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As oposições não podem impedir o progresso da obra - Comentários Adicionais (Pb. Lindoval)


AS OPOSIÇÕES NÃO PODEM IMPEDIR O PROGRESSO DA OBRA
Lição 04 – 28 de Outubro de 2018

TEXTO ÁUREO
“Assim, edificamos o muro, e todo o muro se cerrou até sua metade; porque o coração do povo se inclinava a trabalhar”. Ne 4.6 (ARC)

VERDADE APLICADA
Mesmo diante de oposições e ameaças, a igreja prossegue sendo edificada para a glória de Deus até que Cristo venha.

OBJETIVOS DA LIÇÃO
Ø Mostrar que o inimigo tenta a todo custo parar a obra de Deus;
Ø Enfatizar que os opositores da obra de Deus se unem para a prática da maldade;
Ø Apresentar como deve ser o proceder do povo de Deus no serviço ao Senhor.

TEXTO DE REFERÊNCIA
Ne 1.1 - E sucedeu que, ouvindo Sambalate que edificávamos o muro, ardeu em ira, e se indignou muito, e escarneceu dos judeus.
Ne 1.2 - E falou na presença de seus irmãos e do exército de Samaria e disse: Que fazem estes fracos judeus? Permitir-se-lhes-á isso? Sacrificarão? Acabá-lo-ão num só dia? Vivificarão dos montões do pó as pedras que foram queimadas?
Ne 1.3 - E estava com ele Tobias, o amonita, e disse: Ainda que edifiquem, vindo uma raposa, derrubará facilmente o seu muro de pedra. (ARC)

INTRODUÇÃO
Nesta lição estaremos diante de um problema que tem feito muitos sucumbirem na obra de Deus. A falta de estrutura espiritual e conhecimento sobre como lidar com os opositores do Reino de Deus têm feito vítimas incontáveis. Através da Bíblia entendemos que desde o princípio, o povo de Deus tem sofrido oposição dos inimigos da obra (Êx 5.14-19). Neemias descreve a sutileza do inimigo contra a obra de restauração dos muros (Ne 4.1). Ele nos ensina como reagir ante a este tipo de adversidade quando estamos empenhados na obra do Senhor.

1 – O INÍCIO DA OBRA É MARCADO POR ATAQUES
Não existe nenhuma obra que façamos para o Senhor que não sofra alguma retaliação, algum ataque, alguma oposição. A perseguição ou a resistência poderá vir de dentro ou de fora; fato é que vem. Neemias traçou um plano, recrutou e motivou o povo a ajuda-lo na reconstrução dos muros e das portas de Jerusalém, mas não negligenciou os obstáculos que estavam no caminho desta obra de restauração. Ele tinha um olho na obra e outro nos opositores que serpenteavam entre eles. O cristão que não atenta para a veracidade de que ao seu redor existem inimigos que querem vê-lo parar, não é somente um inocente espiritual, mas um desconhecedor de como é o campo de trabalho na Seara do Senhor. Para Neemias, conhecer as oposições da obra era tão importante quanto conhecer o local onde os trabalhos se desenvolviam. O bom servo do Senhor atenta para todos os detalhes de uma obra e jamais descuida das artimanhas dos inimigos, suas armas e sua forma de atacar (2 Co 2.11).

1.1 – Sempre ocorrerão oposições
Apesar de toda a organização e planejamento realizados por Neemias, não havia garantias de que a obra não sofreria reações de objeção dos adversários. Eles sempre estarão à espreita, observando cada passo que damos (Jó 1.7-8). O povo de Deus (Israel e Igreja) tem sofrido dificuldades desde sempre. Caminhando no deserto, Israel sofreu o seu primeiro ataque, quando os Amalequitas os resistiram (Êx 17.8). No deserto sofreu oposição (Nm 20.17-18) e, desde então, o povo de Deus tem sido afrontado de diversas maneiras (1Sm 17.10); tem sido perseguido pelos seus inimigos (Sl 38.19). Seus opositores se levantaram contra o seu nascimento como nação (Is 66.8) e lutam contra o povo de Deus, como acontece agora entre Árabes e Israelenses (Gn 16.12). O próprio Cristo não escapou, antes, amargou dura oposição do inimigo (Hb 12.3). Em seu ministério sofreu oposição dos religiosos e zelosos fariseus (Mt 12.14), do povo comum (Lc 4.29) e dos líderes do povo judeu (Mt 26.59). Todos desejam a sua morte (Jo 11.53-54). Ele é o exemplo que diante das perseguições devemos nos manter firmes e sempre aptos a sofrê-las como ele sofreu (Jo 15.20). A igreja também tem sido perseguida por causa do nome do Senhor Jesus desde os dias primitivos (At 4.3,21; 5.41-42). A inveja era a arma do inimigo contra a igreja (At 5.17-18), mas o Senhor sempre concedia vitória (At 5.19-20). O apóstolo Paulo sempre enfrentou opositores (At 13.8; 1Co 16.9) e alertou-nos sobre eles (2Tm 4.14-15).
A igreja, quanto mais perto de Deus, mais sofre perseguições – “E também todos os que piamente querem viver em Cristo Jesus padecerão perseguições” (2Tm 3.12).
Desde que chegou em Jerusalém, Neemias sofreu todo o tipo de oposição (Ne 2.9), mas a obra seguiu adiante, mesmo frente às ciladas do inimigo (Ne 6.2). Satanás sempre se levantará contra a obra de Deus (2Co 2.11), mas temos a promessa de que “… as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mt 16.18). Os inimigos de Neemias e da obra que realizava tinham nomes: Sambalate, Tobias, Gesém e seus apoiadores recrutados. Estes ao contemplarem os esforços dos judeus em reconstruir os muros da cidade, ficaram insatisfeitos e se puseram como obstáculos diante deles. Embora nos esforcemos e nos empenhemos pela expansão do Reino de Deus, sempre haverá os que, inspirados por Tobias e Sambalate, farão oposição à obra do Senhor. Todavia, não devemos nos amedrontar. Quem se levanta contra a obra de Deus, contra o próprio Deus se levanta. O mesmo Senhor que esteve com Neemias, também estará conosco. Aos seus servos dará Ele sabedoria, graça e unção, a fim de que conduzam a Igreja de Cristo na sã doutrina e de acordo com a vontade divina. Charles Spurgeon disse: “Deus teve somente um Filho sem pecado, mas nunca teve um filho sem tribulações”.

1.2 – A razão da ira de Sambalate
A chegada de Neemias a Jerusalém representou uma ameaça para Sambalate, Tobias, Gesém e seus companheiros (Ne 2.10), os quais desejavam que os judeus continuassem fracos e dependentes. Uma Jerusalém forte colocaria em perigo o equilíbrio do poder na região e privaria Sambalate e seus amigos de sua influência e riqueza. Sambalate, que tinha um cargo importante em Samaria, era o cabeça da oposição a obra de Deus. Ele usou várias táticas intimidatórias para dissuadir Neemias a levar avante a reconstrução dos muros de Jerusalém. Sambalate era homem inteligente e astuto. Fez questão de pronunciar as suas palavras diante do exército Samaritano com a intenção de adquirir a anuência destes e inibir os construtores (Ne 4.2). Seu intuito era manter Jerusalém subjugada, humilhada e enfraquecida. São intenções que se assemelham com as de Satanás a respeito do povo de Deus. Não é vã a crença de alguns estudiosos quando declaram que o livro de Neemias retrata com perfeição a batalha espiritual que se desenvolve entre aqueles que servem a Deus e aos seus propósitos e aquele que se opõe ferrenhamente a tudo que é de Deus – Satanás. Ele é o agente que age nos bastidores desta história; ele é o verdadeiro adversário de Neemias e de toda a obra de Deus. Ao se referir a Satanás, Paulo escreveu que “não lhe ignoramos os desígnios” (2 Co 2:11). O capítulo 4 de Neemias apresenta quatro desígnios de Satanás em sua oposição à obra do Senhor: Zombaria (Ne 4.1-6); Conspirações ameaçadoras (Ne 4.7-9); Desânimo (Ne 4.10); Medo (Ne 4.11-23). É sabido quando as coisas estão indo bem, devemos nos preparar para enfrentar dificuldades, pois o inimigo não quer ver a obra do Senhor progredir. Enquanto o povo de Jerusalém estava conformado com sua triste sina, o inimigo os deixou em paz. Mas quando os judeus começaram a servir ao Senhor, a glorificar o nome de Deus, e a realizar a obra, o inimigo entrou em ação. Que estratégia o Diabo está utilizando para fazê-lo abandonar a obra do Senhor? Não se esqueça: o adversário lança-nos contínuos dardos inflamados (Ef 6.16). Por isso, revistamo-nos da armadura de Deus (Ef 6.11).

1.3 – A arquitetura da sutileza
O que os nossos olhos veem pode nos desanimar e nos desmotivar a fazer qualquer coisa para mudar uma situação. Os entulhos e os escombros da cidade estavam por toda a parte e eram como vozes a advertí-los de que a obra não seria possível. Além dos olhos verem, havia também o que os ouvidos escutavam de seus adversários, Neemias 4:2-3; Quando nossa visão se prende a desordem do que contemplamos e os ouvidos se detêm as palavras de derrotismo, teremos um grande problema a ser superado. Sambalate demonstra grande sutileza, isto é, grande sagacidade e habilidade para jogar a situação contra os operários da obra que Neemias liderava, pois era isso que sempre insinuava até que o povo judeu absorveu a sugestão. Isto se revela na declaração abaixo:
“Então, disse Judá: Já desfaleceram as forças dos acarretadores, e o pó é muito, e nós não poderemos edificar o muro”. Neemias 4:10 (ARC). Hernandes Dias Lopes afirma que os nossos inimigos estão sempre procurando uma brecha para nos atingir e assim paralisar a obra de Deus. Neste momento específico eles usaram três expedientes para impedir o avanço da obra de Deus:
Em primeiro lugar, o inimigo tentou paralisar a obra provocando desânimo interno (Ne 4.10). Os problemas internos são mais perigosos do que os problemas externos. Os carregadores estão sem forças, os escombros são muitos e a conclusão óbvia é: “Não podemos edificar o muro”. Eles sentiram que não tinham capacidade para concluir a obra. Muitas vezes, o nosso maior problema somos nós mesmos. O maior obstáculo da obra são os obreiros, dizia Dwight Moody. Um povo desanimado sempre olha para as circunstâncias em vez de olhar para o Senhor; escuta mais a voz do inimigo do que a voz de Deus. Wiersbe afirma que o desânimo é uma das principais armas do arsenal de Satanás. Foi o desânimo que impediu Israel de entrar na terra prometida em Cades-Barnéia (Nm 13). “Não poderemos subir contra aquele povo, porque é mais forte do que nós” (Nm 13.31). Os dez espias incrédulos “desencorajaram o coração dos filhos de Israel” (Nm 32:9), e, em decorrência disso, o povo vagou pelo deserto durante quarenta anos, até que a nova geração estivesse pronta para conquistar a terra. “Não somos capazes!”, essa é a palavra de ordem daqueles que deixam de olhar para o Senhor e que começam a olhar para si mesmos e seus problemas. Esses trabalhadores judeus desanimados estavam, na verdade, concordando com os inimigos que os haviam chamado de fracos! (Ne 2:19; 4:1-3).
Em segundo lugar, o inimigo tentou paralisar a obra espalhando boatos (Ne 4.12). Aqueles que moravam fora de Jerusalém, próximos desses inimigos, traziam comentários assustadores e os espalhavam no meio do povo: “De todos os lugares onde moram, subirão contra nós”. “Estamos completamente cercados, não temos a mínima chance”, diziam. O boato visa a destruir o espírito de coragem e cooperação. Boatos são setas do inimigo. Onde prospera a boataria, os obreiros de Deus ficam alarmados e a obra de Deus paralisa. Os boatos sempre super dimensionam os problemas. Parecia uma invasão avassaladora, irresistível. O povo estava guardando os muros, mas não estava guardando seus ouvidos do que os inimigos diziam.
Como Neemias reagiu a esses ataques do inimigo? Quais são as armas de combate a sutileza do inimigo? Neemias nos ensina cinco princípios:
1 – Em primeiro lugar, cada um deve defender sua própria família – “e pelejai pelos vossos irmãos, vossos filhos, vossas mulheres e vossas casas” (Ne 4.13,14b). Não podemos ter uma igreja forte se não protegermos nossa própria casa das investidas do inimigo. Neemias era sábio o suficiente para saber que cada um devia defender prioritariamente sua própria família. Neemias exorta: “[…] pelejai pelos vossos irmãos, vossos filhos, vossas filhas, vossa mulher e vossa casa”.
2 – Em segundo lugar, precisamos empunhar as armas de defesa e combate – “com as suas espadas, com as suas lanças e com os seus arcos” (Ne 4.13). Não podemos enfrentar os inimigos sem usarmos nossas armas de defesa e combate. Cada obreiro é um soldado. Estamos em guerra. Nessa batalha espiritual enfrentamos inimigos invisíveis e tenebrosos. Nessa batalha não há trégua nem pausa. Nossos adversários não descansam, não tiram férias nem dormem. Eles vivem nos espreitando e buscando uma oportunidade para nos atacar. Precisamos vigiar e empunhar as armas.
3 – Em terceiro lugar, precisamos ter uma liderança firme e exemplar – “E olhei, e levantei-me” (Ne 4.14). Neemias não abandona o povo na hora da pressão. Ele inspeciona a obra. Ele toma a frente. Ele desafia os líderes. Ele dá exemplo. A liderança ocupa uma posição de absoluta importância na hora do combate. Uma liderança fraca, medrosa, vacilante e sem vida não transmite segurança para o povo na hora da crise. Só lideres fortes e incorruptos podem conduzir o povo a grandes vitorias.
4 – Em quarto lugar, precisamos colocar os olhos em Deus e não no inimigo – “Lembrai-vos do Senhor” (Ne 4.14). O ponto básico do desafio de Neemias e: “Lembrai-vos do Senhor”. Observe o que Deus já fez. Olhe para a sua fidelidade no passado. Veja os livramentos que Ele já deu ao Seu povo. Não será diferente agora. Temos de ter muito cuidado com a festa da vitória. Nunca somos tão vulneráveis quanto depois de uma grande vitória. A tendência depois de uma consagradora vitória e guardar as armas. Elias, depois de retumbante vitória no Monte Carmelo sobre os profetas de Baal, tirou os olhos de Deus e fugiu amedrontado diante das ameaças insolentes de Jezabel. O segredo da vitória continua em mantermos continuamente nossos olhos em Deus em vez de coloca-los nas circunstâncias ou nas pessoas (2Cr 20.12).
5 – Em quinto lugar, precisamos redirecionar o foco do nosso temor – “Não os temais” (Ne 4.14) Em vez de temer o inimigo, devemos nos voltar para o nosso Senhor, grande e temível. Quem teme a Deus, não teme aos homens. Quando colocamos os nossos olhos em Deus, Ele frustra os desígnios do nosso inimigo. Muitos líderes naufragam porque em vez de temer a Deus, temem os homens; em vez de agradar a Deus, tentam agradar os homens; em vez de servir a Deus, tentam bajular os homens. Sambalate havia declarado abertamente que o trabalho seria interrompido, e, por pouco, não foi exatamente o que aconteceu se Neemias não intervisse com pulso firme e confiança no Senhor (Sl 18.2; 20.7; 37.5; 91.2; Pv 3.5; Is 12.2).

2 – UNIDOS PARA A PRÁTICA DA MALDADE
Existe uma relação entre tribulações e bênçãos. A vida do servo de Deus sempre estará permeada tanto de uma quanto da outra. As tribulações tentam desfalecer o nosso ânimo e nos forçam a desistir da jornada, mas as diversas bênçãos oriundas da graça de Deus são dádivas que suprem nossas necessidades e glorificam ao Senhor. Trata-se de um campo de batalha que não podemos ser indiferentes. Sun tzu, foi um general e filósofo chinês. Ele já dizia: “Se você conhece o inimigo e conhece a si mesmo, não precisa temer o resultado de cem batalhas. Se você se conhece, mas não conhece o inimigo, para cada vitória obtida sofrerá também uma derrota. Se você não conhece nem o inimigo nem a si mesmo, perderá todas as batalhas.” Urge conhecer os detalhes e os meandros deste percurso, onde o nosso principal inimigo, inspirador da maldade trabalha dia e noite. Conhecê-lo é vital para a sobrevivência do servo de Deus.

2.1 – Juntos para destruir
Quando o assunto é a obra de Deus, os opostos são atraídos para combaterem contra. Esta verdade é bastante destacada nos tempos do próprio Jesus, quando os dois partidos religiosos mais influentes, apesar das diferenças, se uniram para o propósito comum – perseguir Jesus. Fariseus e Saduceus compunham o Sinédrio ou por assim dizer, dividiam entre eles as 71 cadeiras daquela que era, a Corte Suprema da Lei Judaica. Geralmente, esses dois grupos eram antagônicos, tanto do ponto de vista teológico como político. Os saduceus eram partidários dos governantes romanos, enquanto os fariseus se ressentiam da sua presença. Mas os dois partidos trabalhavam juntos no Sinédrio de Jerusalém, e agora estavam unidos por uma hostilidade comum em sua oposição a Jesus. Neemias teve que enfrentar diversos inimigos de povos diferentes e motivações diferentes. O seu livro destaca Sambalate, Tobias, Gesém como os seus principais inimigos (Ne 2.19). Estes se juntaram com a finalidade de deter o trabalho dos judeus em Jerusalém. Sambalate era da cidade de Horonaim, em Moabe. Era descendente, pois, de Moabe, gerado por Ló a partir de uma relação incestuosa com sua filha mais velha. Tobias, por sua vez, era amonita, descendente de Ben-Ami, também gerado por Ló a partir também do incesto com sua filha mais nova. É bom lembrar que Ló era sobrinho de Abraão, pai do povo de Israel. Portanto, os moabitas e amonitas eram primos dos judeus. Gesém, era um morador do deserto arábico, habitado por diversas tribos sem uma definição genealógica definida. Por isso, eram chamados de arábios, que significa “misturados”. Satanás usou essa confederação para dissuadir Neemias da revelação que recebera de Deus para reconstruir Jerusalém: dois primos, “quase irmãos”, e um “misturado”. O que não sabiam é que Neemias havia conversado pessoalmente com o Rei na sala do trono (Ne 2.2-8); era o Rei que havia dado recursos para Neemias; era o Rei que havia dado cartas para que Neemias tivesse autoridade na sua empreitada; era o Rei que estava por trás de tudo. Paulo revela que “a nossa luta não é contra carne e sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra o príncipe das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais.” (Ef 6.12). Neemias, manteve a guarda sempre alta em relação as investidas de Sambalate, Tobias e Gesém. Resistir-lhes era como resistir o próprio diabo. Uma hora ele desiste e se afasta (Tg 4.7b).
Com quem está pelejando? Com quem está perdendo tempo e energia? Há pessoas que se deixam ser levadas pelos ataques malignos e reagem com intensidade equivalente. Esta atitude não é sábia e pode servir de empecilho posteriormente como por exemplo: para conquistar tal pessoa para Cristo, portanto sejamos sábios como Davi e tenhamos graça para identificar o nosso real inimigo. Devemos resistir aqueles que nos atacam e perseguem, com a Palavra de Deus e uma vida consagrada.

2.2 A arma do desdém
Sambalate e Tobias atacam com armas pesadas a Neemias e o povo judeu que com ele se dispusera na obra do Senhor. A Bíblia diz que ambos escarneceram do povo de Deus: Neemias 4:1,3. Golias zombou de Davi quando o pequeno pastor foi ao encontro do gigante carregando apenas uma funda (1Sm 1 7.41-47); Jesus sofreu o escárnio dos soldados durante seu interrogatório (Lc 22.63-65), foi desprezado pelos homens (Is 53.3) e do populacho enquanto estava pendurado na cruz (Lc 23:35-37) e; Alguns dos heróis da fé também foram zombados (Hb 11:36). Wiersbe diz que Sambalate e seus amigos haviam começado a zombar dos judeus mesmo antes do início das obras nos muros.“Zombaram de nós, e nos desprezaram” (Ne 2.19). Quando Sambalate zomba do povo de Deus tendo o exército de Samaria presente (Ne 4.2), o texto não explica qual era exatamente a relação privilegiada que ele tinha junto a este exército. Talvez tenha ajuntado o exército como uma demonstração de força, a fim de amedrontar os judeus. Ao proferir seu discurso de abertura diante do exército, Sambalate intensificou o poder de sua zombaria fazendo algumas pessoas importantes rirem dos judeus. Quando o inimigo ri daquilo que o povo de Deus está fazendo, normalmente é sinal de que Deus irá abençoar seu povo de modo maravilhoso. Quando o inimigo se enfurece na terra, Deus ri no céu (Sl 2.4). Primeiro, Sambalate zombou dos trabalhadores, ao chamá-los de “fracos judeus” (Ne 4.2). O termo fraco significa, nesse caso, “mirrado, miserável”. Eram como flores cortadas que murchavam. Aos olhos dos outros, não tinham quaisquer recursos humanos, mas o que o inimigo não podia ver eram seus recursos espirituais. O povo do mundo não entende como Deus se agrada de usar instrumentos fracos para realizar sua obra (1Co 1.18-31). O mundo se gloria de sua riqueza e poder, mas a glória do povo de Deus está em sua pobreza e fraqueza. Quando somos fracos, então é que somos fortes (2Co 12.1-10).
Em seguida, Sambalate zombou do trabalho em si fazendo quatro perguntas insultantes. São Elas:
1 – “Acaso vão se fortificar?”. O exército samaritano deve ter caído na gargalhada. Como era possível um frágil remanescente judeu ter a pretensão de construir muros fortes o suficiente para proteger sua cidade de um exército?
2 – A pergunta: “Sacrificarão?” dá a entender: “Será preciso muito mais do que orações e cultos para reconstruir a cidade!” – palavras blasfemas contra o Deus Jeová, pois Sambalate estava negando que Deus era capaz de ajudar seu povo.
3 – “Serão capazes de terminar tudo num só dia?”, sugere que os judeus desconheciam a dificuldade da tarefa e que não tardariam a desistir.
4 – “Vivificarão dos montões do pó as pedras que foram queimadas?”.  Em sua última pergunta, Sambalate zombou dos materiais que usavam. As pedras foram tiradas dos escombros, e é bem provável que estivessem tão velhas e estragadas que não serviriam para coisa alguma quando fossem colocadas nos muros. Tobias, o amonita, estava presente na revista das tropas samaritanas; e, quando chegou sua vez de falar, zombou do resultado final do trabalho (Ne 4.3). “Não seria preciso um exército para derrubar os muros; uma só raposa seria capaz de destruí-los!”. É evidente que muito daquilo que Sambalate e Tobias falaram era verdade do ponto de vista humano, pois o remanescente judeu era fraco e pobre e aquela empreitada era grande demais para eles. Porém, haviam depositado sua fé em um Deus grande e poderoso, e foi isso o que fez toda a diferença.
Qual foi a reação de Neemias a todo esse escárnio? Preservou a sua mente centrada no propósito definido por Deus. Seus pensamentos permaneceram sóbrios e sem a interferência das maldosas mensagens enviadas pelos inimigos da obra de Deus. Como anda a sua mente e coração diante do desprezo e escárnio do inimigo? Como diz o ditado: “pegou corda?” Deus ainda é Aquele que nos sustenta em Sua obra e todos os inimigos que de nós escarnecem, sucumbiram diante dEle e dos nossos olhos (1Sm 17).

2.3 – Reagindo aos ataques
Diante de tantas palavras desanimadoras e irônicas, Neemias não se escondeu ou calou-se, mas fez uma oração de juízo contra Sambalate. Neemias 4:4-5. Orou pedindo a Deus que combatesse o inimigo por ele. Essa é terceira vez que vemos Neemias orando (Ne 1.4-11; 2.4) e não será a última. Devemos nos lembrar de que Neemias orava como um servo do Senhor preocupado com a glória de Deus. Não pedia vingança pessoal, mas sim vindicação oficial para o povo de Deus. O inimigo havia cometido o pecado terrível de provocar a Deus com blasfêmias diante dos construtores. A oposição de Sambalate e Tobias aos judeus era, na realidade, uma oposição ao Senhor. A Bíblia relata um caso interessante e semelhante, onde o rei da Assíria invadiu as terras de Judá e acampou-se contra as cidades fortes, intentando toma-las para si (2Cr 32.1). A presunção de Senaqueribe o fez enviar servos até Jerusalém com palavras de desprezo e escreveram cartas que blasfemavam do Senhor (2Cr 32.17). Eles aterrorizaram e perturbaram os moradores de Jerusalém (2Cr 32.18), porém Ezequias tomou as cartas de blasfêmia contra Deus, as estendeu perante o Senhor e orou (2Re 19.14-19); então, o profeta Isaías enviou-lhe a mensagem do Senhor dizendo:
2 Reis 19:20-23. Note que a resposta divina através do profeta, revela que a afronta contida nas cartas não era diretamente ao povo, mas diretamente ao próprio Deus! Quando somos afrontados por quem quer que seja, Deus é quem toma as dores do seu povo e resolve a questão por eles. Neemias não permitiu ser distraído de seu trabalho ao gastar tempo respondendo às palavras desses homens. O Senhor havia escutado as provocações zombeteiras de Sambalate e Tobias e trataria com eles a sua maneira e a seu tempo. A resposta mediante as afrontas, ameaças, escárnios e toda sorte de desprezo contra o povo de Deus só virá quando o seu povo orar com o coração desprovido de qualquer sentimento de vingança ou desforra. Wiersbe afirma que as coisas que as pessoas dizem podem nos magoar, mas não podem, jamais, nos ferir, a menos que as deixemos penetrar em nosso ser e nos contaminar. Se passarmos tempo refletindo sobre as palavras do inimigo, daremos a Satanás um ponto de apoio que ele pode usar para lançar outro ataque ainda mais próximo.  O melhor a fazer, nesses casos, é orar e entregar tudo ao Senhor e, então, voltar ao trabalho! Qualquer coisa que nos impeça de fazer aquilo para o que Deus nos chamou só serve para ajudar o inimigo.

3 – O PROCEDER DO POVO DURANTE AS OBRAS
Apesar de ser engraçado quando ouvimos alguém citar a frase: “Faça a sua parte que Eu te ajudarei” ou “faça a sua parte que Eu faço a minha” como sendo um versículo da Bíblia, existe um análogo que se acha em Salmos 37.5: “Entrega o teu caminho ao SENHOR; confia nele, e ele tudo fará.” (ARC). Apesar do texto citado: “faça a sua parte que Eu faço a minha” não se achar nas Escrituras, a sua ideia sim. Essa frase mostra um princípio de responsabilidade que devemos ter. A soberania e as obras de Deus não anulam a nossa responsabilidade de responder a nossa fé com o serviço (Tg 2.14-26). A responsabilidade cristã está em servir e somente servimos quando trabalhamos. São as mãos que testemunham o nosso serviço e por isso o Senhor falou para Israel: “… ninguém apareça de mãos vazias perante mim” (Êx 23.15b). O trabalho de Cristo é sinalizado pelas marcas em suas mãos: “E, se alguém lhe disser: Que feridas são essas nas tuas mãos?, dirá ele: São as feridas com que fui ferido em casa dos meus amigos” (Zc 13.6).
O pastor Adalberto Alves exemplifica com propriedade o homem e Deus agindo em conjunto. Enquanto a mão do homem remove a pedra que fechava o túmulo de Lázaro (pois isto o homem pode fazer), Jesus ressuscitou aquele que estava morto (isto somente Deus pode realizar), depois de ressuscitado, o homem entra em ação novamente retirando as ataduras que cobriam o corpo (Jo 11.39-44). Enquanto Deus operou uma única vez milagrosamente e sobrenaturalmente, o homem operou duas vezes trivialmente e naturalmente, demonstrando o quão importante é a nossa participação na obra do Senhor. Podemos fazer até mais na obra de Deus, mas o que a diferencia das demais obras é quando Ele age!

3.1 – Visão em tempo integral
Neemias é um exímio planejador, mas também demonstra habilidade de se flexibilizar e mudar a estratégia sem comprometer a visão quando se achava diante de mudanças circunstanciais. A ideia inicial era que todo o povo trabalhasse na reconstrução dos muros e das portas, porém diante da ameaça dos opositores, Neemias redistribuiu tarefas e criou novas funções. Wiersbe diz que a primeira providência que Neemias tomou diante do novo cenário foi postar guardas em locais estratégicos sobre os muros. O inimigo poderia ver, então, que os judeus estavam preparados para lutar. Armou famílias inteiras, sabendo que se uniriam e encorajariam mutuamente. Os judeus não apenas repararam as partes do muro que ficavam próximas a suas casas (Ne 3.28-30), mas também ficaram junto de suas famílias para proteger seus lares e a cidade. Desta forma, o povo engajado na obra do Senhor dá-nos importante lição de que este trabalho sempre deve ser feito com vigilância. Com as mãos se executa e com os olhos se observa.

3.2 – Ouvidos sensíveis ao menor ruído de ameaça
O ouvido do servo de Deus deve estar sempre afinado no diapasão do Espírito. Isto garantirá a ele, sempre poder ouvir o som emitido do céu convocando-o para as manobras necessárias na Seara do Mestre. Wiersbe explica que Neemias sabia que não poderia interromper as obras toda vez que ouvisse um rumor diferente, de modo que criou um plano de defesa a fim de resolver o problema: metade dos homens trabalharia nos muros, enquanto a outra metade ficaria de guarda. Providenciou para que os que carregavam materiais também estivessem armados e para que os trabalhadores nos muros levassem espadas consigo. Desse modo, o trabalho não seria interrompido, e os trabalhadores estariam prontos caso o alarme soasse. O homem que tocava a trombeta ficaria perto de Neemias para que o alarme fosse dado imediatamente. Vale ressaltar que a trombeta não podia dar sonido incerto e que o povo deveria conhecer cada tinido que ela produzisse (Ne 4.18). Portanto, afine seus ouvidos a voz do alerta para que quando ele soar você prontamente esteja no seu posto de combate (Ne 4.20). Não importava o que estivessem fazendo ou em que parte dos muros estivessem trabalhando, todos se mantinham atentos ao som da trombeta. Este é sem dúvidas, um ótimo exemplo a seguirmos enquanto trabalhamos e esperamos pela volta do Senhor! “Porquanto o Senhor mesmo, dada a sua palavra de ordem, ouvida a voz do arcanjo, e ressoada a trombeta de Deus, descerá dos céus” (1Ts 4.16) – Aleluia!

3.3 – Mantendo-se próximos
Atualmente é bastante visível a falta de unidade entre irmãos e departamentos na igreja. Vê-se constantemente pastores apelarem para o assunto com mensagens e ensinamentos que exploram o tema: União, pois não falta cooperação entre nós. O que tem prevalecido é uma disputa desenfreada e muitas vezes escancarada que traz grandes prejuízos para a obra do Senhor. O apóstolo Paulo já havia identificado este sintoma nos obreiros do seu tempo quando escreveu em Filipenses 1:15. “Verdade é que também alguns pregam a Cristo por inveja e porfia, mas outros de boa mente”; (ARC). A palavra “porfia” no texto acima é no grego “eris” e seu significado se aproxima de “contenda”, “disputa” e “discussão”, termos que apontam para desarmonia, separação, discordância, divergência, DESUNIÃO! Essa foi a palavra que Paulo usou para descrever as facções existentes na igreja de Corinto, e que provocaram traumáticas divisões (1Co 3.3). Hernandes Dias Lopes acrescenta que a palavra “eris” também traz a ideia de competição para receber o apoio de outros. Assim, em vez de perguntarem: “Você já aceitou Cristo?”, perguntavam: “De que lado você está, do nosso ou do de Paulo?” Aquelas pessoas faziam a coisa mais sublime e mais santa do mundo, pregar o evangelho; com as intenções mais obscuras e nebulosas, a promoção de si mesmas. Ficavam felizes quando podiam fazer mais do que os outros. As limitações dos outros lhes davam prazer mórbido. Com muita frequência, nós nos ressentimos, pois outro ganha uma distinção que nós não recebemos. Muitas vezes, olhamos para o outro como inimigo, pois tem expressado alguma crítica sobre nós ou nossos métodos. Com frequência, pensamos que alguém não serve porque não faz as coisas do nosso modo. Desta forma, provocamos a desunião, cultivamos a separação e impedimos que o Senhor ordene a bênção e a vida (Sl 133.5) sobre a igreja que é o corpo de Cristo. A união é pré-requisito para que o Senhor derrame sobre nós as bênçãos e a vida que provém dEle (Sl 133.1). Não deve existir complexo de inferioridade nem de superioridade entre os membros do corpo de Cristo (1Co 12.15-21). Estamos todos engajados na mesma obra. Estamos lutando por uma mesma causa. Somos soldados do mesmo exército, sob o comando do mesmo general. Por isso, devemos estar unidos!

CONCLUSÃO
Um cristão imóvel na obra de Deus não representa nenhuma ameaça para o inferno, porém um simples movimento em direção ao trabalho, pedras choverão em seu telhado. Concluo com a citação inspiradora do Irmão Yun: “Não ore para que a perseguição pare. Não devemos orar por uma carga mais leve para carregar, mas por costas mais fortes para perseverar!”

COMENTÁRIOS ADICIONAIS
Pb. Lindoval Santana - ADS – Assembleia de Deus de Sobradinho.

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