1. A IGREJA E O ESTADO
O Apóstolo Paulo de Tarso ensinou, sem margens para
equívocos, que o bom cristão é inteiramente obediente e submisso às autoridades
governamentais em todos os momentos.
Independentemente da qualidade do governo, o bom cristão será tão obediente
ao governo e às autoridades constituídas quanto a Deus:
Ø
Todos
devem sujeitar-se às autoridades governamentais, pois não há autoridade que não
venha de Deus; as autoridades que existem foram por ele estabelecidas.
Portanto, aquele que se rebela contra a autoridade está se colocando contra o
que Deus instituiu, e aqueles que assim procedem trazem condenação sobre si
mesmos. Romanos 13: 1,2.
1.1 A Igreja Primitiva e o Império Romano
Compreendido entre os anos 64 a 313 AD, os cristãos não fizeram qualquer tentativa de formular uma teoria das relações entre a igreja e o estado no período pré-constantiniano. Nos primeiros séculos, embora não tivessem o direito legal de existir, os crentes em geral seguiram a admoestação paulina de sujeição às autoridades superiores (Rm 13:1), exceto quando tal sujeição entrava em conflito com preceitos bíblicos ou a pregação do evangelho (At 5:29). Durante cerca de 250 anos, a relação da igreja nascente com o império foi em geral tensa e muitas vezes abertamente conflitiva. Nesse período, a recusa dos cristãos em participar do culto imperial atraiu muitas vezes a ira e a hostilidade do estado. A primeira perseguição do governo romano contra os cristãos foi promovida por Nero (54-68 AD), em conexão com o incêndio de Roma no ano 64. Sob suspeita de ter ordenado o incêndio, Nero pôs a culpa nos cristãos, até então pouco conhecidos e mal compreendidos pela população em geral (ver os relatos de Tácito e Suetônio).
Compreendido entre os anos 64 a 313 AD, os cristãos não fizeram qualquer tentativa de formular uma teoria das relações entre a igreja e o estado no período pré-constantiniano. Nos primeiros séculos, embora não tivessem o direito legal de existir, os crentes em geral seguiram a admoestação paulina de sujeição às autoridades superiores (Rm 13:1), exceto quando tal sujeição entrava em conflito com preceitos bíblicos ou a pregação do evangelho (At 5:29). Durante cerca de 250 anos, a relação da igreja nascente com o império foi em geral tensa e muitas vezes abertamente conflitiva. Nesse período, a recusa dos cristãos em participar do culto imperial atraiu muitas vezes a ira e a hostilidade do estado. A primeira perseguição do governo romano contra os cristãos foi promovida por Nero (54-68 AD), em conexão com o incêndio de Roma no ano 64. Sob suspeita de ter ordenado o incêndio, Nero pôs a culpa nos cristãos, até então pouco conhecidos e mal compreendidos pela população em geral (ver os relatos de Tácito e Suetônio).
Essa foi a possível ocasião do martírio de Pedro e
Paulo (ver I Clemente). O próximo perseguidor dos cristãos, ainda no primeiro
século, foi Domiciano (81-96 AD). Esta perseguição (c.95) também foi dirigida
contra os judeus e parece ter se limitado a Roma e à Ásia Menor. Nesta última,
a repressão imperial deu ocasião ao livro do Apocalipse, que revela uma atitude
muito mais negativa para com Roma que o restante do Novo Testamento (ver Ap
17:1,6; cf. Ayer, 11). A identificação dos cristãos com os judeus provavelmente
explica as palavras de Suetônio ao descrever a expulsão dos judeus de Roma
durante o reinado de Cláudio, c.51-52 AD (cf. Bettenson, 27, e Atos 18:2). No
segundo século, surgiu uma política “oficial” do império em relação aos
cristãos, como mostra a correspondência entre Plínio, o Moço, governador da
Bitínia, e o imperador Trajano (c.112). Os cristãos, pelo simples fato de serem
tais, não cometiam crime contra a sociedade e o estado. Assim, os recursos do
estado não deviam ser gastos em ir ao seu encalço. Porém, uma vez acusados e
levados diante das autoridades, eles precisavam adorar os deuses do império ou
sofrer punições. Ver Bettenson, 28-30, 33. Entre os mártires ilustres desse
período estão Inácio, bispo de Antioquia (c.110, cartas a Magnésia, Trales,
Éfeso, Roma, Filadélfia, Esmirna e a Policarpo); Policarpo, bispo de Esmirna
(155); Justino Mártir (165); e os cristãos de Lião e Viena (Gália, 177).
Em conseqüência disso, surgiu uma ideologia do
martírio: ver Inácio aos Romanos 1.2-2.1; 4.2. Esse é também o contexto da obra
dos apologistas: ver Apologias de Justino, Tertuliano; Epístola a Diogneto
(Bettenson, 33-34; Barry, 31-37, 39). Acusações contra os cristãos: ateísmo,
incesto, canibalismo; eram vistos como subversivos, desleais a Roma: sua recusa
em participar do culto imperial podia ofender os deuses e atrair males sobre o
império. Tertuliano: “o sangue dos mártires é semente”. Terceiro e quarto
séculos: perseguição sob Septímio Severo (193-211) e a primeira perseguição
geral sob Décio (249-51): esforço sistemático de impor o culto aos deuses para
restaurar a antiga grandeza do império. Exigência de certificado de sacrifício
aos deuses (libellus: exemplo em Cairns, 92, e González I-87). Atitudes dos
cristãos: mártires, “confessores” e muitos apóstatas (sacrificati e
libellatici). A atitude da igreja para com os que foram infiéis: rigoristas
(Novaciano, bispo rival em Roma) e tolerantes (“confessores”). Cisma no norte
da África e ações de Cipriano em defesa da unidade da igreja: readmissão dos
faltosos pelos bispos, mediante certas condições. Mártires célebres: Orígenes,
torturado na perseguição deciana, morreu algum tempo depois (c.253); Cipriano
foi decapitado em 258, durante a perseguição promovida por Valeriano.
Diocleciano (284-305) e seu vice (César) Galério (292-311) promoveram a última,
maior e mais cruel perseguição contra a igreja primitiva. Mais intensa no leste
em geral, norte da África e Itália. Convicção de que a existência do
cristianismo estava rompendo a aliança de Roma com seus deuses, o que punha em
risco o destino do império. Anos 303-304: decretos ordenando destruição de
igrejas, confisco dos livros sagrados, prisão dos líderes cristãos,
obrigatoriedade de oferecer sacrifícios. Outra vez, muitos morreram, sofreram
ou apostataram.
Com o afastamento de Diocleciano, a perseguição continuou no oriente até 311, quando Galério, do seu leito de morte, promulgou um edito de tolerância no qual suplicava a intercessão dos cristãos.
1.2. A Deus e a Cesar
Com o afastamento de Diocleciano, a perseguição continuou no oriente até 311, quando Galério, do seu leito de morte, promulgou um edito de tolerância no qual suplicava a intercessão dos cristãos.
1.2. A Deus e a Cesar
É lícito ou ilícito pagar impostos ao Imperador
romano? Devemos pagar ou não? Ante esta provocação Jesus
simplesmente responde. Dai a Deus o que é de Deus, e a César o que é de César.
Jesus não fala dentro dos limites do pagar ou não pagar o tributo a César,
porque primeiro se tratava de um poder humano e depois temporal. Segundo porque
o homem foi criado para as coisas do alto. Que não perecem e não envelhecem.
Terceiro porque se trabalha de mais uma armadilha fracassada. A reposta de Jesus é um convite que os seus interlocutores
abandonem os seus horizontes limitados para enfrentar o problema decisivo que
era o de Deus. Havendo falhado em denegrir a pessoa e autoridade de Jesus,
os líderes religiosos armaram-Lhe a “cilada perfeita”: a questão do tributo a
César. Se Jesus apoiasse o tributo imperial, Se exporia ao ódio dos extorquidos
judeus; se não apoiasse, seria denunciado aos romanos como revolucionário e
agitador do povo judeu. Magistralmente, Jesus calou os líderes judaicos com as
célebres palavras: Dai a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus.
Com isto, Jesus estabeleceu a importante questão de que o cristão é cidadão de
dois mundos: o terrestre, com todas as obrigações a ele inerentes, e ao mundo
celeste com todas as implicações que isto acarreta.
O cristão não pode viver alienado no mundo, pois é sal e luz, vivendo para fazer uma diferença saudável na comunidade; mas sem se esquecer de sua cidadania celestial, atuando como embaixador de Deus, na linguagem de Paulo, para com os que estão à sua volta, a começar pelo marido, esposa, filhos, parentes e amigos.
Diante dos conflitos e reivindicações dos mundos, as palavras de Jesus em Mateus 6,33: buscai primeiro o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas. Portanto, saiba que o Reino de Deus e a Sua justiça têm prioridade. Como disse Pedro: Antes, importa obedecer a Deus do que aos homens (Atos 5:29). Mas, se as reclamações do mundo não se chocarem com os do reino de Deus, então o cristão deve atender às palavras de Paulo: a quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto; a quem respeito, respeito; a quem honra, honra. Não podeis ter divida de alguém, senão a divido do amor Rom 13:7. 8. Ou melhor, Daí a César o que é de César e a Deus o que é de Deus! Escolha pois a Deus e viverás!
Que Deus nos ensine a subordinar todas as nossas vontades ao seu querer e vontade tendo-O como medida deu tudo quanto existe. Alias dirá o salmista: tudo é de Deus e nós somos de Deus.
1.3 Cidadania
Jesus afirma em João 17:16 que seus discípulos não são deste mundo assim como Ele próprio não era. Todavia, afirma também que enviou seus discípulos ao mundo como Ele próprio fora enviado (João 17:18). Percebe-se então que os discípulos de Cristo – e isso inclui nós (João 17:20) – precisam lidar com uma tensão: Como estar no mundo e, mais do que isso, ser enviado ao mundo sem ser do mundo?
Não somos deste mundo visto que fomos reconciliados com Deus por meio de Jesus Cristo e feitos cidadãos dos céus. Ao mesmo tempo, ainda temos uma cidadania terrena, uma nacionalidade, pagamos impostos, escolhemos os nossos governantes e tudo mais. Como encontrar equilíbrio e viver de maneira coerente nesses dois mundos? Como lidar com essa ambivalência?
O próprio Jesus nos disse que não podemos servir a dois senhores (Mateus 6:24) e, por isso, entendemos que nossa cidadania terrena deve estar submetida à cidadania celestial. Mas a verdade é que, por não saber lidar bem com essas duas realidades, acabamos por separá-las e até considerá-las mutuamente excludentes e, fazendo assim, optamos conscientes ou inconscientemente, por uma cidadania em detrimento da outra. Ou nos afastamos demais do mundo ou nos inserimos demais nele. A nossa tendência é sempre cair em um dos extremos – o que é sempre prejudicial.
Sabemos que, em Cristo, temos uma nova identidade (cidadania celestial) e que essa identidade deve interferir na forma de vida que levamos aqui neste mundo (cidadania terrena). Pedro resume bem o propósito dessa dupla cidadania: “Vocês, porém, são geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo exclusivo de Deus, para anunciar as grandezas daquele que os chamou das trevas para sua maravilhosa luz” (I Pedro 2:9).
Em primeiro lugar precisamos nos conscientizar do que somos: “... geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo exclusivo de Deus...”. Qual é o profundo significado dessas afirmações? Elas definem nossa identidade. É necessário saber também que somos tudo isso pela graça de Deus e não porque escolhemos ser ou porque merecíamos ser. De alguma forma, que ninguém conseguiu explicar de maneira satisfatória até hoje, Deus nos amou e nos elegeu (geração eleita) para sermos um povo separado (nação santa, povo exclusivo...) dEle.
Em segundo lugar precisamos entender o para que fomos chamados: “... para anunciar as grandezas daquele que os chamou das trevas para sua maravilhosa luz”. Deus nos chamou para o ofício de sacerdotes do Rei (sacerdócio real). Temos a responsabilidade de anunciar as grandezas desse Rei que nos trouxe para Sua luz. Em outras palavras, a nossa nova identidade nos dá uma nova função.
Ao nos afastar demasiadamente para vivermos a santidade para a qual fomos chamados estamos correndo o risco de nos tornar indiferentes para com este mundo. Se evitamos tanto o mundo com o intuito de não nos contaminar (I Coríntios 5:9) é possível que estejamos construindo para nós uma versão contemporânea dos mosteiros medievais. Por outro lado, se nos inserirmos demasiadamente em nossa sociedade a ponto de assimilar idéias e valores não-cristãos não estaremos cumprindo nossa tarefa de transformar e sim, estaremos nos conformando com o mundo (Romanos 12:1-2).
Somos chamados a viver um cristianismo sem dicotomia. Já somos cidadãos dos céus mas ainda não deixamos de ser cidadãos terrenos e, enquanto isso, não podemos separar vida espiritual e vida secular. Precisamos orar como Jesus orou a nosso favor: “Não rogo que os tires do mundo, mas que os proteja do Maligno” (João 17:15). Que Deus nos perdoe por nossa negligência e comodismo e nos constranja a viver de maneira contagiante neste mundo sem negar os valores do seu Reino!
2. RESPONSABILIDADE SOCIAL
“Todos os que creram estavam juntos e tinham tudo em comum. Vendiam as suas propriedades e bens, distribuindo o produto entre todos, à medida que alguém tinha necessidade.” – Atos 2.44-45. A responsabilidade social da Igreja está no “DNA” desde sua formação. Neste trecho em Atos, está-se iniciando a Igreja de Cristo após a morte, ressurreição e a vinda do Espírito Santo sobre os que creêm. Neste início de encontro e ajustes iniciais desta comunidade primitiva Cristã, tem um ponto muito forte que nasce juntamente com a Igreja, a responsabilidade social. A preocupação por uma igualdade social, pela vida digna do cidadão e da comunidade, fez com que a igreja começasse a sua caminhada trabalhando para o bem comum.
Uma comunidade que tinha como prioridade o anúncio da salvação e da vinda de Jesus como o Messias a todo o povo e que após o cumprimento desta primeira etapa, já partia para o próximo passo que era o suprimento das necessidades básicas do povo.
“A vocação original da Igreja ou Eclésia, que se constitui na ‘Assembleia de pessoas chamadas para fora’, é o chamado de servir ao mundo em nome de Deus.
2.1 A critica no Antigo Testamento
A TRADIÇÃO NÔMADE PASTORIL - Três diferentes sistemas de vida vieram a encontrar-se na sociedade israelita, em conseqüência da conquista de Canaã da historia posterior. No período pré-canaanita (antes de estabelecerem-se em Canaã) os israelitas foram nômades ou seminômades. Seu sustento dependia dos rebanhos, e, apenas como suplemento secundário da lavoura branca, plantada onde paradas mais longas o permitissem. Esse tipo de sociedade pastoril tinha características próprias. A mais fundamental era a “consciência de família”, o laço de parentesco, o senso de fraternidade que governava a maior parte das atividades do grupo social. A sociedade era uma família de famílias. As famílias formavam os clãs, os clãs formavam as tribos, as tribos formavam o povo, que era uma federação pactual de tribos. Economicamente, a riqueza da comunidade era de fato, riqueza de todos, não havia pobres ou ricos no clã, senão na medida em que o clã inteiro fosse pobre ou rico. A autoridade pertencia aos chefes das famílias, e na agregação maior, a tribo pertencia ao conselho de anciãos. Este decidia as, questões, segundo a moral e os costumes aceitos da tribo. Não havia poder absoluto e despótico. A vida no deserto e o forte sentimento da fraternidade no clã redundaram em forte a duradouro amor pela liberdade e pela justiça igualitária.
SOCIEDADE AGRÍCOLA E SEDENTÁRIA - Em Canaã, Israel encontrou uma sociedade agrícola sedentária. Ao aculturar-se, duas características fundamentais da sociedade agrícola sedentária chocavam-se contra a estrutura social pastoril serninômade: a ênfase na localidade, na vila, e não no clã, como ponta de aglutinação e de unidade; e o novo conceito de propriedade, da terra, o bem imóvel, permanente, diferente da propriedade em rebanhos, que podiam, da noite para o dia, ser tomados por assaltantes. Ao assimilar esse conceito, Israel modificou-o para harmonizá-lo com sua fé, transformando a propriedade de terra em usufruto apenas, sem direito de alienação (Lv 25:25; Dt l5:1-3; Lv 25:8-17 e 23). Não havia dono da terra em Israel. A terra era do clã, e o chefe de família só era dono da terra como representante do clã; não podia alienar senão temporariamente a terra. Então havia no clã, a distribuição mais equitativa para o labor pastoril.
SOCIEDADE COMERCIAL URBANA - terceiro sistema de vida: a sociedade urbana comercial que aumentou as complexidades e tensões da sociedade israelita, e em que o espírito de Canaã encontrou sua expressão mais desenvolvida e característica (Pv 31:24). Esse tipo de sociedade urbana e comercial fez um grande impacto sobre os israelitas no reinado de Davi. Os fatores que contribuíram para tanto foram a conquista das restantes cidades canaanitas e sua assimilação por Israel, inclusive com seus costumes estabelecidos; o estabelecimento que, de uma capital que com sua corte e forças militares, não podia ser sustentada pelo solo imediatamente vizinho, mas dependia do superávit econômico de toda a terra; e o começo, no reinado de Davi, de relações comerciais internacionais em alta escala com os Fenícios, ou seja, os canaanitas do norte.
CRISE SOCIAL DO 10° SÉCULO A.C. - Mas foi no reinado de Salomão que Israel experimentou uma revolução social e econômica ainda maior do que a experimentada no tempo em que o povo passara da vida nômade para a sedentária. Os pesados impostos, o trabalho forçado, o despotismo que se manifestava num tipo de capitalismo de Estado, acabaram com a liberdade dos súditos, fazendo-os escravos do rei, e transformando a propriedade deles em propriedade do monarca, ou seja, do Estado. Só este tirava proveito da exportação de cobre de Edom, e, possivelmente, até da exportação de israelitas para servirem no Egito, como mercenários. A importação de grande quantidade de ouro e prata provocou uma repentina inflação. Os cidadãos eram forçados a hipotecar suas terras, suas pessoas e seus filhos, para atender às exigências dos impostos. Os juros eram altos, e muitos israelitas livres perderam as terras e se tornaram escravos; enquanto outros que tinham tido alguma vantagem inicial, amontoavam terras e dinheiro. A fraternidade dos tempos do deserto desapareceu para sempre, dando lugar à permanente separação entre os poderosos e os oprimidos; os ricos e os pobres. A riqueza e o poder tornando-se a meta dos esforços do indivíduo, a pobreza, a injustiça e a luta de classes se estabeleceram para sempre na sociedade israelita.
CRISE SOCIAL DO 8° SÉCULO A.C. - A outra grande época de prosperidade econômica em Israel foi também acompanhada de males semelhantes, a respeito dos quais, temos farto testemunho na literatura profética do 8° século. Foi a época em que reinava em Israel Jeroboão II (786-746) e, em Judá, Uzias (783-742). Adade Nirari III, da Assíria, conquistara Damasco em 803 A.C., enfraquecendo-a de tal modo que os Sírios nunca mais foram ameaça séria em Israel. Em seguida, os armênios mantiveram os Assírios ocupados e enfraquecidos até que Tiglate-Pileser usurpasse o trono em 745. Essa trégua, em que Israel e Judá ficaram livres dos Assírios e Arameus foi suficiente para um renascimento dos dois reinos irmãos, só comparável à prosperidade do tempo de Davi e Salomão. Jeroboão II conquistou o norte da Galiléia e a Transjordânia, obtendo assim o controle das rotas comerciais. Tinha o cuidado de mantê-las livres de ladrões e salteadores, recebendo pelo serviço, como Davi e Salomão anteriormente compensadoras taxas. Samaria tornou-se um empório internacional, com todo tipo de mercadorias, suplantando muitos outros centros em quantidade e em qualidade. Em Ezequiel cap. 27, onde ele fala do rei de Tiro, podemos ver como o comércio já naquele tempo era bastante próspero. Samaria repetia esta situação.
A crescente prosperidade comercial foi acompanhada de maior luxo e imponência nos edifícios (Amós 3:15). Havia muitos palácios em Samaria (Amós 3:10), pertencentes não só ao rei, mas também aos novos príncipes mercadores que se tinham enriquecido no comércio. A pedra lavrada substituira os antigos tijolos e o cedro do Líbano o plebeu sicômoro (Is 9:10). Havia o luxo ilimitado dos ricos, tanto em Samaria como em Jerusalém. Havia a cupidez (2) os comerciantes gananciosos (Amós 8:5). Havia a dureza e a ambição das mulheres ricas (Amós 4.l). Os novos ricos atrás de riqueza e luxo espezinhavam os pobres. Havia as medidas e os pesos falsos; compravam por um padrão, e vendiam por outro padrão de medidas. O refugo de trigo, vendido como se fosse bom trigo (Amós 2:8). Os ricos sempre conseguiam sentenças favoráveis nos tribunais (Amós 2:6: Amós 8:6). Além de tudo isso, havia outro grande mal, talvez maior: a extinção do pequeno proprietário. Os luxos da época e o crescente custo de vida levaram o pequeno proprietário a contrair dividas. Os pequenos tratos de terra eram absorvidos nos grandes latifúndios. Os proprietários ricos e os capitalistas das hipotecas devoravam homens e terras, mantendo o agricultor na terra como colono ou vendendo-o com sua família como escravos (Amós 5:11; 2Rs 4:1-7). Havia assim, junto com o crescente enriquecimento de uns poucos, o crescente empobrecimento da maioria. No meio da abastança e do supérfluo, a miséria e a carência. De par com o luxo e o ócio, a escravidão e a fome. Essa total canaanitização era a negação absoluta da tradição do deserto. Contra ela eram os mais extremados em sua atitude contra a aculturação (Jr 35). Repudiavam toda a civilização, encontrando nela a causa de todos os males da situação. Ecos da negação da civilização agrícola, e da civilização urbana comercial, podem ser percebidos também, nas histórias de Caim e Abel e da Torre de Babel (Gn 4:1-16; Gn 11:1-9).
OS PROFETAS E A SUA REAÇÃO - Os profetas, também, como esses outros grupos, consideravam normativa a tradição do deserto. A época da peregrinação no deserto fora o tempo ideal (Amós 5:25; Os 9:10; Os 2:14; Jr 2:l-3). Mas eles não eram reacionários simplistas que considerassem possível ou suficiente um retorno à vida nômade, e sua condenação à ordem social se baseava no fato de que ela não encarnava nem protegia os valores humanos e sociais inerentes ao Javismo, à religião de Israel, e até os destruía. Os alicerces da estrutura econômica e política, segundo os profetas, deviam ser éticos e religiosos. Mas Israel tinha confundido um sistema devido mais elevado com uma civilização mais complexa, e tinha preferido as vantagens imediatas desta, aos valores fundamentais da religião de Israel.
OS PECADOS QUE ELES CONDENAVAM - Mas os profetas não se limitavam a condenar de maneira vaga e geral a estrutura social de seus dias. Apontavam pecados específicos e particulares, corajosa e desassombradamente. Pecados que podiam ser do homem comum ou dos líderes, do latifundiário ou do comerciante, dos nobres ou do rei. Eles condenavam apaixonada e veementemente, a opressão, a violência, a sensualidade, a ganância, o roubo, a desonestidade, a sede de poder, a desumanidade cruel, a falsidade. Pecados de homens e mulheres, pecados que podem aparecer em qualquer sociedade, dessa maneira, qualquer sociedade em que tais ou semelhantes pecados prevaleçam, cai sob a mesma condenação (Jr 7:9-10; Mq 3:11; Os 4:1-2; Amós, 8:5-6). Eles descrevem a situação ao vivo. Retiram o véu que encobre as aparências e exibem desnuda, a podridão e a corrupção (Amós 3:10; Os 6:8-9: Amós 2:6; Mq 2:8; Mq 3:l-3).
SUA DENÚNCIA CONTRA OS BENEFÍCIOS DAS INIQUIDADES - E o peso de sua denúncia recai também sobre os beneficiários do sistema existente. O rei e os que exercem autoridade; os gordos sacerdotes, os gananciosos profetas profissionais, e os “sábios” parasitários (eram líderes e orientadores da comunidade, e todos eram condenados); os que vivem no luxo sem se incomodarem com os necessitados à sua porta; e em especial as mulheres ricas, vazias e irresponsáveis; os juízes venais, os credores em coração, os donos de casas suntuosas, e os cúpidos proprietários de terras (Os 4:4-6; Os 5:1; Mq 3:5-6 e 11; Am 4:l; Am 6:1-7; Is 3:1-3 e 13-15). À sua ira contra os opressores e sua piedade pelas vítimas, os profetas acrescentavam a denúncia da apatia e degeneração popular. Se os príncipes eram Sodoma, o povo era como o povo de Gomorra (Os 4:5; Is 1:10).
Duas coisas importantes que devemos notar, ainda: os males condenados não eram simples aberrações individuais, comuns, mas excepcionais. Eram características da sociedade como tal, permeando sua estrutura política, suas atividades econômicas, sua cultura e seus padrões morais aceitos, e afetando profundamente a religião. E não eram males que aparecessem como fruta estranha; eram males, infelizmente, correspondentes à forma e aos fins da própria ordem social, correspondentes aos princípios sobre os quais ela se assentava, e aos valores que ela representava e defendia.
CONCLUSÕES - O assunto é vasto, mas não tratamos senão de alguns aspectos que consideramos mais importantes para este nosso encontro. Não podemos, no entanto, encerrar sem apontar algumas conclusões que nos parecem fundamentadas, pelo menos parcialmente, no que acabamos de dizer.
1. Para os profetas, religião não era, principalmente, assunto de experiência íntima e interna, nem pura questão de ritual, mas era interpretação da condição humana total à luz do propósito de Deus.
2. Os profetas eram porta-vozes de Deus para uma situação específica. A palavra que eles traziam, vinda de Deus, era eficaz e operante; mas muitas vezes eles mesmos se tornavam instrumentos do propósito de Deus. Não apenas como porta-vozes, antes como atores nos dramas da História.
3. Os profetas eram, por isso, homens de ação. Sujeitos a limitações humanas, suas ações eram susceptíveis de erros; mas mesmo assim incorporavam-se ao propósito de Deus para o momento que viviam.
4. Os profetas eram homens de seu povo e do seu tempo. Sua “particularidade” é o segredo de sua universalidade.
5. A ação política dos profetas era realizada à luz de seu entendimento do destino de seu povo, segundo o propósito de Deus.
6. A pregação social dos profetas não era, propriamente, democrática ou humanitária; seu pressuposto básico era o “pacto” que tornara Israel o povo de Yahweh.
7. Para os profetas, justiça e juízo, amor e integridade, eram mais importantes que a estrutura política, a religião organizada, e a organização e as instituições econômicas da nação.
8. Por isso os profetas só tinham compromisso com o Deus que os chamara e enviara. Seu ministério não era uma busca de aceitação humana, mas um desafio a toda ordem humana, criada à parte de Deus.
9. O Deus dos profetas entrava na luta pela justiça social, como o grande Aliado dos injustiçados e expoliados. Seu propósito era (como ainda o é!), criar comunidade, isto é, uma ordem de relações com e entre os homens, em que sua justiça encontrasse perfeito cumprimento.
Que diriam os profetas em nosso tempo? Que fariam os profetas em nosso tempo? Qual o propósito de Deus para como o povo brasileiro? Que testemunho daremos diante da nossa presente ordem social? Estas e outras perguntas que nos devemos fazer seriamente, se é que somos parte de uma igreja, que em Jesus Cristo é herdeira legítima de uma missão profética, para com o mundo contemporâneo. Estas perguntas não podem ter respostas pré-fabricadas, mas constituem o desafio que vamos corajosamente enfrentar nestes dias, sob orientação do mesmo Deus que falou “muitas vezes, e, de muitas maneiras, aos pais, nos profetas” (Hb 1:1).
2.2 Responsabilidade Social na Igreja Primitiva
Como não poderia ser diferente, a igreja do primeiro século seguiu o exemplo de Jesus. A grande sensibilidade de Jesus para com os necessitados é reproduzida agora pela comunidade cristã, no cuidado de uns para com os outros associando a prática da evangelização com a prática do serviço social, esta última, parte integrante daquela. Uma das marcas da igreja primitiva era justamente a unidade em meio à adversidade. Lucas confirma isso ao relatar que: “Todos os que criam mantinham-se unidos e tinham tudo em comum. Vendendo suas propriedades e bens, distribuíam a cada um conforme a sua necessidade”. (BÍBLIA. NVI., Atos. 2.44-45, p.1855).
A igreja primitiva cumpria a Missão Integral (MI), ela não apenas pregava o Evangelho do Reino, como atendia àqueles que necessitavam de socorro físico. O amor de Deus no coração do crente faz com que ele se sensibilize com as necessidades do próximo. Segundo o apóstolo João: “Se alguém é rico e vê o seu irmão passando necessidade, mas fecha o seu coração para essa pessoa, como pode afirmar que, de fato, ama a Deus”? (BÍBLIA. NTLH., 1Jo. 3.17, p.1078). A solidariedade entre os irmãos era um princípio arraigado naquela comunidade cristã.
É inconcebível pensar que o sofrimento do pobre não é capaz de mover o âmago do coração do cristão. O relato de Lucas diz que a comunidade cristã era caridosa (At 2.45). A caridade é o amor em ação. Esse princípio deve nortear a missão da igreja contemporânea.
Martin Luther King, Jr. é considerado o maior líder negro na história dos Estados Unidos. Foi um dos principais responsáveis pelo fim da segregação racial em seu país, segundo ele: “Religião trata tanto com o céu como com a terra… Qualquer religião que professar estar preocupada com as almas dos homens e não está preocupada com a pobreza que os predestina à morte, com as condições econômicas que os estrangula e com as condições sociais que os tornam paralíticos, é uma religião seca como poeira” (KING apud, STTOT 2012, p.23). Como se vê, a religião deve “tratar tanto com o céu como da terra”, pois a Igreja é o único organismo capaz de ministrar às necessidades integrais do homem. Os cristãos de Antioquia estava consciente das necessidades de seus irmãos e de suas responsabilidades. Por mãos de Paulo e Barnabé, os discípulos antioquenses mandaram cada um conforme o que pudesse socorrer aos irmãos em Jerusalém. Em outras partes da Sagrada Escritura, Paulo levanta ofertas na Acaia e na Galácia para suprir as necessidades daqueles irmãos. (Rm 15.26; 1 Co 16.1-3).
Conclui-se, portanto, que a religião expressada na igreja primitiva não estava preocupada somente com o seu relacionamento vertical no ato de salvação de Deus na vida do indivíduo, dando testemunho pessoal e evangelizando no lar. Todavia, sua conduta manifestava-se nas relações humanas, no serviço social, alimentando o pobre e assistindo ao enfermo. O escopo da comunidade do primeiro século estava na evangelização e amor ao próximo, causa principal do seu extraordinário êxito.
2.3 Missão integral
Ø “Bem-aventurado é aquele que atende ao pobre; o Senhor o livrará no dia do mal” (Sl 41.1). O engajamento da igreja no serviço social, socorrendo os pobres em suas diversas necessidades, diferente do que pensam muitos, não é um desvio de sua missão, mas parte intrínseca dela. Segundo podemos inferir da Palavra de Deus, a igreja tem a obrigação (não a opção) de minorar o sofrimento humano, seguindo assim o exemplo de seu grande Mestre (At 10. 38, Lc 4.18; ver Tg 1.27). Muito boa esta oportunidade em que trataremos da responsabilidade social da igreja de Cristo.
MEIOS DE SE EXERCER A RESPONSABILIDADE SOCIAL
ASSISTENCIALISMO. Conhecido como assistencialismo ou paternalismo, busca atender às necessidades emergentes das pessoas. A pessoa atendida, objeto da ação, encontra-se numa situação de total dependência e, mesmo havendo o suprimento de suas necessidades, as suas carências continuam.
SERVIÇO SOCIAL. Aqui, a pessoa carente recebe condição para interagir e melhorar sua situação, recuperando a dignidade e confiança. Projetos sociais tendo como alvo o ensino, a orientação, o apoio, a profissionalização promovem a capacitação do indivíduo a fim de que este se torne responsável pela solução de seus problemas.
O cristão não pode viver alienado no mundo, pois é sal e luz, vivendo para fazer uma diferença saudável na comunidade; mas sem se esquecer de sua cidadania celestial, atuando como embaixador de Deus, na linguagem de Paulo, para com os que estão à sua volta, a começar pelo marido, esposa, filhos, parentes e amigos.
Diante dos conflitos e reivindicações dos mundos, as palavras de Jesus em Mateus 6,33: buscai primeiro o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas. Portanto, saiba que o Reino de Deus e a Sua justiça têm prioridade. Como disse Pedro: Antes, importa obedecer a Deus do que aos homens (Atos 5:29). Mas, se as reclamações do mundo não se chocarem com os do reino de Deus, então o cristão deve atender às palavras de Paulo: a quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto; a quem respeito, respeito; a quem honra, honra. Não podeis ter divida de alguém, senão a divido do amor Rom 13:7. 8. Ou melhor, Daí a César o que é de César e a Deus o que é de Deus! Escolha pois a Deus e viverás!
Que Deus nos ensine a subordinar todas as nossas vontades ao seu querer e vontade tendo-O como medida deu tudo quanto existe. Alias dirá o salmista: tudo é de Deus e nós somos de Deus.
1.3 Cidadania
Jesus afirma em João 17:16 que seus discípulos não são deste mundo assim como Ele próprio não era. Todavia, afirma também que enviou seus discípulos ao mundo como Ele próprio fora enviado (João 17:18). Percebe-se então que os discípulos de Cristo – e isso inclui nós (João 17:20) – precisam lidar com uma tensão: Como estar no mundo e, mais do que isso, ser enviado ao mundo sem ser do mundo?
Não somos deste mundo visto que fomos reconciliados com Deus por meio de Jesus Cristo e feitos cidadãos dos céus. Ao mesmo tempo, ainda temos uma cidadania terrena, uma nacionalidade, pagamos impostos, escolhemos os nossos governantes e tudo mais. Como encontrar equilíbrio e viver de maneira coerente nesses dois mundos? Como lidar com essa ambivalência?
O próprio Jesus nos disse que não podemos servir a dois senhores (Mateus 6:24) e, por isso, entendemos que nossa cidadania terrena deve estar submetida à cidadania celestial. Mas a verdade é que, por não saber lidar bem com essas duas realidades, acabamos por separá-las e até considerá-las mutuamente excludentes e, fazendo assim, optamos conscientes ou inconscientemente, por uma cidadania em detrimento da outra. Ou nos afastamos demais do mundo ou nos inserimos demais nele. A nossa tendência é sempre cair em um dos extremos – o que é sempre prejudicial.
Sabemos que, em Cristo, temos uma nova identidade (cidadania celestial) e que essa identidade deve interferir na forma de vida que levamos aqui neste mundo (cidadania terrena). Pedro resume bem o propósito dessa dupla cidadania: “Vocês, porém, são geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo exclusivo de Deus, para anunciar as grandezas daquele que os chamou das trevas para sua maravilhosa luz” (I Pedro 2:9).
Em primeiro lugar precisamos nos conscientizar do que somos: “... geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo exclusivo de Deus...”. Qual é o profundo significado dessas afirmações? Elas definem nossa identidade. É necessário saber também que somos tudo isso pela graça de Deus e não porque escolhemos ser ou porque merecíamos ser. De alguma forma, que ninguém conseguiu explicar de maneira satisfatória até hoje, Deus nos amou e nos elegeu (geração eleita) para sermos um povo separado (nação santa, povo exclusivo...) dEle.
Em segundo lugar precisamos entender o para que fomos chamados: “... para anunciar as grandezas daquele que os chamou das trevas para sua maravilhosa luz”. Deus nos chamou para o ofício de sacerdotes do Rei (sacerdócio real). Temos a responsabilidade de anunciar as grandezas desse Rei que nos trouxe para Sua luz. Em outras palavras, a nossa nova identidade nos dá uma nova função.
Ao nos afastar demasiadamente para vivermos a santidade para a qual fomos chamados estamos correndo o risco de nos tornar indiferentes para com este mundo. Se evitamos tanto o mundo com o intuito de não nos contaminar (I Coríntios 5:9) é possível que estejamos construindo para nós uma versão contemporânea dos mosteiros medievais. Por outro lado, se nos inserirmos demasiadamente em nossa sociedade a ponto de assimilar idéias e valores não-cristãos não estaremos cumprindo nossa tarefa de transformar e sim, estaremos nos conformando com o mundo (Romanos 12:1-2).
Somos chamados a viver um cristianismo sem dicotomia. Já somos cidadãos dos céus mas ainda não deixamos de ser cidadãos terrenos e, enquanto isso, não podemos separar vida espiritual e vida secular. Precisamos orar como Jesus orou a nosso favor: “Não rogo que os tires do mundo, mas que os proteja do Maligno” (João 17:15). Que Deus nos perdoe por nossa negligência e comodismo e nos constranja a viver de maneira contagiante neste mundo sem negar os valores do seu Reino!
2. RESPONSABILIDADE SOCIAL
“Todos os que creram estavam juntos e tinham tudo em comum. Vendiam as suas propriedades e bens, distribuindo o produto entre todos, à medida que alguém tinha necessidade.” – Atos 2.44-45. A responsabilidade social da Igreja está no “DNA” desde sua formação. Neste trecho em Atos, está-se iniciando a Igreja de Cristo após a morte, ressurreição e a vinda do Espírito Santo sobre os que creêm. Neste início de encontro e ajustes iniciais desta comunidade primitiva Cristã, tem um ponto muito forte que nasce juntamente com a Igreja, a responsabilidade social. A preocupação por uma igualdade social, pela vida digna do cidadão e da comunidade, fez com que a igreja começasse a sua caminhada trabalhando para o bem comum.
Uma comunidade que tinha como prioridade o anúncio da salvação e da vinda de Jesus como o Messias a todo o povo e que após o cumprimento desta primeira etapa, já partia para o próximo passo que era o suprimento das necessidades básicas do povo.
“A vocação original da Igreja ou Eclésia, que se constitui na ‘Assembleia de pessoas chamadas para fora’, é o chamado de servir ao mundo em nome de Deus.
2.1 A critica no Antigo Testamento
A TRADIÇÃO NÔMADE PASTORIL - Três diferentes sistemas de vida vieram a encontrar-se na sociedade israelita, em conseqüência da conquista de Canaã da historia posterior. No período pré-canaanita (antes de estabelecerem-se em Canaã) os israelitas foram nômades ou seminômades. Seu sustento dependia dos rebanhos, e, apenas como suplemento secundário da lavoura branca, plantada onde paradas mais longas o permitissem. Esse tipo de sociedade pastoril tinha características próprias. A mais fundamental era a “consciência de família”, o laço de parentesco, o senso de fraternidade que governava a maior parte das atividades do grupo social. A sociedade era uma família de famílias. As famílias formavam os clãs, os clãs formavam as tribos, as tribos formavam o povo, que era uma federação pactual de tribos. Economicamente, a riqueza da comunidade era de fato, riqueza de todos, não havia pobres ou ricos no clã, senão na medida em que o clã inteiro fosse pobre ou rico. A autoridade pertencia aos chefes das famílias, e na agregação maior, a tribo pertencia ao conselho de anciãos. Este decidia as, questões, segundo a moral e os costumes aceitos da tribo. Não havia poder absoluto e despótico. A vida no deserto e o forte sentimento da fraternidade no clã redundaram em forte a duradouro amor pela liberdade e pela justiça igualitária.
SOCIEDADE AGRÍCOLA E SEDENTÁRIA - Em Canaã, Israel encontrou uma sociedade agrícola sedentária. Ao aculturar-se, duas características fundamentais da sociedade agrícola sedentária chocavam-se contra a estrutura social pastoril serninômade: a ênfase na localidade, na vila, e não no clã, como ponta de aglutinação e de unidade; e o novo conceito de propriedade, da terra, o bem imóvel, permanente, diferente da propriedade em rebanhos, que podiam, da noite para o dia, ser tomados por assaltantes. Ao assimilar esse conceito, Israel modificou-o para harmonizá-lo com sua fé, transformando a propriedade de terra em usufruto apenas, sem direito de alienação (Lv 25:25; Dt l5:1-3; Lv 25:8-17 e 23). Não havia dono da terra em Israel. A terra era do clã, e o chefe de família só era dono da terra como representante do clã; não podia alienar senão temporariamente a terra. Então havia no clã, a distribuição mais equitativa para o labor pastoril.
SOCIEDADE COMERCIAL URBANA - terceiro sistema de vida: a sociedade urbana comercial que aumentou as complexidades e tensões da sociedade israelita, e em que o espírito de Canaã encontrou sua expressão mais desenvolvida e característica (Pv 31:24). Esse tipo de sociedade urbana e comercial fez um grande impacto sobre os israelitas no reinado de Davi. Os fatores que contribuíram para tanto foram a conquista das restantes cidades canaanitas e sua assimilação por Israel, inclusive com seus costumes estabelecidos; o estabelecimento que, de uma capital que com sua corte e forças militares, não podia ser sustentada pelo solo imediatamente vizinho, mas dependia do superávit econômico de toda a terra; e o começo, no reinado de Davi, de relações comerciais internacionais em alta escala com os Fenícios, ou seja, os canaanitas do norte.
CRISE SOCIAL DO 10° SÉCULO A.C. - Mas foi no reinado de Salomão que Israel experimentou uma revolução social e econômica ainda maior do que a experimentada no tempo em que o povo passara da vida nômade para a sedentária. Os pesados impostos, o trabalho forçado, o despotismo que se manifestava num tipo de capitalismo de Estado, acabaram com a liberdade dos súditos, fazendo-os escravos do rei, e transformando a propriedade deles em propriedade do monarca, ou seja, do Estado. Só este tirava proveito da exportação de cobre de Edom, e, possivelmente, até da exportação de israelitas para servirem no Egito, como mercenários. A importação de grande quantidade de ouro e prata provocou uma repentina inflação. Os cidadãos eram forçados a hipotecar suas terras, suas pessoas e seus filhos, para atender às exigências dos impostos. Os juros eram altos, e muitos israelitas livres perderam as terras e se tornaram escravos; enquanto outros que tinham tido alguma vantagem inicial, amontoavam terras e dinheiro. A fraternidade dos tempos do deserto desapareceu para sempre, dando lugar à permanente separação entre os poderosos e os oprimidos; os ricos e os pobres. A riqueza e o poder tornando-se a meta dos esforços do indivíduo, a pobreza, a injustiça e a luta de classes se estabeleceram para sempre na sociedade israelita.
CRISE SOCIAL DO 8° SÉCULO A.C. - A outra grande época de prosperidade econômica em Israel foi também acompanhada de males semelhantes, a respeito dos quais, temos farto testemunho na literatura profética do 8° século. Foi a época em que reinava em Israel Jeroboão II (786-746) e, em Judá, Uzias (783-742). Adade Nirari III, da Assíria, conquistara Damasco em 803 A.C., enfraquecendo-a de tal modo que os Sírios nunca mais foram ameaça séria em Israel. Em seguida, os armênios mantiveram os Assírios ocupados e enfraquecidos até que Tiglate-Pileser usurpasse o trono em 745. Essa trégua, em que Israel e Judá ficaram livres dos Assírios e Arameus foi suficiente para um renascimento dos dois reinos irmãos, só comparável à prosperidade do tempo de Davi e Salomão. Jeroboão II conquistou o norte da Galiléia e a Transjordânia, obtendo assim o controle das rotas comerciais. Tinha o cuidado de mantê-las livres de ladrões e salteadores, recebendo pelo serviço, como Davi e Salomão anteriormente compensadoras taxas. Samaria tornou-se um empório internacional, com todo tipo de mercadorias, suplantando muitos outros centros em quantidade e em qualidade. Em Ezequiel cap. 27, onde ele fala do rei de Tiro, podemos ver como o comércio já naquele tempo era bastante próspero. Samaria repetia esta situação.
A crescente prosperidade comercial foi acompanhada de maior luxo e imponência nos edifícios (Amós 3:15). Havia muitos palácios em Samaria (Amós 3:10), pertencentes não só ao rei, mas também aos novos príncipes mercadores que se tinham enriquecido no comércio. A pedra lavrada substituira os antigos tijolos e o cedro do Líbano o plebeu sicômoro (Is 9:10). Havia o luxo ilimitado dos ricos, tanto em Samaria como em Jerusalém. Havia a cupidez (2) os comerciantes gananciosos (Amós 8:5). Havia a dureza e a ambição das mulheres ricas (Amós 4.l). Os novos ricos atrás de riqueza e luxo espezinhavam os pobres. Havia as medidas e os pesos falsos; compravam por um padrão, e vendiam por outro padrão de medidas. O refugo de trigo, vendido como se fosse bom trigo (Amós 2:8). Os ricos sempre conseguiam sentenças favoráveis nos tribunais (Amós 2:6: Amós 8:6). Além de tudo isso, havia outro grande mal, talvez maior: a extinção do pequeno proprietário. Os luxos da época e o crescente custo de vida levaram o pequeno proprietário a contrair dividas. Os pequenos tratos de terra eram absorvidos nos grandes latifúndios. Os proprietários ricos e os capitalistas das hipotecas devoravam homens e terras, mantendo o agricultor na terra como colono ou vendendo-o com sua família como escravos (Amós 5:11; 2Rs 4:1-7). Havia assim, junto com o crescente enriquecimento de uns poucos, o crescente empobrecimento da maioria. No meio da abastança e do supérfluo, a miséria e a carência. De par com o luxo e o ócio, a escravidão e a fome. Essa total canaanitização era a negação absoluta da tradição do deserto. Contra ela eram os mais extremados em sua atitude contra a aculturação (Jr 35). Repudiavam toda a civilização, encontrando nela a causa de todos os males da situação. Ecos da negação da civilização agrícola, e da civilização urbana comercial, podem ser percebidos também, nas histórias de Caim e Abel e da Torre de Babel (Gn 4:1-16; Gn 11:1-9).
OS PROFETAS E A SUA REAÇÃO - Os profetas, também, como esses outros grupos, consideravam normativa a tradição do deserto. A época da peregrinação no deserto fora o tempo ideal (Amós 5:25; Os 9:10; Os 2:14; Jr 2:l-3). Mas eles não eram reacionários simplistas que considerassem possível ou suficiente um retorno à vida nômade, e sua condenação à ordem social se baseava no fato de que ela não encarnava nem protegia os valores humanos e sociais inerentes ao Javismo, à religião de Israel, e até os destruía. Os alicerces da estrutura econômica e política, segundo os profetas, deviam ser éticos e religiosos. Mas Israel tinha confundido um sistema devido mais elevado com uma civilização mais complexa, e tinha preferido as vantagens imediatas desta, aos valores fundamentais da religião de Israel.
OS PECADOS QUE ELES CONDENAVAM - Mas os profetas não se limitavam a condenar de maneira vaga e geral a estrutura social de seus dias. Apontavam pecados específicos e particulares, corajosa e desassombradamente. Pecados que podiam ser do homem comum ou dos líderes, do latifundiário ou do comerciante, dos nobres ou do rei. Eles condenavam apaixonada e veementemente, a opressão, a violência, a sensualidade, a ganância, o roubo, a desonestidade, a sede de poder, a desumanidade cruel, a falsidade. Pecados de homens e mulheres, pecados que podem aparecer em qualquer sociedade, dessa maneira, qualquer sociedade em que tais ou semelhantes pecados prevaleçam, cai sob a mesma condenação (Jr 7:9-10; Mq 3:11; Os 4:1-2; Amós, 8:5-6). Eles descrevem a situação ao vivo. Retiram o véu que encobre as aparências e exibem desnuda, a podridão e a corrupção (Amós 3:10; Os 6:8-9: Amós 2:6; Mq 2:8; Mq 3:l-3).
SUA DENÚNCIA CONTRA OS BENEFÍCIOS DAS INIQUIDADES - E o peso de sua denúncia recai também sobre os beneficiários do sistema existente. O rei e os que exercem autoridade; os gordos sacerdotes, os gananciosos profetas profissionais, e os “sábios” parasitários (eram líderes e orientadores da comunidade, e todos eram condenados); os que vivem no luxo sem se incomodarem com os necessitados à sua porta; e em especial as mulheres ricas, vazias e irresponsáveis; os juízes venais, os credores em coração, os donos de casas suntuosas, e os cúpidos proprietários de terras (Os 4:4-6; Os 5:1; Mq 3:5-6 e 11; Am 4:l; Am 6:1-7; Is 3:1-3 e 13-15). À sua ira contra os opressores e sua piedade pelas vítimas, os profetas acrescentavam a denúncia da apatia e degeneração popular. Se os príncipes eram Sodoma, o povo era como o povo de Gomorra (Os 4:5; Is 1:10).
Duas coisas importantes que devemos notar, ainda: os males condenados não eram simples aberrações individuais, comuns, mas excepcionais. Eram características da sociedade como tal, permeando sua estrutura política, suas atividades econômicas, sua cultura e seus padrões morais aceitos, e afetando profundamente a religião. E não eram males que aparecessem como fruta estranha; eram males, infelizmente, correspondentes à forma e aos fins da própria ordem social, correspondentes aos princípios sobre os quais ela se assentava, e aos valores que ela representava e defendia.
CONCLUSÕES - O assunto é vasto, mas não tratamos senão de alguns aspectos que consideramos mais importantes para este nosso encontro. Não podemos, no entanto, encerrar sem apontar algumas conclusões que nos parecem fundamentadas, pelo menos parcialmente, no que acabamos de dizer.
1. Para os profetas, religião não era, principalmente, assunto de experiência íntima e interna, nem pura questão de ritual, mas era interpretação da condição humana total à luz do propósito de Deus.
2. Os profetas eram porta-vozes de Deus para uma situação específica. A palavra que eles traziam, vinda de Deus, era eficaz e operante; mas muitas vezes eles mesmos se tornavam instrumentos do propósito de Deus. Não apenas como porta-vozes, antes como atores nos dramas da História.
3. Os profetas eram, por isso, homens de ação. Sujeitos a limitações humanas, suas ações eram susceptíveis de erros; mas mesmo assim incorporavam-se ao propósito de Deus para o momento que viviam.
4. Os profetas eram homens de seu povo e do seu tempo. Sua “particularidade” é o segredo de sua universalidade.
5. A ação política dos profetas era realizada à luz de seu entendimento do destino de seu povo, segundo o propósito de Deus.
6. A pregação social dos profetas não era, propriamente, democrática ou humanitária; seu pressuposto básico era o “pacto” que tornara Israel o povo de Yahweh.
7. Para os profetas, justiça e juízo, amor e integridade, eram mais importantes que a estrutura política, a religião organizada, e a organização e as instituições econômicas da nação.
8. Por isso os profetas só tinham compromisso com o Deus que os chamara e enviara. Seu ministério não era uma busca de aceitação humana, mas um desafio a toda ordem humana, criada à parte de Deus.
9. O Deus dos profetas entrava na luta pela justiça social, como o grande Aliado dos injustiçados e expoliados. Seu propósito era (como ainda o é!), criar comunidade, isto é, uma ordem de relações com e entre os homens, em que sua justiça encontrasse perfeito cumprimento.
Que diriam os profetas em nosso tempo? Que fariam os profetas em nosso tempo? Qual o propósito de Deus para como o povo brasileiro? Que testemunho daremos diante da nossa presente ordem social? Estas e outras perguntas que nos devemos fazer seriamente, se é que somos parte de uma igreja, que em Jesus Cristo é herdeira legítima de uma missão profética, para com o mundo contemporâneo. Estas perguntas não podem ter respostas pré-fabricadas, mas constituem o desafio que vamos corajosamente enfrentar nestes dias, sob orientação do mesmo Deus que falou “muitas vezes, e, de muitas maneiras, aos pais, nos profetas” (Hb 1:1).
2.2 Responsabilidade Social na Igreja Primitiva
Como não poderia ser diferente, a igreja do primeiro século seguiu o exemplo de Jesus. A grande sensibilidade de Jesus para com os necessitados é reproduzida agora pela comunidade cristã, no cuidado de uns para com os outros associando a prática da evangelização com a prática do serviço social, esta última, parte integrante daquela. Uma das marcas da igreja primitiva era justamente a unidade em meio à adversidade. Lucas confirma isso ao relatar que: “Todos os que criam mantinham-se unidos e tinham tudo em comum. Vendendo suas propriedades e bens, distribuíam a cada um conforme a sua necessidade”. (BÍBLIA. NVI., Atos. 2.44-45, p.1855).
A igreja primitiva cumpria a Missão Integral (MI), ela não apenas pregava o Evangelho do Reino, como atendia àqueles que necessitavam de socorro físico. O amor de Deus no coração do crente faz com que ele se sensibilize com as necessidades do próximo. Segundo o apóstolo João: “Se alguém é rico e vê o seu irmão passando necessidade, mas fecha o seu coração para essa pessoa, como pode afirmar que, de fato, ama a Deus”? (BÍBLIA. NTLH., 1Jo. 3.17, p.1078). A solidariedade entre os irmãos era um princípio arraigado naquela comunidade cristã.
É inconcebível pensar que o sofrimento do pobre não é capaz de mover o âmago do coração do cristão. O relato de Lucas diz que a comunidade cristã era caridosa (At 2.45). A caridade é o amor em ação. Esse princípio deve nortear a missão da igreja contemporânea.
Martin Luther King, Jr. é considerado o maior líder negro na história dos Estados Unidos. Foi um dos principais responsáveis pelo fim da segregação racial em seu país, segundo ele: “Religião trata tanto com o céu como com a terra… Qualquer religião que professar estar preocupada com as almas dos homens e não está preocupada com a pobreza que os predestina à morte, com as condições econômicas que os estrangula e com as condições sociais que os tornam paralíticos, é uma religião seca como poeira” (KING apud, STTOT 2012, p.23). Como se vê, a religião deve “tratar tanto com o céu como da terra”, pois a Igreja é o único organismo capaz de ministrar às necessidades integrais do homem. Os cristãos de Antioquia estava consciente das necessidades de seus irmãos e de suas responsabilidades. Por mãos de Paulo e Barnabé, os discípulos antioquenses mandaram cada um conforme o que pudesse socorrer aos irmãos em Jerusalém. Em outras partes da Sagrada Escritura, Paulo levanta ofertas na Acaia e na Galácia para suprir as necessidades daqueles irmãos. (Rm 15.26; 1 Co 16.1-3).
Conclui-se, portanto, que a religião expressada na igreja primitiva não estava preocupada somente com o seu relacionamento vertical no ato de salvação de Deus na vida do indivíduo, dando testemunho pessoal e evangelizando no lar. Todavia, sua conduta manifestava-se nas relações humanas, no serviço social, alimentando o pobre e assistindo ao enfermo. O escopo da comunidade do primeiro século estava na evangelização e amor ao próximo, causa principal do seu extraordinário êxito.
2.3 Missão integral
Ø “Bem-aventurado é aquele que atende ao pobre; o Senhor o livrará no dia do mal” (Sl 41.1). O engajamento da igreja no serviço social, socorrendo os pobres em suas diversas necessidades, diferente do que pensam muitos, não é um desvio de sua missão, mas parte intrínseca dela. Segundo podemos inferir da Palavra de Deus, a igreja tem a obrigação (não a opção) de minorar o sofrimento humano, seguindo assim o exemplo de seu grande Mestre (At 10. 38, Lc 4.18; ver Tg 1.27). Muito boa esta oportunidade em que trataremos da responsabilidade social da igreja de Cristo.
MEIOS DE SE EXERCER A RESPONSABILIDADE SOCIAL
ASSISTENCIALISMO. Conhecido como assistencialismo ou paternalismo, busca atender às necessidades emergentes das pessoas. A pessoa atendida, objeto da ação, encontra-se numa situação de total dependência e, mesmo havendo o suprimento de suas necessidades, as suas carências continuam.
SERVIÇO SOCIAL. Aqui, a pessoa carente recebe condição para interagir e melhorar sua situação, recuperando a dignidade e confiança. Projetos sociais tendo como alvo o ensino, a orientação, o apoio, a profissionalização promovem a capacitação do indivíduo a fim de que este se torne responsável pela solução de seus problemas.
AÇÃO SOCIAL. Procura
transformar as estruturas da sociedade, buscando a criação de bases mais
justas. Neste sentido, é muito importante que seja criada uma consciência
cívica no meio evangélico, que leve cristãos aos órgãos públicos que estão
diretamente relacionados com a infraestrutura sócio política do país.
3. VIVENDO SEGUNDO OS VALORES RO REINO
3. VIVENDO SEGUNDO OS VALORES RO REINO
O reino de Deus é a manifestação da vontade de Deus na vida
dos indivíduos, na oração do Pai Nosso Jesus nos ensinou a orar pela vinda
desse reino porque nele está a vontade do Pai. ´´venha a nós o teu reino e
seja feita a tua vontade´´. Fica claro que o reino e a vontade de
Deus andam juntos, onde um estar o outro estará também. O reino é o lugar onde
a vontade do rei é realizada.Ao falar do reino de Deus ou dos céus quando esteve na
terra, Jesus trouxe a realidade desse reino para quem quisesse segui-lo.
O cidadão que deseja ser um súdito desse reino a primeira coisa que ele deve
fazer é mudar a sua maneira de pensar, esse é sentido básico do arrependimento
(Mateus 4.17). Nossos conceitos, filosofias, preceitos e valores deverão ser
moldados a partir da expectativa do reino de Deus.
Aqueles que querem trabalhar para o Reino devem em primeiro
lugar enraizar os valores do reino em seus corações, isso deve ser feito com
muita diligencia, comprometimento, responsabilidade e praticas constante, e
aquilo que for secundário é justamente que o Rei acrescenta aos seus fieis
(Mateus 6.33).
A FAMILIA e a IGREJA
"Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os
que a edificam; Se o Senhor não guardar a cidade, em vão vigia a sentinela" (Salmo
127:1). Deus nos criou e designou o casamento e a família como a
mais fundamental das relações humanas. Em nosso mundo de hoje em dia, vemos
famílias atormentadas pelo conflito e arrasadas pela negligência e o abuso. O
divórcio tornou-se uma palavra comum, significando miséria e dureza para os
múltiplos milhões de suas vítimas. Muitos homens jamais aprenderam a ser
esposos e pais devotados. Muitas mulheres estão fugindo de seus papéis dados
por Deus. Pais que não têm nenhuma idéia de como preparar seus filhos estão
assim perturbados pelo conflito com seus rebentos rebeldes. Outros simplesmente
abandonam seu dever, deixando filhos sem qualquer preparação ou provisão.
Para muitas pessoas, hoje em dia, a frase familiar e
confortadora "Lar, Doce Lar" não é mais do que uma ilusão vazia. Não
há nada doce ou seguro num lar onde há o abuso, a traição e o abandono.
Haver uma solução? Poderemos evitar tais tragédias em
nossas famílias? Poderão os casais jovens manter o brilho do amor e do otimismo
décadas depois de fazerem os votos no casamento? Haverá esperança de
recuperação dos terríveis erros do passado?
A resposta para todas estas perguntas é SIM! As
soluções raramente são fáceis. A construção de lares sólidos não acontece por
pura sorte. Somente pelo retorno ao padrão de Deus para nossas famílias
poderemos começar a entender as grandes bênçãos que ele preparou para nós em
lares construídos sobre a rocha sólida da sua palavra. Consideremos brevemente
alguns princípios básicos ensinados na Bíblia sobre a família.
O Propósito Básico de Deus para a Família - Quando temos dificuldade com a geladeira, entendemos que o
fabricante, que escreveu o manual do usário, sabe mais sobre o aparelho do que
nós. Lemos o manual para resolver o problema. Quando vemos tantos problemas nas
famílias de hoje, só faz sentido que nosso Criador, que escreveu o "manual
do usuário", sabe mais a respeito da família do que nós. Precisamos ler o
manual para achar como construir e manter bons lares. Encontramos estas
instruções na Bíblia. Ela nos guia em cada aspecto do serviço a ele, incluindo
a realização de nossos papéis na família.
Casamento - A família começa com o casamento. Quando Deus criou Adáo e
Eva, ele revelou seu plano básico para o casamento: "Por isso, deixa
o homem pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só
carne" (Gênesis 2:24). Este plano é claro. Um homem ligado a uma
mulher. Milhares de anos mais tarde, Jesus afirmou que este ainda é o plano de
Deus. Ele citou este versículo e acrescentou: "Portanto, o que Deus
ajuntou não o separe o homem" (Mateus 19:6). Este casamento é uma
relação para toda a vida. Somente a morte deve cortar este laço (Romanos
7:1-3).
Deus aprovou as relações sexuais somente dentro do
casamento. Não há nada de mal ou impuro sobre as relações sexuais dentro de um
casamento aprovado por Deus (Hebreus 13:4). Esposos e esposas têm a
responsabilidade de satisfazer os desejos sexuais (dados por Deus) aos seus
companheiros (1 Coríntios 7:1-5).
Todas as outras relações sexuais são sempre e absolutamente
erradas. Relações sexuais entre pessoas do mesmo sexo são absolutamente
proibidas por Deus (Romanos 1:24-27; 1 Coríntios 6:9-11). Deus não criou Adão e
João. Ele fez uma mulher, Eva, como uma parceira apropriada para Adão. As
relações sexuais antes do casamento, mesmo entre pessoas que pretendem se
casar, são condenadas por Deus (1 Coríntios 7:1-2, 8-9; Gálatas 5:19). As
relações sexuais extra-conjugais são também claramente proibidas (Hebreus
13:4).
Filhos - Casais assim unidos diante de Deus pelo casamento gozam o
privilégio de terem filhos. Deus ordenou a Adão e Eva e aos filhos de Noé que
tivessem filhos (Gênesis 1:28; 9:1). Ainda que nem todas as pessoas tenham que
se casar, e que nem todas terão filhos, é ainda o plano básico de Deus que os
filhos nasçam dentro de famílias, completas com pai e mãe (1 Timóteo 5:14). Em
lugar nenhum da Bíblia encontramos autorização para uma mulher ter relações
sexuais para conceber um filho, antes ou sem casamento. A paternidade solteira,
que está se tornando moda em nossa sociedade moderna é um afastamento do plano
de Deus que terá sérias conseqüências para as gerações vindouras.
Papéis Dados por Deus Dentro da Família - Dentro desta estrutura do propósito Divino, consideremos os
papéis que Deus atribuiu aos homens, mulheres e filhos.
Homens: Esposos e Pais - A responsabilidade dos esposos é bem resumida em Efésios
5:25: "Maridos, amai vossa mulher, como também Cristo amou a Igreja e
a si mesmo se entregou por ela". O esposo tem que colocar as necessidades
de sua esposa acima das suas próprias, mostrando devoção desprendida aos
melhores interesses da "parte mais frágil" que necessita da sua
proteção. Ele tem que trabalhar honestamente para prover as necessidades da
família (2 Tessalonicenses 3:10-11; 1 Timóteo 5:8). Os pais são especialmente instruídos por Deus para preparar
seus filhos na instrução e na disciplina do Senhor (Efésios 6:4). Este é um
trabalho sério e, às vezes, difícil, mas com resultados eternos! Os espíritos
de seus filhos existirão eternamente, ou na presença de Deus ou separados dele.
A maior meta de um pai para seus filhos deveria sempre ser a salvação eterna
deles.
Mulheres: Esposas e Mães - Uma esposa tem um papel muito desafiador no plano de Deus.
Ela tem que complementar seu esposo como uma auxiliar submissa, que partilha
com ele as experiências da vida. As pressões da sociedade moderna para rejeitar
a autoridade masculina não obstante, a mulher devota aceita seu papel como
aquela que é cuidadosamente submissa ao seu esposo (Efésios 5:22-24; 1 Pedro
3:1-2). As mulheres de hoje em dia que rejeitam este papel dado por Deus estão
na realidade difamando a palavra dele (Tito 2:5).
Deus instrui as mulheres para mostrarem terna afeição aos
seus esposos e filhos, e a serem honestas e fiéis donas de casa (Tito 2:4-5).
Apesar dos esforços de algumas pessoas para desvalorizar o papel das mulheres
que são dedicadas a suas famílias, Deus tem em alta estima a mulher que é uma
boa dona de casa e uma amorosa esposa e mãe. Tais mulheres devotas são também
dignas de respeito e apreciação de seus esposos e filhos (Provérbios
31:11-12,28).
Filhos: Seguidores Obedientes - Deus também definiu o papel dos filhos. Paulo revelou em
Efésios 6:1-2 que os filhos deverão:
1. Obedecer a seus pais. Deus colocou os pais nesta
posição de autoridade e os filhos têm que respeitá-los. Muitas pessoas
consideram a rebeldia de uma criança como uma parte comum e esperada do
"crescimento", mas Deus coloca-a na lista com outros terríveis
pecados contra ele (2 Timóteo 3:2-5).
2. Honrar seus pais. Os pais que sustentam, instruem e
preparam seus filhos devem ser honrados. Jesus mostrou que esta honra inclui
prover as necessidades dos pais idosos (Mateus 15:3-6).
3.1 Princípios Morais
O que são valores? São princípios morais ou éticos que
consideramos bons e importantes. Podem incluir perdão, honestidade, amor,
respeito pela vida e autocontrole. Nossos valores influenciam nosso
comportamento, prioridades, relacionamentos e a orientação moral que damos a
nossos filhos. Mas apesar de sua importância, os valores morais estão
desaparecendo.
Em 2008, pesquisadores nos Estados Unidos entrevistaram
centenas de jovens adultos a respeito da importância dos valores morais. “O
mais frustrante é que eles nem sabem discutir esses assuntos”, disse David
Brooks, no jornal The New York Times. A maioria achava que o estupro e o
assassinato eram errados, mas, “com exceção desses casos extremos,
comportamentos como dirigir embriagado, colar na escola e trair o parceiro não
eram encarados como questões morais”. Certa jovem disse: “Eu não fico pensando
se algo é certo ou errado.” Muitos tinham a seguinte opinião: “Se
você acha que é certo, vá em frente. Siga seu coração.” Será que é sensato
pensar assim? O nosso coração é capaz de demonstrar grande amor e
compaixão, mas às vezes é ‘traiçoeiro e desesperado’. (Jeremias
17:9) Percebemos essa triste realidade nas mudanças dos padrões do mundo
— mudanças que a Bíblia predisse há muito tempo. “Nos últimos dias os
homens serão egoístas, gananciosos, soberbos, sem afeto, cruéis, inimigos do
bem, mais amigos dos prazeres do que de Deus.” — 2 Timóteo
3:1-5, Bíblia Pastoral.
Isso prova que não podemos confiar cegamente no nosso
coração. Às vezes precisamos desconfiar dele. A Bíblia diz com toda franqueza:
“Aquele que confia no seu coração é tolo.” (Provérbios
28:26, Versão Brasileira) Se quisermos que nosso coração seja útil
para nós, ele precisa ser ajustado com base em valores corretos. Onde podemos
encontrar esses valores? Na Bíblia. Muitas pessoas respeitam esse livro por
causa de sua sabedoria e franqueza.
Sem dúvida, os valores registrados na Bíblia foram criados por
Deus para o bem da humanidade. Veja apenas alguns desses valores — amor,
bondade, generosidade e honestidade.
O que a Bíblia diz sobre o AMOR: “Revesti-vos de amor,
pois é o perfeito vínculo de união.” (Colossenses
3. 14) O mesmo servo de Deus que escreveu essas palavras disse em outra
ocasião: “Se eu . . . não tiver amor, nada sou.” — 1 Coríntios
13:2. Esse tipo de amor não é de natureza sexual nem sentimental; ele é
governado por princípios. É um amor altruísta, ou seja, não é interesseiro. Ele
nos motiva a ajudar outras pessoas sem esperar algo em troca. A Bíblia diz:
“Quem ama é paciente e bondoso. Quem ama não é ciumento, nem orgulhoso, nem
vaidoso. Quem ama não é grosseiro nem egoísta; não fica irritado, nem guarda
mágoas. Quem ama não fica alegre quando alguém faz uma coisa errada, mas se
alegra quando alguém faz o que é certo. Quem ama nunca desiste, porém suporta
tudo com… paciência.” — 1 Coríntios
13:4-7, Bíblia na Linguagem de Hoje.
O que a Bíblia diz sobre BONDADE E GENEROSIDADE: “Há
mais felicidade em dar do que há em receber.” — Atos
20. 35. Geralmente, a melhor forma de dar — e a mais
recompensadora — é dar de si mesmo, ou seja, dar de nosso tempo e
energia. O escritor Charles D. Warner escreveu: “Uma das mais
lindas compensações da vida é que ninguém pode prestar ajuda sincera a outra
pessoa sem ajudar a si mesmo.” Isso acontece porque Deus não criou os
humanos para serem egoístas. Em vez disso, ele os criou para refletirem Suas
qualidades perfeitas. — Gênesis
1:27.
O que a Bíblia diz sobre a HONESTIDADE? : “Quem
será hóspede na tenda [de Deus]?” A resposta? “Aquele que anda sem defeito e
fala a verdade no seu coração.” (Salmo
15:1, 2) Sim, a verdadeira honestidade, assim como as outras
qualidades que consideramos, não depende de circunstâncias ou conveniência, faz
parte da personalidade da pessoa. Esse valor moral é fundamental para qualquer
sociedade. A desonestidade gera medo, desconfiança e decadência social.
Os valores de moral encontrados na Bíblia refletem o
profundo amor que nosso Criador tem por nós. Esses valores nos fazem ‘andar no
caminho de pessoas boas’. (Provérbios
2: 20; Isaías
48:17, 18) E quando seguimos esses valores, demonstramos nosso amor a
Deus e recebemos muitas recompensas. A Bíblia faz a seguinte promessa: “Guarda
[o] caminho [de Deus], e ele te exaltará para tomares posse da terra. Quando os
iníquos forem decepados, tu o verás.” — Salmo
37:34. Aqueles que seguirem os padrões bíblicos terão um futuro
maravilhoso: a vida numa terra pacífica, livre da maldade! Com certeza, os
valores contidos na Bíblia merecem ser analisados.
Quais são os valores morais que regem a sua família? O amor,
a bondade, generosidade e honestidade estão presentes? Pai e mãe, vocês são
responsáveis pela observação, ensino e implantação desses valores morais em
vosso lar.
3.2 Coerência fé e pratica
Em 1 Corintios 10. 14-23 encontramos algumas coisas
interessantes neste assunto, vejamos:
-Deus não admite que alguém ou algo ocupe na vida de Suas
criaturas o lugar que lhe é devido. Transferir a pessoas ou a objetos a
adoração, a reverência, a obediência irrestrita e a confiança que devemos a
Deus, é idolatria. Fuja disso. v. 14; Êxodo 20. 1 – 7; Jeremias 17. 5 - 11.
- O uso que fazemos da verdade que há nas Escrituras mostra
se somos sábios ou insensatos. v. 15.
- A participação na Ceia do Senhor revela nossa unidade com
Deus em Cristo pelo Espírito Santo e a unidade a existir em Sua igreja. v. 16.
- Na Ceia do Senhor o pão simboliza o corpo de Cristo e a
unidade da igreja Nele como Seu corpo. v. 17.
- Na Antiga Aliança o culto praticado por Israel os unia
como povo de Deus sob um mesmo altar. Na Nova Aliança o culto praticado pela
igreja em espírito e verdade une espiritualmente seus participantes a Deus a
quem adoramos e servimos. v. 18; João 4. 23 – 24; 1 Coríntios 6. 17.
- Quem presta culto a Deus jamais se unirá aos ímpios em
suas práticas visíveis ou ocultas no culto aos demônios. Luz e trevas são
inconciliáveis. Sincretismo religioso é sinônimo de demonismo. Não faça aliança
com pessoas, instituições ou coisas que venham comprometer sua aliança com
Deus. v. 19 - 21; Amós 3. 3; 2 Coríntios 6. 14 - 18.
- Ai daqueles que se voltam contra os princípios
estabelecidos por Deus e O provocam com pecados deliberados. A Graça de Deus
não anula Sua Justiça. Deus sempre age na integridade do Seu Caráter. v. 22.
Só é verdadeiramente livre aquele que está preso à Palavra
de Deus. Ele indica aos Seus servos o que convém, edifica e que não venha
dominá-los. v. 23; Romanos 6. 22; Gálatas 5. 1, 13.
VISÃO GERAL - No ministério terreno do Senhor Jesus uma de Suas marcas
ministeriais foi a coerência entre o que pregava, ensinava e vivia. Essa
atitude Lhe proporcionou autoridade espiritual e moral. Amigos e inimigos reconheceram o caráter irrepreensível da
pessoa e do ministério de Jesus. Em momento algum aqueles que se fizeram Seus
inimigos O criticaram por qualquer procedimento incoerente que ferisse as
Escrituras. A relutância deles em crer na divindade de Jesus recebeu a
desaprovação de Satanás que insistentemente o chamou de Santo e Filho do
Altíssimo e jamais foi repreendido por Jesus por declarar essa verdade
proclamada anteriormente por Deus-Pai, pelo Deus-Espírito e pelos anjos. Mateus
3. 16 – 17; Marcos 1. 24; 5. 1 – 14; Lucas 1. 26 – 38. A coerência é imprescindível à vida cristã principalmente em
nossos dias quando o relativismo, a ausência de compromisso e a falta de
seriedade no relacionamento com Deus e as pessoas levam cristãos a se parecerem
com os pagãos, os ímpios. Deus conhece o interior e as intenções daqueles que
se dizem Seus servos.
FOCALIZANDO A VISÃO - O apóstolo Paulo convida a igreja a se manter em fidelidade
ao Senhor. Nada e ninguém podem ocupar o lugar que lhe é devido. No mundo materialista que vivemos onde as pessoas são
colocadas abaixo das coisas até o próprio Deus em Sua Divindade como Pessoa tem
sido, infelizmente, colocado à parte da vida de Suas criaturas. Não é pequeno o
número daqueles que tomam decisões como se não tivessem de prestar contas ao
Criador no final da caminhada terrena. Somente nos momentos de crise ou no
portal da morte se lembram de que a autossuficiência praticada com tanta
convicção era apenas uma farsa, uma ilusão. A insensatez no mundo religioso chega ao ponto de homens
separarem homens para serem objetos da adoração dos seus semelhantes em frontal
desrespeito às Escrituras. Tornam a adoração a homens um dogma, um decreto a
ser obedecido passivamente pelos fiéis. Além disso, tem com esses ‘santos’ um
relacionamento espiritual ilegal aos olhos de Deus ao fazer deles seus
mediadores diante do Criador. Deus já elegeu desde a eternidade Aquele que é o
Mediador único, suficiente e perfeito, o Senhor Jesus Cristo. Jamais o que o
homem pensa e considera como verdade pode estar acima do que Deus pensa e
decide. Isaías 55. 6 – 11; 1 Timóteo 2. 3 - 6,
A seguir o apóstolo Paulo compara a adoração na Antiga e na
Nova Aliança. Na Antiga Aliança Deus determinou que a adoração ao Seu Nome
unisse o povo sob o mesmo altar no lugar que Ele havia designado. Os
administradores dessa adoração foram escolhidos dentre os membros da tribo de
Levi. Nenhuma oferta seria aceita sem que esses requisitos fossem plenamente
cumpridos. Os desobedientes pagaram um alto preço. 1 Samuel 13. 8 – 14; 2
Crônicas 26. 16 – 21.
Na Nova Aliança Deus determinou que a adoração ao Seu Nome
tivesse como mediador o Deus-Filho, o Senhor Jesus Cristo que se colocou como
Caminho, Verdade e Vida. O relacionamento com Deus só pode ocorrer sob a
mediação de Jesus Cristo. Ele é Senhor e Salvador. Atos 4. 12. Para trazer
permanentemente à memória dos salvos essa verdade, o Senhor Jesus estabeleceu
horas antes de sua prisão, julgamento injusto e morte, o cerimonial da Ceia do
Senhor. Ele retrata a nossa comunhão com a Divindade (Deus-Pai, Deus-Filho e
Deus-Espírito) e com Sua igreja, família de Deus e corpo de Cristo.
A Ceia do Senhor revela que os salvos e o Salvador
estão unidos num mesmo espírito. Os propósitos de Deus são nossos propósitos e
o Seu caráter e ações são nossos também. Tudo o que fazemos como salvos revela
a nossa unidade com o Salvador.
Jesus Cristo determinou aos Seus discípulos, entre os quais
fomos incluídos, que fizessem uso de apenas dois elementos para se lembrarem
continuamente do Seu sacrifício substitutivo na cruz em nosso lugar. O suco
extraído da videira simboliza Seu sangue derramado na cruz e que nos purifica
de todo pecado. A massa do trigo simboliza Seu corpo no qual fomos incluídos
como membros. Tanto o suco da videira como a massa de trigo, como produtos
finais, sofreram um processo de maceração que simboliza a vida sacrificial e de
renúncia de Jesus e Seus seguidores na caminhada por esse mundo. Jesus nos
chamou para uma vida de compromisso e não de conforto na terra. O salvo aguarda
na eternidade o seu verdadeiro descanso e conforto. Hebreus 4. 11.
Ao participar da Ceia estabelecida pelo Senhor o salvo
declara sua aliança com Deus em Cristo pela mediação do Espírito Santo. Em sua
nova natureza não adota ou mantém qualquer tipo de aliança que venha
comprometer sua aliança em Cristo. Relacionamentos espirituais que fujam ao
estabelecido nas Escrituras é culto aos demônios.
Não podemos cultuar a Deus se O desagradamos com nosso
procedimento. O padrão de medida para vivermos o presente é Jesus Cristo e o
que Ele ensina em Sua Palavra e não o que achamos ser correto. O servo reserva
para si apenas a alternativa de obedecer ao seu Senhor.
Luz e trevas são incompatíveis. Não podemos servir a Deus e a Satanás e seus demônios.
Mateus 6. 24; Romanos 6. 16. 2 Pedro 2. 19b. Aqueles que desejam viver uma vida dividida entre Deus e
Satanás podem enganar as pessoas, mas serão chamadas futuramente à
responsabilidade no dia da inevitável prestação de contas com o Criador. Nesse
dia não caberá qualquer apelo à Graça e a misericórdia divina desconsideradas
deliberadamente em vida pelo pecador. Aqueles que zombam de Deus ficarão sem
argumentos diante Dele. Ele não aceitará as justificativas daqueles que
rejeitaram a autoridade divina. Romanos 2. 16; 11. 22; Hebreus 4. 13.
Nossa liberdade em Cristo é medida pelo nosso compromisso
com Ele. Deus está do nosso lado em tudo aquilo que não fere o Seu caráter.
CONCLUSÃO:
Precisamos como família cristã, continuar nos esforçando
para fortalecermos nossa casa nos caminhos do Senhor. Viver em nossos dias é
desafio diário, mas nosso alento está nas palavras de Jesus quando ele disse: “Neste
mundo vocês terão aflições; contudo, tenham ânimo! Eu venci o mundo" Joao
16.33b. Precisamos nos esforçar para sermos influenciadores da “boa cultura do céu!”
por que: “As coisas que o olho não viu, e o ouvido não
ouviu, e não subiram ao coração do homem são as que Deus preparou
para os que o amam.” 1 Corintios 2.9.
Pr. Eder dos Santos
4 comentários:
Frases clássicas de muitos cristãos, cristãos brasileiros:
"O cristão não fala de política"; "Governos são de demônios"; "Importa é evangelizar, esse é o único papel da igreja".
Mas, o que será que as Escrituras dizem a respeito de governo?
Permitam-me, após leitura das obras elencadas abaixo, e entender os objetivos da lição 8 da presente revista, dividir com os irmãos um assunto tão oportuno. Seguem as bibliografias consultadas, na tentativa de reter o que encontrei relacionado aos subitens 1 e 2:
>'Política a Luz da Bíblia',(Wayne Grudem), Ed. Vida Nova;
>'Economia e Política na Cosmovisão Cristã',(Wayne Grudem/Barry Asmus), Ed. Vida Nova;
>'Religião e Política, Sim Igreja e Estado, Não',(Paul Freston), Ed. Ultimato;
>'Cristãos Ricos em Tempo de Fome',(Ronald J. Sider), Editora Sinodal;
>'Ministérios de Misericórdia', (Timothy Keller), Editora Vida Nova.
Motorista embriagado. Perguntado a um crente de igreja tradicional, como cessar a ação errada do indivíduo? Ao que um cristão responde:
_ "basta que evangelizemos as pessoas. Somente com a proclamação do evangelho as pessoas mudam o coração". [concordo]mas...
Levando em conta a parábola do semeador (Mateus 13.1-9), há solos (coração humano), que o evangelho não os persuade. Não quer saber da Palavra de Deus. Até mesmo assistindo todos os dias acidentes provocados por embriaguez ou por bom senso, nem se consientiza do perigo que faz à outras pessoas de atropelar ou de vida de passageiros, continuará oferecendo riscos.
Entra a figura do Estado, do Governo com leis que punem um condutor de andar embriagado ao volante. É a "espada" das "autoridades...instituídas", "dos magistrados", são para frear o mal - Romanos 13, ou seja, DEUS utilizando do governo para punir o mal (claro, governos imparciais e justos).
A carta de Pedro (1 Pe 2.13,14) é bem clara quando lembra que as autoridades são para "castigo dos malfeitores".
Conclusão breve:
Creio que Deus uas o Evangelismo e os Governo para frear ação do mal e punir.
AT a Bíblia fala de governo?
Gn 9.5,6 DEUS institui governo. Princípio instituído, crimes grande, punições grande, crimes menores, punições menores 9Êxodo e Deuteronômio elencam essas leis);
Dn 4.27 Daniel aconselhando Nabucodonosor a praticar misericórdia com o pobre;
Ec 8.11 Os governos devem aplicar os castigos sem demora sob efeito de que tal demora aumenta o mal;
ANARQUIA!!!!!!!!! Jz 17.6 "naquela época , não havia rei em Israel, cada um fazia o que lhe parecia certo". Onde são registrados os piores pecados da Bíblia? Jz 18-25, ou seja...
Buscar o "bem da sociedade INCLUI CUIDAR PARA QUE NINGUÉM SOFRA com ausência de necessidades básicas, leis que impedem abortos, que criam desenvolvimento, que gerem empregos através de incentivos em micro empresas, ou seja, agreguem valor á sociedade, punam infratores, detém homens violentos e criminosos.
Pessoas fiéis ocuparam cargos para INFLUENCIAR GOVERNOS?
José (influênciou nas decisões do monarca), Moisés(exigiu liberdade do povo de Israel), Neemias (Copeiro do rei, influenciou rei Artaxerxes), Mardoqueu (segundo na hierarquia depois de Xerxes), Estér...
Influenciaram ou não?
Temos sim a responsabilidade de testemunhar padrões morais da bíblia e influenciar formulações de leis.
Atos 24.24,25 Paulo corajosamente, fala sobre ações do governo romano em que Félix ficou "com medo" por ter que um dia prestar conta de suas ações.
Pergunta para os amigos da igreja.
Influenciar de modo positivo o governo é uma forma de amar o próximo?
(Mateus 22.39)
Se empenhar por boas leis que protejam crianças que ainda não nasceram, de ensinos imorais e pornografias na escola, o nome de Deus não é glorificado?
ou somente a Bíblia se restringe a mudança de coração (Ezequiel 36.26)?
Guilherme Scheld, Promotor de Justiça da Infância em Brasília (1992-1995), Procurador da República especialista em Segurança Pública, em suas obras 'Família educa, Escola Ensina'e 'Conflitos e Violência na Escola' relata como os ensinos em várias escolas estimulam a imoralidade infantil. Detalhe, é pastor...e usa seus conhecimentos no cargo que ocupa para alertar e demonstrar procedimentos (assistam vídeos no yuo tube).
É mais um "magistrado", "autoridade" do governo em favor da sociedade.
Porém, muitos tradicionais crentes afirmam que não devemos tratar de assuntos que envolvam saúde educação e segurança...
Observem que interessante. Acontece em várias denominações pelo país.
A cada quatro ou dois anos dependendo da localidade, "aparecem" nos púlpitos de nossas igrejas, perto das eleições, quem, quem, quem?????
Líderes acompanhando pré candidatos ou apenas REALIZANDO PROPAGANDA ELEITORAL.
Isso mesmo. Mas o Pastor local, por receber ordens se cala, utilizando o pretexto da "submissão".
Bom, o mesmo pastor diz culturalmente que a igreja não deve falar de política mas...
A LEI 9.504/17 e o artigo 13 da resolução 22.718/2018-Tribunal Superior Eleitoral PROÍBE NOS TEMPLOS RELIGIOSOS E PRÉDIOS A PROPAGANDA ELEITORAL, SEJA ATRAVÉS DE MEIO IMPRESSO OU VERBAL...
Vai entender... Romanos 13 pede para obedecermos a autoridade governamental expressas nas leis lógico. Daí o pastor descumpre tal ordem e tome propaganda no púlpito. Mas diz ao longo de quatro anos para não falar de saúde, educação e segurança muito menos economia relacionadas a política.
Em quem votar, se informar é essencial. Grupos de irmãos discutir a luz da bíblia e secularmente assuntos que comprometem hoje um hospital lotado sem médicos ou desvio de dinheiro público é OBRIGAÇÃO DE TODO CIDADÃO ... cristão ou não né
Já que falamos de desobediência às autoridades,
em que casos podemos "obedecer a Deus e não aos homens"? Ou seja, desobedecer a um governo civil?
Calma, não é revolta armada rsrs
Mateus 28.19,20 - Preguem o evangelho
Atos 4.18 - Sinédrio (Pedro e João presos)
Atos 4.20 - "Não podemos deixar de falar das coisas que vimos"
Atos 5.29 - "é mais importante obedecer a Deus que aos homens..."
Se no metrô é proibido pregar, beleza. na praça da saída do metrô não é, então pregue.
Agora se o estado brasileiro ganha a eleição onde ele e o congresso e o STF impõe que falar de Cristo é crime e crime com pena de morte, bora para glória mais cedo.
O estado não deve impor a religião, seja ela qual for, "César", representado pelo governo, não deve palpitar religião...
Êxodo 1.17,21- Parteiras hebréias.."não obedeceram a ordem de matar bebês masculinos..."
Daniel 3.13-27, vamos ser churrasco, mas não adoraremos outor deuses ok?
Estér descumpriu lei de Assuero para que salva-se a vida de juseus 9arriscou a própria vida (Estér 4.16).
Lembrem-se de que o contexto em que Paulo insere a sua exortação a respeito de autoridades políticas vai do início do capítulo 12 ao final do 13. "não vos conformei com este mundo, mas transformai-vos pela renovação de vossa mente..." a política e o governo estão juntos ok?
A avaliação ética das leis devem serem analisadas mesmo obedecendo.
SOBERANIA DE DEUS NOS GOVERNOS
"e orou:
'Senhor, Deus dos nossos antepassados, não és tu o Deus que está nos céus? Tu governas sobre todos os reinos do mundo. Força e poder estão em tuas mãos, e ninguém pode opor-se a ti'.
(2 Crônicas 20.6)
"Louvado seja o nome de Deus
para todo o sempre;
a sabedoria e o poder a ele pertencem.
Ele muda as épocas e as estações;
destrona reis e os estabelece.
Dá sabedoria aos sábios
e conhecimento aos que
sabem discernir".
(Daniel 2.20,21)
Entendam. Sabe aquela história de você orar pela nação (e deve orar sempre, participar de grupos que discutem política ,sadiamente), se informar ao máximo em quem votar, e mesmo assim ganha as eleições um governo mau "o povo geme"(Pv 29.2),
tenha certeza que tem desígnios nosso maravilhoso Deus.
E aí, governo é um assunto que cristão não deve comentar? Hein CIDADÃO?????????????
Lembrei do Salmo 82.2-4
CONSEQUÊNCIA DE UM GOVERNO RUIM...
Com relação ao subitem 2 tenho a dizer o seguinte, resumidamente:
Se o dízimo é lei e não princípio hoje, por favor líderes, cumpram O DESTINO BÍBLICO DELE!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Dt 14.28,29; Dt 26.12-15;
recaptulando:
primeiro dízimo são para os levitas sem propriedade
segundo dízimo são para festas judáicas
terceiro dízimo são para os pobres órfaos viúvas e estrangeiros
nada de porcelanato janela de alumínio bancos caros salários que ultrapassam o teto de líderes. Um membro está tosqueneado...
que tal efetuar matrícula de membros em cursos profissionalizantes e capacitá-los em empregos mais rápidos e dar assim dignidade ao integrantes da igreja para que não vivam do assistencialismo (lembrando que se um membro que já dizimou, ofertou e ainda tem que dar um quilo de alimento perecível em campanhas é uma atitude sugestiva de que algo está errado com as coletas)
Saudade de Paulo com seu exemplo. Antioquia (aquela congregação humilde lá isolada) doava do pouco tudo para Jerusalém faminta enquanto Corinto com seus líderes avarentos, segurava ao máximo suas arrecadações.
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