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Tratando de Comportamentos Persistentes de Desobediência - Comentários Adicionais (Pb. Lindoval Santana)


TRATANDO DE COMPORTAMENTOS PERSISTENTES DE DESOBEDIÊNCIA
(Lição 03 - 20 de Janeiro de 2019)

TEXTO ÁUREO
E ele disse: Quem és, Senhor? E disse o Senhor: Eu sou Jesus, a quem tu persegues. Duro é para ti recalcitrar contra os aguilhões” (Atos 9.5).

VERDADE APLICADA
Sermos submissos à vontade de Deus é o caminho para uma vida bem-sucedida.

OBJETIVOS DA LIÇÃO
  • Apresentar o que é TOD;
  • Mostrar o quão prejudicial este transtorno pode ser para a vida espiritual;
  • Ensinar meios para indicar o TOD.
TEXTO DE REFERÊNCIA
Jz 17.1 - E havia um homem da montanha de Efraim cujo nome era Mica,
Jz 17.5 - E tinha este homem, Mica, uma casa de deuses, e fez um éfode e terafins, e consagrou a um de seus filhos, para que lhe fosse por sacerdote.
Jz 17.6 - Naqueles dias, não havia rei em Israel; cada qual fazia o que parecia direito aos seus olhos.
Jz 17.7 - E havia um jovem de Belém de Judá, da tribo de Judá, que era levita e peregrinava ali.
Jz 17.10 - Então, lhe disse Mica: Fica comigo e sê-me por pai e sacerdote; e cada ano te darei dez moedas de prata, e vestuário, e o teu sustento. E o levita entrou.

INTRODUÇÃO
Com certeza, poderemos considerar como sendo um dos cúmulos da insensatez, quando o homem voluntariamente, confronta a Deus – a criatura se rebela contra o seu Criador. É verdade que o néscio, o estúpido e tantos outros que ignoram a Deus, quando o contrapõem, o fazem por uma ação natural do seu caráter cético e descrente, no entanto, tal atitude pode não ser um simples ato de desafiar ao Senhor, mas um transtorno de comportamento que será estudado neste capítulo – o TOD (Transtorno de Oposição Desafiante).

1. UMA VISÃO GERAL DO TOD
O Transtorno de Oposição Desafiante (TOD) ou Transtorno Desafiador Opositivo (TDO) como é denominado no CID-10 (catálogo de enfermidades reconhecidas pela ciência) como CID-91.3, é um tipo de transtorno de conduta.Trata-se de um distúrbio frequentemente observado em crianças e adolescentes, mas também constatado em adultos. Caracteriza-se por perturbações e conflitos com os outros, com as normas morais e sociais e com as autoridades. Suas características principais são: comportamento desafiador, desobediente ou perturbador. Podendo avançar para atos delinquentes ou manifestações mais extremas de agressividade ou comportamento antissocial. Para diagnosticar corretamente esse tipo de transtorno é necessário que os demais critérios gerais citados em F91 na CID-10 (classificação de distúrbios de condutas restritos ao ambiente familiar) sejam cumpridos. Travessuras graves ou a desobediência em si não são suficientes para o diagnóstico. Deve-se ser cauteloso no diagnóstico desta categoria, especialmente em crianças mais velhas, porque um “transtorno de conduta clinicamente significativo geralmente será acompanhado por um comportamento dissocial ou agressivo, que vai além da mera rebeldia ou de desorganização.” O Transtorno Opositivo Desafiador é mais comum em crianças que apresentam Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) e Transtorno do Espectro Autista (TEA). O Transtorno Opositor Desafiador não possui uma causa específica. Acredita-se que a origem do distúrbio esteja associada a uma combinação de fatores psicológicos, ambientais e predisposição genética. Óbvio que biblicamente, a desobediência e a rebeldia contra as regras, normas, indivíduos e ao próprio Deus é consequência do pecado praticado no Éden. Logo, o homem tem em si uma natureza instável e de tendência a teimosia, porém além desta inclinação peculiar, devemos atentar se tal resistência a obediência não é causada pelo TOD (também enfermidade oriunda do pecado original, mas que deve ser abordada de forma diferente da desobediência por má índole de um caráter negativo). Do mesmo modo que achamos na Bíblia diversas ocasiões em que homens falharam em obedecer a Deus e se revoltaram voluntariamente contra Ele (Gn 11.3-4), na igreja nos deparamos com aqueles que se dizem cristãos, mas que resistem a Palavra a Deus. A contradição pode residir no fato que o indivíduo tenha na realidade, o Transtorno de Oposição Desafiante (TOD). Quando passamos a conhecer os sintomas desta enfermidade, seremos mais ponderados em nossas opiniões quando nos depararmos com irmãos que deliberadamente se opõe a Deus, a Sua Palavra e a sua liderança, e assim teremos melhores habilidades para até ajudá-los neste problema tão grave.

1.1. TOD nas crianças
Os sintomas do TOD podem aparecer em qualquer momento da vida, porém é mais comum entre os 6 e 12 anos. Quem de nós nunca se deparou com uma criança extremamente opositiva, desafiadora, que discute por qualquer coisa, que não assume seus erros ou responsabilidades por falhas e que costuma sempre se indispor com os demais de seu grupo ou de sua família de maneira a demonstrar que a cada situação será sempre difícil convencê-lo, mesmo que a lógica mostre que suas opções estão evidentemente equivocadas? Se você conhece uma criança assim, provavelmente ela tem Transtorno Opositivo Desafiador. A pediatra e psicóloga infantil, Raquel Guimarães Del Monde, afirma que tal quadro leva a severas dificuldades de tempo e de avaliação para analisar regras e opiniões alheias e intolerância às frustrações, levando a reações agressivas, intempestivas, sem qualquer diplomacia ou controle emocional. Essas crianças costumam ser discriminadas, perdem oportunidades e desfazem círculos de amizades. Não raro, sofrem bullying e são retiradas de eventos sociais e de programações da escola por causa de seu comportamento difícil. Os pais evitam sair ou passear com elas e muitas vezes as deixam com parentes ou em casa. Entre os irmãos, são preteridos, mal falados e considerados como “ovelhas negras” tratados, assim, diferentes e mais criticados pelos pais. Para a psicóloga Camila M. Fernandes, no TOD o comportamento da criança vai além de uma simples birra, até porque alguns comportamentos opositivos temporários são comuns em determinadas faixas etárias e fazem parte do desenvolvimento normal da criança. “No TOD lidamos com crianças que apresentam sintomas severos que podem gerar prejuízos em várias áreas da vida, atrapalhando principalmente o relacionamento familiar.” Vale ressaltar que nem toda agitação de uma criança é sinal de algum transtorno, há agitações comuns em crianças. Crianças costumam ter bastante energia e de vez em quando acabam desobedecendo regras ou até mesmo desafiando adultos, com o objetivo de testar sua autoridade, mas a preocupação dos pais ou responsáveis deve existir quando esse comportamento agitado e desafiador começa a prejudicar a vida da criança em família, na escola e na sociedade como um todo. A avaliação e diagnóstico devem ser feitos por um Neuropsiquiatra ou Neurologista, ambos infantis. Dentre os fatores que favorecem o desenvolvimento do transtorno opositivo desafiador estão: 1) Características da criança Temperamento negativo, instabilidade emocional, alterações de humor e transtornos no desenvolvimento neurológico; 2) Características dos pais Agressividade, abuso de álcool e outras substâncias, transtornos mentais, paternidade e maternidade precoces, atitudes autoritárias ou muito permissivas; 3) Relacionamentos familiares Relacionamentos conturbados, negligência, ausência, falta de disciplina, incoerência na hora de disciplinar e disciplina impulsiva; 4) Ambiente social Ambiente desregrado e sem limites, proximidade com a criminalidade e violência, miséria, entre outras vulnerabilidades socioeconômicas. Outros transtornos associados. É comum que crianças e adolescentes com Transtorno de Oposição Desafiante apresentem outros transtornos associados, como TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção por Hiperatividade) frequente em 50% dos casos, ansiedade, transtornos de humor, depressão, dificuldade na linguagem e aprendizagem e baixo rendimento escolar. Evidências mostram que também existem fatores genéticos e neurofisiológicos predispondo o seu desenvolvimento. Os primeiros sintomas do Transtorno Opositor Desafiador começam a se manifestar na idade pré-escolar, sendo rara a ocorrência das primeiras manifestações na adolescência. O tratamento inclui psicoterapia individual, terapia familiar e orientação aos pais e professores, isto é, depende de três eixos: medicação, psicoterapia comportamental e suporte familiar/escolar. A medicação auxilia em boa parte dos pacientes e melhora a auto regulação de humor frente às frustrações; a psicoterapia deve centrar em mudanças comportamentais na família com medidas de manejo educacional (dar bons exemplos, dialogar com a criança, ter paciência ao falar, explicar o motivo das ordens dadas, etc.); e, em relação ao suporte escolar, deve-se oferecer apoio, reforço e abertura para um bom diálogo, pois esta abertura melhora o engajamento do aluno opositor às regras escolares e a se distanciar de maus elementos. A Bíblia recomenda que os pais devem ensinar os seus filhos no caminho correto que devem andar e tal ensinamento lhe será útil até quando chegar a velhice (Pv 22.6). Aos filhos se recomenda obedecer em tudo (Cl 3.20) a boa instrução recebida dos pais, pois tais “conselhos serão como coroa em sua cabeça em sinal de orgulho, dignidade e honra” (Pv 1.9).

1.2. Adolescentes indesejados
O Transtorno Opositor Desafiador tem cura, porém se não for devidamente tratado, pode evoluir para outros distúrbios, como o Transtorno de Conduta (TC) e o Transtorno de Personalidade Antissocial. Quem tem filhos que passaram ou estão na fase da adolescência, sabe que a educação neste estágio é um grande desafio, pois existe uma “rebeldia” peculiar nesta faixa etária. O adolescente costuma pensar que já conhece o mundo e todos os seus atalhos, e então desafia a experiência e os conselhos dos seus pais; prefere ficar com sua interpretação dos fatos ou seguir os amigos de sua idade, o que normalmente não é um bom caminho (1Re 12.10-14). No entanto, o adolescente cristão, obstinado em sua rebelião, tem comportamentos tão hostis a comunidade cristã que muitos podem confundir as suas atitudes como alguém que esteja sob o domínio ou a influência de demônios, quando na verdade, o mesmo, pode estar apresentando sintomas do TOD não tratado quando ainda era criança. A psicologia já comprovou que na adolescência, o TOD pode aumentar o risco de transtorno de ansiedade, abuso de álcool, uso de drogas e delinquência. Quanto mais cedo o tratamento do Transtorno Opositivo Desafiador tiver início, maiores são as chances de recuperação e de prevenir que o distúrbio evolua para quadros mais graves. Tenho em minha família um parente que nitidamente padece deste mal. Desde a infância, nunca soube lidar com a negação ou com os limites. A sua vontade sempre deve prevalecer. Hoje com mais de 25 anos não tem respeito pelos pais, pelos avós, ou por quem quer que seja, inclusive autoridades civis. O comportamento é sempre agressivo, provocador e briguento. Quando algo sai do ponto que em sua cabeça pensa ser o correto, ele passa a atacar sem qualquer pudor quem estiver a sua frente, seja com palavras ou arremessando objetos ao chão (chegou a quebrar mobília, pôr fogo no quarto, esmurrar o pai e outras coisas). Antes cristão, agora o seu prazer é atacar os crentes, a nossa fé, pois ele sente prazer em machucar outros. Pessoas que sofrem com o TOD são desiludidas, raivosas, perigosas, não respeitam ninguém, não sabem lidar com os eventuais fracassos, são ingratas aqueles que os suportam e o ajudam em suas necessidades. São pessoas que carecem de amparo, de compreensão e que devem ser encaminhadas a profissionais da psicologia ou mesmo psiquiatria para tratamento urgente. Com o tratamento adequado, é possível controlar os sintomas do Transtorno de Oposição Desafiante. Através da psicoterapia, o adolescente aprende a controlar as emoções, sobretudo a raiva, lidar com as frustrações e relacionar-se socialmente. Para os pais, a terapia familiar e as orientações do psicólogo ajudam a elaborar melhores métodos de disciplina. É importante frisar que o sucesso do tratamento depende muito das mudanças que devem ocorrer nos ambientes sociais e familiares que o cercam. Por isso, os resultados podem demorar para aparecer e o tratamento pode levar anos. Na Bíblia, encontramos como exemplo, os filhos de Davi (ainda que os mesmos não eram adolescentes), cujas atitudes denotam não haver limites para que se obtenha o que se deseja. Claro que tudo se valeu das consequências do seu pecado de adultério e de ter sido o mandante do assassinato de Urias o Heteu, porém o desajuste na família real é nítido no comportamento de seus herdeiros e podemos até tentar enxergar o TOD instaurado na alma de alguns dos filhos de Davi, como por exemplo, de Amnon. Amnon cobiçou a sua irmã Tamar e a possuiu (2Sm 13.1. A Bíblia diz que Amnon angustiou-se até adoecer (2Sm 13.2), e então coloca o seu plano de estrupo em prática, pois quem padece de TOD não conhece limites, conquanto que seus desejos sejam satisfeitos, sua vontade prevaleça, mesmo que não seja correta (2Sm 13.11-14). Após forçar Tamar, a sua vontade mudou e passou a desprezá-la e mesmo que ela insistisse em não fazer tal mal, a sua vontade mais uma vez prevaleceria (2Sm 13.15-18). Perceba como essas pessoas, impõe o seu arbítrio a outras, não medem consequências de suas atitudes, pois o que deve valer são as prevalências das suas ânsias. Desta forma, por onde passam e com quem se relacionam, deixam um rastro de dor e sofrimento. Orientemos e guiamos para tratamento, aqueles que se manifestam com os sintomas do TOD!

1.3. Adultos perigosos
O comportamento de um adulto com TOD é idêntico ao de um adolescente, sempre com tendências de quanto mais a idade avança, pior o mesmo vai ficando e consequentemente, piora também as suas interações sociais. O TOD, porém, faz com que tal comportamento seja uma constante. A pessoa se opõe todo o tempo. É aquela criatura do contra, que está sempre de mal com a vida, arruma briga por tudo, qualquer mínima ordem vira um enorme questionamento. Já ouviram falar que determinada pessoa tem pavio curto? Outros que são destemperados ou desequilibrados emocionalmente? São pessoas que ao serem contrariadas ou quando outros não atendem as suas expectativas, isto é, não estão no padrão que elas julgam ser o correto, elas confrontam e desafiam asperamente. Normalmente começam utilizando palavras ofensivas e quando lhes faltam os argumentos ou os mesmos se encerram, partem para a agressão física. Imagine como é se relacionar frequentemente com alguém assim! Adultos com TOD se defendem incansavelmente quando alguém diz que eles fizeram algo errado. Eles se sentem mal compreendidos e desamados, restringidos e postos de lado. Alguns se sentem como dissidentes ou rebeldes. O que causa o TOD em Adultos? Não está claro. Pode ser que o padrão de rebeldia se instale quando a criança com TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção por Hiperatividade) está constantemente em atrito com adultos que tentam fazê-las se comportar de um modo que não é permitido pelas suas funções executivas deficientes. Quando as crianças têm os sintomas de TDAH por dois ou três anos, de 45 a 84% delas desenvolvem o TOD. A falta do tratamento faz o indivíduo crescer mantendo os sintomas da doença que só piora com o avanço da idade. Como o TDAH se relaciona com o TOD em adultos? Pode ser que os problemas de controle emocional que aparecem com o TDAH tornem mais difícil o controle da raiva e da frustração. A emoção impulsiva associada ao TDAH significa uma resposta mais rápida à raiva, impaciência e baixa tolerância à frustração, o que pode ser a faísca que acende o fogo do TOD. Descarregar e avançar sobre os outros leva a conflitos. Pode ser por isso que os adultos com TOD são mais facilmente despedidos de seus empregos, embora o fraco desempenho no trabalho seja causado mais pelo TDAH. O pastor Israel Maia afirma que o TOD na fase adulta e sem o devido tratamento, pode evoluir para outro distúrbio conhecido como TC (Transtorno de Conduta). Ele afirma que há estudos comprobatórios que indicam que 25% dos casos de TOD não tratados progridem para TC. Isto é extremamente grave, pois o indivíduo passa a ter comportamentos e práticas criminosas. De uma enfermidade tratável, o TOD pode evoluir e tornar uma pessoa transgressora da lei, um marginal! Eles não atendem aos chamados de cumprimento das tarefas ou as regras de determinado ambiente. São insensíveis quanto ao comportamento transgressor, audaciosos para o mal, ressentidos, agem com malignidade e por isso, muitas vezes, a igreja os rotulam como pessoas que precisam ser libertas, quando, pode ser uma enfermidade agindo no indivíduo e o levando a uma conduta danosa. Atentemos e tenhamos discernimento sobre o assunto e sobre aqueles que desenvolvem tais sintomas.

2. VIDA ESPIRITUAL PREJUDICADA PELO TOD
O relato de Juízes 17 demonstra o estado espiritual calamitoso de todo o período dos juízes. Gerações que se levantaram após Josué não se firmaram nos ditames da Lei e conforme encontramos neste livro, a expressão: “cada qual fazia o que parecia direito aos seus olhos” (Jz 17.6b) era o lema destas gerações. Norman Russell Champlin explica que o nome Mica significa: “quem e como Yahu (Yahweh)?” A Palavra de Deus relata que Mica possuía uma “casa de deuses” (Jz 17.6). Como poderia haver uma “casa de ídolos” dedicada a Deus? O autor estava dizendo que as coisas andavam simplesmente enlouquecidas, cada qual querendo fazer algo diferente, em lugar de deixar-se moldar pela legislação mosaica. Para o pastor Israel Maia, Mica é um personagem que possivelmente poderia sofrer do Transtorno de Oposição Desafiante (TOD), já que mesmo conhecendo a Lei de Moisés (instituiu culto, confeccionou indumentárias sacerdotais e até sacerdotes ele ungiu – Jz 17.5,10,12-13), decidiu deliberadamente desobedecer os princípios mosaicos para o culto e criar para si um outro que se opunha ao que o Senhor estabeleceu em sua lei. Algo bastante típico daqueles que sofrem de TOD, já que os mesmos sempre desafiam as regras propostas e aplicam as suas próprias.

2.1. A escolha de Mica
Champlin afirma que no período de Juízes, prevalecia os ciclos de apostasia, servidão e restauração a liberdade; a fé pura no Senhor só retornava mui ocasionalmente. Na maior parte do tempo, predominava ou a idolatria franca ou um sincretismo doentio. Mica revela que a sua espiritualidade estava nivelada bastante por baixo. Vê-se claramente que o exercício da fé e da prática da adoração a Deus, isto é, o culto, estavam muito deturpados. Champlin diz que a fim de emprestar autoridade mosaica ao seu culto, ou com sinceridade, querendo aprimorá-lo, Mica pôs um levita a testa do culto. Não sabemos dizer de que modo o filho de Mica estava relacionado a tal levita. Talvez os dois se dessem bem e pudessem trabalhar em cooperação mútua. Mas o levita, sem dúvida, tinha assumido a liderança. Perceba que Mica atropela e passa por sobre tudo o que mencionava a Palavra de Deus acerca do culto para satisfazer o seu desejo pessoal. Os que possuem TOD não inspecionam absolutamente nada e não se importam com princípios ou regulamentos. Eles simplesmente são impelidos a fazer o que pretendem, mesmo que isso implique em desobedecer, em desafiar e enfrentar uma liderança ou alguma regra posta. Quantos não vimos na igreja com sintomas parecidos? O pastor Neuton Pereira de Abreu, em seu seminário sobre o Obreiro e a Amargura, relatou que um determinado pastor se encontrou com o líder presidente maior da AD de Madureira em um aeroporto. E lá, relatou ele, que o pastor “enquadrou” a sua liderança em uma desobediência escancarada; A sua narrativa sobre o fato era de quem estivesse realizado uma façanha e algo aprazível (dentro do seu conceito de realidade), no entanto, não enxergou que lhe faltou respeito, submissão e compreensão. Depois se viu que o histórico deste pastor é de total insubordinação. Muito provavelmente padeça de TOD. Outrossim, há aqueles que não aceitam a correção para ajustar as suas lentes espirituais e passam a viver uma vida em oposição a Palavra de Deus. Seu entendimento passa a ser a verdade absoluta e contestá-lo é um problema. Aqui, o Transtorno de Oposição Desafiante poderia ser chamado de síndrome de Mica!

2.2. O TOD compromete a percepção
Sem dúvida, Mica sabia que o Senhor havia escolhido a família de Arão para constituir o único sacerdócio de Israel e, se alguém fora dessa família fizesse as vezes de sacerdote, deveria ser morto (Nm 3.10). No entanto, Mica ignorou completamente todas as exortações contidas na Palavra de Deus e estava determinado em fazer cumprir a sua ambição de ter o seu próprio santuário. E provável que na casa de Mica houvesse seu ídolo particular, além de outros, formando uma “casa de deuses” (Jz 17.5). Tudo começou como uma religião doméstica, mas agora Mica já se estava tornando o sumo sacerdote de um culto novo. Ele contava com uma “estola”, provavelmente em imitação ao culto efetuado nos tabernáculos, e também tinha ídolos(terafins). Há várias opiniões quanto ao significado da palavra “terafins”, desde “nutridores” até “coisas vis”. Por esse motivo, alguns estudiosos preferem pensar que o termo é de sentido incerto. O que é certo é que os “terafins” eram ídolos domésticos, que iam desde aqueles de pequenas dimensões (Gn 31.34,35) até aqueles do tamanho quase natural (1Sm 19.13,16). A função dos “terafins” que os profetas mais combatiam era a função da adivinhação. Nessa qualidade de objetos de adivinhação, os terafins são frequentemente mencionados juntamente com estolas sacerdotais também usadas nas adivinhações (Jz 17 e 18, onde parecem ser objetos separados dos ídolos). Entre as coisas e as atividades que foram expurgadas durante a reforma instituída por Josias, parece que os terafins foram reunidos juntamente com os médiuns e os bruxos (2Re 23.24). Oséias referiu-se, esperançoso, ao tempo futuro quando Israel dependendo totalmente de Deus, será capaz de viver sem apelar para os terafins (Os 3.4). Nos impressiona como Mica dá de ombros contra tudo o que se estabeleceu na Lei sem se importar com qualquer consequência. A autoridade a ser respeitada e observada era a Lei Mosaica, no entanto, Mica tinha uma posição independente e contrária a soberana Palavra do Senhor. Para o pastor Israel Maia, Mica era mesmo um caso de TOD na Bíblia, portanto, a partir do conhecimento adquirido sobre o tema, o campo da nossa análise sobre casos de desobediência ou rebeldia na igreja deve ser ampliado e agora, devemos considerar o TOD como uma possível causa de rebeldia, sem desprezar o fato que alguns agem contra o seu dirigente ou contra a Palavra de Deus por ato de clara oposição que nada haver tem com a doença aqui estudada.

2.3. A perda de limites pelo TOD
A confusão começa no lar e se estende até o ministério! O pastor Israel Maia entende que Mica apresenta duas características do TOD em suas atitudes descritas em Juízes 17. Ele é opositor e desafiador. A sua oposição se caracterizava na evidência de ele não se importar nenhum pouco em transgredir a Palavra de Deus estabelecida na Lei de Moisés. A sua mente e coração eram dirigidos pelo que lhe parecia bom e jamais considerava o crivo da Palavra como sendo o filtro regulador das suas atitudes. Era um rebelde contumaz! Era considerado um desafiador, pois colocou em prática os seus desejos desconsiderando completamente o conselho do Senhor, violando muitos preceitos da lei. Era um desobediente obstinado! A Bíblia diz que alguém roubou 1.100 ciclos de prata da mãe de Mica, e ela proferiu uma maldição sobre o ladrão sem saber que estava amaldiçoando o próprio filho. Foi o medo da maldição, não o temor do Senhor, que levou o filho a confessar o crime e devolver o dinheiro. Satisfeita, a mãe neutralizou a maldição ao abençoar o filho. Num gesto de gratidão pela devolução do dinheiro, ela consagrou parte da prata ao Senhor e mandou confeccionar um ídolo. Seu filho acrescentou a imagem à “coleção de ídolos” em sua casa, um “santuário” sob os cuidados de um dos filhos de Mica, o qual ele havia consagrado como sacerdote. Você já viu família mais espiritual e moralmente confusa do que essa? Conseguiram quebrar quase todos os dez mandamentos (Êx 20.1-17) sem, no entanto, sentir qualquer culpa perante o Senhor! Na verdade, acreditavam que, com todas essas coisas estranhas que faziam, estavam servindo a Deus! O filho não honrou a mãe; em vez disso, roubou dela e mentiu sobre o que havia feito. Primeiro, cobiçou a prata e depois a tomou para si. (De acordo com Cl 3.5, a cobiça é idolatria). Em seguida, mentiu sobre tudo o que havia feito até que seu medo da maldição o levou a confessar. Com isso, quebrou o quinto, o oitavo, o nono e o décimo mandamentos. Quebrou também o primeiro e o segundo mandamentos ao ter em casa um santuário para falsos deuses. De acordo com Provérbios 30.8,9, quando roubou a prata, Mica transgrediu o terceiro mandamento e tomou o nome do Senhor em vão. Conseguir quebrar sete dos dez mandamentos sem sequer sair de casa é uma façanha e tanto! Mica não apenas possuía um santuário particular, como também nomeou o próprio filho para servir de sacerdote. Pelo fato de Mica e de sua família não se sujeitarem à autoridade da Palavra de Deus, seu lar era um lugar de confusão religiosa e moral. Perceba que havia uma lei superior que regimentava a Israel, e ele como israelita, deveria atentar para a obediência desta lei, no entanto, ele criou o seu próprio mundo, seu próprio culto, seus próprios deuses, seus próprios sacerdotes (primeiro o filho e depois o jovem de Judá). Violou mandamentos sem que houvesse qualquer sinal de arrependimento. O seu quadro era doentio, Mica de fato poderia mesmo sofrer deste triste transtorno (TOD). Como tal, infringir barreiras éticas e morais não lhes custam muito.

3. IDENTIFICANDO O TOD
A ciência verdadeira (diferente da falsa ciência que visa contrapor as Escrituras – 1Tm 6.20), corrobora com os ensinamentos bíblicos e ainda contribui para o benefício da humanidade, trazendo a resolução de diversos desafios por ela enfrentado. O seu progresso na área da psicologia, tem facilitado na identificação de indivíduos, cujo comportamento pode sugerir que padeçam do Transtorno de Oposição Desafiante, logo se tornou a nossa aliada e conhecer mais detalhadamente o que ela apresentada sobre o TOD, nos proporcionará elementos consistentes para lidarmos com este mal que reside na alma.

3.1 – Esperando a aprovação de Deus
Aqueles que sofrem do Transtorno de Oposição Desafiador não possuem pudor, limites ou o mínimo de bom senso. Agem sempre visando a confrontação, pois o seu entusiasmo consiste em fazer oposição a pessoas ou regras. Como vimos no tópico anterior, Mica não se preocupa o quão longe está do alvo que é Deus e suas orientações, porém, cada vez mais se afunda em sua falta de interação com o mundo exterior. Em Juízes 17.5, encontramos o registro de que Mica consagrou o seu filho ao sacerdócio. Literalmente, o hebraico diz “encheu as mãos”. O sentido dessa expressão liga-se ao fato de que um sacerdote recebia, pela primeira vez, em suas mãos, uma oferenda para apresentar ao Senhor (Êx 28.41; 29.24; Lv 7.37). Um dos filhos de Mica recebeu, pela primeira vez, os emblemas que o consagraram sacerdote. Alguns estudiosos supõem que a própria casa de Mica tenha sido transformada em sede de seu santuário de forma ilegal, isto é, contrariando a Lei do Sacerdócio e do Culto, já que o Tabernáculo era o lugar de adoração e serviços sacerdotais. O viajante de Judá aparece por lá e ao saber de suas origens (levita), não perde tempo, antes, faz outra consagração ao ministério de sua própria casa – ele nomeia e consagra o novo sacerdote sob as “bênçãos do céu”, isto é, Mica em sua atitude completamente transloucada, ainda esperava a aprovação do Senhor: “Então, disse Mica: Agora sei que o SENHOR me fará bem, porquanto tenho um levita por sacerdote”(Jz 17.13). Não é muito difícil associarmos a atitude de Mica com aqueles que ignoram a sua liderança e não se submetem as autoridades eclesiásticas constituídas e assim, partem na aventura de abrirem o SEU ministério. Notem que Mica tinha os seus deuses, o seu culto, o seu sacerdote, a sua casa de deuses (templo) e do mesmo modo, esses pseudos pastores querem ter o SEU próprio governo ministerial. Nos resguardando de toda a generalização que normalmente é injusta e certamente precipitada, sabemos que tais lideranças que saem de debaixo de uma liderança fiel e piedosa, ao abrirem os seus trabalhos, causam uma poluição espiritual no lugar que fazem parte, pois geram dissoluções, desuniões e promovem confusão. Suas atitudes de incontinência e rebeldia são postas agora em uma plataforma mais elevada, pois desta vez, eles têm o ministério, eles dão as cartas. É comum que nestes ambientes, tais igrejas gerem crentes tão desequilibrados e instáveis quanto os seus líderes. Aqui é Mica gerando Miquinhos!

3.2. Rebeldia ministerial ou TOD?
O levita da tribo de Judá que morava em Belém e surgiu por aquelas regiões deveria, estar a serviço de Deus, recebendo sustento dos dízimos entregues pelos israelitas; contudo, uma vez que a lei não era obedecida, provavelmente foi forçado a buscar sustento em outro lugar. Champlin afirma que dentro das vicissitudes da época, o levita deixou a cidade de Belém e saiu em busca de um lugar mais conveniente para ele. Mas as motivações para isso não são reveladas. É provável que razões financeiras tenham feito o jovem partir, talvez em busca de emprego. Ele vinha sendo sustentado pelos dízimos e ofertas do povo; mas também é lógico supormos que esse apoio financeiro aos levitas tivesse diminuído muito diante do caos em que tudo tinha caído, por todo o país. A Bíblia é enfática ao afirmar que ele estava em busca de comodidade, na realidade ela fala mais que isso, pois o sacerdote peregrino disse que caminhava até pudesse encontrar a tal comodidade (Jz 17.9) – Tratava-se de um objetivo de vida. O contexto aqui fala de relaxar em serviço, fala de buscar algo de menor compromisso; falar de continuar fazendo o que foi proposto a fazer (chamada), mas de uma forma mais regalada e fácil. Era natural que um levita conhecesse bem os ditames da lei e as responsabilidades de suas atividades, porém ao encontrar-se com Mica e receber a sua proposta, não hesitou em aceitar a oferta, não exortou Mica quanto ao seu erro, não lhe explicou o quanto aquilo era contrário à Palavra de Deus, antes consentiu, se tornou parte dele e recebeu salário, sustento e roupas para deixar de lado as orientações do Senhor; optou por comungar com o pecado alheio, pois supostamente, como avalia o pastor Israel Maia, o levita padecia da mesma enfermidade de Mica (TOD). Já vimos que tal transtorno ocorre primeiramente na fase infantil, dentro do lar. É neste momento que os filhos recebem as primeiras doses de educação e convívio social. É de extrema relevância que a família tenha uma boa organização e que esteja bem fundamentada em valores éticos e morais segundo as Escrituras e que serão transmitidos aos filhos. Quando falta estrutura no lar, onde prevalece o desrespeito, a insubmissão, contendas, violência e outras tantas turbulências que caracterizam desajustes, o desenvolvimento do TOD torna-se propício. Passe em revista a sua família, desenvolva hábitos de relacionamento saudáveis e permita que todos desfrutem de um habitat agradável, tranquilo e pacífico, e nunca pestaneje quando tiver que exercer a sua autoridade, pois o futuro do seu filho agradece (Pv 22.6).

3.3. Evitando o desenvolvimento do TOD
Quando não há ordem, prevalece a confusão, o caos e o relativismo triunfa. A verdade passa a ser de todos, mas quando o assunto é Deus, existem vastas prescrições e o homem deve considerar todas elas (encontradas em sua Palavra). Moisés fez um sucessor (Josué) que foi exaustivamente exortado a observar a Lei do Senhor para que fosse bem-sucedido em toda a sua vida. Antes mesmo da sua morte, Josué parece ter percebido que o povo tinha forte inclinação a transgressão e sabia que alguns deles guardavam deuses estranhos em suas tendas (provavelmente terafins – Js 24.23) e então faz o alerta: Mesmo o povo concordando em servir a Deus e permanecer em seus caminhos observando a santa lei, na prática isso não ocorreu e as próximas gerações foram marcada por períodos de grande apostasia – Mica é um exemplo clássico. Alguns podem entender que Mica tenha feito do seu lar um verdadeiro santuário para se cultuar a Deus (tenha sido um dos primeiros a realizar o culto doméstico), quando na verdade, ele profanou o culto, o serviço e o objeto de adoração. O culto doméstico, em semelhança do culto que se realiza no templo, tem o Senhor como centro do nosso louvor e adoração. É neste ambiente que os nossos filhos podem ter o primeiro contato com a Palavra e a mesma pode ser introduzida em suas mentes e corações. O culto doméstico é uma extensão do nosso culto na igreja, obedecemos a liturgia clássica, a reverência dos santos reunidos em família, os cânticos espirituais são entoados e a Palavra é explanada com a graça do Espírito Santo. É responsabilidade e dever dos pais repassar aos filhos os ensinamentos dos escritos sagrados, ensinando-os acerca da verdade e a andarem no santo caminho (Dt 11.18-22). Se o Transtorno de Oposição Desafiador apresenta os primeiros sintomas na fase infantil e dentro do lar, temos então em Cristo e em sua Palavra, um importante expediente de contra-atacá-lo e reverter o quadro em tempo oportuno. Aplica-se aqui em nossas vidas, o significado de sermos sal e luz no mundo, principalmente em no nosso lar.

CONCLUSÃO
Tendo visto como se desenvolve o TOD e seus sintomas devastadores, que possamos colocar em nossa aljava espiritual, mais este conhecimento a fim de auxiliar aqueles que sofrem deste mal.

Pb. Lindoval Santana
Assembleia de Deus em Sobradinho - ADS

Um comentário:

Anônimo disse...

E os comentários da lição 4? sairá antes da aula?