A LEI DA RESPONSABILIDADE PESSOAL
Lição 5 – 30 de janeiro de 2022
Comentário adicional
Uma
pequena observação: quando a Bíblia fala em pai ou filho, não necessariamente
significa que a pessoa é literalmente pai ou filho de outra pessoa. Por
exemplo, em Marcos 10:47 temos o relato de Bartimeu, um mendigo cego que
declarou: “Jesus, filho de Davi, tenha compaixão de mim”. Veja que “filho”
aqui, não significa que Davi gerou Jesus, mas é um antepassado de Jesus.
Voltando,
o povo de Israel estava se esquivando da reponsabilidade pessoal que cada um
tem diante de Deus, colocando a culpa em seus pais e ancestrais, por estarem
passando momentos de dificuldade. Isso é bem comum hoje em dia: as pessoas têm
tendência a culpar outras pessoas pelo castigo que estão passando. Frases do
tipo: “Adão que pecou e eu é quem sou punido?” são bem recorrentes.
Acontece
que Deus nos responsabiliza por cada ato que praticamos, por cada palavra que
proferimos, e haveremos de prestar contas de tudo o que fizemos aqui neste
mundo um dia, que esperamos ser em breve! (Romanos 14:12).
Isso
ocorre a todo momento em nossos dias. Por exemplo: um carro parou numa faixa de
pedestre de repente. Logo em seguida, outro carro bate na traseira do que parou
primeiro. Daí, os dois condutores descem e começam a discussão: “Você parou do
nada! Não tem luz de freio! Não ligou o pisca-alerta!” O outro rebate: “Você é
quem está errado! Se tivesse prestando atenção, veria que eu estava parado e
não teria batido em mim!” E assim a discussão se prolonga, um jogando a
responsabilidade para o outro.
Observe
que isso se repete em inúmeras situações: pai brigando com filho, irmãos entre
si, marido e mulher, vizinhos entre si, patrão e empregado, e por aí vai.
Sempre do mesmo jeito: ninguém assume a culpa e tentam transferir a
responsabilidade das consequências para o outro.
Isso
vem desde o Éden: Adão comeu do fruto proibido por Deus, e quando Deus foi
falar com ele, culpou Eva e o próprio Deus. Eva, por sua vez, culpou a
serpente. Assim, nenhum confessou seu pecado e ainda tentou transferir a
responsabilidade para outro (Gênesis 3.12).
Eles
ainda poderiam fazer escolhas de coisas boas e nem sempre fariam coisas ruins e
perversas. Veja que, após comer do fruto, eles falaram a verdade para Deus,
ainda que parcialmente, discutiram entre si, mas não se mataram ali no jardim.
Contudo, perderam o poder de amar a Deus, querer a Deus ou as coisas que estão
relacionadas com a salvação eterna e o perdão de pecados.
Eles
não se arrependeram, não pediram perdão a Deus pelo pecado da desobediência, e
quiseram se esconder e fugir de Deus. Isso que aconteceu com eles foi
transmitido à toda raça humana, pois Adão era o cabeça da raça humana, que
estava nele representado. O casal era a raiz e origem dos demais humanos, pela
geração ordinária transmitiram aos seus descendentes a natureza caída. Hoje,
toda a humanidade se encontra nesse estado: ainda têm vontade e arbítrio e
escolhem as coisas livremente, mas a vontade deles está escravizada ao pecado,
ao mal; perderam o poder e a capacidade de querer Deus e suas coisas; ninguém
pode se arrepender e se converter por seu próprio poder; não pode nem mesmo se
preparar para isso.
Depois
da queda, a raça humana está em hostilidade contra Deus e nunca o deseja por si
mesma. (Rm. 8:7-8, Rom. 3:9-23, Ef. 2.5, I Co. 2:14)
Na
conversão, Deus liberta o homem da escravidão da sua vontade, Deus muda de
maneira fundamental a nossa orientação pecaminosa, de maneira que a Bíblia se
refere a isso como “nova criatura,” “nascer de novo”, de tão radical que é essa
mudança. O convertido é capacitado por Deus a querer e poder fazer o que é
espiritualmente bom, coisa que ele não podia antes, não era possível. (Jo 8:
34-36, Cl. 1.13, Rm. 6:18-22, Gl. 5.17, I Jo 1:8-10).
A
nossa vontade será confirmada no bem e não poderá ser mudada, como era possível
no jardim. (Ef. 4.13, 1 João 3.2, Filipenses 3.21)
Acho
interessante o que Agostinho colocou sobre todos esses estágios, que foi da
seguinte maneira:
Antes
da queda – posso não pecar e posso pecar;
Depois
da queda – não posso não pecar;
Depois
da conversão – posso não pecar;
Depois
da ressurreição – não posso mais pecar.
Dessa
forma, meus irmãos, podemos concluir que o homem tem arbítrio, ele só não é
livre. Isso porque após a queda do homem, tornou-se manchado pelo pecado, e as
decisões são sempre tendenciosas para o mal. Se tem tendência para um lado na
decisão, já não é livre. Depois da conversão, o arbítrio dele é liberado, pode
fazer o bem, embora não perfeitamente. A vontade plena, perfeita, voltada para
o bem, só ocorrerá quando Cristo voltar.
Naquele
contexto, o povo de Israel utilizou de um provérbio local (“Os pais comeram
uvas verdes, e os dentes dos filhos é que se embotaram?”) para se isentarem da
culpa. Isso acabou gerando uma dúvida que as pessoas têm até os dias de hoje:
será que estou pagando pelos pecados dos meus pais ou avós? A resposta bíblica
é não. Não temos evidências dessa “maldição hereditária”, onde tem gente até
pedindo oração para Deus os livrar desses fardos pesados que eram para ser da
geração anterior, pelos pecados cometidos por eles.
A
todo momento, vemos Deus tratando o pecado da pessoa de forma individual:
“Aquele que pecar, morrerá. O filho não pagará pela iniquidade do pai, nem o
pai pagará pela iniquidade do filho. A justiça do justo ficará sobre ele, e a
maldade do ímpio cairá sobre este.” (Ez. 18.20)
Essa
é só uma passagem, das inúmeras que podemos ver claramente que cada ser humano
é responsável pelas suas próprias atitudes, sendo punido de acordo com o que
fizer.
Da
mesma forma, temos o exemplo de um bom pai, pastor, obreiro da casa do Senhor,
que tem um filho desviado dos caminhos do Senhor, que não quer saber de Deus,
que é ateu e zomba do pai por ser cristão. A obrigação desse pai é pregar a
palavra ao filho, mas quem vai convencer esse filho ímpio é o Espírito Santo,
não tendo o pai responsabilidade alguma da condenação de seu filho. (Ez.
18:10-13)
Dessa
forma, é bíblica a possibilidade de sermos diferentes, tanto para o bem quanto
para o mal diante de Deus.
Após
lermos seus feitos, podemos ver o quão diferentes foram suas posturas diante de
Deus. Isso reforça a questão da diferença pessoal, apesar de influenciar, não
determina suas ações diante de Deus.
Observem
bem essas palavras, irmãos. Elas traduzem exatamente o que Deus almeja para o
seu povo, que é uma mudança genuína, uma transformação, uma mudança de
comportamento e de caminho. Se estamos numa estrada, viajando, estamos em um
sentido. Caso nos arrependamos de seguir para esse destino, fazemos uma
conversão para o sentido contrário, voltando para casa, para buscar um objeto
esquecido ou coisa parecida. Assim também deve ser com o povo de Deus: uma
mudança de direção, onde o caminho antigo já não será mais tomado, indo em um
caminho contrário, diretamente para Deus.
Então,
o que as pessoas são responsáveis por fazer na conversão? As pessoas são
responsáveis por fazer duas coisas: arrependerem-se e crerem. A conversão é um
radical virar as costas para o pecado e um voltar-se para Deus através da fé em
Cristo. Jesus resumiu o que os homens devem fazer na conversão quando ele
ordenou aos seus ouvintes: “arrependei-vos e crede no Evangelho” (Marcos 1.15).
Conforme
já dito, a conversão é, segundo Mark Dever, um giro de 180 graus na vida de uma
pessoa. É virar completamente as costas para o pecado e voltar-se em direção a
Cristo para a salvação. Da adoração aos ídolos para a adoração a Deus. Da
autojustificação para a justificação de Cristo. Do autogoverno para o governo
de Deus.
Conversão
é o que acontece quando Deus desperta aqueles que estão mortos espiritualmente
e os capacita a se arrependerem de seus pecados e terem fé em Cristo.
• Quando Jesus nos chama a nos arrependermos e
crermos, ele está nos chamando para a conversão. É uma mudança radical naquilo
que nós cremos e fazemos. (Marcos 1.15)
•
Quando Jesus nos chama para tomarmos nossa cruz e para o seguirmos, ele está
nos chamando para a conversão. (Lucas 9.23)
•
Para que venhamos a nos arrepender, Deus tem que nos dar nova vida, novos
corações e fé (Efésios 2.1, Romanos 6.17, Colossenses 2.13, Ezequiel 36.26,
Efésios 2.8, 2 Timóteo 2.25).
Portanto,
meus queridos, observem a relevância da nossa resposta para Deus. Ele nos chama
em diversos momentos das Escrituras. Será que vamos ouvir e mudar de direção?
Vamos ignorar e seguir a vida? Acho que deveríamos orar mais e nos atentar ao
chamado de Deus.
Cristo
morreu na cruz SOMENTE pela sua igreja, somente pelos filhos de Deus (Hb.
9.28), que não sabemos quem são, por isso devemos pregar o Evangelho a toda
criatura (Marcos 16.15), para que os filhos de Deus ouçam a mensagem, e ao
ouvir, Deus vai encher o coração dessa pessoa, e ela vai alcançar a
justificação através da graça de Deus, mediante a fé em Cristo. (Rm. 10:14-17, Rm.
8:29-30)
Para
os ímpios não resta outro caminho senão o lago de fogo eterno, a morte eterna,
reservada para o príncipe deste mundo e seus anjos. (Ap. 20:10-15)
Claro
que Deus não deseja a morte do ímpio que é seu filho (Ez. 18.23), pois, como
disse, Deus deseja que o seu filho perdido se converta e se arrependa de seus
pecados e viva. Para fechar, vejamos o que está escrito em Ezequiel 18.24:
“Mas,
se o justo se desviar da sua justiça e fizer maldade, fazendo as mesmas
abominações que o ímpio faz, será que ele viverá? De todos os atos de justiça
que praticou, nenhum será lembrado; na sua transgressão com que transgrediu e
no seu pecado que cometeu, neles morrerá.”
Veja
que Deus se direciona ao povo de Israel. Deus escolheu esse povo, os elegeu, e
assim Deus diz a esse povo específico que, apesar de serem amados, caso cometam
algum ato contra Deus, serão julgados e condenados. Portanto, ninguém escapa do
juízo de Deus.
Exemplos
disso:
“Hoje
tomo o céu e a terra por testemunhas contra vocês, que lhes propus a vida e a
morte, a bênção e a maldição; escolham, pois, a vida, para que vivam, vocês e
os seus descendentes,” (Deuteronômio 30:19)
“Mas,
se o justo se desviar da sua justiça e fizer maldade, fazendo as mesmas
abominações que o ímpio faz, será que ele viverá? De todos os atos de justiça
que praticou, nenhum será lembrado; na sua transgressão com que transgrediu e
no seu pecado que cometeu, neles morrerá.” (Ezequiel 18:24)
Temos
várias outras, mas para não prolongar muito, essas duas já servem bastante.
Agora vamos a dois exemplos de soberania total de Deus:
“O
Senhor fez todas as coisas para determinados fins; até o ímpio, para o dia da
calamidade.” (Provérbios 16:4)
“—
Não se vendem dois pardais por uma moedinha? Entretanto, nenhum deles cairá no
chão sem o consentimento do Pai de vocês.” (Mateus 10:29).
Vemos
aqui, meus irmãos, que Deus é totalmente soberano, e, ao mesmo tempo, o ser
humano é totalmente responsável pelos seus atos, de forma que Deus é isento da
maldade deles. Esse é um fato que parece ser uma contradição bíblica, mas na
verdade não é. Esse fenômeno acontece, inclusive, de maneira simultânea em
diversas passagens também: vemos a soberania divina e a responsabilidade do
homem juntas! Ex.: “— Porque de fato, nesta cidade, Herodes e Pôncio Pilatos,
com gentios e gente de Israel, se juntaram contra o teu santo Servo Jesus, a
quem ungiste, para fazerem tudo o que a tua mão e o teu propósito
predeterminaram.” (Atos 4:27,28).
Veja
que Deus já tinha determinado, desde antes da fundação do mundo, que o Cordeiro
santo seria dado em favor de muitos para a remissão dos pecados. Ao mesmo
tempo, de maneira totalmente livre, por vontade própria, os gentios
assassinaram Jesus Cristo. Então, aqui e em muitas outras passagens, são
notórias a soberania divina e a total responsabilidade do homem.
Que
se conclui então? Que o homem é responsável por cada atitude e decisão tomada,
de forma que Deus é, ao mesmo tempo, soberano, e nada sai de seu controle e de
sua vontade. Absolutamente tudo só acontece debaixo da permissão de Deus, e o
homem prestará contas de absolutamente tudo o que fizer, por vontade própria,
no dia do juízo. (Rom. 14:10-12)
Observem
que desde o século 1° já tinham pessoas que não seguiam a palavra de Deus como
referência segura, inventando coisas e dizendo serem santas. Aliás, muito antes
disso, no capítulo que estamos estudando de Ezequiel, já a partir do verso 2
temos esse exemplo também: “— O que vocês querem dizer, vocês que ficam
repetindo este provérbio a respeito da terra de Israel: "Os pais comeram
uvas verdes, e os dentes dos filhos é que se embotaram"? (Ezequiel 18:2)
Aqui,
o povo de Israel utilizou de um provérbio popular, fora das Escrituras Sagradas,
para usar como se fosse uma doutrina de Deus. A única fonte segura,
completamente perfeita, totalmente livre de erros é a palavra de Deus. Fora
disso, falhas e heresias são constantes.
Contudo,
esse é meu ponto de vista bíblico, respaldado por vários teólogos de grande
renome, e, acima de tudo, respaldado pela palavra de Deus. Apesar de ficar bem
grande esse conteúdo, peço, gentilmente, que leiam com muita atenção e
sabedoria, pesquisando em outras fontes, e orem por mim, porque preciso
constantemente de Deus.
Pois
bem, a conclusão desta lição abençoada é que precisamos perseverar nos caminhos
do Senhor, nos submetermos ao que está nas Escrituras, ignorar o que não é
bíblico (meramente humano), lembrar que Deus é soberano e que somos totalmente
responsáveis pelas nossas atitudes, e, por fim, que devemos espalhar o Evangelho
de Cristo a todas as criaturas. Que Deus abençoe a todos. Paz e graça de nosso
Senhor e salvador Jesus Cristo!
Deus continue te abençoando Fernando. Comentário bem elaborado e edificante. Parabéns pelo belo trabalho na obra do Senhor.
ResponderExcluirAmém, meu querido Ancelmo! Deus abençoe, obrigado pela oportunidade 🙏🏻
ExcluirParabéns pelo conteúdo Irmão Fernando.
ResponderExcluirO ponto 2.2 O valor da Conversão foi muito bem apresentado.
Gostei bastante desse ponto de vista sobre esses assuntos apresentados.
Deus te abençoe.
~ Gabi
Amém. Muito obrigado, Gabi 😃🙏🏻
ExcluirParabéns irmão Fernando, gostei muito de todos os tópicos da lição, bem explicado!
ResponderExcluirAmém, que Deus continue te abençoando sempre! 🙏🏻
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