A adoração
a Deus precisa estar de acordo com a Sua Palavra
Lição 12 – 23 de dezembro de 2018
TEXTO
ÁUREO
“E,
na dedicação dos muros de Jerusalém, buscaram os levitas de todos os seus
lugares, para os trazerem, a fim de fazerem a dedicação com alegria, louvores,
canto, saltérios, alaúdes e harpas.” (Ne 12.27)
VERDADE
APLICADA
Nossas
celebrações devem conduzir-nos a adorar somente ao Senhor, lembrar-nos de seus
benefícios e ajudar-nos a permanecermos em seus ensinamentos.
OBJETIVOS
DA LIÇÃO
· Explicar o que é uma festa
espiritual;
· Abordar as aplicações sobre as
portas;
· Falar sobre o muro largo e suas
torres.
Ne
12:27 - E,
na dedicação dos muros de Jerusalém, buscaram os levitas de todos os seus
lugares, para os trazerem, a fim de fazerem a dedicação com alegria, louvores,
canto, saltérios, alaúdes e harpas.
Ne
12:28 - E
se ajuntaram os filhos dos cantores, tanto da campina dos arredores de
Jerusalém como das aldeias de Netofa,
Ne
12:29 - Como
também da casa de Gilgal e dos campos de Gibeá e Azmavete; porque os cantores
tinham edificado para si aldeias nos arredores de Jerusalém.
Ne
12:30 - E
purificaram-se os sacerdotes e os levitas; e logo purificaram o povo, e as
portas, e o muro.
INTRODUÇÃO
Os
triunfos que obtemos diante das diversas dificuldades que enfrentamos devem ser
celebrados com o máximo entusiasmo; sempre enfocando Aquele que nos propiciou
tal conquista – Deus. No capítulo 12 do livro de Neemias, encontramos o povo
eufórico, porque olhar ao redor e ver tudo aquilo que outrora era tragédia e
destruição, mas agora reconstruído e belo, era orgulho e satisfação que
resultou em adoração profunda e verdadeira! Neste ponto do estudo sobre o livro
de Neemias, nos deteremos a analisar com mais detalhes as lições que podem ser
extraídas principalmente das portas, das três torres e do muro largo dentro de
num contexto espiritual.
“Só
faz festa e canta quem está alegre”. Esta verdade se aplica a qualquer
indivíduo, povo ou sociedade (Sl 137.1-4). Uma das formas de manifestarmos a
nossa alegria por algo conquistado é através da comemoração, da celebração de
festa que nos permite extravasar a alegria e comunicar a outros o nosso
contentamento. Na festa há três principais considerações a ser observadas:
1 – A conquista;
2 – Quem se beneficiou da conquista;
3 – Quem propiciou ou foi o agente da conquista.
Israel,
celebrava a reconstrução dos muros (a conquista); e cada um deles sentiam-se
abençoados (beneficiados pela conquista) e desta forma, exaltavam ao Senhor em
adoração (o agente propiciador da conquista). A apresentação da adoração de
Israel a Deus naquela ocasião era autêntica, honesta e feita com um coração
plenamente voltado para o Senhor. Ele era de fato, o motivo da alegria e do
bem-estar que cada um deles experimentava. Uma festa genuinamente espiritual é
realizada por pessoas espirituais que evocam o verdadeiro Deus, atribuindo a
Ele o seu louvor. Este povo acabara de reafirmarem o pacto com Deus, de se
fazerem novamente a sua propriedade peculiar e deste modo, celebravam ao
Senhor, o anfitrião e protagonista do recomeço bem-sucedido de Israel. Miseravelmente,
a crise espiritual da igreja em muitos arraiais cristãos atinge a sua adoração.
Por não conseguirem “tocar” o íntimo do Criador porque lhes falta um coração
quebrantado e contrito, utilizam-se de expedientes terrenos, carnais e extra
bíblicos. Criam uma fachada de espiritualidade, mas o que acontece nessas
reuniões de “adoração” é estranho para aqueles que são de fato espirituais. O
púlpito é substituído pelo palco, o servo é substituído pela celebridade, o
adorador é substituído pelo cantor, a adoração é substituída pela habilidade
musical e a espontaneidade do louvor pela mecânica dos instrumentos e das
vozes. Tudo que rouba a glória e a centralidade de Deus em nossa adoração deve
ser rejeitado sem consternação.
A
Bíblia Sagrada contém mais música do que se imagina, mas o que seria música?
Qual seria a sua essência e origem? Jefferson Magno Costa afirma que a essência
da música reside na feliz harmonia dos sons consonantes e dissonantes, e na
intensidade da penetração da emoção transmitida. São considerados sons
consonantes aqueles que produzem impressão agradável ao ouvido; inversamente, os
sons dissonantes são aqueles que produzem sensação desagradável ao ouvido. De
acordo com o tom em que é executada – o tom maior é próprio das canções de
alegria; o menor, é próprio das canções tristes e melancólicas – a música pode
vibrar o nosso coração e a nossa alma. Na expressão de Mário Andrade, ela pode
“mexer com a gente”, ou nos transportar as regiões eternas que nos aproximam de
Deus. Alguém chegou a dizer que a música é um pouco do céu na terra, por óbvio
que este pensamento não vale para toda e qualquer música. Outros afirmam que
ela é a linguagem universal dos povos e tecnicamente é composta de Melodia,
Harmonia e Ritmo. Melodia é a voz principal do som, é aquilo que pode ser
cantado. Harmonia é uma sobreposição de notas que servem de base
para a melodia. Por exemplo, uma pessoa tocando violão e cantando está fazendo
harmonia com os acordes no violão e melodia com a voz. Ritmo é a
marcação do tempo de uma música. Assim como o relógio marca as horas, o ritmo
nos diz como acompanhar a música. Sabe-se que o ritmo é capaz de alterar o
nosso batimento cardíaco e nossas emoções; quando intensificado e realizado com
maior rapidez, pode induzir o indivíduo a irritabilidade e a violência. É capaz
de mexer com o corpo e afeta até a respiração, como por exemplo faz o rock. Ao
contrário, existe a música sacra que pode ser compreendida em sentido mais
limitado, a música de natureza erudita inerente à tradição judaico-cristã. Ou
ser percebida em seu significado mais amplo, referindo-se a toda música executada
nas cerimonias de toda e qualquer religião. Geralmente ela é conceituada como
musicalidade não profana, criada para animar os sentimentos humanos da natureza
do sagrado e da espiritualidade. Vale lembrar que uma canção ser composta por
um autor religioso não a transforma necessariamente em uma música sacra. Assim
sendo, embora toda musicalidade sacra seja de teor espiritual, nem toda
composição religiosa é uma canção sacra. A música sacra naturalmente promove
calmaria e quietude no espírito humano. Para os estudiosos, não é difícil
verificar-se que os Salmos são sempre melhor cantados de forma sacra. Um autor
desconhecido, apresenta algumas principais características da música sacra:
1
– Promove uma correta visão de Deus, de Sua justiça e de Seu amor;
2
– Sua letra deve comunicar uma mensagem bíblica doutrinária, de gratidão, e/ou
de louvor ao Nome do nosso Criador;
3
– Não desperta sentimentos humanos do passado ou do presente, vividos em
experiências alheias aos propósitos da Salvação;
4
– Impulsiona a viver por Cristo e para Cristo;
5
– Não lembra a música secular em quaisquer de suas formas;
6
– A letra deve ser uma oração, e por conta disso, todo o seu conteúdo deve ser
bem claro para merecer um AMÉM no final;
7
– Os elementos musicais são subalternos aos elementos religiosos em toda sua
composição;
8
– Sua forma musical deve comunicar Espiritualidade;
9
– Desenvolve no pecador, uma correta visão de si mesmo e do seu estado
pecaminoso;
10
– Conscientiza o pecador da importância do sacrifício na cruz em seu favor, e
desenvolve a sua fé;
11
– Desperta e desenvolve os sentimentos religiosos que motivam a reverência e a
adoração ao criador.
Como
disse Johannes Sebastian Bach, considerado o músico mais completo de todos os
tempos: “A música deverá não ter nenhum outro alvo ou objetivo senão a
glória de Deus e a recreação da alma.” Outro aspecto a se considerar é a
composição da letra que é importante na música cristã, pois ela descreve o
objeto da adoração. O que se vê atualmente são canções de raso conteúdo teológico
que em muitas vezes enaltecem o próprio homem ou distorcem alguma doutrina
bíblica. Neste ponto, é interessante pensar que tipo de música tem sido
entoadas em nossas igrejas e fazermos uma avaliação crítica do tema, não
receando a cultura da péssima musicalidade que tem se estabelecido nos arraiais
cristãos. Aproveite o momento para examinar e censurar toda música com roupagem
cristã e espiritual, mas que sua composição nada a ver tem com a verdadeira
espiritualidade. Jacques Stehman, historiador francês, afirmou que a música foi
a primeira linguagem do homem primitivo. Durante longos séculos permaneceu como
oração, utilizada na invocação à divindade. Finalmente, misturando-se com o
mundo profano, tornou-se também um divertimento, e igualmente um instrumento de
mensagens destruidoras. Vale ressaltar, que não se sabe exatamente quando, nem
como a música surgiu na terra. No entanto, na criação ela estava presente (Jó
38.4-7), pois as estrelas criadas por Deus cantavam (versículo 7) e a ciência
já comprovou que elas emitem som – certamente este é o seu louvor ao Criador. É
coerente afirmar que a música é de origem divina, e só aquele que inspirou no
homem todas as artes, sabe quando ela começou, no entanto, a Bíblia traz a
primeira referência no livro de Gênesis 4.21: “E o nome do seu irmão era
Jubal; este foi o pai de todos os que tocam harpa e órgão”. Jubal aparece como
o inventor dos instrumentos que em hebraico são chamados “kinnor” e “ugab”, e
que alguns traduzem, respectivamente, por “harpa” e “órgão”. O nome Jubal
significa “riacho” ou “ribeiro”. Para Norman Russell Champlin, o nome dele
talvez tenha algum vínculo com o “yobel”, isto é, o chifre de carneiro. Nesse
caso, como músico que era, seu nome estava associado àquele instrumento musical
de sopro. Jubal foi um artista. Seu pai nos forneceu o primeiro poema da Bíblia
(Gn 4.23,24). Assim, havia um talento artístico na família. É possível que
a “trombeta Vibrante” (Lv 25.9) tenha sido originada por ele. Após o
dilúvio, quem primeiro referiu-se a música foi Labão, o sogro de Jacó (Gn
31.27). Os judeus comemoravam suas vitórias com cânticos de triunfo (Êx
15.1-21; Jz 5.1-32); pessoas em particular também achavam na música a fonte de
expressão e gratidão a Deus (1Sm 2.1-10; Lc 1.46-55). A música está tão
presente no povo judeu e na Bíblia que o seu maior livro é dedicado aos
cânticos (Livro de Salmos) que no hebraico é “tehilim” que significa “louvor” e
por isso podemos realmente traduzi-lo como “O Livro dos Louvores” – Trata-se da
“Harpa Crista” do povo hebreu! Outrossim, Paulo recomenda: “A palavra de
Cristo habite em vós abundantemente, em toda a sabedoria, ensinando-vos e
admoestando-vos uns aos outros, com salmos, hinos e cânticos espirituais;
cantando ao Senhor com graça em vosso coração” (Cl 3.16), ou seja, a
abundância da Palavra de Deus em nós produzirá o verdadeiro cântico espiritual
que agrada e glorifica ao Senhor. Não á toa Deus nos deixou um livro inteiro
(Salmos) para que por ele pudéssemos ser orientados quanto a música e a letra
que lhe agradam. Nos apoiemos em Seu conselho.
Não
é raro encontrarmos na Bíblia diversos episódios de quando o seu povo ao
alcançar uma vitória, se colocavam em atitude de louvor a Deus. Após
atravessarem o mar de juncos a pés enxutos e ver o exército de Faraó submergir
nas águas, Moisés cantou ao Senhor exaltando os seus atributos divinos (Gn
15.1-19). Miriã animada com o louvor do seu irmão, continuou a adoração com
músicas e danças (Gn 15.20-21). Ana, ao conceber o seu filho Samuel, cantou ao
Senhor e do mesmo modo de Moisés, exaltou os atributos de Deus (1Sm 2.10). Davi,
ao trazer a arca da aliança para Jerusalém, o fez sob louvor, dançando e
saltando de alegria perante o Senhor. Sua esposa Mical se envergonhou da
adoração que Davi prestava a Deus, desprezando-o no coração; talvez por isso
tenha sido estéril ao longo de toda a sua vida (2Sm 6.23). Quem é incapaz de
louvar a Deus e não enxergar as suas benesses tem a alma estéril. Coração
improdutivo e lábios infrutíferos! Note que o objeto da adoração sempre é Deus,
suas características e qualidades, sua graça e virtude são exaltadas. Em nenhum
momento é direcionado ao homem ou qualquer outra criatura. Adoração é um estilo
de vida escolhido por aqueles que dedicam a sua existência a Deus. Retornando
ao capítulo 12 de Neemias, os judeus estavam acostumados a ter trabalhadores e
vigias nos muros de Jerusalém, mas, nessa ocasião, Neemias e Esdras escolheram
pessoas para adorar a Deus nos muros. O entusiasmo do povo no culto de consagração
foi tanto que seus clamores e cânticos puderam ser ouvidos “até de
longe” (Ne 12.43b). O povo já havia sido consagrado (capítulos 8 a 10);
era chegada a hora de consagrar o trabalho que haviam feito. Essa é a ordem
correta a seguir, pois de que adiantam muros e portas consagrados sem pessoas
consagradas? Observe que o texto enfatiza o louvor jubiloso de todo o povo. O
cântico é citado oito vezes neste capítulo; as ações de graças, seis vezes; o
regozijo, sete vezes; e os instrumentos musicais, três vezes. Portanto, não
economize o seu louvor ao Senhor. Se Ele te faz bem, proclame; se Ele te
abençoa, divulgue; se Ele é o que é, anuncie. O que não podemos é emudecermos
diante de tantas coisas que Ele tem feito por nós.
A
igreja de Cristo foi chamada para viver em união (fala de igualdade) e em
unidade (fala de ligação, associação indivisível). Assim como Jesus e o Pai são
um, nós também somos. No corpo de Cristo prevalece a unidade e não a
individualidade! O verdadeiro louvor só pode fluir de pessoas que estão em
harmonia entre si. Não há adoração a Deus que seja considerada genuína quando
nos falta comunhão uns com os outros. Onde a desavença e a discórdia
prevalecem, o verdadeiro louvor não permanece! Warren W. Wiersbe afirma que ao
ler as Escrituras, é impossível não observar que, nem sempre, os “irmãos” vivem
em união. Caim matou Abel (Gn 4), Ló se desentendeu com Abraão (Gn 13), os
irmãos de José o odiavam e o venderam como escravo (Gn 37) e esses mesmos irmãos
também não se entediam uns com os outros! (Gn 45:24). Miriã e Arão criticaram
seu irmão Moisés (Nm 12), os irmãos de Davi lhe aborreciam (1Sm 17.28-29), e
posteriormente, alguns dos filhos de Davi se voltaram contra ele (2Sm 13 – 18;
e notar 2Sm 12:10). Os discípulos de Jesus discutiam com frequência entre si
sobre quem deles era o maior (Mt 18:1ss; Mc 9:33ss; Lc 22:23ss), e Paulo e
Barnabé desentenderam-se por causa de João Marcos e, por fim, tomaram rumos
separados e escolheram outros companheiros de ministério (At 15:36-41). A
Igreja teve início visivelmente unida (At 2:1, 44, 46), mas quando lemos as
cartas de Paulo, encontramos uma história triste de rivalidade e divisão, e,
nos dias de hoje, a situação não é muito melhor. Há muitas igrejas onde os seus
membros vivem em pé de guerra, mas que no culto, estendem uma cortina de fumaça
a fim de tentar disfarçar os conflitos existentes e predominantes entre eles;
como se Deus pudesse ser confundido. No entanto, todos sabemos que a união
espiritual em Cristo (Gl 3:26-29; Ef 4:1-6) é algo “bom e agradável”. Existe
uma “união” artificial, mas devemos evitá-la. Aqueles que, verdadeiramente,
são “nascidos de Deus” (1 Jo 2:29; 3:9; 4:7; 5:1,4,18) pertencem à
mesma família e devem amar uns aos outros. A bênção e a vida para sempre
ordenadas pelo Senhor no final do Salmos 133, só podem se tornar realidade na
vida do servo de Deus que busca viver em união com o seu irmão (Sl 133.1),
portanto ela é condicional a união! União no texto é “yachad”, isto é,
“unidade”; “todos juntos”; dá ideia daquilo que é inteiro! Além do mais,
quando o sumo sacerdote era ungido, o óleo escorria por sua barba, para
seu colarinho e sobre seu peito (Sl 133.2). Isso indica que o óleo “banhava” as
doze pedras preciosas que usava no peitoral sobre o coração, representando as
12 tribos de Israel e esse “banho” era uma imagem de união espiritual das
tribos, já que até a recitação deste Salmos, Davi reinava sob um reino dividido
(2Sm 5; 1Cr 12.38-40) que agora se unia em um único reino. Quando o povo de
Deus anda no Espirito, esquece as coisas externas e se concentra nas coisas
eternas do Espírito. As coisas externas nos dividem – gênero, riqueza,
aparência, preconceitos étnicos, condição social e posicionamento político,
enquanto o Espírito promove nossa união e glorifica a Cristo que está assentado
a destra de Deus, obviamente, no céu (Cl 3.1; Hb 10.12; 12.2; 1Pe 3.22).
O
capítulo 12 de Neemias relata acerca de 7 portas das 12 que existiam em
Jerusalém (Ne 3;12.37,39); 3 torres (Ne 12.38-39); o muro (Ne 12.37) e a
muralha larga (Ne 12.38). Evidente que nada está posto na Bíblia ao acaso,
antes, há propósito em tudo. O Salmista revela o anseio por ter os olhos da
compreensão abertos a fim de ver as maravilhas da Palavra de Deus (Sl 119.18). Muitas
palavras das Santas Escrituras são empregadas com vários sentidos, logo, o seu
vocabulário pode ser entendido de forma literal ou de forma figurada
(simbólica). Qual é o caminho a
percorrer para o perfeito louvor e adoração? O mesmo caminho percorrido pelos
coros, pelos instrumentistas e pelos músicos. Este caminho sugere-nos muitas
lições espirituais.
A
porta do Monturo (Ne 12.31) – Quebrantamento. Os grupos de louvor e adoração ou mesmo qualquer servo de Deus
que se intitule um adorador, começam a caminhada sobre os muros pela Porta do
Monturo. James Strong ensina que “Monturo” no hebraico significa “ruínas”,
lugar onde se amontoam os lixos da cidade, conhecido como o Vale dos filhos de
Hinom. Hernandes Dias Lopes afirma que os condenados à morte na cruz, depois de
mortos, eram atirados ao monturo, bem como os animais mortos. A Porta do
Monturo era pode ser comparada a um lugar de descarte humano e também uma
espécie de forno de incineração a céu aberto. No aspecto espiritual, este texto
fala da condição humana diante de Deus: “todos pecaram e destituídos estão
da glória de Deus” (Rm 3.23). Neste estado, o único caminho para o homem é
buscar a Deus em demonstração de profunda humilhação que só aqueles que
necessitam de uma grande salvação podem manifestar. Hernandes Dias Lopes afirma
que antes de louvarmos a Deus, temos necessariamente de atravessar pela Porta
do Monturo, que simboliza as nossas fraquezas, debilidades, transgressões, com
o gesto da humilhação, da convicção de pecado, da confissão. É ali que
reconhecemos que somos pó e precisamos da misericórdia de Deus. É ali o lugar
do exame, onde despojamo-nos de qualquer pretensa vaidade e nos humilhamos sob
a poderosa mão de Deus. É ali que somos confrontados com o mal que há em nós. É
ali que podemos proclamar como Davi: “Deus tirou-me de um poço de
perdição, de um tremedal de lama[…] e me pôs nos lábios um novo
cântico…” (Sl 42.2,3).
A
Porta da Fonte (Ne 12.37) – Novo nascimento. Esta porta com o seu muro dava para o jardim do rei, perto do
açude de Selá que nós conhecemos como o Tanque de Siloé. A fonte é um lugar
onde a água brota, é um manancial. Deus é esse manancial. O próprio Deus
proclamou ao Seu povo: “A mim me deixaram, o manancial de águas
vivas” (Jr 2.13). Jesus Cristo disse: “A água que eu lhe der será
nele uma fonte” (Jo 4.14). Depois da Porta do Monturo, passamos pela Porta
da Fonte, a porta do novo nascimento. Essa é a porta onde bebemos
constantemente de Jesus, a água da vida. Todos os que vem a “Jerusalém”, a
igreja, precisa experimentar o novo nascimento, precisa beber de Jesus e ter
essa fonte jorrando em si mesmo (Jo 7.37,38). Jesus disse: “Quem não
nascer da água e do Espírito, não pode entrar no Reino de Deus” (Jo 3.5). Nenhum
músico e nenhum adorador pode estar diante de Deus sem passar por esse portal.
Deus é a fonte, Cristo é a água da vida e o Espírito Santo representa os rios
de água viva que fluem do interior. Quando essa fonte jorrar de dentro de você,
então, o louvor brotara de seu coração e se esparramará pelos seus lábios.
A
Porta das Águas (Ne 12.37) – Enchimento do Espírito. Enquanto a Porta da Fonte fala
do lugar onde brotam águas, a Porta das Águas fala das correntes que levam aos
mananciais das águas. Hernandes Dias Lopes afirma que não é uma fonte de onde
emana água, mas um lugar de águas correntes e para ele, trata-se do simbolismo
da plenitude ou revestimento do Espírito Santo. A Porta das Águas tem a ver com
o enchimento constante do Espírito na vida do cristão. É vital que todos os
dias nos banhemos nas águas que correm do trono de Deus, antes de nos
colocarmos diante Dele em adoração e louvor. As pessoas que ministram e
celebram o louvor precisam deixar aqui na Porta das Águas tudo o que é carnal e
toda motivação egoísta e buscar a plenitude do Espirito Santo. Será que os
responsáveis pela área de louvor em nossas igrejas atentam para uma vida de oração
e santidade? Não basta apenas termos melhores técnicas de canto ou musicistas
mais qualificados. Precisamos de adoradores cheios do Espírito Santo. O
desempenho e a arte podem impactar os homens, mas só uma vida cheia do Espírito
pode agradar o coração de Deus e este derramara a sua graça na vida da Igreja! Que
possamos seguir os primeiros caminhos daqueles que se propuseram a adorar o
Senhor e assim seremos bem-sucedidos neste propósito.
A
Porta de Efraim (Ne 12.39) – Produção de frutos. De acordo com Genesis 41.52,
Efraim quer dizer: “duplamente frutífero”. Temos aqui um marco da nossa dupla
frutificação em Cristo. O louvor produz frutos na vida da Igreja. O povo de
Deus precisa descobrir que o louvor, a adoração e a ministração ao Senhor são
tão importantes no culto quanto a Palavra. A música é serva da mensagem,
instrumento de comunicação de Deus com o homem e do homem com Deus. O louvor
deve ser resultado da vida frutífera da igreja. As pessoas louvam e adoram porque
tem vida e não porque há um bloco de cânticos e outro de pregação no culto. Louvor
sem vida é barulho intolerável aos ouvidos de Deus (Am 5.20,21). A igreja
cresce no louvor. A música tem o poder de trazer quebrantamento (Sl 40.3), pois
Deus habita no meio dos louvores. Igrejas que crescem são igrejas que investem
na música. Rick Warren, ao ser perguntado se mudaria alguma coisa caso pudesse
começar de novo o seu ministério, respondeu: “Eu investiria mais dinheiro,
mais tempo e mais esforço na música”.
A
Porta Velha (Ne 12.39) – Experiência. A Porta Velha é referida em 2º Reis 14.13 e Jeremias 31.38 como
a Porta da Esquina, o lugar onde as muralhas faziam a volta. As muralhas eram
circulares, tanto quanto o permitia a geografia. A Porta Velha simboliza aquilo
que é maduro, experimentado ou maturado. Essa porta é um símbolo da
experiência. Ela já tinha presenciado lutas e vitórias, resistido ao poder e a
queda de reis. Gerações passaram e a Porta Velha adquiriu experiência e
sabedoria. Essa porta pode significar muito a respeito da experiência da
restauração dos hinos antigos na vida da Igreja. Temos a tendência de nos
apegar somente ao novo. Mas há elementos do passado que não podem ser jogados
fora. Há hinos e cânticos antigos que precisam ser ensinados aos filhos, aos
jovens e perpetuados as gerações. Tristemente, há lideranças que estão abolindo
os hinos sacros da nossa Harpa Cristã sob o argumento de que são antiquados e
já não correspondem com a realidade da musicalidade da igreja contemporânea.
Que absurdo! A música na Igreja primitiva foi principalmente composta de salmos
e hinos. Por 1.500 anos, a melhor música do mundo esteve na Igreja. Hoje,
estamos assistindo a uma explosão de músicas rasas em teologia, refletindo a
superficialidade doutrinária da Igreja contemporânea. A música evangélica
precisa refletir a Palavra. Ela deve ser um meio e não um fim em si mesma.
Repetimos que ela é veículo e serva da mensagem. Nessa marcha de louvores sobre
os muros de Jerusalém, a Porta Velha restaura o que de bom e melhor Deus
preservou no decorrer dos séculos. Na Porta Velha, dobramo-nos ao Senhor da
Igreja e restauramos as veredas antigas. Estejamos sempre abertos ao que é
novo, desde que esse novo seja fiel as Escrituras, sem, contudo, abandonar a
rica herança que herdamos dos nossos pais.
A
Porta do Peixe (Ne 12.39) – Crescimento numérico. Essa porta ficava ao ocidente,
quando a cidade descambava para as planuras de Escol. Hernandes Dias Lopes
afirma que era ali, o lugar onde os peixeiros vinham fazer os seus negócios com
o povo da cidade (Ne 13.16). Ele acrescenta que “Peixe” no Novo Testamento,
está ligado a vocação. Aparece ligado ao chamamento dos discípulos (Lc 5.1-11;
Jo 21.1-23). Assim como o peixe tem uma capacidade de alta produtividade, somos
chamados também a produzirmos muito fruto. O louvor, além de trazer a benção
dobrada a Igreja como na Porta de Efraim, leva a Igreja ao crescimento numérico
na Porta do Peixe. Muitas pessoas foram ganhas para Jesus pelo louvor. Uma
congregação que louva verdadeiramente produzira muitos frutos (Sl 40.3). A
música é veículo da mensagem de Deus aos homens e da adoração dos homens a
Deus. O louvor é decisivamente evangelístico. Por meio dele, a Igreja se prostra
diante do trono e por meio dele, os pecadores se rendem a Jesus.
A
Porta do Gado (Ne 12.39) – Rebanho de Deus. Hernandes Dias Lopes diz que todo adorador necessariamente
precisa passar pelo cajado e pela vara de Deus. O adorador precisa saber que é
ovelha sob o cuidado do divino pastor. Precisa alegrar-se na companhia do
pastor, descansar sob seu cuidado, satisfazer-se com sua provisão e sentir
segurança em sua disciplina. Esse texto fala da Igreja como rebanho de Deus.
Todos nós temos de estar sob o comando da Sua vara e de seu cajado (Sl 23.4).
Nenhuma pessoa pode louvar e adorar sem que sua vida esteja totalmente submissa
ao cajado e a vara de Deus. O adorador é aquele que experimenta o grande
atributo de Deus, isto é, o seu grande amor. Por nos amar incondicionalmente e
“sobremaneiramente”, Ele nos concede a sua proteção (Sl 46.1) o zelo sempiterno
e também a sua disciplina quando erramos! O adorador sabe que é disciplinado
quando vacila ou desobedece. A Porta das Ovelhas é o local onde a igreja de
Cristo se ajunta para adorá-lo, tendo em mente que estamos debaixo do seu
cajado que simboliza regência absoluta e máxima sobre a vida daqueles que a Ele
se entregou!
A
Porta da Guarda (Ne 12.39) – Passados em revista. A Porta da Guarda fala de
inspeção, vigilância e juízo. Traz a ideia de registro e inspeção. Esse é o
lugar onde somos passados em revista. Essa é uma parada obrigatória para todos.
Aqui os dois coros encontram-se antes de descer a Casa de Deus. Aqui alguns
ficam retidos por não apresentarem as condições exigidas. É feita uma inspeção
para avaliar a condição espiritual de cada adorador. Para entrar em comunhão
com Deus, na Casa de Deus, é preciso examinar a própria vida (Sl 15-1-5).
Somente os aprovados entrarão na intimidade de Deus. É preciso passar pelo
exame de Deus, pois Ele olha para o coração. Deus exige consagração, verdade no
íntimo e só então vamos entrar no santo dos santos para adorar verdadeiramente.
Sem passar por esses passos, nosso louvor não agradara a Deus. É preciso
restaurar o louvor do Senhor na Casa do Senhor. A casa de Deus é mais do que o
templo, somos a morada de Deus. Devemos glorificar a Deus no nosso corpo. Quando
o povo de Deus se consagra, Deus o alegra (Ne 12.43). Então, há integração no
louvor (Ne 12.43) e a alegria do povo torna-se contagiante (Ne 12.43). Como
resultado dessa consagração, os ministros se tornaram mais cuidadosos do que
tinham sido na obra (Ne 12.45) e o povo se tornou mais cuidadoso do que tinha
sido na manutenção dos ministros de Deus (Ne 12.44).
Deixamos
as portas e avançamos para o muro largo e as suas três torres.
O
Muro Largo (Ne 12.38) – Exultação. O Muro Largo é aquele que leva a todas as direções. É um lugar
espaçoso em que não há aperto. A medida que as pessoas andam sobre o muro e
passam pelas portas e pela torre, vão chegando ao muro largo. Na vida de louvor
da igreja, na restauração dos louvores e na adoração a Deus, encontramos o
lugar da liberdade em Cristo. O culto não é engessado por formas rígidas e inflexíveis,
por liturgias frias e sem condução do Espírito. Há espaço para alegria e
exultação no Espírito. Há espaço para o choro e o quebrantamento. Há espaço
para a alegria indizível e para o gemido de dor. O ritualismo deixa de existir,
o culto frio cede lugar a um culto participativo, alegre, jubiloso, envolvendo
todos os remidos do Senhor. Não é culto do homem para o homem, não é show. Não
se prioriza a forma, mas a consagração da vida ao Senhor. O livro de Salmos
reflete de forma vívida a alegria que o povo de Deus deve celebrar. Podemos
expressar livremente nossas emoções diante de Deus, mas precisamos combater
vigorosamente o emocionalíssimo. Este é estéril e vazio. Mas não podemos
reprimir as emoções profundas que emanam de uma razão inflamada pelo
conhecimento da verdade. Aquele que diz que conhece a Deus e se mantém diante
Dele de forma apática, possivelmente ainda não O conhece. Na presença de Deus,
há plenitude de alegria e delícias perpetuamente. Devemos entrar em Sua
presença com cânticos de louvor e movidos por intenso júbilo.
A
Torre dos Fornos (Ne 12.38) – Purificação. Uma igreja somente poderá experimentar a restauração e a
vivificação do louvor, bem como a verdadeira adoração, quando ela sobe as
escadarias que dá acesso a Torre dos Fornos. O fogo dali a purificará. Hernandes
Dias Lopes afirma que não somente a confissão de pecados na Porta do Monturo, o
beber de Cristo na Porta da Fonte e a santificação na Porta das Águas, mas
também precisamos passar pela Torre dos Fornos. Na Torre dos Fornos, precisamos
passar pelo fogo purificador. Aqui os resíduos mais sujos da alma e as borras
escurecidas do coração são queimados. Nessa torre, tudo que é palha e sem valor
deve ser queimado. Nessa torre, o fogo de Deus queima todo o entulho, todo lixo
e toda impureza. Nessa torre, somos batizados com fogo. O fogo de Deus não vem
para nos destruir, mas para nos purificar. Ele queima a escória e purifica o
ouro. O propósito do ourives é ver o seu rosto refletido no metal. De igual forma,
Deus nos leva a Torre dos Fornos para nos limpar, nos burilar e fazer refletir
Sua imagem em nós. Assim como Isaías foi purificado por uma brasa viva que
tocou seus lábios, aqui Deus nos purifica, nos limpa e tira de nós toda
impureza (Is 6.5-7). Deus quer conduzir cada músico, cada cantor e cada
adorador até a Torre dos Fornos para purificá-lo. Nenhuma impureza pode ficar.
Quando nos aprimorarmos no fogo de Deus, seremos sacerdotes e levitas santos
para o louvor de Deus.
A
Torre de Hananel (Ne 12.39) – A misericórdia de Deus. Essa Torre fala da graça e da
misericórdia de Deus. Nessa caminhada do louvor, temos de confessar que somente
pela graça é que somos capacitados a andar juntos. Alguns afirmam que não há
ministério na igreja mais atacado pelo diabo do que o ministério de louvor. Aí
surgem as maiores polêmicas, os maiores atritos, os maiores descontentamentos e
as maiores divisões. O diabo, nosso adversário e seus asseclas se arregimentam
para combater contra o departamento de música na igreja, pois o ódio que lhe é
peculiar, inflama-se quando a igreja adora ao Senhor e canta ao Seu Santo nome,
atribuindo a Ele honra, glória, louvor, majestade e poder. Enfurecido ataca os
corais, os conjuntos e a música na igreja como um todo. Hernandes Dias Lopes
diz que muitas vezes somos tentados a desanimar ao ver nossos esforços
fragmentados. Mas essa torre é um lugar de parada e de reflexão. É exatamente
aqui que somos revigorados no Senhor, experimentamos o seu favor, somos
alvejados pela sua bondade e compaixão; e assim encontramos o estímulo e o
encorajamento necessários para continuarmos louvando o seu nome na beleza da
sua santidade (1Cr 16.29; Sl 29.2). Por isso devemos cantar sempre: “Foi
graça, graça, superabundante graça. Foi só pela graça de Jesus que eu venci e
cheguei aqui”.
A
Torre dos Cem (Ne 12.39) – A Palavra de Deus. Esta palavra é a mesma
encontrada em Gênesis 26.12: O texto fala de uma sementeira extraordinária.
Champlin, afirma que Isaque semeou e colheu cem vezes mais, pois apesar dos
seus lapsos, ele procurava servir a Deus e isto foi demonstrado quando na
ocasião da fome, ele não desceu ao Egito, conforme lhe fora ordenado.
Permaneceu onde a fome mostrava-se ameaçadora. É verdade que ele semeou.
Cumpriu a sua parte, mas Deus é que lhe estava dando sucesso e prosperidade
extraordinária – “porque o Senhor o abençoava”. A multiplicação é
associada a benção do Senhor. O que dizer sobre a Torre dos Cem? Hernandes Dias
Lopes aponta que o louvor que deve ser cantado na igreja deve ser baseado na
Palavra de Deus, que é alimento para o homem. Nessa base, a Palavra de Deus
traz sua benção e a vida de louvor da igreja. Um dos grandes problemas da
música gospel é que muitos compositores são neófitos e rasos no conhecimento
das Escrituras. Há uma profusão de músicas evangélicas extremamente pobres em
conteúdo. Há outras músicas que chegam até mesmo a ferir os ensinos
fundamentais da fé cristã como já dissemos acima. Precisamos ser mais
criteriosos nessa questão. Como também já foi dito, a música deve ser serva da
mensagem. Ela sempre será a condutora e não um fim em si mesma. Há muita música
no mercado evangélico que visa a mexer com as emoções e não proclamar a
mensagem salvífica do evangelho. Precisamos reformar não apenas a teologia, mas
também a música, pois esta deve ser um canal para o ensino da sã teologia.
Cantar a Palavra ou cantar segundo a Palavra é que produz frutos dignos de
Deus. Além do que já foi exposto, na Torre dos Cem, encontramos a Palavra de
Deus produzindo a cem por um (Mc 4.20). O verdadeiro louvor deve levar-nos de
volta a Palavra. Louvor é a Palavra fluindo na reunião da igreja. É a pregação
cantada pelo povo de Deus. Cantar textos inspirados por Deus é levar a Palavra
a multiplicar-se nas vidas.
Que
somente a música que canta os ensinamentos, as virtudes e o caráter de Deus
possa fazer parte da nossa adoração e que não sejamos vagarosos no cuidado
quanto a este princípio (Rm 12.11), pois nosso culto objetiva servir a Deus com
o nosso louvor; e nossa conduta deve refletir Aquele que cantamos em nossas
reuniões!
Pb.
Lindoval Santana - ADS
- Assembleia de Deus de Sobradinho, Congregação – Qd. 17
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