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LIÇÃO 06 - HONRAR PAI E MÃE: PRINCÍPIO ELEMENTAR PARA A ESTRUTURA E ESTABILIDADE DA FAMÍLIA NATURAL

10 de novembro de 2024

TEXTO ÁUREO

“Vós, filhos, obedecei em tudo a vossos pais, porque isto é agradável ao Senhor.” Colossenses 3.20

VERDADE APLICADA

A obediência aos pais faz parte de um viver correto e que agrada ao Senhor.

OBJETIVOS DA LIÇÃO

Apresentar a importância da honra no lar e na sociedade.

Mostrar a honra como alicerce nas relações.

Listar aspectos importantes acerca da honra.

TEXTOS DE REFERÊNCIA

ÊXODO 20

12. Honra a teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o Senhor, teu Deus, te dá.

MARCOS 7

10. Porque Moisés disse: Honra a teu pai e a tua mãe; e: Quem maldisser ou o pai ou a mãe, morra de morte.

EFÉSIOS 6

1. Vós, filhos, sede obedientes a vossos pais no Senhor, porque isto é justo.

2.  Honra a teu pai e a tua mãe, que é o primeiro mandamento com promessa,

3.  Para que te vá bem, e vivas muito tempo sobre a terra.

COMENTÁRIOS ADICIONAIS

INTRODUÇÃO

Os primeiros mandamentos tratam da relação entre o homem e Deus e os demais apontam para o relacionamento entre os seres humanos. O quinto mandamento trata de honrar pai e mãe, com a promessa de uma vida bem-sucedida e de longevidade (Ef 6.2-3].

Comentário Adicional:

Enquanto a ética secular demonstra sua relatividade descritiva e mutável a ética cristã é absoluta, baseada na vontade e na revelação de Deus e é prescritiva, não só descrevendo, mais também prescrevendo o que é certo e errado. Questões basilares da ética cristã foram abordadas esclarecendo as obrigações morais dos cristãos em relação a si mesmo, a Deus e a sociedade, dando ênfase à aplicação moral do decálogo para judeus e gentios, demostrando sua validade universal como expressão do bem. Revelando o caráter divino de seu criador, o decálogo é normativo, imutável, direcionista e reflete a vontade do seu legislador. Os quatro primeiros mandamentos governam nosso relacionamento com Deus; enquanto os demais tratam do relacionamento entre os homens. Baseado em um comparativo da ética cristã e a lei mosaica concluiu-se como Jesus e seus apóstolos reafirmaram e ampliaram o conteúdo do decálogo.

Fonte:https://www.jusbrasil.com.br/artigos/a-importancia-do-decalogo-para-a-etica-crista/750979533#:~:text=Os%20quatro%20primeiros%20mandamentos%20governam,Moral.

1- A IMPORTÂNCIA DA HONRA NO LAR

O quinto mandamento trata do princípio da honra aos pais. Nele Deus apresenta a importância da família e Seu plano em preservá-la, isso exige que cada filho contribua com sua porção de responsabilidade diante dos pais [Cl 3.20].

1.1. A família e a sociedade.

O relacionamento entre pais e filhos tem sido o tema de grandes discussões em nosso tempo. O quinto mandamento trata da honra, um princípio que, praticado, pode de maneira poderosa transformar o contexto de nossa sociedade [Cl3.20]. Existe uma conexão muito poderosa entre a família e a sociedade, elas estão intrinsecamente ligadas. Sem famílias estruturadas, o resultado será nações desestruturadas. A maneira mais fácil de desintegrar uma nação é começar pela família, e a maneira com a qual os filhos podem destruir a família é desobedecendo a seus pais [Ef 6.2].

Comentário Adicional: 

"Considerando-se que a vida social é algo fundamental à existência e sobrevivência dos seres humanos enquanto indivíduos, é na família que se dá início ao processo de socialização, educação e formação para o mundo. Os grupos familiares caracterizam-se por vínculos biológicos, mas sua constituição ao longo da história em todos os agrupamentos humanos não se limitou apenas ao aspecto da procriação e preservação da espécie, mas tornou-se um fenômeno social.

As famílias são consideradas grupos primários, nos quais as relações entre os indivíduos são pautadas na subjetividade dos sentimentos entre as pessoas, fato que justifica, muitas vezes, o amor existente entre pais, filhos sanguíneos e  filhos adotivos. Assim, os laços que unem os indivíduos em família não se sustem pela lógica da troca, da conveniência do relacionamento a partir de um cálculo racional como que em um contrato no mundo dos negócios em que cada parte vê vantagem na relação existente, constituindo um grupo formal. Ao contrário, a família é um grupo informal, no qual as pessoas estão ligadas por afeto e afinidade, e que por conta deste sentimento criam vínculos que garantem a convivência (em um mesmo local de residência, por exemplo), além da cooperação econômica. "

1.2. Os pais devem receber honra de seus filhos.

Por que pais devem ser honrados? Em primeiro lugar, devemos ter em mente que os pais são os representantes de Deus na família; dar honra aos pais não significa apenas uma obrigação, mas deve fazer parte da vida de todo filho que entende o valor de um pai [Ml 1.6a). Existem vários motivos pelos quais os pais devem ser honrados. Devem ser honrados porque é da vontade de Deus que assim seja; devem ser honrados porque alcançaram esse status diante de seus filhos; devem ser honrados porque antes de existirmos eles já estavam ali, preparando tudo para a nossa chegada; devem ser honrados porque é nossa responsabilidade reconhecer que não existe na vida alguém mais importante para o filho do que seus pais [Ef 6.2]. Honrá-los e temê-los é como fazer o mesmo em relação a Deus.

Comentário Adicional:

Este mandamento é dirigido aos filhos de uma forma geral. O relacionamento que os pais tem com os filhos, os influencia para o erro ou para o acerto até o término dias de suas vidas. João Calvino descreve o conteúdo deste mandamento com a seguinte expressão: “A síntese, portanto, será: que usemos de deferência para com aqueles que o Senhor nos fez superiores e os assistamos de honra, e de obediência, e de grato reconhecimento” (1981, p.153). Assim, a base do quinto mandamento é a reverência, obediência e reconhecimento em relação aos pais. Paulo na carta aos Efésios, proclama “Vós, filhos, sede obedientes a vossos pais no Senhor, porque isto é justo” (6.1).

De acordo com Reifler, a honra “implica consultar os pais, pedir orientação, obedece-los, reverenciá-los, amá-los, ser misericordiosos para com eles e tratá-los bem em qualquer circunstância. “Os pais merecem ser honrados pelos muitos sacrifícios que fazem em benefício dos filhos. Merecem ser ouvidos por causa da riqueza de experiência de vida que tem” (RYKEN, 2014, p.102).

1.3. Bons filhos são sempre presentes.

Sabemos que, mesmo sendo cristãos, não existem lares sem problemas. Sabemos também que o relacionamento com os nossos pais pode afetar de maneira positiva ou negativa nossas vidas. Biblicamente, o quinto mandamento nos ensina que a melhoria na qualidade de vida necessariamente passa por nossa convivência como filhos. Nosso relacionamento com nossos pais irá afetar todos os demais relacionamentos que tivermos. Mesmo assim, devemos, como bons filhos, amar nossos pais. O amor é o alicerce da honra, do cuidado, da retribuição e principalmente do carinho que merecem receber por serem nossos pais. Não existem pais perfeitos, assim como não existem filhos que não precisem de melhores ajustes. Porém, bons filhos sempre estão atentos às necessidades de seus pais e sempre estão presentes quando exigidos [Ef 6.1-3; Cl 3.20].

Comentário Adicional:

Filhos são presentes e herança de DEUS. Salmo 127.3. Os pais são espelhos para os filhos, por isso devem ensiná-los o conceito do que é certo e do que é errado. “Os pais têm a responsabilidade dada por Deus de ensinar os filhos a conhecer e servir a Deus” (RYKEN, 2014, p.103). Devem educá-los para a vida, para que tenham um bom caráter, sejam honestos e isso influenciará o meio social onde eles vivem, pois o bom relacionamento dos filhos para com os pais é a base de todas as relações sociais saudáveis.

Não é admissível essa classificação de que os bons são presentes e subjetivamente os “maus” não. O direcionamento de caráter é responsabilidade dos pais; se um filho decide caminhar por um caminho diferente daquele que foi ensinado é uma decisão dele, contudo o dever dos pais é aplicar no coração, na mente e na vida deles a palavra e o temor ao Senhor, como princípio espiritual. Já ética, moral e bons princípios como complemento social a uma vida orientada pelo conhecimento do Senhor.

“Estas palavras que, hoje, te ordeno estarão no teu coração; tu as inculcarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e ao deitar-te, e ao levantar-te. Também as atarás como sinal na tua mão, e te serão por frontal entre os olhos. E as escreverás nos umbrais de tua casa e nas tuas portas.” Deuteronômio 6.6-9.

Outrossim, os filhos têm a obrigação de amparar seus pais em quaisquer estados da vida, seja material, seja imaterialmente. Ainda que os pais tenham condições econômicas e financeiras de sobreviverem, subsiste o dever dos filhos nas prestações de ordem afetiva, moral, psíquica.

2- A HONRA ESTÁ ACIMA DE TUDO

A palavra hebraica para “honra” é “kaved”, que significa reconhecer o peso de uma pessoa e sua autoridade. Honrar os pais é dar a eles o devido peso de suas autoridades.

2.1. A honra é uma atitude do coração.

Não podemos mudar a realidade da situação em que nascemos. Não tivemos influência na escolha de nossos pais, nem podemos alterá-los para que atendam aos nossos critérios de como devem agir [Hb 12.10]. Eles podem ter realizado essa tarefa com grande habilidade ou com muitos erros; o que eles fizeram ou deixaram de fazer inevitavelmente nos afeta; mas nunca pode ser exagerado dizer que somos mais profunda e permanentemente afetados por nossa atitude em relação aos esforços deles do que pelo método específico que eles usaram. É precisamente por isso que o quinto mandamento coloca a responsabilidade pelo sucesso da relação entre pais e filhos onde realmente pertence. Refere-se ao aspecto do relacionamento que nos afeta primeiro e mais; um aspecto que depende de nós. Embora não possamos escolher nossos pais, nem os mudar, a atitude que assumimos em relação a eles depende definitivamente de nós [Ef 6.1-3].

Comentário Adicional:

Filhos, obedeçam aos seus pais; essa é a atitude correta que vocês devem ter, porque o Senhor os colocou numa posição de autoridade sobre vocês. “Honre seu pai e sua mãe”. Este é o primeiro mandamento com promessa, “para que tudo corra bem e você tenha uma vida longa sobre a terra”. Efésios 6:1-3

Deus deu uma ordem aos filhos, acompanhada de uma promessa, e Ele a repetiu mais de uma vez na Sua Palavra: honre seus pais e você será bem-sucedido. “Honrar” vem de uma palavra hebraica que significa “dar peso” – tratar os pais com respeito e lhes dar um lugar de importância ao longo de toda a vida.

Honre o seu pai e a sua mãe, para que você tenha uma longa vida na terra que o SENHOR, seu Deus, lhe dá.  Êx 20.12 (cf. Dt 5.16; Mt 19.19; Ef 6.2). Existe diferença entre honrar e obedecer? Sim, existe. Enquanto honra significa dar crédito ou merecimento, louvar, fazer crescer em fama e valorizar, obediência traz o sentido de submeter-se à vontade de outrem, estar sob o comando de alguém.

A obediência aos pais – imediata, completa e de coração – é a forma inicial de honrá-los. É o padrão de Deus, que deve ser inculcado pelos pais. Para os filhos, é uma atitude de respeito e submissão àqueles que Deus colocou em sua vida como ferramentas para moldar o caráter e treinar na conduta. Não é uma questão de escolha, mas de simples obediência a Deus.

Filhos, escutem a instrução do pai; estejam atentos para que obtenham o entendimento. Porque eu lhes dou boa instrução; não abandonem o meu ensino. Pv 4.1, 2 (Cf. Pv 13.1). Filhos, em tudo obedeçam a seus pais, pois fazer isso é agradável diante do Senhor. Cl 3.20.

A obediência “no Senhor” não significa que os filhos devem obedecer apenas aos pais que sejam crentes e estejam em comunhão com o Senhor, mas que devem obedecer, por mandamento do Senhor, a toda e qualquer ordem dos pais que não transgrida uma ordem dada por Deus na Bíblia. Filhos, obedecei a vossos pais no Senhor, pois isto é justo. Ef 6.1.

2.2. A honra é a base das boas relações.

A maneira como nos relacionamos com os nossos pais afetará profundamente nossos relacionamentos com as pessoas e com Deus. O princípio declarado no quinto mandamento é uma base sólida para um convívio saudável, harmonioso, na escola, no trabalho e, inclusive, em nosso matrimônio. De fato, a primeira vez que o casamento é mencionado na Bíblia, é descrito como a condição de um homem que deixa seu pai e sua mãe e se une à sua esposa [Gn 2.24]. Assim, o casamento é uma transferência e, em certo sentido, uma continuação do relacionamento que começou com nossos pais. Qualquer pessoa que tenha problemas não resolvidos em seu relacionamento com seus pais entrará no relacionamento conjugal com um sério revés e provavelmente terá problemas em outras áreas de sua vida também [Pv 1.8; 26.2].

Comentário Adicional:

À medida que um filho amadurece, ele começa gradativamente a ser treinado pelos pais na tomada de decisões próprias a caminho da vida adulta. Não são seus 18 anos de idade que magicamente lhe conferem plena autonomia, mas a maturidade evidenciada ao ser capaz de fazer escolhas sábias. Aos poucos, o jovem aprende a usar sua liberdade cristã de forma responsável diante de Deus e para o bem de outros, e a estabelecer um novo relacionamento com os pais, marcado pela graça e pelo respeito.

O livro de Provérbios oferece um retrato do jovem adulto pronto para conduzir a própria vida de forma sábia; vejamos:

• Reflete o temor a Deus na vida disciplinada e nos relacionamentos (Pv 3.5-7; 9.10; 23.23; 13.20; 24.21);

• Conhece e honra o plano de Deus para o casamento (Pv 5.18; 12.4);

• Trabalha diligentemente (Pv 6.5-11);

• Usa bem o tempo, sabe planejar seus dias e organizar tarefas (Pv 21.5);

• Ganha e administra sabiamente o dinheiro e seus bens (Pv 21.5);

• Ama ativamente seu próximo (Pv 3.27, 28);

• O rapaz sabe como construir e cuidar de um lar (Pv 24.3, 27);

• A moça sabe como ter beleza exterior, mas também interior (Pv 3.21, 22);

• Não é ansioso quanto ao amanhã (Pv 3.25, 26);

• Controla suas palavras (Pv 10.11, 19);

• Ouve conselhos e repreensão (Pv 12.1; 15.32);

• Não exalta a autonomia, confiando só em si mesmo, mas é humilde para participar da vida comunitária (Pv 18.1; 28.26);

• É reconhecido e louvado pela comunidade (Pv 2.20; 12.8).

O jovem marido torna-se o líder da nova família e, na vida familiar, a Bíblia não deixa dúvida de que a mulher casada responde a seu marido e se submete à direção apontada por ele − “As mulheres sejam submissas a seus próprios maridos, como ao Senhor” (Ef 6.22). E quanto o casamento demora mais acontecer ou mesmo não acontece? Novas estruturas de autoridade podem se estabelecer na vida de filhos adultos solteiros. Embora não estejam mais sob a autoridade direta dos pais nem dependam mais deles para aprovação e proteção, a ordem de honrar pai e mãe não tem limite de idade e os filhos adultos devem obedecer a Deus, conferindo aos pais uma posição “de peso” em sua vida. A natureza do relacionamento muda, mas isso não significa uma qualidade inferior de relacionamento. A expressão de honra aos pais pode mudar de um contexto para outro, mas temos princípios bíblicos que são supraculturais e devem ser aplicados com sabedoria.

2.3. O peso da honra.

Se honrar produz bênção sobre a vida dos filhos, a desonra certamente trará muitos males [Pv 19.26; Ef 6.1-3]. Rebelar-se contra a autoridade dos pais tem sido algo muito comum em muitos lares em nossos dias. A Bíblia traz um forte alerta para as últimas gerações, onde os filhos se tornariam problemáticos demais [2Tm 3.1-4]. Está claro que Deus considera a desonra aos pais como um dos piores pecados que se possa cometer. Algumas das mais assustadoras maldições do Antigo Testamento são reservadas para os filhos que se rebelam contra seus pais [Lv 20.9; Dt 21.18-19, 21]. Evidente que tais castigos não se aplicam hoje. O apóstolo Paulo ao tratar em suas epístolas sobre o trato dos filhos para com seus pais, o faz no contexto de que tal conduta resulta da nova vida em Cristo (Efésios 6 e Colossenses 3). E, quando menciona os filhos desobedientes, relaciona junto com as demais características de pessoas que estão vivendo em desacordo com os mandamentos de Deus [Rm 1; 2Tm 3].

Comentário Adicional:

“O mandamento focaliza um aspecto da relação que mais nos influencia, e é aquele no qual temos uma escolha. Embora não possamos escolher nossos pais nem mudá-los, a atitude para com eles depende definitivamente de nós” (WADE, 2010, p. 43).

A bíblia estabelece a autêntica autoridade dentro dos lares, de forma que, cada um dos membros da família identifica suas obrigações e incumbências e ao mesmo tempo que cumprem suas funções respeitam o lugar do outro. Deste modo a família consegue ter paz, união e harmonia.

3- LIÇÕES RELEVANTES ACERCA DA HONRA AOS PAIS

Deus honra e abençoa os crentes que guardam este preceito de maneira especial. A promessa tem a ver com as bênçãos de Deus e Seu cuidado por nós nesta vida. Afinal, as Escrituras pontuam que obedecer aos pais é a vontade de Deus, é o certo, é agradável ao Senhor [Êx 20.12; Ef 6.1; Cl 3.20].

3.1. A obediência aos pais tende a preservar a vida dos filhos.

As crianças que honram e respeitam seus pais aprendem com seus ensinos, experiência e maturidade. Isso resulta em evitar muitos dos erros e falhas mais comuns em vida. A melhor maneira de evitar os erros da infância e da juventude é obedecer a esse mandamento [Pv 4.10-13; 6.20-23] A obediência a este mandamento preserva a vida da família, da sociedade e das nações em geral. A rebelião e a desobediência por parte dos filhos produzem efeitos desastrosos na família, na sociedade e no país em geral. Produz filhos irresponsáveis, negligentes ou desobedientes a todo tipo de autoridade. A obediência a este mandamento preserva também a vida das igrejas. Os crentes que não ensinam seus filhos a obedecerem têm muita pouca chance de seus filhos serem convertidos. Se os filhos não aprendem a obedecer aos pais, pode-se dizer que eles também não aprendem a obedecer a Deus [1 Pe 2.13-17].

Comentário Adicional:

O relacionamento entre pais e filhos deve ser baseado no amor. Pais que amam seus filhos criam-nos dentro de limites. Filhos que amam seus pais são obedientes a eles. A obediência aos pais é uma prova de amor dos filhos. Para que os corações de pais e filhos permaneçam unidos, obediência e amor devem caminhar juntos. O amor dos filhos nasce do temor reverente aos pais por exercerem a função sagrada de co-criadores. A disciplina dos pais está baseada no ato de amor de quem investe tudo naqueles que reconhecem como filhos: “porque o Senhor repreende aquele a quem ama, assim como o pai ao filho a quem quer bem” (PROVÉRBIOS 3:12).

Em Israel, “os pais faziam parte da estrutura de autoridade estabelecida por Deus, tendo recebido de Deus a tarefa de gerar filhos e criá-los no caminho do Senhor e, portanto, assim como Deus, merecendo o respeito devido” (COMENTÁRIO BÍBLICO AFRICANO). Como representantes de Deus, os pais deveriam ser respeitados (LEVÍTICO 19:3). O desprezo aos pais era causa de maldição (DEUTERONÔMIO 27:16) e quem amaldiçoasse o pai ou a mãe era punido com a morte (ÊXODO 21:17). Filhos contumazes e rebeldes deveriam ser exterminados (DEUTERONÔMIO 21:18-21). O objetivo era proteger a família e gerar temor em toda a comunidade.

Deus estabeleceu na Lei um mandamento aos filhos: “Honra a teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o Senhor teu Deus te dá” (ÊXODO 20:12). Mas para que sejam alcançados pelos efeitos práticos da promessa embutida neste mandamento, desde a tenra idade os filhos precisam aprender com os pais o caminho da obediência: “Instrui o menino no caminho em que deve andar, e até quando envelhecer não se desviará dele” (PROVÉRBIOS 22:6). Instrução neste texto significa treinamento e “caminho” refere-se a “estilo de vida”. Os pais são responsáveis por moldar o modo de viver para que os filhos deem continuidade quando estiverem sobre si.

O modelo supremo de obediência em amor é o Senhor Jesus Cristo. Ele ouviu do Pai: “Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo” (MATEUS 3:17). Na condição de servo foi obediente no cumprimento da sua missão: “e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz” (FILIPENSES 2:8). Ele ensinou que obediência é prova de amor: “Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado de meu Pai, e eu o amarei, e me manifestarei a ele” (JOÃO 14:21).

Confiando unicamente em Jesus e seguindo o seu exemplo, os filhos devem provar seu amor pela obediência. Primeiro, reconhecendo a autoridade outorgada por Deus aos pais. Segundo, valorizando sua experiência de vida. Terceiro, respeitando os limites necessários à harmonia do lar. Quarto, evitando que as amizades sejam mais influentes do que a família. Quinto, dedicando tempo de qualidade para aprofundar o relacionamento. Com esta postura, os filhos manterão seus corações abertos para amar e poderão caminhar mais próximos dos pais a quem devem obediência.

3.2. A autoridade divina é a base de toda autoridade humana.

As Escrituras revelam que o Senhor Deus, em Sua soberania, de acordo com o Seu plano para a humanidade, estabeleceu a família, o governo civil e a Igreja. Essas instituições foram ordenadas por Deus e colocadas em posição de autoridade para cumprir propósitos específicos, isto é, para a proteção, bem-estar e bênção dos seres humanos [Rm 13.1-7]. As pessoas que não aprendem a obedecer aos pais, mais tarde têm problemas com todo tipo de autoridade; ou seja, tanto com o governo, quanto com a igreja e especialmente com Deus. Vivemos em um mundo cheio de anarquia e rebelião a nível governamental, eclesiástico e familiar, vemos o caos e a falta de submissão às autoridades estabelecidas por Deus. Por trás desse caos está a falta de submissão a Deus.

Comentário Adicional:

Toda a autoridade constituída por Deus, tem suas limitações, não são eternos e do mesmo modo que o mundo terminará essa autoridade também terminará. “O Cristão deve obedecer às autoridades, mas existem situações extremas quando surgem problemas para a consciência Cristã” (REILFER, 2009, p. 104). “Por um lado, o Cristão deve-se submeter ao estado; por outro ele é cidadão de uma nova terra, o reino de Deus, e deseja cumprir a vontade revelada pelo pai Celestial” (REIFLER, 2009, p.104). Quando as leis da terra, contradizem os mandamentos de Deus, devem ser violadas, pois não se pode obedecer primeiro às leis dos homens em detrimento das de Deus. Sadraque, Mesaque e Abede-Nego, companheiros de Beltassazar, não se submeteram ao decreto do rei Nabucodonosor, e assim não negaram sua fé em Cristo (Daniel 3.12).

Aos governantes é devida a honra, porém, deve-se colocar a supremacia do pai celestial em primeiro lugar, assim Reifler assevera que a ética cristã defende o estado contra o anarquismo, tanto religioso quanto secular, porém ao mesmo tempo ela restringe a autoridade do estado, para que este não venha se gloriar e achar que pode mais que Deus.

O quinto mandamento propõe a relação de honra, respeito e obediência que filhos devem ter para com os pais naturais, e os demais que foram constituídos por Deus.

3.3. Jesus Cristo: maior exemplo de sujeição e obediência.

O título deste subtópico pode causar surpresa. Afinal, Jesus Cristo é Senhor! Contudo, antes de iniciar o Seu ministério na terra, a Bíblia revela que Jesus era submisso a José e Maria, como um filho consciente e cumpridor dos Seus deveres [Lc 2.51]. “Fazendo-se semelhante aos homens” [Fp 2.7] e sendo um judeu, Jesus foi identificado como carpinteiro e filho de carpinteiro [Mt 13.55; Mc 6.3]. Assim, podemos afirmar que Ele passou por várias fases em Seu crescimento e desenvolvimento como outros de Seu tempo. Quando na cruz, sofrendo como o Cordeiro de Deus, não estava indiferente a sua mãe, pois a Bíblia diz: “vendo ali sua mãe” [Jo 19.26]. Ele vê, sabe que ela precisa de cuidados e provê, falando ao discípulo amado para que a recebesse. O apóstolo Paulo, inspirado pelo Espírito Santo, ressalta que Jesus, “na forma de homem” [Fp 2.8), humilhou-se e foi obediente até a morte.

Comentário Adicional:

1. Para Jesus, obediência era um princípio de vida. “Eu desci dos céus não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou, e esta é a vontade daquele que me enviou: que eu não perca nenhum dos que ele me deu, mas os ressuscite no último dia. (João 6.38-39).

2. Obediência era uma alegria. Disse Jesus: A minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou e concluir sua obra … abram os olhos e vejam os campos! eles estão maduros para a colheita (João 4.34-35b). Tenho grande alegria em fazer a tua vontade, ó meu Deus, a tua vontade está no fundo do meu coração (Salmo 40.8).

3. Obediência que vinha de sua humildade. Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus que, embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se, mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo… (Filipenses 2.5-7).                        

4. Obediência que vinha da fé colocada em prática. Jesus disse: Quando vocês levantarem o filho do homem, saberão que eu sou, e que nada faço de mim mesmo, mas falo exatamente o que o pai me ensinou (João 8.28).

5. Obediência que iria até a morte. Sendo encontrado em forma humana, humilhou-se a si mesmo e foi obediente até a morte, e morte de cruz! Por isso Deus o exaltou à mais alta posição e lhe deu um nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho nos céus e na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus Pai (Filipenses 2.8-11).

CONCLUSÃO

Considerando que somos discípulos de Jesus e, consequentemente, povo de Deus, que o Espírito Santo ajude a cada filho a obedecer e honrar seus pais, convicto de que são atitudes e condutas corretas e que agradam ao Senhor, como revelado nas Escrituras. E, assim, nossas famílias sejam autênticas agências de promoção de valores que contribuam para uma sociedade mais justa, o bom testemunho cristão e no contínuo processo de edificação da Igreja, para a glória de Deus.

Comentário Adicional:

O objetivo da educação cristã é criar pessoas que sejam semelhantes a Jesus, mas vivemos hoje numa crise de autoridade com os filhos. Há duas dificuldades: para os pais, o modo de educar; para os filhos, a obediência. É preciso que essa obediência seja obtida por convencimento, não só por imposição. De qualquer modo, porém, a instrução para os filhos é:

Filhos, obedeçam a seus pais em tudo, pois isso agrada ao Senhor (Cl 3.20). Todavia, a obediência não se limita aos filhos. Jesus diz: Se vocês me amam, obedecerão aos meus mandamentos (Jo 14.15).

Uma obediência por amor mostra a qualidade do relacionamento. Quando Jesus, aos 12 anos de idade, foi encontrado por seus pais em meio aos doutores em Jerusalém, ele então foi com eles para Nazaré, e era-lhes obediente. Sua mãe, porém, guardava todas essas coisas em seu coração. Jesus ia crescendo em sabedoria, estatura e graça diante de Deus e dos homens (Lc 2.51-52).

Filhos, honrem seus pais para que tudo corra bem. Honrar não é só obedecer, mas respeitar e estimar – reconhecer a importância de um bom relacionamento. Mais do que uma obediência cega, é levar os pais a sério: O filho sábio acolhe a instrução do pai, mas o zombador não ouve a repreensão (Pv 13.1).

Meu filho, obedeça aos mandamentos de seu pai e não abandone o ensino de sua mãe. Amarre-os sempre junto ao coração; ate-os ao redor do pescoço. Quando você andar, eles o guiarão; quando dormir, o estarão protegendo; quando acordar, falarão com você. Pois o mandamento é lâmpada, a instrução é luz, e as advertências da disciplina são o caminho que conduz à vida, eles o protegerão da mulher imoral e dos falsos elogios da mulher leviana (Pv 6.20-24).

Nossa maior dificuldade muitas vezes é acharmos que sabemos tudo. O controle do Espírito Santo dá equilíbrio tanto ao que educa como ao que obedece:

Deus disse: Honra teu pai e tua mãe, e quem amaldiçoar seu pai ou sua mãe terá de ser executado. Mas vocês afirmam que se alguém disser a seu pai ou a sua mãe: Qualquer ajuda que vocês poderiam receber de mim é uma oferta dedicada a Deus, ele não é obrigado a honrar seu pai dessa forma. Assim vocês anulam a palavra de Deus por causa da tradição de vocês. Hipócritas! Bem profetizou Isaías acerca de vocês, dizendo: Este povo me honra com os lábios, mas o seu coração está longe de mim (Mt 15.3-8).

O foco está em honrar a Deus de acordo com o que ele manda. Pais, não irritem seus filhos!!!

Alguns modos de irritar os filhos:

• Quando não temos domínio próprio e agimos com raiva – a disciplina deve restaurar!

• Quando agimos caprichosamente, conforme o humor do momento, sem um padrão.

• Quando não estamos prontos para ouvir e dar chance de defesa ao filho.

• Quando somos egoístas e não aceitamos a personalidade diferente do filho.

• Quando aplicamos a disciplina em excesso, sem avaliar com cuidado a situação.

• Quando não percebemos o amadurecimento dos filhos e continuamos a tratá-los indefinidamente como crianças.

Não se pode tolerar tudo numa criança e depois exigir obediência do adolescente. O correto é o oposto!

Pais, criem (eduquem) seus filhos, com a disciplina que vem do Senhor:

“Que todas estas palavras que hoje lhe ordeno estejam em seu coração. Ensine-as com persistência a seus filhos. Converse sobre elas quando estiver sentado em casa, quando estiver andando pelo caminho, quando se deitar e quando se levantar. Amarre-as como um sinal nos braços e prenda-as na testa. Escreva-as nos batentes das portas de sua casa e em seus portões” (Dt 6.6-9).

Pais, criem (eduquem) seus filhos, com o conselho que vem do Senhor:

[O mandamento mais importante é:] “Ame o Senhor, o seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma, de todo o seu entendimento e de todas as suas forças’. O segundo é este: ‘Ame o seu próximo como a si mesmo’. Não existe mandamento maior do que estes.”

COMENTARISTA DA LIÇÃO:

Pr Éder Santos - ADTAG SEDE

Graduado em Teologia

Pós-graduado em Hermenêutica

Mestre e Doutor em Teologia, com especialização em Interpretação Bíblica e Filosofia das Religiões

Coordenador docente do Curso Superior em Teologia na Faculdade ISCON

Contato: (61) 9 9921-0846 INSTAGRAM: @pr.eder.oficial

 

3 comentários:

  1. Excelente comentário pastor Éder, muito elucidativos suas palavras e referencias , certamente irá ajudar muito na compreensão do assunto tratado. Que abençoe a sua vida e ministério!

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  2. E o comentário da lição 7?

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    1. Carlos Cezar15/11/2024, 10:10

      A paz do Senhor! Ouve um atraso na realização do comentário da lição 07, mas já foi postado. Espero que auxilie em seus estudos.

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