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Arrependimento, o caminho para o reavivamento - Comentários Adicionais (Pb Lindoval Santana)


ARREPENDIMENTO, O CAMINHO PARA O REAVIVAMENTO
Lição 09 – 02 de dezembro de 2018


TEXTO ÁUREO
“Aparta-te do mal e faze o bem; e terás morada para sempre” (Salmos 37.27).

VERDADE APLICADA
Sem o firme compromisso com a Palavra de Deus, nenhum avivamento se mantém.

OBJETIVOS DA LIÇÃO
·       Mostrar quais foram as atitudes para que houvesse o reavivamento;
·       Destacar os conteúdos práticos experimentados por Neemias que nos são muito úteis na atualidade;
·       Identificar como Neemias analisava o progresso da obra que o Senhor lhe havia confiado.

TEXTO DE REFERÊNCIA
Ne 9.1 - E, no dia vinte e quatro deste mês, se ajuntaram os filhos de Israel com jejum e com pano de saco e traziam terra sobre si.
Ne 9.2 - E a geração de Israel se apartou de todos os estranhos, e puseram-se em pé e fizeram confissão dos seus pecados e das iniquidades de seus pais.
Ne 9.3 - E, levantando-se no seu posto, leram no livro da Lei do SENHOR, seu Deus, uma quarta parte do dia; e, na outra quarta parte, fizeram confissão; e adoraram o SENHOR, seu Deus.
Ne 9.4 - E Jesua, Bani, Cadmiel, Sebanias, Buni, Serebias, Bani e Quenani se puseram em pé no lugar alto dos levitas e clamaram em alta voz ao SENHOR, seu Deus.

INTRODUÇÃO
O capítulo 9 do livro de Neemias retrata o avivamento ocorrido na nação de Israel após o retorno do cativeiro. Note que o Senhor pacientemente primeiro trouxe o povo de volta e depois providenciou as reformas no templo, nos muros, nas portas, no relacionamento entre os habitantes e deixou por último, a promoção do reavivamento espiritual. É interessante que três das principais “orações nacionais” de Israel foram registradas em Esdras 9, Neemias 9 e Daniel 9. Por trás dessas orações, encontra-se a promessa de 2 Crônicas 7:14, bem como o exemplo de Moisés ao interceder pelo povo (Êx 32 – 33).

1. ATITUDES PARA O REAVIVAMENTO
A Festa dos Tabernáculos havia terminado, mas o povo ainda ficou na cidade para ouvir mais da Palavra de Deus. Somente após a exposição da Lei de Deus na Praça de Jerusalém, foi que irrompeu um dos maiores avivamentos da história sagrada. O povo alegrou-se com o Templo construído sob a liderança de Esdras. A nação jubilou com a restauração dos muros sob a administração de Neemias. Mas o avivamento somente veio quando todos ouviram, compreenderam a necessidade de voltar-se para Deus e obedeceram a Sua Palavra. O agente do avivamento é Deus, o mecanismo utilizado é a Palavra e a atitude humana, é o arrependimento!

1.1.    A importância do jejum, da oração e da leitura da Palavra de Deus
Após a festa, o povo se reuniu para observar um dia nacional de confissão, momento em que se apartaram de todos os estranhos que viviam ao redor e se humilharam perante o Senhor. Essa separação não foi feita de forma displicente ou de maneira fingida, antes se caracterizou externamente de panos de sacos (Ne 9.1), e internamente de uma profunda lamentação devido a um coração já quebrantado pelo reconhecimento do estado lastimoso do pecado (Sl 51.17).
Curiosidade: O pano de saco ou “cilício” era um tecido grosseiro e resistente feito de pelos de cabra ou de camelo, utilizado para conter cereais, objetos e alimentos em geral. Esse pano de saco era devidamente cortado e vestido como uma roupa por algumas pessoas em algumas ocasiões.  Vejamos algumas ocasiões em que um judeu se vestia de panos de saco:
1 – Quando estavam passando por um período de grande descontentamento (2Sm 3.31);
2 – Quando queriam demonstrar arrependimento por pecados cometidos contra Deus e a Sua Palavra (Lc 10.13);
3 – Quando estavam atravessando um período de grande humilhação (Sl 69.11).
Eles acrescentaram ao gesto exterior, atitudes que vem de dentro – Eles jejuaram, oraram e se dedicaram a ouvir a Palavra de Deus!
O povo absteve-se de comida como uma forma de quebrar a rotina da satisfação automática dos apetites, para voltar-se para Deus. Jejum é fome de Deus, é saudade de Deus. É alimentarmo-nos da essência do Pão do Céu, em vez do símbolo do pão do céu. O apostolo Paulo diz que devemos comer e beber para a glória de Deus (1Co 10.31). Ora, se comemos para a glória de Deus e jejuamos para a glória de Deus, então qual a diferença entre comer e jejuar? John Piper diz que quando comemos, alimentamo-nos com o símbolo do pão do céu, mas quando jejuamos, alimentamo-nos da própria essência do pão do céu. O jejum deve fazer parte do cardápio espiritual do cristão e dele devemos nutrir o nosso espírito. A oração é também o ingrediente primordial para a operação divina no meio do Seu povo. É através da oração que reconhecemos a personalidade e o poder de Deus, bem como o seu interesse pelos homens. Aquele povo entenderam o momento que viviam e criam que o Senhor lhes fizera bem, mesmo tendo eles feito tão mal. A sua oração consistiu em confissão, louvor, lamentação e adoração. A confissão é o caminho para o reavivamento. Além do jejum e da oração, tudo estava adornado pela Palavra de Deus… Eles leram as Escrituras por três horas; em seguida, fizeram confissão e adoraram por mais três horas. Quando a Palavra de Deus é lida, explicada e aplicada, então, os corações se derretem (Ne 8.8-10). Precisamos resgatar a supremacia da Escritura e a primazia da pregação na igreja. O Evangelho é o poder de Deus para a salvação de todo o que crê. Toda a Escritura é inspirada por Deus. Só há um evangelho. Precisamos expor a Palavra com fidelidade, lágrimas e no poder do Espírito. A proclamação da Palavra produz mudança na vida do povo. Esses elementos: jejum, oração e Palavra de Deus são altamente eficazes e necessários para que tenhamos uma vida regular, ilibada e piedosa diante de Deus e dos homens e também são determinantes para que a igreja experimente o avivamento oriundo Senhor.

1.2.    A preparação do povo
A espiritualidade havia unido os judeus para formar uma comunidade forte, com alvos e sentimentos comuns. A comunidade agia como se fosse um homem que tivesse uma única atitude mental, pelo menos por algum tempo, concentrada na legislação mosaica. Portanto, por algum tempo houve um povo distintivo, conforme se esperava que eles fossem (Dt 4.4-8). O que os levaram a tão grande união foi o quebrantamento produzido pela explanação da Palavra. O quebrantamento envolve obediência. O povo toma a decisão de deixar todos aqueles que não eram da linhagem de Israel para se consagrar ao Senhor. Aqueles que não haviam se convertido ao judaísmo não participavam dessa reunião. Eles não tinham a mesma fé e o mesmo Deus. Não há comunhão fora da verdade. O problema aqui não e racial, mas teológico (Ne 10.28). Unir-se aos outros povos era transigir com a fé, era aceitar o sincretismo, era uma espécie de ecumenismo. Deus havia feito uma aliança com Israel e por isso aquela reunião deveria ser apenas de membros israelitas. A transgressão, a confissão, o perdão e o renovo, eram naquele momento uma exclusividade de Israel. O espírito de comunidade dos filhos de Israel levou-os a ver como eles e seus pais tinham estado unidos no pecado. Por conseguinte, eles fizeram uma confissão nacional! Por isso temos o registro de outra maratona de leitura da Bíblia, semelhante a que ocorreu em Neemias 8.3, onde vemos Esdras lendo as Escrituras por seis horas!  Na maioria das igrejas de hoje, um culto de seis horas – com três horas de pregação e três horas de oração – provavelmente resultaria em algumas cartas de transferência, mas para o povo judeu daquela época, foi o começo de uma nova vida para eles e para sua cidade!

1.3.    O testemunho diante dos inimigos
Os israelitas em Jerusalém naquela ocasião eram numericamente inferiores. Os Samaritanos mestiços com os habitantes do norte de Israel, bem como alguns povos árabes, formavam um grande contingente de pessoas na capital de Judá. Como se não bastasse serem em maior número, eles representavam os inimigos do povo de Deus. Certamente esse fator os intimidava, porém, sempre que a Palavra de Deus chega aos ouvidos e desce ao coração, temos os ânimos revigorados e principalmente a fé no Senhor torna-se fervorosa novamente. É comum ouvirmos as lamúrias de cristão que sempre apresentam suas dificuldades acima de Deus. Este hábito normalmente é praticado por servos de Deus que não tem contato diário com a Palavra do Senhor. A oração acalma a alma, mas é a Palavra que a sustenta. Ela contém os nutrientes que alicerçam a nossa fé e renovam as nossas esperanças. Foi através da leitura da Palavra de Deus que o povo considerou em sua memória as promessas e os feitos do Senhor em favor de Israel. Foi isto que proporcionou ativar a fé em cada coração em pé diante da apreciação do texto bíblico. Na medida que a Palavra era apresentada, Deus se agigantava no coração de cada hebreu e os inimigos se apequenavam. Davi foi um amante da Palavra de Deus. Os estudiosos afirmam que foi ele quem escreveu o maior Salmos que contém o maior capítulo da Bíblia (Sl 119). E este foi inteiramente dedicado a Palavra do Senhor. É uma canção de amor do apaixonado de Davi pela Palavra de Deus. Isto pode ser comprovado quando na ocasião em que Davi chegou no acampamento israelita composto de soldados, mas que, naquele momento, todos estavam encolhidos e temerosos, pois Golias os desafiavam para uma luta um a um e não havia ninguém que se prontificasse a pelejar contra o gigante filisteu. Porém Davi não via grandeza nenhuma no gigante; grande para ele era o Senhor dos Exércitos (1Sm 17.45). Quando a Palavra de Deus está impregnada em nós, não há barreiras, obstáculos, muralhas, covas, cadeia e prisões, fornalhas, gigantes ou qualquer outra coisa que se ponha em nosso caminho. A Palavra nos torna fortes e confiantes o suficiente para enfrentarmos quaisquer inimigos.

2.    ORAÇÃO PELO POVO
O pastor Adalberto Alves destaca o cuidado que os levitas tiveram ao iniciarem o período de oração a Deus. Ele afirma que há três importantes etapas na oração que se acha em Neemias 9.6-37: Eles contemplaram a majestade de Deus; Eles exaltaram o seu poder e; Eles descreveram seus graciosos feitos em favor de Israel; Semelhante as três verdades destacadas acima, gosto muito do que diz Warren W. Wiersbe acerca desta oração. Ele observa como as palavras revelam: A grandeza de Deus (Ne 9:1-6); A bondade de Deus (Ne 9.7-30) e; A graça de Deus (Ne 9.31-38). Deus foi grande, bondoso e gracioso, pois preservou o seu povo em cativeiro, permitiu-lhes retornar a terra da promessa e propiciou a eles uma renovação espiritual verdadeira, um reinício da comunhão.

2.1.    O exemplo de Abraão
Desde a chamada de Abraão, Deus fez uma aliança com o seu povo. Nela estava incluso todo um propósito de estabelecer Israel, como nação na terra. Apesar dos fracassos do povo de Deus, a aliança foi mantida. Ela se tornou parte da essência de Israel. Ao restaurar seu povo do cativeiro e trazê-los de volta a Jerusalém, o Senhor manteve sua aliança e os planos reservados a Israel. Neste ponto da história Deus esperou que Israel reagisse positivamente a tudo o que Ele fazia por eles e o povo respondeu bem, e uma nova oportunidade surgiu na vida daqueles que, sinceramente, buscaram o concerto do Senhor. Neemias registra a oração completa, mas nos versículos 7 e 8 encontramos o nome daquele que atuou como o precursor desta nação, o pai Abraão (Gn 17.5; Êx 3.6; Js 24.3; Is 51.2; Mt 3.9). Champlin explica que neste texto, Yahweh descobriu em Abraão um homem de coração honesto e sincero, que correspondeu ativamente ao chamado e à vontade divina. Ele foi um homem fiel, e Deus podia confiar no cumprimento da missão que lhe fosse entregue. Foi assim que com tal homem Deus estabeleceu a aliança anotada em Gênesis 15.18, que dava a terra da Palestina a Israel. As sete nações que então ocupavam a Terra Prometida teriam de ser expulsas, para que a promessa divina pudesse operar. Podemos conhecer as sete nações ao ler Êxodo 33.2 (aqui aparecem apenas seis nações) e Deuteronômio 7.1 (aqui aparecem as sete nações). Houve um tempo que o cálice da iniquidade dessas sete nações finalmente ficou cheio, e assim elas foram expulsas, porque isso era o que mereciam (Gn 15.16). Desta forma, Deus cumpriu a sua promessa não em Abraão, mas em sua descendência: Ao ouvirem que a terra que agora estavam de volta fora prometida primeiramente ao pai Abraão e que nela peregrinou como forasteiro, o coração dos judeus se encheu de gozo, mas ao mesmo tempo de profunda tristeza, pois reconheciam o quão distante os pais andaram de Deus e os tantos pecados que cometeram incitando a ira do Criador. Eles passaram a saber que estar de volta ao lar era um gesto de graça, misericórdia e bondade divina! No entanto, a maior promessa que envolvia a aliança com Abraão era a semente da sua posteridade, pela qual nasceria o Messias prometido (Gn 3.15). As palavras ditas pelo Senhor a Abraão de que todas as famílias da terra seriam benditas, culminam em Cristo (Gn 12.3). Matthew Henry diz que esta foi a promessa que coroou todas as outras, pois aponta para o Messias, em quem todas as promessas são confirmadas e afirmadas. Jesus Cristo é o grande abençoador do mundo, a maior pessoa com a qual o mundo foi abençoado. Ele é uma bênção familiar, e, por Ele, a casa recebe a salvação (Lc 19.9; At 16.30-31). Vale ressaltar que o povo judeu será salvo nos mesmos padrões que a igreja hoje é salva, isto é, pelo sangue da nova aliança do cordeiro (Mt 26.28; 1Co 11.25; Ap 7.14), pois ao final da grande tribulação, ocorrerá a batalha do Armagedom; quando em Israel não restarem mais forças para pelejarem contra o exército do anticristo e quando se acharem acuados, clamaram pelo Messias e o Senhor sairá a peleja por eles (Zc 14.3). Sobre Israel será derramado o espírito de graça e súplica (Zc 12.10) e olharão para o Cristo, verão as feridas nas mãos e perguntarão: “Que feridas são essas nas tuas mãos? dirá ele: São as feridas com que fui ferido em casa dos meus amigos” (Zc 13.6). Então reconhecerão Jesus como o Messias que havia crucificado e se lamentarão. Desta forma, Israel será purificada, santificada e salva pelos mesmos padrões da Igreja, isto é, será justificada por Cristo, pois crerão nele como Messias, e assim o profeta Zacarias conclui o desfecho da conversão final de Israel como um diálogo entre Deus e Israel, onde Deus diz: “É meu povo” (apontando para Israel e mostrando para as demais nações e a Igreja glorificada) e Israel responderá: “O Senhor é o meu Deus” (apontando para Jesus e mostrando também para todas as nações e a Igreja glorificada - Zc 13.9).

2.2.    Obediência, o passaporte para a bênção
Segundo o Dicionário Bíblico Wycliffe, as palavras hebraicas e gregas traduzidas como “obedecer” ou “obediência” são geralmente “shama” (hebraico) e as formas cognatas de “akouo” (grego). O significado básico de ambas é ‘‘ouvir”. De fato, muitas vezes que o tradutor se confronta com estas palavras e seus cognatos, é muito difícil determinar se a tradução mais apropriada e “ouvir” ou “obedecer”. Esta dificuldade, porém, oferece uma visão profunda do conceito bíblico básico de obediência, um conceito que ocorre tanto no AT como no NT. Embora a obediência expresse uma ação que existe nas relações humanas comuns (tais como discípulos aos mestres ou filhos aos pais), sua referência mais significativa e a de um relacionamento que deve existir entre o homem e Deus. Deus revela-se a si mesmo ao homem por sua voz e palavras. As palavras devem ser ouvidas. Isto obviamente envolve uma recepção física das palavras com uma suposta compreensão mental de seu significado. Mas em termos da recepção da revelação de Deus pelo homem, este fato em si não é um ouvir verdadeiro. A atitude de ouvir verdadeiramente está ligada a fé que recebe a Palavra divina e a traduz em ação. É uma resposta de fé. É uma resposta positiva e ativa, não meramente ouvir e considerar de forma passiva. Ouvir é agir. Em outras palavras, ouvir realmente a Palavra de Deus e obedecer verdadeiramente a Palavra de Deus. Neste ponto destacamos o patriarca Abraão, pois ele creu em Deus, e por ter obedecido a sua voz, ou seja, ter dado ouvido a voz do Senhor, todas as nações da terra se tornaram benditas, isto é, abençoadas (Gn 15.6; 22.18; 26.4,5). Obedecer a voz de Deus ainda é equivalente a guardar a sua aliança (Êx 19.5; 23.20-22); portanto, os israelitas prometeram ser obedientes quando o Livro da Aliança foi ratificado com a aspersão de sangue (Êx 24.7,8). A re-dedicação do povo para obedecer à lei era uma parte básica das cerimonias de renovação da aliança (Dt 27.1-10; 30.2,8,20; Js 24.24-27). Obedecer a Deus corresponde a ser por Ele abençoado. É notável o quão abençoado foi Abraão e todos quantos trilharam o caminho da obediência a Deus, pois há uma relação estreita entre a obediência ao Senhor e a suas bênçãos. Estão associadas e harmonizadas, pois onde há obediência a Deus, há também os seus favores. O termo ainda corresponde a bem-aventurado, fértil e próspero são aqueles que ouvem as palavras do Senhor e as põe em prática conforme Jesus disse ao encerrar o sermão da montanha trazendo a reflexão sobre os dois alicerces. A tradução da palavra “escuta” no texto acima, pode ser definida como sendo: “considerar o que está ou tem sido dito”, isto é, refletir, avaliar e julgar um novo conhecimento de forma apropriada. No caso da Palavra de Deus, resultará em bênçãos para os que ouvem e praticam, ou seja, obedecem. Deus está disposto a oferecer inúmeros privilégios a seu povo, mas não lhe dará o privilégio de pecar nem de fazer as coisas a seu modo, pois as suas bênçãos sempre estarão condicionadas à nossa obediência.

2.3 – Uma oração verdadeira
A oração é a expressão mais íntima da vida cristã, o ponto alto de toda experiência religiosa genuinamente espiritual. Ela permeia a vida de todos os grandes vultos da Bíblia Sagrada. Nenhum deles alcançaram êxito em seu relacionamento com Deus sem as asas da oração. Jesus foi o mestre e exemplo da Igreja na oração. Com sua vida prática e seu ensino direto, Ele deu a oração o lugar central que ela merece na adoração. Josué Gonçalves relata que quando os discípulos pediram a Jesus que lhes ensinasse a orar, queriam aprender de que se compõe a oração e qual deve ser o padrão que ela deve alcançar. Há muitos que suas orações consistem em apenas petições a Deus como se Ele fosse um mordomo de luxo. É claro que a petição pode ser um elemento da oração, mas não deve ser o único. Ray Stedman disse: “Embora Deus saiba de todas as nossas necessidades, orando acerca delas, a nossa atitude de murmuração é transformada em louvor e somos capacitados a participar dos planos pessoais que Deus tem para a nossa vida”. Robert L. Brandt e Zenas J. Bicket afirmam que a natureza da oração é a comunhão com Deus e pode conter os seguintes elementos ou atitudes daqueles que oram: Adoração: A ela estão associados termos como reverência, temor do Senhor e veneração. A adoração é demonstração de grande amor, devoção e respeito. Para o cristão implica em prestar homenagem a Deus ressaltando os seus atributos. O livro de Salmos está repleto de orações de adoração:
·         Confissão - É simplesmente o reconhecimento de um fato acerca de si próprio ou de outro. Observe que em Neemias 9.3, os levitas usaram o pronome “nós” e não “eles”. Ao orar, identificaram-se com a nação e reconheceram a própria culpa, confessando-a;
·         Contrição - É o ato de alguém se lamentar e realmente entristecer-se pelos próprios pecados ou delitos. No hebraico, a palavra “dakka” significa “esmagado”, “ferido”, “contrito” (Sl 34.18);
·         Rogo - Significa pleitear ou pedir com urgência, especialmente a fim de persuadir. Representa cinco diferentes palavras hebraicas, no geral traduzidas como “interceder” ou simplesmente “orar”. Em algumas versões, essas palavras são traduzidas por “pedir”, “exortar”, “buscar” e “implorar” (Êx 8.8-9);
·         Intercessão - O vocábulo hebraico “paga” ocorre 46 vezes no A.T. e sua forma verbal significa “encontrar-se”, “pôr pressão sobre”. Outro significado é: “interceder diante de” (Is 53.12; Rm 8.26-27). Em suma, compreendemos que a intercessão como forma de oração é o ato de uma ou mais pessoas, humanas ou divinas, que fazem intercessão a Deus em favor de outrem (At 12.5; Rm 8.34);
·         Meditação - Meditar significa dirigir o pensamento para alguma coisa, refletir e ponderar sobre ela. Três palavras hebraicas são traduzidas por “meditar” ou “meditação”. Essas palavras têm em si o sentido de “considerar”, “estar em pensamento profundo”, “contemplar”. Passagens familiares do livro de Salmos dão conta da meditação como um elo de comunicação entre Deus e uma pessoa (Sl 1.1-2; 63.5-6);
·         Petição - É um “pedido intenso”, uma “solicitação” ou “requisição”. Trata-se de um clamor por misericórdia (1Sm 1.17);
·         Submissão - É tanto um meio quanto uma condição para a oração eficaz. O cristão submisso aceita humildemente a autoridade e o senhorio dAquele a quem ora;
·         Súplica - É o ato de fazer humildes e intensos rogos pedindo o favor, especialmente de Deus. Com frequência incluem a ideia de “intercessão”, “petição” e “pedido insistente”. Pode também ser traduzido por “pedido de misericórdia” e “solicitação de um favor” (1Re 8.33-34; Sl 30.8; Fp 4.6);
·         Ação de Graças - É um reconhecimento público ou celebração da bondade de Deus, uma expressão de gratidão. O papel da ação de graças, ao se prestar honras a Deus, é ilustrado em Salmos 69.30: “Louvarei o nome de Deus com cântico e engrandecê-lo-ei com ação de graças”. A ação de graças, como um elemento da oração, tanto pode ser desvalorizada como tido em alta conta. Até hoje os judeus devotos entremeiam o dia inteiro com suas orações, no geral compostas por sentenças curtas. Mais de cem bênçãos são normalmente recitadas começando com as palavras: “Bendito sejas tu, ó Senhor, Rei do Universo”. Um judeu típico expressa um breve agradecimento a Deus ao receber notícias boas ou más, ao cheirar uma flor odorífera, ao alimentar-se, ao ver um arco-íris e ao passar por uma dificuldade. Durante todo o dia o judeu devoto louva e agradece a Deus por tudo que acontece, valendo-se de orações rápidas, que não compreendem mais que uma sentença (1Ts 5.17);
·         Veneração - É a reverência estendida a um ser reconhecidamente sobrenatural. É também o ato de expressar essa reverência, admiração e devoção. O termo pode ser traduzido por “adorar”, “servir”, “homenagear”. Salmos 29.2 é uma típica tradução da palavra hebraica “chawah” ou “shachah”, que tem o sentido de “prostrar-se profundamente em homenagem”.
A oração bíblica inclui esforço árduo, intercessão e importunação, mas também inclui submissão e confiança. Envolve tanto o lutar com Deus quanto o repousar pacificamente em seus braços, e também implica em argumentar e queixar-se diante de Deus – Ele compreende que somos humanos, porém se não aprendermos o que significa ser submisso, nossas orações não poderão fazer muita coisa. Os levitas que conduziram a oração conheciam bem a sua própria história, mas principalmente a Deus. Eles disseram que o Senhor é perdoador, clemente e misericordioso, tardio em irar-se e grande em bondade (Ne 9.17), e por isso assumiram a culpa dos pecados cometidos e os confessaram àquele que tem poder para perdoá-los (Sl 103.3). Nisto identificamos a verdade nas palavras professadas pelos judeus que até aquele momento eram réus declarados, mas depois da confissão foram perdoados e a eles manifesto o renovo do Senhor. Que nossas orações sejam sempre verdadeiras e revestidas dos elementos necessários para que a mesma seja eficaz.

3.    O POVO E O FIRME CONCERTO
A fidelidade é um dos atributos ativos de Deus (atributo pelo qual Deus se relaciona com o universo criado por ele). Myer Pearlman conceitua: Deus é fiel. Ele é absolutamente digno de confiança; as suas palavras não falharão. Portanto, seu povo pode descansar em suas promessas. (Êxo. 34:6; Deut. 4:31; Jos. 21:43-45; 1 Sam. 15:29; Jer. 4:28; Isa. 25:1; Miq. 7:20; Luc. 18:7,8; Rom. 3:4; 15:8; 1 Cor. 1:9; 2 Tim. 2:13; Heb. 6:18; 10:23; 1 Ped. 4:19; Apoc. 15:3.) A fidelidade de Deus denota em tornar algo firme, edificar alguma coisa solidamente, apoiar firmemente; subjetivamente é o ato de persistir em alguma coisa e objetivamente tem significado de verdade e veracidade. Essa é a razão pela qual a fidelidade de Deus não é somente um atributo do Seu intelecto, mas também da Sua vontade. Ser fiel é opção divina, desejo e querer de Deus e a esta vontade se aplica também a Sua imutabilidade. O nome YHWH, como tal, já expressa que ele continua sendo quem ele é. Ele é um Deus de fidelidade e sem falsidade (Dt 32.4; Jr 10.10; Sl 31.6; 2Cr 15.3). Isso implica:
1 – Que ele é o Deus real, verdadeiro, em contraste com os deuses falsos, os ídolos, que são futilidades (Dt 32.21);
2 – Que, como tal, ele sempre manterá suas palavras e promessas e provará que elas são verdadeiras, de modo que ele será visto como completamente fiel. Ele não é um ser humano para que possa mentir ou mudar de opinião (Nm 23.19; 1Sm 15.29). Tudo o que procede dele tem o selo da fidelidade.
Deste modo, as alianças estabelecidas entre Deus e Israel, não estavam fundamentadas nos atributos humanos que são falhos e imperfeitos, mas nos atributos divinos, em especifico a Sua fidelidade. Por isso o povo ao ouvir as palavras pronunciadas pelos levitas a respeito da sua própria história de relacionamento com Deus, envergonharam-se e condenaram as atitudes de seus pais e as suas próprias até então, pois a despeito de todos os momentos que Israel se portava de maneira desleal e infiel com Deus, este, por sua vez, mantinha a lealdade ao pacto, mesmo quando os castigava em sua desobediência.

3.1.    Admoestados quanto à desobediência
Israel viveu uma história e um relacionamento conturbado com Deus e a oração registrada em Neemias pontua alguns desses momentos de rebelião e ingratidão da nação contra o Senhor. Quando em uma nação a maioria permanece obedecendo a Deus, e uma pequena parte transgride os seus mandamentos, o povo não sofre tanto as repreensões do Senhor. A partir do momento em que um povo, uma igreja, a começar da liderança, vive em transgressão contra Deus, a situação torna-se insustentável. A ira de Deus se manifesta permitindo consequências trágicas. O povo fora escolhido por Deus para representá-lo na terra, mas falhava constantemente em sua missão. Derek Kidner afirma que à medida em que a confissão se desenvolve. Cada uma das duas partes, Deus e o homem, destaca-se com clareza especial contra o pano de fundo da outra. O pecado abunda, a graça superabunda. Israel opta em favor de voltar para o Egito e escolhe um deus diferente; o Senhor fica firme ao lado do Seu povo, guarda Suas promessas e satisfaz as necessidades mais profundas (Ne 9.20) e mais elementares (Ne 9.21). Durante toda a peregrinação milagrosa nada lhes faltou (Ne 9.21) – e nada lhes inspirou gratidão (Ne 9.17). Esta parte da sua história termina com uma herança imerecida e sem restrições, cheia de toda sorte de coisas boas (Ne 9.25). A confissão avança para o período dos Juízes reproduzindo o ritmo daquela era com sua repetição firme de pecado, declínio, apelo e salvamento, ciclo este que nenhuma advertência dada pela experiência nem pela pregação servia para romper. Aqui, mais uma vez, o contraste marcante entre o homem e Deus destaca-se, delineado pelas palavras: “Ainda assim…” (os homens – Ne 9.26) e, “Mas, pela tua grande misericórdia…” (Deus – Ne 9.31). O contraste vai até o período dos reis onde os pecados se avolumaram tanto ao ponto de Deus usar da metáfora “lançaram a tua lei para trás das suas costas” em referência à rebelião de Israel (Ne 9.26). Neste tempo, mataram os profetas que eram enviados para admoestarem os reis, sacerdotes, levitas e todo o povo, porém sem êxito algum. Deste modo, foram castigados sendo levados ao cativeiro por consequência das tantas desobediências. O povo passou a entender, ainda que tardiamente os propósitos do Senhor e de sua aliança; e quando isso acontece, crescemos em direção a Deus. Israel ficou “rodando” no deserto por 40 anos por que se recusava a aprender com os seus erros e desta forma, muitos estão colhendo os frutos amargos da desobediência porque erraram e continuando errando. Na vida não iremos acertar sempre, mas a cada dia precisamos errar menos. E é necessário que a cada erro, aprendamos o máximo possível para que eles se tornem experiências aproveitáveis, das quais precisaremos no futuro, para não cometer os mesmos erros novamente. Otto von Bismarck disse: “Os tolos dizem que aprendem com os seus próprios erros; eu prefiro aprender com os erros dos outros”.

3.2.    Revelar os empecilhos para a renovação
Josué viveu cento e dez anos e sua geração se notabilizou pela obediência ao Senhor e suas conquistas. A geração subsequente tinha a incumbência de concluir a conquista da terra prometida, mas faltava-lhe a mesma espiritualidade que se achou na geração de Josué. Deus não é impessoal. Deus é aquele que se relaciona com o seu povo e a eles se manifesta. Foi assim com Moisés e também com Josué, mas esta geração parecia órfã das experiências com Deus. Todo a herança de comunhão e sinais com Deus que tinham Moisés e Josué, não foram legitimadas por esta geração. O problema desta nova geração foi ter nascido em “berço esplêndido”. A ausência das provações fez deles um povo medíocre e inferior a seus pais. Careciam de fé para crer nas promessas divinas e principalmente de obediência para fazer cumprir a ordem de tudo conquistarem. Se observamos a geração anterior a nossa, vemos o quanto sofreram e muitas vezes foram privados das coisas mais básicas para construir tudo o que temos hoje. Experimentaram milagres e viveram o sobrenatural de Deus em suas vidas, no entanto a geração posterior, a atual, ou seja, a nossa geração, desfruta das conquistas de nossos pais de forma irresponsável, com sérios defeitos de caráter, com atuações “espirituais” desastrosas que desonram o legado anterior, demonstram fraqueza doutrinária ante os debates emergentes da sociedade. São presunçosos e como Paulo anteviu, são amantes de si mesmos (2Tm 3.2), alimentam suas paixões e vivem para os seus próprios deleites. Carecem de humildade, pois tornaram-se altivos, prepotentes, orgulhosos. O assunto é difícil e melindroso, mas nossa geração possui sim, uma liderança fraca, enferma, entorpecida pela ganância e amancebada pela ambição do poder. Porém, o rebanho é simples, é vítima, é sofredor e o próprio Deus os tem mantido em pé, santos, fieis e humildes. Estes experimentarão sempre o renovo da parte de Deus, enquanto os primeiros viverão as margens do aprisco pensando que estão dentro.

3.3.    Aplicar aos nossos dias
Para os sábios, a história sempre será didática, pois dela, eles extraem o conhecimento, palmilham pelos terrenos mais seguros que outros já passaram, evitando os penhascos; tomam decisões que lhe causarão bem e não dor, no fim amenizam os sofrimentos e vivem de forma mais bem-aventurada do que aqueles que ignoraram os ensinos e experiências que a história proporciona. Ao discorrer os diversos pecados cometidos pelo povo de Israel, o apóstolo Paulo conclui que tudo fora registrado para a nossa advertência. É como se o apóstolo estivesse chamando a nossa atenção para o fato de não cairmos nos mesmos erros que eles caíram no passado. Hernandes Dias Lopes explica que os pecados da igreja são mais sérios do que os pecados dos israelitas que estavam sob a lei. Quando a igreja peca, o seu pecado é pior do que o do povo de Israel. E por duas razões: Primeiro, porque nós temos o exemplo deles como advertência; segundo, porque eles estavam debaixo da lei e nós estamos debaixo da graça. O pecado do crente é pior do que o pecado do ateu. Quando um crente comete pecado, ele o faz contra o conhecimento, a bondade e a graça de Deus. Quando um crente comete pecado, ele ultraja a graça de Deus e pisa o sangue do Cordeiro, negligenciando a história contada. Paulo menciona o castigo que Israel recebeu e usa três expressões: Ficaram prostrados (1Co 10.5b);
Caídos (1Co 10.8) e; destruídos pelo exterminador (1Co 10.9,10). As mesmas causas que levaram o povo de Israel a cair derrubam os crentes ainda hoje. Sobre o texto acima, temos tanto o testemunho das Escrituras como o exemplo de Cristo. Pela paciência e consolação das Escrituras, devemos ter esperança e viver não de forma egoísta e arrogante, mas de forma humilde e altruísta. Portanto, que observemos a história secular, mas principalmente a bíblica e a tenhamos como testemunha e instrutora da nossa edificação, pois ela até pode conter relatos dolorosos e severos, mas é como um instrumento que tem poder de nos educar e nos disciplinar na obediência e no serviço ao Senhor.

CONCLUSÃO
Aprendemos que a oração feita pelos levitas, no capítulo 9 de Neemias, estava fundamentada no conhecimento do Senhor e na história do seu povo. Desta forma, orando com conhecimento de causa, isto é, sabendo quem somos e confessando nossas mazelas a Deus, e principalmente sabendo quem é o Senhor, ou seja, exaltando os seus atributos e sua grandeza, nossas orações serão mais eficientes e de Deus alcançaremos respostas mediante a sua graça e misericórdia.

COMENTÁRIOS ADICIONAIS:
Pb. Lindoval Santana - ADS – Assembleia de Deus de Sobradinho.

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