AS OPOSIÇÕES NÃO PODEM IMPEDIR
O PROGRESSO DA OBRA
Lição
04 – 28 de Outubro de 2018
TEXTO
ÁUREO
“Assim,
edificamos o muro, e todo o muro se cerrou até sua metade; porque o coração do
povo se inclinava a trabalhar”. Ne 4.6 (ARC)
Mesmo
diante de oposições e ameaças, a igreja prossegue sendo edificada para a glória
de Deus até que Cristo venha.
OBJETIVOS
DA LIÇÃO
Ø Mostrar que o inimigo tenta a
todo custo parar a obra de Deus;
Ø Enfatizar que os opositores da
obra de Deus se unem para a prática da maldade;
Ø Apresentar como deve ser o
proceder do povo de Deus no serviço ao Senhor.
TEXTO
DE REFERÊNCIA
Ne
1.1
- E sucedeu que,
ouvindo Sambalate que edificávamos o muro, ardeu em ira, e se indignou muito, e
escarneceu dos judeus.
Ne
1.2 -
E falou na presença
de seus irmãos e do exército de Samaria e disse: Que fazem estes fracos judeus?
Permitir-se-lhes-á isso? Sacrificarão? Acabá-lo-ão num só dia? Vivificarão dos
montões do pó as pedras que foram queimadas?
Ne
1.3 -
E estava com ele
Tobias, o amonita, e disse: Ainda que edifiquem, vindo uma raposa, derrubará
facilmente o seu muro de pedra. (ARC)
Nesta
lição estaremos diante de um problema que tem feito muitos sucumbirem na obra
de Deus. A falta de estrutura espiritual e conhecimento sobre como lidar com os
opositores do Reino de Deus têm feito vítimas incontáveis. Através da Bíblia
entendemos que desde o princípio, o povo de Deus tem sofrido oposição dos
inimigos da obra (Êx 5.14-19). Neemias descreve a sutileza do inimigo contra a
obra de restauração dos muros (Ne 4.1). Ele nos ensina como reagir ante a este
tipo de adversidade quando estamos empenhados na obra do Senhor.
Não
existe nenhuma obra que façamos para o Senhor que não sofra alguma retaliação,
algum ataque, alguma oposição. A perseguição ou a resistência poderá vir de
dentro ou de fora; fato é que vem. Neemias traçou um plano, recrutou e motivou
o povo a ajuda-lo na reconstrução dos muros e das portas de Jerusalém, mas não
negligenciou os obstáculos que estavam no caminho desta obra de restauração.
Ele tinha um olho na obra e outro nos opositores que serpenteavam entre eles. O cristão que não atenta para a veracidade
de que ao seu redor existem inimigos que querem vê-lo parar, não é somente um
inocente espiritual, mas um desconhecedor de como é o campo de trabalho na
Seara do Senhor. Para Neemias, conhecer as oposições da obra era tão
importante quanto conhecer o local onde os trabalhos se desenvolviam. O bom
servo do Senhor atenta para todos os detalhes de uma obra e jamais descuida das
artimanhas dos inimigos, suas armas e sua forma de atacar (2 Co 2.11).
Apesar
de toda a organização e planejamento realizados por Neemias, não havia
garantias de que a obra não sofreria reações de objeção dos adversários. Eles
sempre estarão à espreita, observando cada passo que damos (Jó 1.7-8). O povo
de Deus (Israel e Igreja) tem sofrido dificuldades desde sempre. Caminhando no
deserto, Israel sofreu o seu primeiro ataque, quando os Amalequitas os
resistiram (Êx 17.8). No deserto sofreu oposição (Nm 20.17-18) e, desde então,
o povo de Deus tem sido afrontado de diversas maneiras (1Sm 17.10); tem sido
perseguido pelos seus inimigos (Sl 38.19). Seus opositores se levantaram contra
o seu nascimento como nação (Is 66.8) e lutam contra o povo de Deus, como
acontece agora entre Árabes e Israelenses (Gn 16.12). O próprio Cristo não
escapou, antes, amargou dura oposição do inimigo (Hb 12.3). Em seu ministério
sofreu oposição dos religiosos e zelosos fariseus (Mt 12.14), do povo comum (Lc
4.29) e dos líderes do povo judeu (Mt 26.59). Todos desejam a sua morte (Jo
11.53-54). Ele é o exemplo que diante das perseguições devemos nos manter
firmes e sempre aptos a sofrê-las como ele sofreu (Jo 15.20). A igreja também
tem sido perseguida por causa do nome do Senhor Jesus desde os dias primitivos
(At 4.3,21; 5.41-42). A inveja era a arma do inimigo contra a igreja (At
5.17-18), mas o Senhor sempre concedia vitória (At 5.19-20). O apóstolo Paulo
sempre enfrentou opositores (At 13.8; 1Co 16.9) e alertou-nos sobre eles (2Tm
4.14-15).
A igreja, quanto mais perto de
Deus, mais sofre perseguições – “E também todos os que piamente querem
viver em Cristo Jesus padecerão perseguições” (2Tm 3.12).
Desde
que chegou em Jerusalém, Neemias sofreu todo o tipo de oposição (Ne 2.9), mas a
obra seguiu adiante, mesmo frente às ciladas do inimigo (Ne 6.2). Satanás
sempre se levantará contra a obra de Deus (2Co 2.11), mas temos a promessa de
que “… as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mt 16.18). Os
inimigos de Neemias e da obra que realizava tinham nomes: Sambalate, Tobias,
Gesém e seus apoiadores recrutados. Estes ao contemplarem os esforços dos
judeus em reconstruir os muros da cidade, ficaram insatisfeitos e se puseram
como obstáculos diante deles. Embora nos esforcemos e nos empenhemos pela
expansão do Reino de Deus, sempre haverá os que, inspirados por Tobias e
Sambalate, farão oposição à obra do Senhor. Todavia, não devemos nos
amedrontar. Quem se levanta contra a obra de Deus, contra o próprio Deus se
levanta. O mesmo Senhor que esteve com Neemias, também estará conosco. Aos seus
servos dará Ele sabedoria, graça e unção, a fim de que conduzam a Igreja de
Cristo na sã doutrina e de acordo com a vontade divina. Charles Spurgeon disse: “Deus teve somente um Filho sem pecado,
mas nunca teve um filho sem tribulações”.
A chegada de Neemias a Jerusalém representou uma ameaça para
Sambalate, Tobias, Gesém e seus companheiros (Ne 2.10), os quais desejavam que
os judeus continuassem fracos e dependentes. Uma Jerusalém forte colocaria em
perigo o equilíbrio do poder na região e privaria Sambalate e seus amigos de
sua influência e riqueza. Sambalate, que tinha um cargo importante em Samaria,
era o cabeça da oposição a obra de Deus. Ele usou várias táticas intimidatórias
para dissuadir Neemias a levar avante a reconstrução dos muros de Jerusalém. Sambalate
era homem inteligente e astuto. Fez questão de pronunciar as suas palavras
diante do exército Samaritano com a intenção de adquirir a anuência destes e
inibir os construtores (Ne 4.2). Seu intuito era manter Jerusalém subjugada,
humilhada e enfraquecida. São intenções que se assemelham com as de Satanás a
respeito do povo de Deus. Não é vã a crença de alguns estudiosos quando
declaram que o livro de Neemias retrata com perfeição a batalha espiritual que
se desenvolve entre aqueles que servem a Deus e aos seus propósitos e aquele
que se opõe ferrenhamente a tudo que é de Deus – Satanás. Ele é o agente que
age nos bastidores desta história; ele é o verdadeiro adversário de Neemias e
de toda a obra de Deus. Ao se referir a Satanás, Paulo escreveu que “não
lhe ignoramos os desígnios” (2 Co 2:11). O capítulo 4 de Neemias apresenta
quatro desígnios de Satanás em sua oposição à obra do Senhor: Zombaria (Ne
4.1-6); Conspirações ameaçadoras (Ne 4.7-9); Desânimo (Ne 4.10); Medo (Ne
4.11-23). É sabido quando as coisas estão indo bem, devemos nos preparar para
enfrentar dificuldades, pois o inimigo não quer ver a obra do Senhor progredir.
Enquanto o povo de Jerusalém estava conformado com sua triste sina, o inimigo
os deixou em paz. Mas quando os judeus começaram a servir ao Senhor, a
glorificar o nome de Deus, e a realizar a obra, o inimigo entrou em ação. Que
estratégia o Diabo está utilizando para fazê-lo abandonar a obra do Senhor? Não
se esqueça: o adversário lança-nos contínuos dardos inflamados (Ef 6.16). Por
isso, revistamo-nos da armadura de Deus (Ef 6.11).
O
que os nossos olhos veem pode nos desanimar e nos desmotivar a fazer qualquer
coisa para mudar uma situação. Os entulhos e os escombros da cidade estavam por
toda a parte e eram como vozes a advertí-los de que a obra não seria possível. Além
dos olhos verem, havia também o que os ouvidos escutavam de seus adversários, Neemias
4:2-3; Quando nossa visão se prende a desordem do que contemplamos e os ouvidos
se detêm as palavras de derrotismo, teremos um grande problema a ser superado. Sambalate
demonstra grande sutileza, isto é, grande sagacidade e habilidade para jogar a
situação contra os operários da obra que Neemias liderava, pois era isso que
sempre insinuava até que o povo judeu absorveu a sugestão. Isto se revela na
declaração abaixo:
“Então,
disse Judá: Já desfaleceram as forças dos acarretadores, e o pó é muito, e nós
não poderemos edificar o muro”. Neemias 4:10 (ARC). Hernandes Dias Lopes afirma
que os nossos inimigos estão sempre procurando uma brecha para nos atingir e
assim paralisar a obra de Deus. Neste momento específico eles usaram três
expedientes para impedir o avanço da obra de Deus:
Em
primeiro lugar, o inimigo tentou paralisar a obra provocando desânimo interno
(Ne 4.10). Os problemas internos são mais perigosos do que os problemas
externos. Os carregadores estão sem forças, os escombros são muitos e a
conclusão óbvia é: “Não podemos edificar o muro”. Eles sentiram que não
tinham capacidade para concluir a obra. Muitas vezes, o nosso maior problema
somos nós mesmos. O maior obstáculo da obra são os obreiros, dizia Dwight
Moody. Um povo desanimado sempre olha para as circunstâncias em vez de olhar
para o Senhor; escuta mais a voz do inimigo do que a voz de Deus. Wiersbe
afirma que o desânimo é uma das principais armas do arsenal de Satanás. Foi o
desânimo que impediu Israel de entrar na terra prometida em Cades-Barnéia (Nm
13). “Não poderemos subir contra aquele povo, porque é mais forte do que
nós” (Nm 13.31). Os dez espias incrédulos “desencorajaram o coração
dos filhos de Israel” (Nm 32:9), e, em decorrência disso, o povo vagou
pelo deserto durante quarenta anos, até que a nova geração estivesse pronta
para conquistar a terra. “Não somos capazes!”, essa é a palavra de ordem
daqueles que deixam de olhar para o Senhor e que começam a olhar para si mesmos
e seus problemas. Esses trabalhadores judeus desanimados estavam, na verdade,
concordando com os inimigos que os haviam chamado de fracos! (Ne 2:19; 4:1-3).
Em
segundo lugar, o inimigo tentou paralisar a obra espalhando boatos (Ne 4.12). Aqueles
que moravam fora de Jerusalém, próximos desses inimigos, traziam comentários
assustadores e os espalhavam no meio do povo: “De todos os lugares onde
moram, subirão contra nós”. “Estamos completamente cercados, não temos a
mínima chance”, diziam. O boato visa a destruir o espírito de coragem e
cooperação. Boatos são setas do inimigo. Onde prospera a boataria, os obreiros
de Deus ficam alarmados e a obra de Deus paralisa. Os boatos sempre super dimensionam
os problemas. Parecia uma invasão avassaladora, irresistível. O povo estava
guardando os muros, mas não estava guardando seus ouvidos do que os inimigos
diziam.
Como
Neemias reagiu a esses ataques do inimigo? Quais são as armas de combate a
sutileza do inimigo? Neemias nos ensina cinco princípios:
1
– Em primeiro lugar, cada um deve defender sua própria família – “e
pelejai pelos vossos irmãos, vossos filhos, vossas mulheres e vossas casas” (Ne
4.13,14b). Não podemos ter uma igreja forte se não protegermos nossa própria
casa das investidas do inimigo. Neemias era sábio o suficiente para saber que
cada um devia defender prioritariamente sua própria família. Neemias
exorta: “[…] pelejai pelos vossos irmãos, vossos filhos, vossas filhas,
vossa mulher e vossa casa”.
2
– Em segundo lugar, precisamos empunhar as armas de defesa e
combate – “com as suas espadas, com as suas lanças e com os seus
arcos” (Ne 4.13). Não podemos enfrentar os inimigos sem usarmos nossas armas de
defesa e combate. Cada obreiro é um soldado. Estamos em guerra. Nessa batalha
espiritual enfrentamos inimigos invisíveis e tenebrosos. Nessa batalha não há
trégua nem pausa. Nossos adversários não descansam, não tiram férias nem
dormem. Eles vivem nos espreitando e buscando uma oportunidade para nos atacar.
Precisamos vigiar e empunhar as armas.
3
– Em terceiro lugar, precisamos ter uma liderança firme e
exemplar – “E olhei, e levantei-me” (Ne 4.14). Neemias não abandona o
povo na hora da pressão. Ele inspeciona a obra. Ele toma a frente. Ele desafia
os líderes. Ele dá exemplo. A liderança ocupa uma posição de absoluta
importância na hora do combate. Uma liderança fraca, medrosa, vacilante e sem
vida não transmite segurança para o povo na hora da crise. Só lideres fortes e
incorruptos podem conduzir o povo a grandes vitorias.
4
– Em quarto lugar, precisamos colocar os olhos em Deus e não no
inimigo – “Lembrai-vos do Senhor” (Ne 4.14). O ponto básico do
desafio de Neemias e: “Lembrai-vos do Senhor”. Observe o que Deus já fez.
Olhe para a sua fidelidade no passado. Veja os livramentos que Ele já deu ao
Seu povo. Não será diferente agora. Temos de ter muito cuidado com a festa da
vitória. Nunca somos tão vulneráveis quanto depois de uma grande vitória. A
tendência depois de uma consagradora vitória e guardar as armas. Elias, depois
de retumbante vitória no Monte Carmelo sobre os profetas de Baal, tirou os
olhos de Deus e fugiu amedrontado diante das ameaças insolentes de Jezabel. O
segredo da vitória continua em mantermos continuamente nossos olhos em Deus em
vez de coloca-los nas circunstâncias ou nas pessoas (2Cr 20.12).
5
– Em quinto lugar, precisamos redirecionar o foco do nosso
temor – “Não os temais” (Ne 4.14) Em vez de temer o
inimigo, devemos nos voltar para o nosso Senhor, grande e temível. Quem teme a
Deus, não teme aos homens. Quando colocamos os nossos olhos em Deus, Ele
frustra os desígnios do nosso inimigo. Muitos líderes naufragam porque em vez
de temer a Deus, temem os homens; em vez de agradar a Deus, tentam agradar os
homens; em vez de servir a Deus, tentam bajular os homens. Sambalate havia
declarado abertamente que o trabalho seria interrompido, e, por pouco, não foi
exatamente o que aconteceu se Neemias não intervisse com pulso firme e
confiança no Senhor (Sl 18.2; 20.7; 37.5; 91.2; Pv 3.5; Is 12.2).
Existe
uma relação entre tribulações e bênçãos. A vida do servo de Deus sempre estará
permeada tanto de uma quanto da outra. As tribulações tentam desfalecer o nosso
ânimo e nos forçam a desistir da jornada, mas as diversas bênçãos oriundas da
graça de Deus são dádivas que suprem nossas necessidades e glorificam ao
Senhor. Trata-se de um campo de batalha que não podemos ser indiferentes. Sun
tzu, foi um general e filósofo chinês. Ele já dizia: “Se você conhece o
inimigo e conhece a si mesmo, não precisa temer o resultado de cem batalhas. Se
você se conhece, mas não conhece o inimigo, para cada vitória obtida sofrerá
também uma derrota. Se você não conhece nem o inimigo nem a si mesmo, perderá
todas as batalhas.” Urge conhecer os detalhes e os meandros deste percurso,
onde o nosso principal inimigo, inspirador da maldade trabalha dia e noite.
Conhecê-lo é vital para a sobrevivência do servo de Deus.
Quando
o assunto é a obra de Deus, os opostos são atraídos para combaterem contra.
Esta verdade é bastante destacada nos tempos do próprio Jesus, quando os dois
partidos religiosos mais influentes, apesar das diferenças, se uniram para o
propósito comum – perseguir Jesus. Fariseus e Saduceus compunham o Sinédrio ou
por assim dizer, dividiam entre eles as 71 cadeiras daquela que era, a Corte
Suprema da Lei Judaica. Geralmente, esses dois grupos eram antagônicos, tanto
do ponto de vista teológico como político. Os saduceus eram partidários dos
governantes romanos, enquanto os fariseus se ressentiam da sua presença. Mas os
dois partidos trabalhavam juntos no Sinédrio de Jerusalém, e agora estavam
unidos por uma hostilidade comum em sua oposição a Jesus. Neemias teve que
enfrentar diversos inimigos de povos diferentes e motivações diferentes. O seu
livro destaca Sambalate, Tobias, Gesém como os seus principais inimigos (Ne
2.19). Estes se juntaram com a finalidade de deter o trabalho dos judeus em
Jerusalém. Sambalate era da cidade de Horonaim, em Moabe. Era descendente,
pois, de Moabe, gerado por Ló a partir de uma relação incestuosa com sua filha
mais velha. Tobias, por sua vez, era amonita, descendente de Ben-Ami, também
gerado por Ló a partir também do incesto com sua filha mais nova. É bom lembrar
que Ló era sobrinho de Abraão, pai do povo de Israel. Portanto, os moabitas e
amonitas eram primos dos judeus. Gesém, era um morador do deserto arábico,
habitado por diversas tribos sem uma definição genealógica definida. Por isso,
eram chamados de arábios, que significa “misturados”. Satanás usou essa
confederação para dissuadir Neemias da revelação que recebera de Deus para
reconstruir Jerusalém: dois primos, “quase irmãos”, e um “misturado”. O que não
sabiam é que Neemias havia conversado pessoalmente com o Rei na sala do
trono (Ne 2.2-8); era o Rei que havia dado recursos para Neemias; era o Rei que
havia dado cartas para que Neemias tivesse autoridade na sua empreitada; era o
Rei que estava por trás de tudo. Paulo revela que “a nossa luta não é
contra carne e sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades,
contra o príncipe das trevas deste século, contra as hostes espirituais da
maldade, nos lugares celestiais.” (Ef 6.12). Neemias, manteve a guarda
sempre alta em relação as investidas de Sambalate, Tobias e Gesém.
Resistir-lhes era como resistir o próprio diabo. Uma hora ele desiste e se
afasta (Tg 4.7b).
Com
quem está pelejando? Com quem está perdendo tempo e energia? Há pessoas que se
deixam ser levadas pelos ataques malignos e reagem com intensidade equivalente.
Esta atitude não é sábia e pode servir de empecilho posteriormente como por
exemplo: para conquistar tal pessoa para Cristo, portanto sejamos sábios como
Davi e tenhamos graça para identificar o nosso real inimigo. Devemos resistir
aqueles que nos atacam e perseguem, com a Palavra de Deus e uma vida
consagrada.
Sambalate
e Tobias atacam com armas pesadas a Neemias e o povo judeu que com ele se
dispusera na obra do Senhor. A Bíblia diz que ambos escarneceram do povo de
Deus: Neemias 4:1,3. Golias zombou de Davi quando o pequeno pastor foi ao
encontro do gigante carregando apenas uma funda (1Sm 1 7.41-47); Jesus sofreu o
escárnio dos soldados durante seu interrogatório (Lc 22.63-65), foi desprezado
pelos homens (Is 53.3) e do populacho enquanto estava pendurado na cruz (Lc
23:35-37) e; Alguns dos heróis da fé também foram zombados (Hb 11:36). Wiersbe
diz que Sambalate e seus amigos haviam começado a zombar dos judeus mesmo antes
do início das obras nos muros.“Zombaram de nós, e nos desprezaram” (Ne
2.19). Quando Sambalate zomba do povo de Deus tendo o exército de Samaria
presente (Ne 4.2), o texto não explica qual era exatamente a relação
privilegiada que ele tinha junto a este exército. Talvez tenha ajuntado o
exército como uma demonstração de força, a fim de amedrontar os judeus. Ao
proferir seu discurso de abertura diante do exército, Sambalate intensificou o
poder de sua zombaria fazendo algumas pessoas importantes rirem dos judeus. Quando
o inimigo ri daquilo que o povo de Deus está fazendo, normalmente é sinal de
que Deus irá abençoar seu povo de modo maravilhoso. Quando o inimigo
se enfurece na terra, Deus ri no céu (Sl 2.4). Primeiro, Sambalate zombou
dos trabalhadores, ao chamá-los de “fracos judeus” (Ne 4.2). O termo
fraco significa, nesse caso, “mirrado, miserável”. Eram como flores cortadas
que murchavam. Aos olhos dos outros, não tinham quaisquer recursos humanos, mas
o que o inimigo não podia ver eram seus recursos espirituais. O povo do mundo
não entende como Deus se agrada de usar instrumentos fracos para realizar sua
obra (1Co 1.18-31). O mundo se gloria de sua riqueza e poder, mas a glória do
povo de Deus está em sua pobreza e fraqueza. Quando somos fracos, então é que
somos fortes (2Co 12.1-10).
Em
seguida, Sambalate zombou do trabalho em si fazendo quatro perguntas
insultantes. São Elas:
1
– “Acaso vão se fortificar?”. O exército samaritano deve ter caído na
gargalhada. Como era possível um frágil remanescente judeu ter a pretensão de
construir muros fortes o suficiente para proteger sua cidade de um exército?
2
– A pergunta: “Sacrificarão?” dá a entender: “Será preciso
muito mais do que orações e cultos para reconstruir a cidade!” – palavras
blasfemas contra o Deus Jeová, pois Sambalate estava negando que Deus era capaz
de ajudar seu povo.
3
– “Serão capazes de terminar tudo num só dia?”, sugere que os judeus
desconheciam a dificuldade da tarefa e que não tardariam a desistir.
4
– “Vivificarão dos montões do pó as pedras que foram
queimadas?”. Em sua última pergunta, Sambalate zombou dos materiais
que usavam. As pedras foram tiradas dos escombros, e é bem provável que
estivessem tão velhas e estragadas que não serviriam para coisa alguma quando
fossem colocadas nos muros. Tobias, o amonita, estava presente na revista das
tropas samaritanas; e, quando chegou sua vez de falar, zombou do resultado
final do trabalho (Ne 4.3). “Não seria preciso um exército para derrubar
os muros; uma só raposa seria capaz de destruí-los!”. É evidente que muito
daquilo que Sambalate e Tobias falaram era verdade do ponto de vista humano,
pois o remanescente judeu era fraco e pobre e aquela empreitada era grande
demais para eles. Porém, haviam depositado sua fé em um Deus grande e poderoso,
e foi isso o que fez toda a diferença.
Qual
foi a reação de Neemias a todo esse escárnio? Preservou a sua mente centrada no
propósito definido por Deus. Seus pensamentos permaneceram sóbrios e sem a
interferência das maldosas mensagens enviadas pelos inimigos da obra de Deus. Como
anda a sua mente e coração diante do desprezo e escárnio do inimigo? Como diz o
ditado: “pegou corda?” Deus ainda é Aquele que nos sustenta em Sua obra e todos
os inimigos que de nós escarnecem, sucumbiram diante dEle e dos nossos olhos
(1Sm 17).
Diante
de tantas palavras desanimadoras e irônicas, Neemias não se escondeu ou
calou-se, mas fez uma oração de juízo contra Sambalate. Neemias 4:4-5. Orou
pedindo a Deus que combatesse o inimigo por ele. Essa é terceira vez que vemos
Neemias orando (Ne 1.4-11; 2.4) e não será a última. Devemos nos lembrar de que
Neemias orava como um servo do Senhor preocupado com a glória de Deus. Não
pedia vingança pessoal, mas sim vindicação oficial para o povo de Deus. O
inimigo havia cometido o pecado terrível de provocar a Deus com blasfêmias diante
dos construtores. A oposição de Sambalate e Tobias aos judeus era, na
realidade, uma oposição ao Senhor. A Bíblia relata um caso interessante e
semelhante, onde o rei da Assíria invadiu as terras de Judá e acampou-se contra
as cidades fortes, intentando toma-las para si (2Cr 32.1). A presunção de
Senaqueribe o fez enviar servos até Jerusalém com palavras de desprezo e
escreveram cartas que blasfemavam do Senhor (2Cr 32.17). Eles aterrorizaram e
perturbaram os moradores de Jerusalém (2Cr 32.18), porém Ezequias tomou as
cartas de blasfêmia contra Deus, as estendeu perante o Senhor e orou (2Re
19.14-19); então, o profeta Isaías enviou-lhe a mensagem do Senhor dizendo:
2
Reis 19:20-23. Note que a resposta divina através do profeta, revela que a
afronta contida nas cartas não era diretamente ao povo, mas diretamente ao
próprio Deus! Quando somos afrontados por quem quer que seja, Deus é quem toma
as dores do seu povo e resolve a questão por eles. Neemias não permitiu ser
distraído de seu trabalho ao gastar tempo respondendo às palavras desses
homens. O Senhor havia escutado as provocações zombeteiras de Sambalate e
Tobias e trataria com eles a sua maneira e a seu tempo. A resposta mediante as
afrontas, ameaças, escárnios e toda sorte de desprezo contra o povo de Deus só
virá quando o seu povo orar com o coração desprovido de qualquer sentimento de
vingança ou desforra. Wiersbe afirma que as coisas que as pessoas dizem podem
nos magoar, mas não podem, jamais, nos ferir, a menos que as deixemos penetrar
em nosso ser e nos contaminar. Se passarmos tempo refletindo sobre as palavras
do inimigo, daremos a Satanás um ponto de apoio que ele pode usar para lançar
outro ataque ainda mais próximo. O melhor a fazer, nesses casos, é orar e
entregar tudo ao Senhor e, então, voltar ao trabalho! Qualquer coisa que nos
impeça de fazer aquilo para o que Deus nos chamou só serve para ajudar o
inimigo.
Apesar
de ser engraçado quando ouvimos alguém citar a frase: “Faça a sua parte
que Eu te ajudarei” ou “faça a sua parte que Eu faço a
minha” como sendo um versículo da Bíblia, existe um análogo que se acha em
Salmos 37.5: “Entrega o teu caminho ao SENHOR; confia nele, e ele tudo fará.”
(ARC). Apesar do texto citado: “faça a sua parte que Eu faço a
minha” não se achar nas Escrituras, a sua ideia sim. Essa frase mostra um
princípio de responsabilidade que devemos ter. A soberania e as obras de Deus
não anulam a nossa responsabilidade de responder a nossa fé com o serviço (Tg
2.14-26). A responsabilidade cristã está em servir e somente servimos quando
trabalhamos. São as mãos que testemunham o nosso serviço e por isso o Senhor
falou para Israel: “… ninguém apareça de mãos vazias perante mim” (Êx
23.15b). O trabalho de Cristo é sinalizado pelas marcas em suas mãos: “E,
se alguém lhe disser: Que feridas são essas nas tuas mãos?, dirá ele: São as
feridas com que fui ferido em casa dos meus amigos” (Zc 13.6).
O
pastor Adalberto Alves exemplifica com propriedade o homem e Deus agindo em conjunto.
Enquanto a mão do homem remove a pedra que fechava o túmulo de Lázaro (pois
isto o homem pode fazer), Jesus ressuscitou aquele que estava morto (isto
somente Deus pode realizar), depois de ressuscitado, o homem entra em ação
novamente retirando as ataduras que cobriam o corpo (Jo 11.39-44). Enquanto
Deus operou uma única vez milagrosamente e sobrenaturalmente, o homem operou
duas vezes trivialmente e naturalmente, demonstrando o quão importante é a
nossa participação na obra do Senhor. Podemos fazer até mais na obra de Deus,
mas o que a diferencia das demais obras é quando Ele age!
Neemias
é um exímio planejador, mas também demonstra habilidade de se flexibilizar e
mudar a estratégia sem comprometer a visão quando se achava diante de mudanças
circunstanciais. A ideia inicial era que todo o povo trabalhasse na
reconstrução dos muros e das portas, porém diante da ameaça dos opositores,
Neemias redistribuiu tarefas e criou novas funções. Wiersbe diz que a primeira
providência que Neemias tomou diante do novo cenário foi postar guardas em
locais estratégicos sobre os muros. O inimigo poderia ver, então, que os judeus
estavam preparados para lutar. Armou famílias inteiras, sabendo que se uniriam
e encorajariam mutuamente. Os judeus não apenas repararam as partes do muro que
ficavam próximas a suas casas (Ne 3.28-30), mas também ficaram junto de suas
famílias para proteger seus lares e a cidade. Desta forma, o povo engajado na
obra do Senhor dá-nos importante lição de que este trabalho sempre deve ser
feito com vigilância. Com as mãos se executa e com os olhos se observa.
O
ouvido do servo de Deus deve estar sempre afinado no diapasão do Espírito. Isto
garantirá a ele, sempre poder ouvir o som emitido do céu convocando-o para as
manobras necessárias na Seara do Mestre. Wiersbe explica que Neemias sabia que
não poderia interromper as obras toda vez que ouvisse um rumor diferente, de
modo que criou um plano de defesa a fim de resolver o problema: metade dos
homens trabalharia nos muros, enquanto a outra metade ficaria de guarda.
Providenciou para que os que carregavam materiais também estivessem armados e
para que os trabalhadores nos muros levassem espadas consigo. Desse modo, o
trabalho não seria interrompido, e os trabalhadores estariam prontos caso o
alarme soasse. O homem que tocava a trombeta ficaria perto de Neemias para que
o alarme fosse dado imediatamente. Vale ressaltar que a trombeta não podia dar
sonido incerto e que o povo deveria conhecer cada tinido que ela produzisse (Ne
4.18). Portanto, afine seus ouvidos a voz do alerta para que quando ele soar
você prontamente esteja no seu posto de combate (Ne 4.20). Não importava o que
estivessem fazendo ou em que parte dos muros estivessem trabalhando, todos se
mantinham atentos ao som da trombeta. Este é sem dúvidas, um ótimo exemplo a
seguirmos enquanto trabalhamos e esperamos pela volta do
Senhor! “Porquanto o Senhor mesmo, dada a sua palavra de ordem, ouvida a
voz do arcanjo, e ressoada a trombeta de Deus, descerá dos céus” (1Ts
4.16) – Aleluia!
Atualmente
é bastante visível a falta de unidade entre irmãos e departamentos na igreja.
Vê-se constantemente pastores apelarem para o assunto com mensagens e ensinamentos
que exploram o tema: União, pois não falta cooperação entre nós. O que tem
prevalecido é uma disputa desenfreada e muitas vezes escancarada que traz
grandes prejuízos para a obra do Senhor. O apóstolo Paulo já havia identificado
este sintoma nos obreiros do seu tempo quando escreveu em Filipenses 1:15. “Verdade
é que também alguns pregam a Cristo por inveja e porfia,
mas outros de boa mente”; (ARC). A palavra “porfia” no texto acima é no grego
“eris” e seu significado se aproxima de “contenda”, “disputa” e “discussão”,
termos que apontam para desarmonia, separação, discordância,
divergência, DESUNIÃO! Essa foi a palavra que Paulo usou para descrever as
facções existentes na igreja de Corinto, e que provocaram traumáticas divisões
(1Co 3.3). Hernandes Dias Lopes acrescenta que a palavra “eris” também traz a
ideia de competição para receber o apoio de outros. Assim, em vez de
perguntarem: “Você já aceitou Cristo?”, perguntavam: “De que lado você está, do
nosso ou do de Paulo?” Aquelas pessoas faziam a coisa mais sublime e mais santa
do mundo, pregar o evangelho; com as intenções mais obscuras e nebulosas, a
promoção de si mesmas. Ficavam felizes quando podiam fazer mais do que os
outros. As limitações dos outros lhes davam prazer mórbido. Com muita frequência,
nós nos ressentimos, pois outro ganha uma distinção que nós não recebemos.
Muitas vezes, olhamos para o outro como inimigo, pois tem expressado alguma
crítica sobre nós ou nossos métodos. Com frequência, pensamos que alguém não
serve porque não faz as coisas do nosso modo. Desta forma, provocamos a
desunião, cultivamos a separação e impedimos que o Senhor ordene a bênção e a
vida (Sl 133.5) sobre a igreja que é o corpo de Cristo. A união é pré-requisito
para que o Senhor derrame sobre nós as bênçãos e a vida que provém dEle (Sl
133.1). Não deve existir complexo de inferioridade nem de superioridade entre
os membros do corpo de Cristo (1Co 12.15-21). Estamos todos engajados na mesma
obra. Estamos lutando por uma mesma causa. Somos soldados do mesmo exército,
sob o comando do mesmo general. Por isso, devemos estar unidos!
Um
cristão imóvel na obra de Deus não representa nenhuma ameaça para o inferno,
porém um simples movimento em direção ao trabalho, pedras choverão em seu
telhado. Concluo com a citação inspiradora do Irmão Yun: “Não ore para que
a perseguição pare. Não devemos orar por uma carga mais leve para carregar, mas
por costas mais fortes para perseverar!”
COMENTÁRIOS
ADICIONAIS
Pb.
Lindoval Santana - ADS
– Assembleia de Deus de Sobradinho.
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