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 A MANIFESTAÇÃO PÚBLICA DO SERVO EM JERUSALÉM

Lição 10 – 5 de março de 2023

TEXTO ÁUREO
“Bendito o reino de nosso pai Davi, que vem em nome do Senhor! Hosana nas alturas!” Marcos 11.10

VERDADE APLICADA
Como nosso Senhor Jesus Cristo, precisamos estar alertas para não nos desviarmos do plano de Deus para nossa vida.

OBJETIVOS DA LIÇÃO
Destacar que a Casa do Senhor é lugar de oração;
Ressaltar o zelo que o Senhor tinha pela Casa do Senhor;
Mostrar que o Servo é Rei e o Messias.

TEXTOS DE REFERÊNCIA
MARCOS 11
1. E, logo que se aproximaram de Jerusalém, de Betfagé e de Betânia, juntos ao monte das Oliveiras, enviou dois dos seus discípulos.
2. E disse lhes: Ide à aldeia que está defronte de vós; e, logo que ali entrardes, encontrarei preso um jumentinho, sobre o qual ainda não montou homem algum; soltai-o e trazei-mo.
4. E foram, e encontraram o jumentinho preso fora da porta, entre dois caminhos, e o soltaram.
5. E alguns dos que ali estavam lhes disseram: Que fazeis, soltando o jumentinho?
6. Eles, porém, disseram-lhes como Jesus lhes tinha mandado; e deixaram-nos ir.
7. E levaram o jumentinho a Jesus e lançaram sobre ele os seus vestidos, e assentou-se sobre ele.

COMENTÁRIO ADICIONAL

INTRODUÇÃO
Prezados irmãos, graça e paz de nosso Senhor e Salvador Jesus!
Na presente lição, veremos que nosso Senhor Jesus apareceu publicamente em Jerusalém, após estar pregando e ensinando sobre o reino de Deus em outras regiões. Sua manifestação pública, como sempre acontece no Novo Testamento, foi necessária para que se cumprissem as profecias a Seu respeito. Ele estava ciente do que aconteceria, sabia da horrível morte de cruz que teria de passar, por vontade do Pai, em favor de muitos (Mt 26:28). Mesmo sabendo disso tudo, Ele se entregou voluntariamente, por nós, por graça pura (Jo 10:18). Gostaria de propor uma reflexão aos irmãos: você se casaria com uma pessoa, sabendo que ela te trairia constantemente? Muito provavelmente, sua resposta é NÃO. Contudo, Jesus nos escolheu como sua noiva! Mesmo sabendo que nós, sua noiva, cometeríamos adultério constantemente. Todos nós pecamos todos os dias, viramos as costas para Deus diariamente, nos esquecemos das grandezas e bênçãos do Senhor. Mesmo assim, Deus nos amou tanto que entregou seu Filho para nos salvar da condenação eterna (Jo 3:16). Em obediência ao Pai, e também por vontade própria, Jesus vai até Jerusalém para firmar o pacto de sangue conosco, a nova aliança. A Ele seja dada toda honra, glória e louvor eternamente!

1. Um evento que entraria para a história
Não é de se admirar que, de fato, a entrada de Jesus em Jerusalém entraria para a história. Sua entrada na cidade tem um significado de altíssima importância: é a cidade do Grande Rei, o centro das expectativas messiânicas, que todo o povo aguardava. Veja: Grande é o Senhor e mui digno de ser louvado, na cidade do nosso Deus, seu santo monte. Alto e belo, alegria de toda a terra, é o monte Sião, para os lados do Norte, a cidade do grande Rei. (Salmos 48:1,2)

1.1 A entrada do Servo em Jerusalém se aproxima
Acredito ser muito relevante, neste tópico, destacar que foi necessário Jesus entrar em Jerusalém. Não foi por acaso, tampouco coincidência. No relato de Mateus, vemos que foi necessário para se cumprir o que foi dito por meio do profeta Zacarias (Mt 21:4-5). Vejamos o que está escrito na profecia: Alegre-se muito, ó filha de Sião! Exulte, ó filha de Jerusalém! Eis que o seu rei vem até você, justo e salvador, humilde, montado em jumento, num jumentinho, cria de jumenta. (Zacarias 9:9)

Além disso, como dito anteriormente, Jerusalém é a cidade do Grande Rei: nosso Senhor Jesus. Existem outros motivos, mas guarde isto no seu coração: nada do que Deus faz é mera coincidência, existe propósito em tudo.

1.2 O Servo planejou sua entrada em Jerusalém
Como dito anteriormente, existe propósito em todas as ações de Deus. Veja que foi tudo muito bem planejado, não só sua entrada em Jerusalém, como tudo em sua vida.
Foi necessário:
1 – Jesus passar pela chamada “via dolorosa” (o caminho de Jesus desde sua prisão até crucificação). Nesse caso, Judas, após a refeição pascal, levou um contingente de soldados ao Getsêmani para prenderem Jesus;
2 – De lá, Jesus foi levado a Anás, que o levou a seu genro Caifás, o sumo sacerdote.
3 – Os líderes judeus, então, apelaram ao governador romano Pilatos para que Jesus fosse condenado à morte.
4 – Lucas registra que Pilatos o envio a Herodes, que o interrogou;
5 – Após o interrogatório de Herodes, Jesus foi mandado de volta a Pilatos, sem apresentar sentença alguma, sendo inocente;
6 – Após isso, Pilatos enviou Jesus para ser crucificado no Gólgota.
Tudo isso aconteceu porque devia ter acontecido, sob a vontade soberana de Deus.

1.3 Um momento especial para uma pessoa especial
Jesus chegou em Jerusalém num momento muito especial para o povo Judeu: a festa da Páscoa. Segundo Warren Wiersbe, a população judaica quase quadruplicava. Então imagine o cenário: uma multidão de judeus, numa cidade dominada pelo império Romano, recebendo alguém que, para este povo, seria o verdadeiro Rei dos Reis.

A Páscoa judaica tinha (e tem) um valor histórico importantíssimo, pois representa a saída do povo hebreu das garras do Egito. Em paralelo, como todo o Antigo Testamento aponta para Cristo, é facilmente percebida essa relação com o verdadeiro libertador da escravidão dos nossos pecados: aquele que chegou montado em um jumentinho, humilde, sendo recebido pelo povo (Mc 11:7). Jesus Cristo é muito mais que especial para o seu povo, é o centro do nosso viver. Por isso foi um momento especial para uma pessoa especial.

2. É chegado o grande momento
Agora, vejamos como foi a entrada triunfal de Jesus na Santa Cidade: Levaram o jumentinho a Jesus, puseram as suas capas sobre o animal, e Jesus montou nele. Muitos estenderam as suas capas no caminho, e outros espalharam ramos que tinham cortado nos campos. Tanto os que iam adiante dele como os que o seguiam clamavam: "Hosana! Bendito o que vem em nome do Senhor! Bendito o Reino que vem, o reino de Davi, nosso pai! Hosana nas maiores alturas!" (Marcos 11:7-10).

2.1 O Servo entra na Cidade Santa
Interessante destacar que um Rei, normalmente, possui uma escolta armada, um carro muito chique, coroa, roupas pomposas e tudo mais que se possa imaginar de uma pessoa riquíssima. Contudo, o verdadeiro Rei é totalmente contrário: humilde, sem escolta, vestido com roupas absolutamente normais, sem coroa. A cultura do Reino de Deus é contrária à nossa cultura. Para nós, o conceito de qualquer coisa sempre vai ser contrário ao conceito de Deus, porque devemos entender as coisas espirituais para entender o Reino de Deus.

Acho legal também destacar o fato de as pessoas jogarem suas capas pelo caminho, bem como outras pessoas jogaram ramos de árvores e espalharam pelo caminho de Jesus (Mc11:8). Por quê? Segundo a Bíblia de Estudo NAA, as vestes pelo caminho simbolizam a submissão da multidão a Jesus como Rei, como em 2Rs 9:13. Quanto aos ramos (palmas) representavam nacionalismo judaico e vitória. Palmas eram comuns, tanto nas moedas judaicas quanto na ornamentação das sinagogas. Já nos versículos 9 e 10, vemos o povo clamando “Hosana”, que em hebraico, significa “oh, salva-nos”. E para finalizar, o povo reconhecia que Jesus é o Messias da linhagem de Davi, quando falavam “Bendito o reino que vem, o reino de Davi...”

2.2 Uma tarde que entraria para a história
Após a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, Ele entra no templo: E Jesus entrou em Jerusalém, no templo. E, tendo observado tudo, como já era tarde, saiu para Betânia com os doze. (Marcos 11:11)
Somente aqui, no evangelho de Marcos, temos esse detalhe de que já era final da tarde quando ele voltou para Betânia, onde provavelmente ficou hospedado na casa dos irmãos Lázaro, Maria e Marta.
Essa primeira ação de Jesus ao entrar em Jerusalém é muito interessante, por dois motivos:

1) Normalmente, nós, quando chegamos em algum local, procuramos locais para nos divertir. Mas Jesus vai para a casa do Pai, o único lugar onde deveríamos almejar estar. Fica a lição para todos nós: buscar primeiro o Reino de Deus, ir à igreja (templo), na casa de oração.
2) Como já dito anteriormente, todas as ações de Cristo têm um propósito. Ele ter ido ao templo também cumpre uma profecia: — Eis que eu envio o meu mensageiro, que preparará o caminho diante de mim. De repente, o Senhor, a quem vocês buscam, virá ao seu templo; e o mensageiro da aliança, a quem vocês desejam, eis que ele vem, diz o Senhor dos Exércitos. (Malaquias 3:1)
Jesus não foi ao templo simplesmente como um peregrino, visitando. Foi como um Senhor Soberano, como vimos na profecia de Malaquias.

2.3 As lições de uma figueira infrutífera
Ao lermos o texto rápido, sem dar muita atenção, e sem refletir, podemos chegar à errônea conclusão de que Jesus foi injusto ao amaldiçoar a figueira. Veja: No dia seguinte, quando saíram de Betânia, Jesus teve fome. E, vendo de longe uma figueira com folhas, foi ver se nela acharia alguma coisa. Aproximando-se dela, nada achou, a não ser folhas; porque não era tempo de figos. Então Jesus disse à figueira: — Nunca mais alguém coma dos seus frutos! E os discípulos de Jesus ouviram isto. (Marcos 11:12-14)

Podemos pensar: “ora, se não era tempo de dar figos, então por que Jesus fez isso? Afinal, não era culpa da figueira, bastaria Jesus ir ao tempo certo que estaria tudo bem”. Como disse, sem uma pausa para reflexão, podemos chegar a essa conclusão, mas não é bem assim. Então vamos refletir: os frutos da figueira começam a aparecer quase na mesma época que as folhas. Portanto, o surgimento de folhas em plena flor deveria ter indicado que o fruto (na forma de figos) já estava em desenvolvimento. Dessa forma, a figueira aqui em questão tem a aparência de ter frutos, pois a evidência disso são suas folhas. Então, Jesus vai até essa figueira, que aparenta ter frutos, e, após analisar, ela não tem.

Isso representa a hipocrisia de todos os que têm a aparência de dar frutos, mas que, na verdade, não dão. Podemos ver, ao longo do A.T. que a figueira é usada frequentemente como metáfora para o povo de Israel (Jr 8:13 / Os 9:16,16 / Jl 1:7). Assim, pelo contexto, a maldição de Deus é acerca do infrutífero povo judeu que não frutifica, mas dão foco em rituais vazios e cheios de legalismo.

Apesar de o contexto se referir ao povo judeu, claro que se aplica a nós, atualmente. Jesus disse que toda árvore que não dá bons frutos será cortada e jogada no fogo! Jesus busca pelo verdadeiro fruto de adoração, oração, reverência, justiça, e não falsos cristãos que aparentam dar frutos, mas na verdade estão secos e enganam as pessoas. Da mesma forma que a figueira sem fruto “enganou” Jesus (por mostrar uma coisa e fazer outra), e foi condenada, assim também são os crentes que vivem de aparências: serão condenados se não se converterem genuinamente a Cristo.

3. O zelo do Servo pelo templo
O templo, no contexto judaico, tinha valor inestimável. Isso porque, além da história desse local sagrado (construção por Salomão, destruição pelo império babilônico, reconstrução por Zorobabel, e reforma por Herodes no período helenístico), o templo era considerado a presença permanente de Deus. É tanto que em Jo 4:20, a mulher samaritana questiona Jesus sobre o local correto de adoração a Deus: em Jerusalém ou no monte de Jacó.

Dessa forma, Jesus, como um ótimo judeu, também dá valor ao templo, que o próprio Deus abençoou e permitiu que os homens o construíssem para ser um local de comunhão, adoração, busca ao Santo Nome e entrega total ao nosso Deus.

3.1 Jesus expulsa os mercadores do templo
Exatamente por conta desse zelo puro e santo de Jesus pelo templo sagrado, Ele expulsa os mercadores: E foram para Jerusalém. Quando Jesus entrou no templo, começou a expulsar os que ali vendiam e compravam. Derrubou as mesas dos cambistas e as cadeiras dos que vendiam pombas, e não permitia que alguém atravessasse o templo carregando algum objeto. (Marcos 11:15,16)

Pois bem, meus irmãos, os convido a parar um pouco para refletir sobre este episódio. Isso porque, da mesma forma que na maldição da figueira (Mc 11:12-14), se lermos essa passagem sem a devida atenção, corremos o risco de cair numa péssima e incorreta interpretação.

Alguns irmãos, não com más intenções, justificam esse trecho com a famosa frase: “Jesus teve uma ira santa, por isso agir com tal brutalidade”. De todo, não está errado, mas falta muita explicação ainda, pois afirmar uma “ira santa” não é suficiente para explicar uma aparente violência contra as pessoas, apesar de que Jesus não agrediu ninguém. Pretendo expor uma explicação mais detalhada sobre isso, ainda que seja mais prolongado, acredito que vale a pena o tempo de leitura.

Podemos ver que mesas foram montadas no templo, pelos cambistas, para que os peregrinos e estrangeiros pudessem trocar suas respectivas moedas pelas moedas aceitas pelo templo (meio ciclo, Êx 30:13-16). Tais moedas também seriam necessárias para comprar pombas, sal, cordeiros, óleo, e tudo mais que as cerimônias de purificação exigiam (Lv 1:14; 5:7,11; 12:8; 14:22-30). Veja que esses comerciantes simplesmente montaram um sistema para lucrar em cima das leis que Deus instituiu para o povo: como vieram de longe, era difícil trazer um cordeiro a pé, ou outro animal, e sua moeda local não era aceita no templo. Assim, uma pessoa nessa situação não conseguiria se quer entrar no templo, pois eram impedidas no átrio exterior. Em especial os gentios. Imagine a situação! Pessoas vindo de várias partes do mundo para buscar a Deus, sendo impedidas pelo comércio do templo.

É nesse contexto que Jesus expulsa esses comerciantes, pois ninguém tem o direito de impedir a verdadeira adoração, a verdadeira busca ao Senhor, sendo objetivo claro de Jesus restaurar a verdadeira função do templo (ainda que temporariamente) em ser a Casa de Oração para todas as nações (Is 56:7). Ao invés disso, o templo estava na situação de covil de salteadores (Jr 7:11).

3.2 O cuidado pela casa do Pai
Meus irmãos, observem que Jesus tem um zelo especial em relação ao templo, e que por conta desse zelo, Ele expulsa todos os comerciantes que atrapalham a verdadeira adoração das pessoas a Deus. É por isso que podemos perceber esse cuidado pela casa do Pai: Jesus não abre mão de um coração contrito, arrependido, em detrimento de leis cerimoniais que os fariseus e os líderes religiosos deturparam ao longo dos anos.

E isso pode ficar de lição para nós atualmente: será que nós, membros do corpo de Cristo, que é a igreja, noiva imaculada, estamos atrapalhando as pessoas a buscarem a Deus de todo coração? Será que estamos transformando a casa do Pai em uma sinagoga de Satanás? Sei que há várias denominações espalhadas pelo mundo, mas a igreja verdadeira de Cristo é só uma: todo aquele que crê nEle de todo coração, com todas as forças de sua alma. A casa do Pai não deveria ser local de comércio, shows, palestras miraculosas, ou algo parecido. Lembremos que o cabeça da igreja é Jesus Cristo, e Ele tem muito zelo e cuidado pela casa do Pai, onde as pessoas se encontram para buscá-lo de todo coração.

3.3 Um lugar que deveria ser de intimidade com Deus
Para finalizar essa parte a respeito do templo, gostaria de deixar bem claro algumas coisas sobre a igreja. Como dito anteriormente, o templo deveria ser um local de intimidade com Deus, através de oração e comunhão: também os levarei ao meu santo monte e lhes darei alegria na minha Casa de Oração. Os seus holocaustos e os seus sacrifícios serão aceitos no meu altar, porque a minha casa será chamada ‘Casa de Oração’ para todos os povos." (Isaías 56:7)

Com isso em mente, pergunto: o que é igreja? Muitos irmãos responderiam que é o prédio onde os crentes se encontram para cultuar a Deus. Contudo, o prédio, por si só, não é a igreja. A igreja de Cristo é formada por cada membro, e todos esses membros formam um corpo único, que se sujeita ao cabeça: Jesus Cristo. Acontece que a igreja de Cristo precisa de um local para se reunir e prestar um culto racional a Deus. Esse local pode ser em qualquer lugar, inclusive, na era da igreja primitiva, os cristãos se reuniam em casas também: E todos os dias, no templo e de casa em casa, não cessavam de ensinar e de pregar que Jesus é o Cristo. (Atos 5:42)

Veja que um local é necessário para as reuniões, e este local deve ser um lugar de intimidade com Deus, seja no templo, seja em casa (culto nos lares), seja aonde for que os cristãos estejam reunidos em nome de Cristo.

CONCLUSÃO
Acho muito interessante a forma que Marcos organiza seu material nesses versículos estudados: após a entrada de Jesus em Jerusalém (Mc 11:1-11), vem a narrativa da figueira sem fruto (Mc 11:12-14). Após isso, vemos Jesus no templo (Mc 11:15-19). Essa organização fica bacana para entender o juízo de Jesus sobre Jerusalém (em sentido figurado) por meio da maldição da figueira e a purificação do templo, ações que destacam o zelo de Jesus pela verdadeira adoração a Deus, que deve ser em espírito e em verdade: Mas vem a hora — e já chegou — em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade. Porque são esses que o Pai procura para seus adoradores. Deus é Espírito, e é necessário que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade. (João 4:23,24).

REFERÊNCIAS BIBLIOGÁFICAS
► Bíblia de Estudo – Nova Almeida Atualizada, Sociedade bíblica do Brasil, 2017 – Barueri, São Paulo.
► Wiersbe, Warren W. – Comentário bíblico expositivo: Novo Testamento, volume 5. Editora Geográfica, Santo André - São Paulo, 2017
► Revista Betel Dominical, adultos, 1º Trimestre de 2023, ano 33, nº 126. O evangelho de Marcos – O serviço e a missão no serviço da obra de Deus. Lição 10: A manifestação pública do Servo em Jerusalém.

COMENTÁRIO ADICIONAL – Fernando Júnio – Servo do Senhor Jesus.

O SERVO REVELA O PAI E O PERFEITO PLANO DIVINO - COMENTÁRIOS ADICIONAIS

 O SERVO REVELA O PAI E O PERFEITO PLANO DIVINO

Lição 0926 de Fevereiro de 2023

TEXTO ÁUREO

E ele lhes disse: Mas vós, quem dizeis que eu sou? E, respondendo Pedro, lhe disse: Tu és o Cristo” (Mc 8.29).

VERDADE APLICADA

Os que estão em Cristo desfrutam de um relacionamento intimo com Deus e do conhecimento de Seu plano e propósito.

OBJETIVOS DA LIÇÃO

Mostrar a importância de conhecer sobre Jesus;

Falar sobre o plano de Deus revelado por meio de Jesus;

Explicar que Jesus Cristo é o mistério revelado.

TEXTO DE REFERÊNCIA

Mc 8.27 - E saiu Jesus, e os seus discípulos, para as aldeias de Cesaréia de Filipe; e no caminho perguntou aos seus discípulos, dizendo: Quem dizem os homens que eu sou?

Mc 8.28 - E eles responderam: João o Batista; e outros: Elias; mas outros: Um dos profetas.

Mc 8.29 - E ele lhes disse: Mas vós, quem dizeis que eu sou? E, respondendo Pedro, lhe disse: Tu és o Cristo.

Mc 8.30 - E admoestou-os, para que a ninguém dissessem aquilo dele.

 

COMENTÁRIOS ADICIONAIS

INTRODUÇÃO

Quando Adão e Eva comeram o fruto proibido, assinaram sua sentença de morte (Gn 3.1-3). A Bíblia declara que o salário do pecado é a morte (Rm 6.23). Adão e Eva pecaram e infelizmente a morte veio como uma consequência do pecado. “Assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram” (Rm 5.12). Mas, Deus estava disposto a salvar o homem, nem que para isto Ele próprio tivesse que nascer, viver e morrer como homem para que pudesse resgatá-lo. E assim o fez. Estabeleceu um plano para nos salvar da morte eterna. Plano mediante o qual seu Filho daria a vida em lugar do pecador. “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” (Jo 3.16). 

1. A IMPORTÂNCIA DE CONHECER SOBRE JESUS 

Existem velhas perguntas que exigem respostas novas. Uma delas é que Jesus faz: “Quem dizem os homens que eu sou?” (Mc 8.27). A pergunta não é feita diretamente aos homens, mas aos seus discípulos. Ele queria saber se seus discípulos estavam cientes do que pensavam os outros a respeito do Servo. Jesus sabia que o momento crucial em sua vida estava se aproximando e era hora de revelar verdades que iriam preparar a vida de seus seguidores.


1.1. A verdade que precisa ser conhecida por todos

Antes que revelasse o plano da salvação pela cruz, Jesus chama os seus discípulos e pergunta: Mas vós, quem dizeis que eu sou?Jesus queria se certificar o que eles pensavam a respeito de sua pessoa. Vivemos dias em que precisamos, mas do que nunca, firmar nossa convicção de quem, seja Jesus. A pessoa de Jesus corre o risco de ficar obscurecida pelas doutrinas dos mais diversos grupos religiosos. Além de sua pessoa ficar multifacetada, a confusão na mente das pessoas que precisam se converter é também grande, pois em vez de ficarem frente a frente com o Senhor Jesus Cristo, o Rei dos reis e Senhor dos senhores, o único capaz de salvá-los, ficam diante de uma figura tosca, pintada pela liturgia de um Jesus ineficaz e de muitos credos. O Jesus que todos devemos conhecer é aquele que a Bíblia apresenta. 

1.2. A verdade que é conhecida mediante a fé 

O paganismo com todos os seus ídolos, relacionados na maioria com seres e fenômenos da natureza, são resultados da incapacidade de os homens conhecerem a verdade. Precisamos ter uma correta compreensão da verdade. A compreensão da verdade leva inevitavelmente à compreensão da pessoa de Jesus e sua obra. A pessoa e a obra de Jesus, por sua vez, deve ser entendida mediante a fé e no ensino do próprio Jesus e da Bíblia Sagrada. Jesus veio primariamente revelar Deus ao homem e trazer este à plena comunhão com Deus. Ele não veio para promover espetáculos de curas, milagres e exorcismos. Estes feitos foram realizados para mostrar que o reino de Deus viria, com poder, instaurar-se na história humana, e daquele momento em diante, já estava posto um julgamento diante dos homens. Dependendo da decisão, ou a vida eterna ou a condenação eterna.

1.3. É preciso conhecer e crescer no conhecimento sobre Jesus 

É muito importante para o Cristão conhecer o Plano da Salvação para firmar sua fé em Cristo bem como poder explicar para outros sobre o propósito de Deus em suas vidas. Com esse conhecimento, você poderá tomar as decisões importantes com base em verdades eternas, em vez de fazê-lo baseando-se nas circunstâncias instáveis da vida. Por causa desse plano, podemos ser aperfeiçoados por meio da Expiação, receber a plenitude da alegria e viver para sempre na presença de Deus. 

2. O PLANO DE DEUS REVELADO POR INTERMÉDIO DE SEU SERVO 

O plano de Deus é o Seu propósito com relação a tudo o que existe e acontece, inclusive, fazer com que os seus filhos possam conhecer que Jesus Cristo é o enviado de Deus para salvar o homem de seus pecados. O ensino geral da Bíblia afirma que Deus tem um plano e que Ele atua na condução de todas as coisas para que esse plano seja cumprido. Como parte desse plano, Jesus Cristo veio à terra para nos redimir e nos mostrar o caminho. O propósito é levar a efeito a imortalidade e a vida eterna do homem. Isto inclui a criação, a queda e a expiação dada por Deus. Esse plano torna possível que toda a humanidade seja exaltada e viva para sempre com Deus. Jesus, então, é a causa da eterna salvação (He 5.8-9). Nenhum outro nome há debaixo do céu pelo qual o homem possa ser salvo (At 4.12). Assim como todos morrem em Adão, assim também todos serão vivificados em Cristo (1 Co 15.22). 

2.1. O Servo revela o Pai e Sua vontade 

Os homens, através do orgulho e da arrogância de seus corações, desprezam o plano e os conselhos de Deus, no entanto, nós os fiéis, reconhecemos em Cristo e na sua Palavra os segredos dos céus revelados. Nossa maior felicidade é conhecer os conselhos e determinações de Deus sobre a raça humana e entender o plano da redenção. Isso, embora tenha sido revelado a todos, através de Cristo, ainda pode ser chamado de segredo, por causa dos muitos e profundos mistérios nele, e porque se diz ainda estar “oculto” de muitos (Mt 11.25; 2 Co 3.13-15; 4. 3), e, porque não pode ser entendido sem a iluminação do Espírito Santo. Este segredo significa Seu amor e favor, e ninguém sabe a não ser aquele que a desfruta (Jó 29.4; Pv 3.32). Mas, todos aqueles que se esforçarem para serví-Lo, com um desejo íntegro, serão levados pelo Espírito Santo, ao conhecimento de Sua vontade, conselhos e determinações. 

2.2. As ações do Servo suscitaram questionamentos 

Durante todo o Seu ministério, Jesus manifestou poder e autoridade inerentes sobre a matéria e as forças da natureza, sobre homens e demônios, sobre vida e morte. Desde o início Jesus era uma figura que causava não só admiração, mas também incredulidade, embora ninguém sabia ao certo como definí-Lo. Marcos era firme em sua convicção de que a partir das muitas atividades e feitos de Jesus, as multidões buscavam expressar esse espanto e questionamentos. A primeira vez que Marcos levanta a questão sobre a identidade de Jesus não traz uma pergunta direta e sim indireta: Em Marcos 1.27, após ensinar na sinagoga de Cafarnaum e expulsar um espírito impuro, a audiência se pergunta: “O que é isso? Um ensinamento novo, e com autoridade: ele dá ordens até aos espíritos impuros, e eles lhe obedecem?”; Em Marcos 4.41, quando Jesus acalma a tempestade, seus discípulos espantados se perguntam: “Quem é este, que até o vento e o mar lhe obedecem?”; Em Marcos 6.1-6, as perguntas se multiplicam e começam as tentativas mais diversas para dar conta desse personagem. Afinal quem é ele? Nesse trecho, Jesus estava ensinando na sinagoga de Nazaré e os presentes ali questionam: “De onde lhe vem isto? Que sabedoria é esta que lhe foi dada? E esses milagres (atos de poder) realizados por suas mãos? Não é ele o carpinteiro, o filho de Maria, irmão de Tiago, José, Judas e Simão? E suas irmãs não estão aqui conosco?”; Assim, a primeira tentativa o liga à sua origem familiar e na linha do descrédito. Em Nazaré ele não pode realizar nenhum milagre por causa da incredulidade do povo. 

2.3. Marcos revela que o Servo é o Filho de Deus 

O Evangelho de Marcos nos diz quem é Jesus através de uma narrativa viva, orientada justamente pela interrogação “quem é este?”. Em Marcos 6.14-16 as possibilidades de respostas se alargam e a pessoa de Jesus recebe identificações com personagens da tradição profética. Uns dizem que é João Batista que ressuscitou dos mortos; outros dizem que ele é Elias; e ainda outros dizem que é um profeta como um dos antigos profetas. Herodes, após ouvir as opiniões, afirma: “Esse João, que eu mandei decapitar, ressuscitou”. Em Marcos 8.27-30, a última vez que a pergunta sobre a identidade de Jesus aparece no texto é feita pelo próprio Jesus e é dirigida aos discípulos: “Quem os homens dizem que eu sou?” A resposta é uma repetição quase idêntica à do texto de Herodes: João Batista, Elias ou um dos profetas. Em seguida, Jesus pergunta: “E vós, quem dizeis que eu sou?” A resposta agora vem de Pedro: “Tu és o Cristo”. Em outras palavras, Jesus era o Filho de Deus (Marcos 1.1; 3.11; 5.7; 14.61; 15.39). 

3. JESUS CRISTO: O MISTÉRIO REVELADO 

O mistério revelado aqui se refere ao plano de Deus oculto ou escondido noutros tempos e revelado aos apóstolos e profetas, por meio do Espírito Santo que, nós, os gentios, passamos a ser co-herdeiros e co-participantes da promessa, em Cristo Jesus, por meio do evangelho (Ef 3.1-13; 1 Co 2.1-2; Cl 1.26-27; Hb 1.1-3). Significa que Cristo estava presente no tempo do Antigo Testamento, mas, oculto em mistério. O assunto desse mistério fala, então, sobre Jesus, sobre nova dispensação, sobre os gentios e sobre nossa ação decisiva em Cristo, aqui e agora. Para simplificar, podemos dizer que: 1) Na antiga aliança para ser parte do povo de Deus, duas coisas eram necessárias: a) ser descendente de Abraão; b) ser circuncidado; 2) Na nova dispensação temos duas mudanças significativas, e essas mudanças proporcionam a todos nós um penetrar maior no significado desse mistério, pois agora para ser povo de Deus é necessário: a) Está em Cristo, em vez de “estar em Abraão”; b) Ser batizados, em vez de ser circuncidado (Ef 2.11-22). 

3.1. João Batista testemunhou que Jesus era o Servo prometido 

João Batista foi quem preparou o caminho para a revelação do mistério que estava oculto. A mensagem de João Batista era dura, mas necessária. Ele se posicionou de forma radical contra os religiosos e líderes da nação como sendo “raça de víboras”. Para João Batista, apenas ser descendente de Abraão não bastava; era necessário um recomeço, um arrependimento genuíno. Assim, muitos receberam dele no rio Jordão o batismo do arrependimento, ao confessarem seus pecados. Ele convocava um remanescente fiel dentre o povo judeu. Muitos chegaram a pensar que ele fosse o Messias (Lc 3.15), mas ele sempre dizia que viria alguém maior que ele. Explicava que ele batizava com água, entretanto, aquele que viria após ele, os batizaria com o Espírito Santo e com fogo (Mc 1.7-8). Significando que não haveria meio termo, o Messias traria salvação e juízo. Certo dia, antes de iniciar o seu ministério, Jesus chegou para ser batizado, mas João não queria batizá-lo pois alegava que Jesus era superior a ele, mas Jesus insistiu e então foi batizado. Neste momento, João Batista viu o Espírito Santo descer sobre Ele como uma pomba e ouviu uma voz proclamar que Jesus era o Filho de Deus. A partir de então, João passou a anunciar Jesus como o Messias prometido (Jo 1.29-32). 

3.2. Satanás conhecia a identidade divina do Servo 

Embora os contemporâneos de Jesus não soubesse definir bem quem Ele era. Na narrativa do evangelho, os personagens transcendentes, ou seja, os espíritos malignos sabiam quem ele era a partir do momento mesmo em que faz sua aparição. No incidente do deserto, embora Satanás, declara em forma de questionamento: “Se tu és o Filho de Deus” (Mt 4.3,6), bem sabemos que ele sabia por certo a identidade de Jesus, já que pela boca dos possessos e dos espíritos imundos, sob o seu comando, afirmava categoricamente que Jesus era o Filho de Deus. Em Marcos 1.24, por exemplo, o espírito maligno antes de ser expulso afirma: “eu sei quem tu és: o Santo de Deus!”; No verso 34, o texto diz: “ele curou e expulsou muitos demônios, e não lhes permita falar porque sabiam quem ele era”. Também em Marcos 3.11, os espíritos imundos caem aos pés de Jesus gritando: “Tu és o Filho de Deus”. A proibição aos espíritos imundos de declararem quem é Jesus está em função do propósito. A intenção da narrativa é levar o leitor de Marcos a fazer o caminho do reconhecimento de quem é Jesus. É no nível humano, terreno que a identidade de Jesus necessita ser esclarecida, conhecida e confessada e não no nível transcendente. 

3.3. O Servo revelou os Seus sofrimentos 

Após a confissão de Pedro, “Tu és o Cristo” (Mc 8.29), Jesus simplesmente começa a anunciar sua paixão, morte e ressurreição. Um escândalo para os discípulos. Jesus anuncia seu destino trágico três vezes (Mc 8.31; 9.31-32; 10.33-34) e em todas elas aparece o elemento da incompreensão. Era necessário superar a ideia nacionalista de um Messias glorioso, vitorioso, conforme a ideia humana. A glória e a vitória do Cristo se dá pelo caminho da cruz. Assim, para Marcos Jesus é o Servo, filho do Homem crucificado e Filho de Deus ressuscitado. É aquele que padece as dores e morte humanas porque é humano mesmo sendo Filho de Deus. Jesus vence a morte ao ressuscitar. A morte não pôde detê-lo. Por isso, é necessário caminhar com Jesus, como os discípulos fizeram, para que seja possível reconhecer nele o Servo, o enviado de Deus que não corresponde às nossas expectativas, mas nos leva a conhecer e aceitar o plano de Deus: ir ao encontro de Deus por seu Filho. 

CONCLUSÃO 

Muitas pessoas têm rejeitado ao Senhor, porque tenta “fabricar” um Deus segundo a sua própria imagem. Constroem imagens erradas de Deus e, com a menor tentação ou problema na vida, rejeitam-no. Jesus precisa ser entendido como Ele é de fato, e não conforme o que pensamos. Permite que a plenitude de Deus seja revelada por meio do conhecimento de Cristo Jesus e de Sua Palavra. Conhecer a Cristo é conhecer a Deus. Precisamos crescer no pleno conhecimento de Cristo Jesus. Caso contrário, viveremos, ensinaremos e refletiremos um evangelho que não é o verdadeiro. 

FONTES BIBLIOGRÁFICAS

Revista Betel Dominical: Adultos. Evangelho de Marcos - Editora Betel – Rio de Janeiro - 1º Trimestre de 2023. Ano 33126. Lição 09O Servo revela o pai e o perfeito plano divino.

BÍBLIA DE ESTUDO MATTHEW HENRY. Português. Tradução Elen Canto, Eliane Mariano e outros. Editora Central Gospel Ltda. 1ª Edição. Rio de Janeiro – RJ. 2014.

BÍBLIA DE ESTUDO NVI - Português. Tradução de Nota: Chown, Gordon. Editora Vida.

PONTOS SALIENTES. Escola Bíblica Dominical – Juerp. 1992.

SITES:

https://domtotal.com/noticias/index.jsp?id=1147467

https://www.gospelprime.com.br/qual-misterio-estava-oculto/

https://estiloadoracao.com/quem-foi-joao-batista/

 COMENTÁRIOS ADICIONAIS

Pr. Osmar Emídio de Sousa - Bacharel em Direito; Bacharel em Missiologia pela antiga Escola Superior de Missões de Brasília; bacharel em Teologia Pastoral, pela FATAD (Faculdade de Teologia das Assembleias de Deus de Brasília).